terça-feira, 30 de junho de 2009

ÀS MIL MARAVYLHAS

Superamos a marca de mil visitas no blog e temos que agradecer a vocês, que passam por aqui, que constroem o blog conosco e sabem que, se é verdade que o sonho acabou, a net está no ar! E vamos precisamente navegar...
Atendendo ao pedido de membros da comunidade, e também as novas regras do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, retornamos o Y do Pytomba, como era usado no começo do grupo, e como consta na maioria dos nossos documentos.
De qualquer forma, estamos felizes, ou felyzes, com a marca.
Agradecemos a todos.
Novidades virão!!!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

HISTÓRIAS INACREDITÁVEIS NAS QUAIS NÓS MESMOS CUSTAMOS A ACREDITAR


A F Á B R I C A - Macarronada Macabra
(Roteiro Original - Sérgio Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin)
Quando em 1969, encerraram-se as atividades da fábrica de macarrão, que pertencia à família Missiaggia, empresa que produzia massas seguindo a tradição italiana, ninguém em sã consciência, imaginaria que, naquele lugar, tanta coisa aconteceria três anos depois.
Pois foi exatamente em inícios de 1972, que, no prédio abandonado, alguns componentes do Pytomba viveriam uma grande aventura, talvez a maior de suas vidas.
Na época, por incrível que pareça, e bota incrível nisto, pois o lugar era sinistro demais, alguns elementos do Pytomba tinham o estranho hábito de freqüentar o local quase todas as noites. Chegavam com velas e violões, faziam pequenos ensaios e soltavam sua fértil imaginação que, no dizer dos mais velhos, “era só bobagem”.
O lugar, como se pode deduzir de uma fábrica fechada há anos, só possuía três tipos de coisa: poeira (muita), teias de aranha e escuridão, pois não havia energia elétrica. No entanto, era o local escolhido pelo grupo para acrescentar novos detalhes às canções e estudar novos repertórios.
Por que faziam isto? Ninguém, analisando nos dias de hoje, sabe explicar. O fato é que o hábito continua inexplicável, porque, cientes de suas limitações de coragem, aqueles heróis, na realidade, morriam de medo mesmo!
Mas era justamente neste ambiente empoeirado, silencioso e escuro, que buscavam inspiração, privacidade e principalmente, risos, risos nervosos, risos histéricos, mas muitos risos. E neste misto de medo e pavor, a aventura parecia mais um passeio de trem fantasma, pois, ao entrar pelos corredores escuros, ficavam sempre aguardando que algo acontecesse: um susto? Ou algo mais misterioso?
E assim aconteceu, por noites e noites, até que, passado algum tempo, a coisa foi se tornando monótona e acabou perdendo a graça. Nada de novo acontecia, e até o Dalminho e o Sílvio Heleno, os mais reticentes no momento das visitas àquele mausoléu, já estavam pedindo para ir lá, na maior tranquilidade, se bem que ainda com aquele risinho nervoso na cara.
Foi neste momento que Renezinho e Serjão refletiram e, ao observar o imenso potencial que o lugar oferecia, vislumbraram cenários interessantes, fizeram profundas prospecções e começaram a esboçar um projeto cujo teor e objetivo era: transformar o local numa verdadeira e convincente CASA MAL ASSOMBRADA!!!
Como, graças a Deus, tinham bastante tempo disponível (bons tempos!), fizeram um planejamento minucioso, começaram a arquitetar um plano maquiavélico. Depois de analisar detalhadamente o percurso, observaram que o cenário daria uma imensa riqueza de opções.
Tudo começaria no terreiro da casa do Serjão para, posteriormente, entrar pela porta dos fundos da fábrica. Passariam, em primeiro lugar, pelo cômodo das máquinas, com seus estranhos buracos negros. A seguir, depois de passar diante da escadaria do terraço, atravessariam o corredor central - com três quartos misteriosos - para, finalmente, alcançar o coração do prédio, que seria denominado o “grande salão”, the big hall. Este salão seria o término da primeira etapa, para, posteriormente,, recomeçar a volta até retornar ao terreiro.
Ficou decidido que tudo seria como um grande teatro, onde coisas estranhas e misteriosas aconteceriam, tanto na ida como na volta. Mas, para que tivesse graça, alguma coisa estava faltando. Sim, os personagens, ou ... as cobaias. Mas, quem seriam?
Ainda com a vela nas mãos, os rostos dos dois planejadores se iluminaram, num pacto diabólico, chegando no mesmo instante a uma conclusão: não haveria ninguém melhor do que: Sílvio Heleno e Dalminho. Tá certo, os dois planejadores reconheciam-se medrosos, mas pensavam que os outros dois eram ainda mais medrosos. E isso só o tempo diria.
O próximo passo seria definir qual tecnologia, eficiente e barata, seria usada nas diversas simulações e efeitos especiais. Ficou decidido que seria usada a conhecida linha dez, nas cores correspondentes a cada parede da referida montagem. Uma lanterninha de pilhas fracas seria a única fonte de luz, que ficaria, naturalmente, nas mãos do Serjão e do Renê, para não revelar para os dois não iniciados, os falsos episódios sobrenaturais que iriam se manifestar.
Aos poucos, estava sendo montando o palco e o grande teatro macabro logo iria acontecer. O dia foi cheio de trabalho, esticando linha, pois tudo era muito bem calculado e ensaiado... Nada poderia sair errado... Caso acontecesse algum erro, seriam os dois zelosos amigos que acabariam pagando o mico.
O silêncio dentro do prédio, era aterrador. Qualquer som, por menor que fosse, chamaria logo a atenção, pois a acústica perfeita, o faria ecoar a metros de distância, constituindo-se em mais uma opção de efeito especial, no caso sonoro.
Finalmente, as cobaias foram chamadas. Como dois frangos que vão para o abate, chegaram com o riso nervoso de sempre. Serjão foi o primeiro a falar: disse que haviam escutado alguns comentários de que aquele local teria sido um cemitério no século passado, e que barulhos estranhos costumavam a acontecer lá dentro de forma inexplicável.
A noticia se espalhou como uma bomba. Todos ficaram apreensivos e assustados. Queriam, a qualquer custo, abortar a aventura e, o que é pior, não queriam nem mesmo passar lá perto. Mas, após muita insistência e negociação, apelando até para o instituto da macheza, os dois astutos fabricantes de sustos conseguiram convencer os dois reticentes amigos.
E agora: o que acontecerá? Conseguirão Serjão e Renê fazer os dois colegas de conjunto se assustarem, apesar da coragem dos dois (até que se prove o contrário)? É possível um ser humano ser habilmente conduzido ao medo? Ou tudo irá por água (de macarrão) abaixo?
Não percam, na próxima semana, mais um capítulo misterioso de “A Fábrica”. Vai ser massa!

