sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

CASOS CASAS, e a tradição?


- Por causa do dinheiro, estão destruindo nossa cidade!

Essa frase, que ouvi de um taxista na cidade de Gramado na semana passada, pode parecer um exagero, pois é difícil achar uma região do Brasil mais preocupada com identidade cultural, autoestima e sentimento de pertencimento do que o sul do Brasil.  No entanto, pelo que pude perceber de passagem, a demolição de um antigo casarão no centro da cidade está causando um mal estar na população.

Pensei: se lá, que é um local onde as pessoas respeitam a postura urbana, a conservação do patrimônio cultural e a sustentabilidade, imaginem por aqui, em Juiz de Fora, e mesmo na nossa São João Nepomuceno?

Em Juiz de Fora, casarões centenários foram transformados em estacionamentos, bairros tradicionais vêm dando lugar a sucessivos arranha-céus e as atividades comerciais “brigam” com moradores da zona sul.  Em São João, tenho acompanhado acalorado debate sobre projetos arquitetônicos modernos visando substituir espaços tradicionais da cidade.

Em todos esses debates, é preciso ficar claro que a cidade é um conjunto de criações NOSSAS: se conservamos, cuidamos e preservamos, teremos uma cidade mais tradicional, coesa e amigável.  Se, por outro lado, alteramos a paisagem urbana SEM participação da população, SEM respeito às construções existentes e, principalmente, SEM preservação do meio ambiente, o que teremos, nas palavras do urbanista Jaime Lerner, não é uma cidade, mas sim “... um acampamento, metástase de um crescimento irregular, descontrolado”.

Portanto, o que se espera é que esses empresários saibam que, para obter sucesso, necessitam atrair turistas que tornem o empreendimento efetivo.  Mas, para que a cidade seja atraente para os turistas, e este é outro ensinamento de Jaime Lerner, é preciso que ela seja PRIMEIRO atraente para a sua própria população.  Não tem como “ajustar” a cidade para turistas, mas, a forma pela qual a cidade atende às expectativas do seu povo é um DIFERENCIAL, pois qualidade de vida, esta sim, atrai visitantes.

Quanto aos projetos de revitalização de espaços urbanos, eles só irão funcionar se tiverem a “cara” da população, pois, se guardarem em si uma marca pessoal dos dirigentes que os construírem, irão ser solenemente rejeitados – e sabotados – por uma eventual administração oposicionista que subir ao poder.

Sonhamos com uma cidade humana, bela e criativa.  Não precisamos, nem queremos, desenterrar os ossos dos nossos antepassados queridos.  Mas queremos, desejamos ardentemente poder sentir o mesmo orgulho e alegria que sentiam em ser sanjoanenses.

Crônica e foto: Jorge Marin

Um comentário:

  1. Concordo plenamente com você. Tanto ainda o homem tem para aprender... será que é tão difícil assim, compreender? Para os que buscam somente o poder, tudo está bem claro, mas nós outros precisamos nos inteirar do que está por trás de tanta modernidade e não nos deixar enganar, não nos deixar levar por falsas promessas.
    Cuidemos do que é nosso

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