sábado, 20 de junho de 2009

ALGUNS FATOS HISTÓ(É)RICOS!!!


DIALETO DO GRUPO (alguns termos técnicos que todo pytombense legítimo deveria conhecer):
Mãe!!!!!!, Sô Metrô, Baby, Bizunta, Isquirte de Fon Instain, Aurica, Ruptum, Arauna Bigode, Arigodó ló, Bizá bizá, Sô Isgrima, Rubim Panela, Údson Tamborim, D Sumida, Brenorragia, Sô Arca, Patetão, Beiçola, Gorda, Magrelo, Belasques, Isabel ou Bela, Gudilim, Tátil ou Pênis Erectus, Nega Preta do Subaco Fedorento, Sô Buçanha, Enxerga Cente Aqui Fura, Sô Promessa, Irmã Leoparda, Rua Peito Antulho, Urso Polar, Pedestal Zebra, A Cem Nada, Tremedor, Estrumbaguete, O Ruim, 14/16, Montanha, Dar um Pega, A Troco do Lanche, Bip, Pareage emprestada, A Nóis Aí, Há Alguém Aí, Vai dar Cabula.

FRASES MARCANTES:
Cri-Cri, se tocar com ‘nóis’, atrapalha.
Somos o único conjunto do mundo que erra o compasso junto.

FATOS MARCANTES

REUNIÃO DA JUNTA:
O que acontece quando você junta, na época da ditadura militar, um conjunto de rock e uma igreja evangélica? Pois é, num determinado dia em que iríamos tocar, não havia disponível na cidade uma mísera bateria para ser emprestada. Aí alguma pessoa brilhante, que a modéstia nos impede de revelar, teve a ideia de ir pedir para o pastor evangélico.
Dois membros do conjunto foram escalados para fazer o pedido oficial – Serjão e Sílvio Heleno. Foram recebidos pelo pastor em pessoa que, educado, convidou para entrar. Eis o relato dos dois heróis:
Ao sentarmos na sala, fizemos, de cara, o nosso pedido. E o pastor, sem demonstrar nenhuma surpresa, mas também sem fazer nenhuma referência àquela bizarra solicitação, iniciou uma pregação que parecia não ter mais fim. Ouvimos do Gênesis ao Apocalipse, passando pelos Provérbios e Evangelhos, numa mistura que parecia não ter fim. Aonde é que o pastor queria chegar? Parece que ele mesmo não sabia!
Enquanto isso, sorríamos e lançávamos olhares dedicados e atenciosos, enquanto, no íntimo, perguntávamos a nós mesmos: e a bateria, sai ou não? Até café nós tomamos.
Alguns discípulos depois, quando o desespero e o arrependimento já começava a nos abater, e estávamos começando que meio escorregar pelo sofá, nosso pregador afirma que, para nos dar a resposta, teria que REUNIR A JUNTA.
- Reunir o que? Perguntamos, mas, naquela altura do campeonato, qualquer sacrifício era válido. E continuávamos esperançosos.
Até que, finalmente, após uma homilia que beirou ao exorcismo, saímos, mais de duas horas depois, em completo estado de graça, mas... sem nada.
Trinta anos se passaram e até hoje esperamos por uma resposta, que seria dada no mesmo dia, ou seja: logo após, que se fizesse a tal reunião da Junta. Aleluia!

COMPRA DE UM CONTRABAIXO EM DESCOBERTO:
Este é um dos fatos mais curiosos da história do conjunto: num determinado dia, sem um tostão no bolso, fomos para a cidade de Descoberto comprar um instrumento. Até aí nada demais; só que o referido contrabaixo não estava à venda. E, pior: perdemos, de propósito, o ônibus e voltamos a pé, chegando meio estropiados na Rua do Descoberto.

SACRIFICIO DE TRANSISTORES A MARTELADAS:
Foi um método “espartano” desenvolvido pelo Silvio Heleno, que, aplicando a psicologia comportamental à eletrônica, colocava o transistor queimado em frente aos que estavam funcionando corretamente, e sacrificava-o a marteladas, segundo nosso colega, “para que servisse de lição aos outros para que não queimassem também”.

BERON-BERON, EU VOU MORRER:!!!!!!!!
Também do genial Sílvio Heleno, esta frase fatídica, era entoada por ele, entre gemidos, enquanto era carregado pelo maior fã do Pytomba, o saudoso Oberon, pelas ruas da cidade, em plena madrugada, após ingerir doses generosas de um suspeito rabo-de-galo, em companhia de Serjão e Renê.

ESTROBOSCÓPICA:
A nossa própria estroboscópica com lâmpada florescente, construída por nós mesmos, foi um tremendo sucesso. Era tão forte que não deixava ninguém parar em pé. Na casa do Dantinho, uma das senhoras presentes – que não estava no baile e nem bebia - quase rolou escada abaixo de tão tonta.

ALMOÇO DE TAÇAS E VELAS NA CASA DO SÍLVIO:
Era uma constante. Ficávamos completamente à vontade, na ausência dos pais do nosso amigo, quando eles viajavam.
Mas, num belo dia, após chegarem de surpresa, fomos surpreendidos de cuecas na sala. Fazíamos a sesta, após uma bela feijoada. (O que dizer nesta hora? Oi, gente, podem ficar a vontade!... ).

AMEAÇAS DO EL VIZINHO:
Eram feitas nas manhãs de domingo, dia e hora impróprios que escolhíamos para ensaiar no Operários. Impróprios pra ele, que, naturalmente, queria dormir. Nós achávamos a coisa mais natural do mundo fazer aquela barulhada naquela hora. E não nos intimidávamos, pois ficávamos nos ombros daquele obelisco chamado Oberon e atrás de uma porta fechada. Para não sermos totalmente grosseiros, ainda cantávamos a clássica canção “Dorme Neném” o que conseguia deixar o nosso ameaçador vizinho ainda mais furioso.

TOMBO QUE O JACU DEU NO BIP:
Este tombo, que aconteceu em frente à Guarujá, levou o Silvio Heleno à loucura, pois era um aparelho de voz, que estava sendo projetado e montado há meses. O que se viu, foram peças espalhadas pra todo lado. Silvio queria matar o Jacu, mas, mesmo já naquele tempo, nosso instinto ecológico falava mais alto. E a anta se salvou.

VISITAS INDIVIDUALIZADAS NO HOSPITAL.
Foi um sistema elaborado pela Irmã Superiora toda vez que íamos ao hospital, visitar a Nely Gonçalves que estava recém operada. Tendo que acatar ordens superiores (da superiora), nossa entrada teria que ser feita um a um. Obedecemos à risca, exceto pelo detalhe de que aquele que entrava não saía. Juntávamos todos dentro do quarto, para fazer aquela bagunça.
Num desses dias, após sermos pegos escorregando na rampa do corredor, ela nos proibiu, definitivamente, de voltar ao hospital.
Por falar na Nely, nossa madrinha, não poderíamos deixar de registrar que alguns componentes do Pytomba passaram a fazer parte de seu conjunto “Pop Som” (Dalminho na voz, Silvio no teclado e Serjão na tumbadora).
Ainda há casos e causos a serem contados. A casa da Tia Irinéia Velasco e a oficina do Silvio Heleno (na época, ao lado sua casa, beirando o córrego), eram o nosso QG. Ponto de referência, onde tudo acontecia e, principalmente, onde nossas idéias malucas e experiências descabidas eram feitas e articuladas.
A BOMBA, A FÁBRICA e O DISCO VOADOR são casos à parte, que farão parte de uma nova série que chamaremos Histórias Inacreditáveis Nas Quais Nós Mesmos Custamos A Acreditar.

Abaixo, um letra, feita pelo Serjão em 1980 em homenagem ao grupo, e que pode, por que não, vir a ser o Hino do Pytomba:
PYTOMANIA: Sempre seremos o que nunca fomos / Sempre pensamos ser, o que nunca podemos / Nosso mundo é irreal / Nosso som não é normal.
No mundo de sonhos em que vivemos / Pirados se somos, nem mesmo sabemos / Mas somos um só, onde quer que estejamos / Até o compasso, sempre juntos erramos.
Nascemos mortos, mas... Morremos vivos / Tudo se foi e nem partimos.
Falso ou verdadeiro, quando tocamos, ficamos por inteiro. (refrão)

Com muita alegria, termina aqui este pequeno histórico do Pytomba, redigido pelo Serjão Missiaggia, com adaptações de Jorge Marin. É lógico que, diante de um passado tão rico de detalhes, seria impossível captar, ou capturar todos os eventos, e seria também muita pretensão querer um relato perfeito. Se acrescentássemos os casos ocorridos apenas com alguns elementos do conjunto, teríamos assunto para mais uns trinta anos. E são estes acontecimentos que vão constituir, esperamos, a riqueza deste blog, pois há muito a ser contado e o espaço está aberto para todos, principalmente os fãs que, com seus comentários, conseguem lembrar detalhes que nós, no palco, certamente não pudemos perceber. Quem quiser, pode enviar relatos, fotos e qualquer coisa relacionada com o Pytomba para o nosso e-mail pytomba.grupo@gmail.com que teremos o maior prazer em publicar.

O grupo encontrou-se pela ultima vez em novembro de 1992 na chácara Pytomba de Silvio Heleno quando foram comemorados os 21 anos do primeiro ensaio. O jornal “Voz de São João”, na coluna do Cralves, assim noticiou o evento: Aconteceu um churraveja para reencontro dos rapazes que formavam o Conjunto Pytomba há 21 anos atrás. Renê, Sílvio, Serjão, Márcio, Dalminho, Beline, Renatinho, Jorge e Godelo que, se hoje não tocam mais aquilo, muito menos tocam aquiloutro, deixaram extravasar a saudade dourada.”

sábado, 13 de junho de 2009

ÚLTIMO SHOW - QUANDO NEM SAL NO SOVACO SALVA!


A apresentação mais importante, desta nova fase, foi a que fizemos nos Trombeteiros em 1978. Foi o último show ao vivo do grupo, apresentando a nova formação, juntamente com canções e instrumentais de nossa própria autoria. Paulinho Manzo estreou nos efeitos especiais, Jorge na apresentação e textos e o Godelo na gravação que, na ocasião, foi uma sensação, por ter sido feita num gravador de rolo. Renatinho, além de responsável pelos efeitos especiais, ainda ficou atrás das cortinas soltando bolhas de sabão. Zé Neli mostrou sua classe na bateria e Bellini arrasou nos vocais.
Como sempre, alguns fatos marcantes e engraçados aconteceram nesta apresentação sendo que o principal foi termos, pela primeira vez numa ação inédita e ousada para a época, juntado toda aparelhagem da cidade, ligando tudo em série, o que nos deu uma incrível potência.
Também algumas brigas e desentendimentos marcaram o último ensaio fazendo com que quase tudo fosse por água abaixo, faltando apenas um dia. Neste ensaio, alguns componentes mais exaltados disseram que não iriam mais tocar. É o tipo de stress que imaginamos que aconteça com o Pink Floyd, por exemplo. Por que vocês acham que tem sempre um componente saindo do grupo? Já nos Rolling Stones não acontece, porque eles tocam tão chapados, que acham que estão tocando sozinhos.
No dia do show, o Serjão ficou tão ruim – nem sal no sovaco resolveu – que, alguns minutos antes de entrar no palco, já ia embora tranquilamente para casa. Felizmente, foi interceptado pela turma, em frente aos correios. Chegou escorado no clube e, na hora de subir ao palco, colocou o violão no ombro e, ainda escoltado com um componente de cada lado, ainda socou o instrumento numa pilastra. Tudo sob alegria e risos da platéia que já gritava havia horas, pelo começo do show. Este, por incrível que pareça, foi um sucesso. Seguem-se trechos das introduções (textos/poesias de Jorge Marin):

Ode à primavera: uma flor é sempre uma flor / e não existe nada mais bonito / mas um conceito é sempre rarefeito / se lhe faltam raízes / matam-se hoje mais árvores / do que soldados em ambas as grandes guerras / mas ninguém chora por elas / multiplicam-se as plantações de chaminés / em todas as cidades do mundo / colibris são colocados / em catálogos de animais em extinção / e as borboletas nada mais são / que personagens de alguma historinha infantil / aí eu tomo uma coca-cola / e vou assistir dineylândia na televisão / mas sei que / enquanto o progresso continuar / numas de anticoncepcional / ela não virá...

Flores Mortas (letra – Jorge Marin / música Renê Ladeira) : Deve existir algum lugar /
que tenha céu ou sol / deve existir algum planeta / bem melhor que o seu...
Às vezes penso / que essa gente não onde ir / ao alto eu ergo os olhos / na esperança de rever / e às vezes até choro / ao contar o tempo / nesta terra de Deus / e nossa também.
Ando por toda a parte / corro sem rumo / temendo a morte / vilas por onde passo / deixo a incerteza / e o medo no ar...
Assim eu me vou / contar histórias ao vento / dormir ao relento / e acordar / dormir ao relento / mas acordar.

Cópula: eu vim / de camisa verde / e lua branca / cheguei / e até o vento / tinha cor de lua / abri o bolso / tirei a chave / fechei o bolso / abri a porta / fechei os olhos / junto com a porta / e sentei na cama / com cara de tonto / não acendi a luz / nem apaguei a lua / não acendi o cigarro / nem tomei café / e fiquei ali / de mão no queixo / pensando / ou tentando imaginar / quantos estariam / neste instante / de mão no queixo / pensando / ou tentando imaginar / abri a janela / e tirei os óculos / para ver melhor / as luzes da cidade / fechei / não a janela / mas os olhos / lembrei do tempo / em que eu era poeta / e falava até em amor / chorei lágrima e meia: / três lágrimas cor-de-lua / em travesseiro de algodão / me encolhi sob o cobertor / e fiquei contando pastorinhas / pois já era tarde / e os carneirinhos haviam adormecido...

gen nini (letra – Jorge Marin / música - Renê Ladeira): vejam-se mais puros / belos lírios d’água / transem toms & jerrys / sinfonias tolas / vejam-se em espelhos / células cansadas / voem as paraíso / qual crianças belas
belas não tão sérias / prosas muito prosas / são ninos ou ninas / algo os cataloga / futuro-semente / rosa ou espinho / rindo rindo sempre / em lindas brincadeiras / miniuniversos / pedaços de vida...

O sheik Milk: vou chorando penas de ganso / e galgando a montanha de baunilha / o sol é um drops de hortelã maduro / mas as minhas pegadas / só irão se apagar na primavera
à minha frente ainda restam / alguns resquícios de café morno / o norte continua a bombordo /
mas o velho oeste é um travesseiro pleno
já fazem quatro luas / que meu camelo morreu / e oito que eu avistei / o último minarete / devorei todas as miragens / e minhas previsões estão no fim / mas eu preciso encontrar a flor de lótus
são onze horas / e um dinossauro está devorando seu hambúrguer / à sombra de um paliteiro / os ponteiros de meu relógio / tiveram um filho / que gosta muito de correr e brincar
e eu retiro / meu turbante vermelho / para cumprimentar pastora de olhos de topázio / o corpo dela parece uma coca-cola média / mas tem gosto de cor-de-rosa / aí eu paro para fazer a sesta...

Rosa de Jericó (letra – Jorge Marin / música - Renê Ladeira): hoje eu quero uma flor / com espinhos sem cor / pra falar a você da paz / e mostrar que eu sonhei demais
abra a sua mão / pegue uma flor sem cor / fira-se e com seu sangue / tinja a sua flor / abra sua cabeça / sinta o universo / saia de suas trevas / e leve a todos a luz
hoje eu quero uma flor / com espinhos sem cor / vem meu discípulo / preciso de você
eu quero ver / a ablução universal / com muita paz muita vida / e irmãs liberdade / e a razão / eu sei que sou / um sonhador a mais / dono de sonhos encantos / canções ilusões / e uma flor...

Passantes: olhem esses jovens velhos / sonhando nos bancos das praças / olhem esses demônios / tão angelicais / com suas barbas por fazer / vejam esses tontos / tateando seus cigarros / ouçam seus sorrisos nervosos / e compreendam seus conflitos
os jornais decretaram paz no vietnã / os beatles estão fumando charutos importados / e aqui na terra o futebol vai bem / mas não se fazem poetas como antigamente / pois já é permitido proibir / ou melhor dizendo é proibido permitir / que se fale em coisas grandes / e a poesia contemplativa / se reduz à sua primeira sílaba / pó / enquanto aos jovens mais novos / só lhes resta sentar junto aos altos muros / a ouvir os menestréis do harlem / pois é permitido não saber inglês.

Canto livre (criação coletiva - Grupo Pytomba): e a neve se foi / sol voltou / a colorir / cada flor / brisa veio trazendo / u’a canção / vou procurar amor / e depois chorar de manhã / se o dia está alto / eu me vou / a galopar pelos campos / brisa já vem trazendo / um urbano som / vou procurar a flor / e amanhecer em paz...

sábado, 6 de junho de 2009

FESTIVAIS E FUTEBOL



O grupo, na década de 70, participou de vários festivais, sendo que músicas como Edith Pólvora e Cid Navalha, ambas do Márcio Velasco, levavam o povão ao delírio com suas letras irreverentes.
Numa apresentação na casa do Márcio, tivemos que seqüestrar o tablado da Dona Mariana Picorone. Só que, quando já íamos saindo, pé ante pé, secretamente com ele pelo portão, vimos que ela acompanhava tudo da varanda e nos disse com aquele vozeirão que só as mães têm na hora da raiva:
- AMANHÃ, BEM CEDINHO, EU O QUERO, AQUI DE VOLTA!
Como já era de se esperar, este tablado jamais voltaria e muitos de nós passaríamos meses e até anos entrando e saindo da casa de Silvio Heleno escondidos, às vezes disfarçados de carteiros.
Quase dois anos depois, quando imaginávamos que aquele fato já fazia parte de um passado distante, ao entrarmos pelo portão, ela nos pega desprevenidos e pergunta:
- E aí pessoal!!! E o meu tablado?!!! Nesta hora, foi gente saindo de fininho para todos os
lados. A ultima noticia que tivemos dele – do tablado - é de que teria se transformado num garboso portão na casa da Tia Irinéia, que também não sabia de nada.
Outro fato que aconteceu na casa do Márcio, foi quando a bacia que estávamos usando com água, para lavar os copos, durante a festa, estava também sendo compartilhada por um cachorro, bem embaixo da mesa, o que, apesar de denotar nossas preocupações ecológicas, não deixava de ser um atentado, e grande, às boas regras de higiene.
Também, foram muitas, às vezes, que pulávamos a janela do ginásio, para ensaiar na sede do Operário. Sempre sem as chaves, a única maneira que encontrávamos para entrar no clube era arremessando o magrelo do Dalminho por um buraco. Mais precisamente pela abertura de um vidro quebrado, que ficava na porta dos fundos. O mais legal era quando ele não conseguia abrir a porta, e ficava preso lá dentro. E íamos embora.
Os ensaios, quando ocorriam, sempre viravam verdadeiros bailes. Era constante e fiel a presença do nosso fã clube, uma galera, que nunca desgarrava do grupo.
O time de futebol do Pytomba era o que havia de mais engraçado. Quando queria ganhar uma partida, era só convidar o time dos Vicentinos para jogar. Ou o Pingão.
O torneio mais importante, e que por sinal saiu vencedor, foi o da Taça “Júlio Renê”. Esta taça, que foi patrocinada por nós mesmo, ficou escondida no estádio até que tivéssemos certeza que nós é que a ganharíamos. Quando ganhamos, saíamos em carro aberto, numa bela passeata pela cidade, acompanhada ao som de foguetes e dos olhares espantados do adversário, que tudo via sem nada entender o que estava acontecendo.
Num desses jogos, um recorde: Bellini aqueceu 85 minutos e, na hora que pintou sua oportunidade, recusou ferozmente a entrar em campo. Alegava que o gramado estava encharcado e iria sujar seu lindo uniforme branco.
Grandes clássicos e muitas estórias foram os jogos entre Pytomba e Pingão. Estes jogos, eram sempre narrados por Jorge Marin (Beiçola) que, com muito humor e inteligência, dava aquele show na locução.
Registramos aqui, nossa eterna saudade e respeito, ao amigo José Luiz da Jóia, que, com alegria e descontração, dirigia o time do Pingão, juntamente com Marquinho Dadalte.
A seguir, alguns nomes que tiveram a honra de vestir nosso manto sagrado, a camissa negra do Pytomba: Rômulo, Ademir, Norberto, Cuoca, Nem, Sílvio Heleno, Jorge Marin, Serjão, Dalminho, Zé Neli, Márcio, Renatinho, Geraldo Cantõe, Zezé Constantino, Paulinho, Coxinha, Pipita, Zé Márcio, Pedrinho Ventania, Celso, Clarê, Dantinho, Quintino, Eduardo e Pedrinho Verardo. Alguns destes atletas chegaram a jogar em grandes clubes do Brasil. Tudo era muito bem organizado. Tínhamos nossas próprias camisas, envelopes timbrados, carimbos e até um símbolo, que era o urso Zé Colmeia.
Alguns jornais da época, como a Voz de São João, Novidade e o Ideal fizeram grandes referências sobre o trabalho do grupo, sendo que, o Ideal de novembro de 76, que tinha como diretor e redator Nilson Magno Baptista, fez sua edição toda voltada integralmente ao conjunto.
Neste ano de 1976, o grupo recebeu novos componentes: Zé Neli na bateria, Bellini no vocal, Paulinho Manzo na programação visual e Jorge Marin nas composições e apresentações de textos. Serjão foi para a guitarra base e percussão e Sílvio Heleno passou para o teclado. Para a tristeza nossa e dos fãs, nesta época o Dalminho passou a residir em B.H.
Foi nesta ocasião, que o grupo começou a compor suas próprias canções e algumas instrumentais. Canções como Gen Nini, Rosa de Jericó, Flores Mortas, Verde e Tempo, (letras de Jorge Marin e músicas de Renê), fizeram muito sucesso, sendo que a música Canto Livre foi uma composição conjunta do grupo, alguns dizem até psicogravada, e foi sem dúvida o trabalho mais marcante.
Gravamos várias destas músicas (que, por sinal, serão divulgadas aqui no blog) e fizemos uma bela apresentação em gravação e fotografias na boate Kako dos Democráticos. Com muito bom gosto, e um delicioso coquetel.
(Texto - Serjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin)

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL