sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

FAMÍLIA FUNKEIRA


Sentado no ônibus, voltando pra casa, percebo que algo me perturba, e trata-se de uma música irritante que vem do banco ao lado. Não é uma musiquinha do tipo daquelas que tocam em celular; é um baita funk que sai de um rádio em forma de lata de cerveja.

Estamos nos últimos bancos do ônibus. Eu tentando cochilar e uma típica família mineira: nos penúltimos bancos, uma mãe, entre seus trinta quase quarenta, ao lado da filha que deve ter no máximo quatorze anos e que está sintonizando a geringonça, atrás um filho ainda mais jovem cabeça semirraspada e penteado meio punk meio moicano. O pai, um senhor talvez um pouco mais novo que a mãe, está no banco à minha frente do lado oposto ao resto da família.

 A princípio, uma cena urbana típica e corriqueira, a não ser por um detalhe: as letras das músicas que, no último volume, invadem todo o veículo. Não vou repeti-las aqui no Blog porque, mais do que mau gosto, trata-se de uma agressão. Imaginem uma consulta ginecológica descrita pela Dercy Gonçalves. Pois bem, é três vezes pior do que isso!

Faço um pouco de humor aqui, meio que para amenizar as coisas, mas, na verdade, eu, que sempre fui contra qualquer tipo de censura, me senti profundamente agredido. Ainda bem que havia deixado o meu filho um pouco antes. Entre a assertiva de pedir que desligassem aquilo e a preguiça de ter que entrar em conflito com um grupo de pessoas que pareciam estar bem tranquilas com aquela nojeira toda, preferi aguardar e descer mais à frente, pois já estava me aproximando de minha casa.

Depois, caminhando, fiquei me perguntando qual é a necessidade que têm as pessoas hoje de exibir, de escancarar, de arreganhar intimidades para todos, inclusive para os que não querem ter conhecimento desses detalhes?

A lista é longa: além das tais letras escatológicas, infligidas nos ônibus e nos poderosos sons automotivos, somos expostos a todo tipo de exibicionismo gratuito em programas televisivos. Que fique claro: não tenho nenhum tipo de constrangimento em assistir obras de arte que tenham conteúdo sexual. Mas, como diz o programa de TV, “cada coisa em seu lugar”. Por que é que eu, na companhia de um tanto de pessoas voltando pra casa, sou obrigado a ouvir tamanho lixo? No caso da TV, ainda posso não ligar naquele canal, e não ligo mesmo, mas, no ônibus, é brigar ou descer.

Finalmente, uma afirmação àqueles que acham que isso tudo é natural, moderninho, sinal dos tempos etc. Não é! Isso é uma deformidade de caráter, um exibicionismo agressivo e uma tremenda idiotice.

Certo estava Nelson Rodrigues: “subdesenvolvimento não se improvisa; é obra de séculos”.

Crônica: Jorge Marin
Foto     :  disponível em http://transcooper.com.br/noticias/haddad-aprova-lei-que-proibe-musica-alta-em-onibus

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

CAUSOS DA OFICINA - Fumaça na Janela (final)


E já que estamos ainda falando sobre carnaval, fogo, ressaca e coisa e tali, outro causo real, e que não poderia deixar de contar, foi a quase tragédia que ocorreu com outro televisor. E que sufoco!

Naquele período, eu e meu sobrinho Tuca trabalhávamos oficialmente com Suveleno, e a televisão de minha saudosa tia havia apresentado um defeito. Não haveria melhor oportunidade pra mostrar serviço e, diante daquele entusiasmo tão típico de quem estaria aprendendo a apertar seus primeiros parafusos, lá fui eu, mais que depressa, tentar  vender nosso peixe.            

Na época, minha tia estava acostumada com outro técnico, mas, devido à minha insistência, aceitou dar-nos preferência: conserto rápido, técnicas novas, bons preços foram apenas algumas das muitas justificativas apresentadas por mim, para mostrar que optar por nosso serviço seria o melhor negócio. E assim foi!

Tudo ocorreu na mais perfeita harmonia, ou seja, fomos rapidinhos no domicílio pegar a televisão, o conserto foi feito e entregue em tempo recorde. Tudinho além da expectativa e combinado.

Já no outro dia, quando estava em casa tirando meu cochilo aproveitando minha hora de almoço, comecei a escutar uma gritaria estranha vinda da rua. Levantei imediatamente e, chegando até a varanda, o que mais se via era gente correndo em direção à casa de minha tia. Até aí nada de mais, se não fosse pelo simples fato de estar uma fumaceira danada saindo da janela, e, o que é pior, com imensas labaredas de fogo quase alcançando o forro de madeira do quarto. Aí pensei: danou tudo! E é na sala de televisão. Será? Não deu outra.

Com apenas um pulo, saltei o murinho da varanda e chegando imediatamente ao local, só deu tempo mesmo de retirar minha vó de dentro do quarto. Foi quando um vizinho chegou detonando sem piedade seu extintor naquele fogaréu. E que explosão, ou melhor, implosão. Quem poderia imaginar, naquela altura do campeonato, que o jato do extintor em contato com o tubo de imagem, causaria tanto estrago. Perda total! Não sobrou um parafuso sequer pra contar a história. Pior foi a fuligem de borracha que se espalhou pela casa que, por muito pouco, não intoxicou todos nós.

Saímos tão chamuscados que parecia que estávamos trabalhando numa mina de carvão. Para terem uma ideia, quase todos os cômodos tiveram que ser pintados novamente.
Mas, na realidade, tudo não teria passado de uma grande fatalidade, pois foi constatado posteriormente que o transformador que gera alta tensão (de nome flyback), ao entrar em curto, passou imediatamente centelhas para a caixa de madeira, esta já não tão nova). Defeito que, por sinal, não teria nenhuma coligação com o anterior.

Já em casa, e bem mais calmo, pensei novamente: Deus escreve certo por linhas tortas, ou seja: e se eu tivesse passado aquele cupinicida na caixa?  Aí, meu amigo, não teria sobrado pedra sobre pedra.

Enfim, lá está hoje a grande Transtec, fruto de um trabalho confiável, mesclado a conhecimento, tecnologia, competência e, acima de tudo, inteligência prodigiosa de seu criador.

Mas que o trem pegou fogo naquele dia, isso pegou!

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : acervo do autor

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

BELEZAS DA TERRINHA


TERMINADO O CARNAVAL, É SÓ PAZ... E BELEZA.

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASA(RÕES) & seus detalhes misteriosos


QUEM VIVEU ALGUMA EMOÇÃO NESSA CASA ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA -  Talvez devido ao Carnaval, pouca gente se manifestou quanto ao casarão da semana passada. O primeiro a dar uma pista foi o nosso baixista paraguaio Márcio Velasco que afirmou: "Rua Dr. Gouveia, acima do Pronto Socorro", sentença confirmada pela Julia de Lourdes e pelo Jacques Angelo Rigolon.
 
Finalmente, a Angelica Girardi matou a charada: "essa é na rua Dr. Gouveia, casa dos falecidos Sr. Otávio e Dona Zulmira".

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistério ???


QUE LUGAR É ESSE ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Apenas o Camilo Pontes reconheceu a montanha dos Núcleos.

Foto: Serjão Missiaggia

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

EU NÃO QUERO SER FELIZ


O Carnaval acabou e as pessoas já começam a se mover, a se deslocar para buscar a felicidade em outros locais. Parece que, de um certo tempo para cá, não dá pra ser feliz sem agitação, barulho e juventude. Este conceito que, aliás, é antigo (pois é de Pascal no século XVII), atingiu nos nossos dias uma verdadeira conotação moral, como se imoral, hoje, fosse ser triste.

No meu tempo de criança, não havia essa preocupação com a busca incessante da felicidade. Também pudera: tínhamos a mais absoluta certeza de que, se levássemos uma vida bem chinfrim, bem desprovida de prazeres, teríamos, automaticamente, assegurado o nosso ingresso no paraíso, que nos era descrito como uma espécie de spa onde poderíamos experimentar a verdadeira felicidade, e, não apenas por um tempo, mas por toda a eternidade!

Aquela crença nos dava um conforto danado, pois sabíamos que, se não fôssemos felizes nesta vida, e justamente por não ser feliz nesta vida, estaríamos assegurando uma outra vida, esta sim plena de alegrias.

Pois bem, hoje uma grande parte da população, aí incluído o Papa Francisco, não acredita nessa coisa de céu e inferno. No entanto, e isso é o que me chama mais a atenção, quase a totalidade desses descrentes acredita numa “felicidade eterna”, que deve ser vivida diariamente, durante 24 horas, aqui nesta nossa vida atual.

Ora, isso tem causado dois fenômenos: primeiro, uma multidão de seres que tenta fazer isso. Trabalham como loucos para ter um happy hour, tomam todas, namoram o maior número de pessoas possível, consomem tudo o que surge pela frente em quantidades absurdas, viajam para lugares paradisíacos, e não deixam nenhum minuto de descanso passar em branco, para participar de algum evento. São conceituados, nos meios de comunicação que vendem toda essa parafernália, como “normais”.

Por outro lado, há aquelas pessoas que, ou por não ter grana para financiar a trip da felicidade, ou por não ter saco para cumprir todos esses rituais, ou por não gostar de barulho e multidões, preferem ficar quietas, ou sozinhas, ou simplesmente vivendo a vida descompromissadamente. São chamadas, pelos experts da indústria farmacêutica, como “depressivos”.

Entre os depressivos, há três tipos de indivíduos: os que são depressivos mesmo, não conseguem conduzir suas vidas e devem, sim, tomar medicamentos. Existem também aqueles culpados de não serem felizes e, por não conseguirem atingir os paradigmas dos vencedores, buscam todo o tipo de conforto, de drogas (receitadas ou não por médicos) a terapias, de religiões a retiros, de dicas de programas televisivos a simpatias e florais. Vejam que este segundo grupo, quanto ao consumo, pode ser definido como “normal”.

Finalmente, há aqueles que não estão nem aí para a felicidade. Acordam mal quase todos os dias (vocês conhecem alguém que acorda superbem?), tomam um café, vão viver a vida. Se tiver sol, tudo bem. Se não tiver, também. À medida em que vão vivendo o seu dia, alegram-se, fazem o que querem, ficam nervosos, xingam, brincam, se entristecem, choram até. E, à noite, depois de um dia de emoções variadas, dormem. Tô nessa!

Crônica: Jorge Marin
Foto     : disponível em http://www.biography.com/people/charlie-chaplin-9244327

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O FUTURO DO CARNAVAL


Juntamente com o projeto Sassaricando e nosso eterno Bloco da Girafa, saudemos com louvor a RUA NOVA e RUA DO SAPO, que com seus FAMOSOS BLOCOS e encontros na calçada, já se traduziram em autênticos berçários de nosso carnaval.

Foto: Serjão Missiaggia

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

BELEZAS DA TERRINHA


ESPETÁCULO DE FRUTO, A PITOMBA AGORA JÁ EXISTE EM SÃO JOÃO NEPOMUCENO!

Foto: Facebook do Sílvio Heleno Picorone que, após uma espera de mais de vinte anos, viu a sua pitombeira frutificar.

CASOS CASA(RÕES) & seus detalhes misteriosos


ALGUÉM AÍ JÁ ESTEVE NESSE CASARÃO ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA - Hoje não podemos, como fazemos todas as semanas, citar todas as frases, pois foram mais de 1.100 pessoas afetadas pela visão da sede do Trombeteiros. Afetadas mesmo, pois não há quem não se lembre e não se
emocione. Carnavais, romances, bailes de debutantes, formaturas... cada um se lembra à sua maneira.

Cristina Velasco Itaborahy disse que o clube era a continuação da sua casa e o Márcio Velasco, algumas vezes, acha que nasceu ali. 

Silvio Heleno Picorone lembra-se que uma das grandes alegrias que viveu foi quando, em companhia do Serjão, ficaram assistindo um grande conjunto tocando pela janela (pois estavam sem grana), até que o Oscarzinho Itaborahy, "com piedade", os deixou entrar. 

Muitos aproveitaram o comentário para cantar o hino do clube, coro puxado pelo Nei Angelo Furtado Moura, como a nos lembrar que Deus é, antes de tudo, alegria. 

Finalmente, a Graça Lima afirma, com um certo saudosismo, que não há como voltar ao tempo dos carnavais de clubes, simplesmente porque "os rapazes e moças de agora sentem mal de sair com pai e mãe", uma pena pois acabam expostos à violência e à degradação das ruas, talvez reflexo de uma cultura que prega a felicidade a todo custo, porém apenas para si mesmo. A soma dos depoimentos, além de desmentir isso, é um exemplo para filhos e netos. Cantemos sempre, com todo entusiasmo...

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistério ???

ALGUÉM EXPLICA ESSA FOTO ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - A casa do sr. Pimpa (e da dona Izabel), tendo a Praça 13 de Maio (Largo da Matriz) ao fundo foi reconhecida por várias pessoas: Nilson Magno Baptista, Jocarlosbarroso Barroso, Renee Cruz, Roselene Cruz Ciscotto, Rita Gouvea Knop, Marcelo Oliveira e Juliana Lanini.

Foto: Serjão Missiaggia

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

E SE EU TIVESSE DESFILADO NO ESPLENDOR DO MORRO?


Depois que publicamos aquela foto do Trombeteiros no BLOG, recebemos muitas manifestações de pessoas que ali viveram fortes emoções. Alguns manifestam sua alegria diretamente no Facebook, de forma clara ou através de risinhos nervosos (kkkkk, rsrsrs), outros nos enviam mensagens inbox ou e-mails.

Numa dessas mensagens, um antigo companheiro de atividades em São João, faz uma pergunta em tom amargurado: “e se eu tivesse desfilado no Esplendor do Morro?”. Não é uma pergunta estética, do tipo “Esplendor ou Avenida”, “Trombeteiros ou Democráticos”. Não. A pergunta aqui é em tom existencial.

Conta o meu amigo que todos os seus colegas estavam se preparando para desfilar na escola de samba, mas ele estava se preparando para um concurso da empresa onde viria a trabalhar e onde (recentemente) se aposentou. Aí bateu aquela dúvida cruel: desfilar ou estudar?

Sempre muito aplicado nos estudos, destaque entre os alunos do Grupo Coronel José Braz, meu amigo, que se orgulhava de ser chamado de “ajuizado” pelos pais dos outros colegas, fez o que dele se esperava: não desfilou. O resultado, mais ou menos lógico, de tal escolha foi: ele passou no concurso da tal empresa, esteve fora de São João por um longo tempo, casou-se, constituiu família, retornou recentemente à terrinha, e hoje, com aquilo que os doutores chamam de “depressão leve”, resolveu questionar suas escolhas.

Primeiramente, uma dúvida pessoal que algum leitor pode ajudar a resolver: como é que se pesa uma depressão? Será que é numa balança de precisão, no caso, “precisão” no sentido de carência?

Bom, mas o meu amigo me questiona se, tivesse ele desfilado no Esplendor, teria hoje os problemas que tem e as dificuldades por que passa. Respondo, de primeira: não, é claro que não! Se você tivesse desfilado no Esplendor, ou sido reprovado no concurso, ou ficado em São João, ou não casado, com certeza, não teria os problemas que tem!

Mas... teria problemas diferentes! Isso também com certeza.

Problema mesmo é acharmos que, se não tivéssemos feito determinada coisa, estaríamos livres de problemas. A vida, meus amigos, é 99% constituída de problemas, de desafios, de dissabores e conversa fiada. O 1% pode ser muito bom, fantástico, delicioso, mas... passa rápido.

Assim sendo, a resposta que dou ao meu amigo é: se você vem se angustiando porque acha que a sua vida não tem sido boa porque não desfilou no Esplendor, coloque AGORA sua fantasia e desfile! Vista de mulher! Vá para o Barril! Ou, simplesmente, fique em casa! Viver cansa, eu sei, mas não dói!

Crônica: Jorge Marin

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

CAUSOS DA OFICINA: Parte 1 - A Pincelada Fatal


Ainda antes de começar este causo, gostaria de dizer que, após outra bela e inesquecível rodada de pizzas na casa do amigo Suveleno, onde na oportunidade, em contato com nossa empresária Silvana Picorone, e a secretária para assuntos internacionais Maria Lila, ficou decidido que, para o próximo ano, teremos, no mesmo local, uma aparelhagem à disposição do Pitomba, para uma grande apresentação.

Mas o assunto hoje não é esse, e sim essa foto que vem ilustrando nossa postagem. Ela nos remete a um período em que a Transtec estava ainda no comecinho, e que muitos fatos, digamos, incomuns, vieram acontecer. E um desses fatos, diga-se de passagem, verdadeiro, teve o seu desenrolar numa época em que a oficina ainda funcionava ao lado da casa do Sílvio, bem ali na Praça Floriano Peixoto. A coisa teria sido mais ou menos assim:

Certa vez, Suveleno, para fazer uma surpresa agradável a uma senhora freguesa, pediu-me que passasse um produto poderosíssimo no gabinete de sua televisão. Televisor este que estava com caixa de madeira todinha infestada de cupins. O tal produto era um líquido escuro e exterminava com muita propriedade aquele tipo de praga. O único inconveniente seria um cheirinho de asfalto derretido, que permanecia impregnado na madeira por um breve período. Nada que ultrapassasse seis a doze meses.

Assim, mais que depressa, no intuito de mostrar lealdade ao nobre amigo, peguei um velho pincel e mandei bala. Gastei quase uma lata do referido líquido na caixa da dona. Era tudo ou nada, ou seja, os malditos cupins ou nós. De tanto caprichar em cada uma das três demãos, a madeira, até então de suave tonalidade amarelo, veio a ficar marrom escuro. Até então, nem havíamos percebido isso, pois o negócio era tentar agradar a cliente de qualquer jeito.

Já no outro dia, imaginando que iria até mesmo receber alguns elogios, quem sabe até uma boa gorjeta pelo belo trabalho que havia feito, recebi alegremente a freguesa para buscar o aparelho. A dona só faltou nos matar! Achei que iria desmaiar de tanta raiva. Exaltada, ficava a gritar perguntando como poderia permanecer dentro de uma casa, convivendo com aquele cheiro insuportável (mistura de óleo queimado com asfalto). E a coisa piorou ainda mais, quando caí na asneira de dizer a ela que não precisaria se preocupar, pois, no máximo em seis a doze meses, o cheiro sumiria. Naquele momento, já bastante irritada, disse que somente sairia dali com um televisor novo ou, pelo menos, com a caixa do gabinete nova. E o cheiro, naquela altura do campeonato, já havia tomado conta de todo ambiente

A seguir, mesmo um pouco mais calma, exigiu de imediato que retirássemos tudo.
- Mas como minha senhora? Agora somente com o tempo! O que entra na madeira não tem jeito de sair! - Tentávamos em vão convencê-la, enquanto a roupa da coitada já estava também começando a ficar com aquele cheiro forte de óleo queimado.                           

Foi um Deus nos acuda e um verdadeiro caos. Confesso não me lembrar do desfecho dessa história, pois, ao ver que a coisa não teria fim, peguei meu pincel e sartei fora.

Ainda bem que esse fato não aconteceu com o velho Anginho, pois, se tal ocorresse, provavelmente, teria dito (com seu inseparável sotaque carioca)  : “E tem maisxx, cupinicida na caixa desxta senhora nunca maisxx!”

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : facebook do Sílvio Heleno Picorone


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

BELEZAS DA TERRINHA


RUA DO SARMENTO, VISTA DO SÃO JOSÉ.

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASA(RÕES) & seus detalhes misteriosos ???


QUEM VIVEU UMA GRANDE EMOÇÃO NESSE CASARÃO QUE TODOS CONHECEM ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA - o casarão da semana passada deu muito o que falar. De início, a localização muitos acertaram: Luiz Carlos Moura, Marcelo Oliveira, Alessandra Novaes Barbosa, Fernanda Macêdo, todos reconheceram a Rua José Gomes de Oliveira, morro do Hospital.

No entanto, na hora de definir a casa, muitos se confundiram, pois algumas casas daquela rua são muito parecidas. Tanto a Renée Cruz quanto a Silvana Picorone afirmaram que era a casa do Márcio Velasco.

Foi o João Alberto Bovoy que definiu os proprietários da casa; o sr. Antônio Henriques Furtado e a dona Alcina Bovoy, pais do Gilberto da mercearia. Também a Cristina Velasco Itaborahy, a Angélica Girardi, a Alice Furtado (neta do casal) e a Rita Gouvêa Knop acertaram.

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistério ???


QUE LUGAR É ESSE ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Maninho Sanábio, que reconheceu, de cara, a Rua João Carlos Knop, a rua do Polivalente.

Foto: Serjão Missiaggia

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

COMO QUEM CANTAROLAVA NUM CARNAVAL QUE NÃO LEMBRO MAIS


Não consigo mais pensar em mim
Como eu era nos carnavais como eu era nas missas dominicais
Não consigo mais pensar do jeito que os outros pensavam pra mim
Guardo comigo bem dentro um rancor
Que não sei se é benfazejo ou só um desejo
De não ter que resistir a pressões
Ou desrespeitar sermões ou só ser o que penso que sou.

Minha inteligência com o passar do tempo
Já não tem sido cerebral mas cardíaca pulsátil animal
Dialogo como quem cantarola
A marola do tempo já não me causa
E na ponta dos dedos gastos com inutilidades
Cultivo unhas garras cimitarras alfanjes falanges terçados.

Quem me via amar como um pingo d’água
Não reconheceria o rio que jorra lento hoje do meu coração
E que no entanto transborda recorda antigas cachoeiras
Espalha-se espraia-se e perene inunda leitos em cursos naturalmente límpidos.

Meu corpo depois de tanto tempo
Encontra-se preparado para ventos anseio ventos
Sei de cochichos que acompanham os ares
Percebo sussurros que dizendo-se vozes de espíritos
São na verdade ecos de cigarras gaguejos de passarinhos
E eu suspiro respiro... transpiro vida leve.

Meu dente da frente é branco!
Meu café da manhã é passarada!

Poesia: Jorge Marin
Foto    : Ruiz Poeta, disponível em https://c2.staticflickr.com/6/5130/5252038725_5962329576.jpg

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

TEMPOS REMOTOS


Enquanto deitado confortavelmente no velho sofá de minha casa, com um controle remoto nas mãos, fiquei a imaginar como seria hilário se, no tempo daqueles televisores antigos, já existissem os famosos suportes de girovisão. E que dificuldade seria para acessá-las, haja vista que muitos aparelhos, como o que tenho em meu quarto, encontra-se quase no teto. Por sinal, muitos entendidos dizem que essa ociosidade diante da parafernália dos eletrônicos  em muito vem contribuindo com a obesidade. Mas isso é já outro assunto.

Voltando então a lembrar das velhas e românticas televisões a válvula (quase sempre Philco ou Phillips), quem não se lembra do trabalho físico que éramos submetidos para poder controlá-las? Em muitas casas, e na minha não seria diferente, havia até um revezamento pré-combinado para que não cansasse apenas uma só pessoa. Disputar no par ou ímpar era também muito comum entre os membros da família, principalmente para ver quem, naquela noite, seria o contemplado pra levantar menos vezes.

E como éramos pacientes naquela época, não?  Ao ligar a TV, obrigatoriamente, tínhamos que esperar que aquecessem suas válvulas por pelos menos dois a três minutos para que assim começasse a aparecer som e imagem. Naquela época, havia também os que diziam que seria prudente, depois de duas horas de funcionamento ininterrupto, desligar os televisores por, pelo menos, dez minutos, para que, dessa forma, dessem uma boa esfriada em suas válvulas, e não viessem a queimar.

Logo depois de aquecidas, uma primeira levantada do sofá, de imediato, sempre acontecia, e isso se dava em razão da necessidade de se fazer, os primeiros ajustes na sintonia fina. Geralmente, esse procedimento era realizado ao se girar uma daquelas imensas “rodelas” que, quase sempre, vinham sobre o seletor de canais. O negócio era girar pra esquerda, girar pra direita, até que, finalmente melhorasse aquele incômodo chuvisco.
 
Épocas em que a energia elétrica variava muito, fazendo com que as faixas de convergências nos tirassem muitas vezes do sofá, e do sério também! E, para aquelas residências que não possuíam os enormes estabilizadores de energia, é que a coisa ficava ainda mais cansativa. Lá em casa, corrigir o vertical era minha responsabilidade, enquanto o horizontal sempre ficava por conta de minha irmã.

Uma levantadinha básica pra se ajustar o volume sempre acontecia, sendo que quase nunca para se mexer no brilho e contraste. Se um vento forte nos pegasse de surpresa, o negócio era dar uma pequena torcedela no cano externo da antena pra redirecioná-la melhor com a torre. Chuva com relâmpagos então era um deus nos acuda, pois, provavelmente, ficaria tudo fora do ar por pelo menos três dias. Subir naquelas montanhas, num período em que nem estrada existia direito, não era fácil não. Sr João com seu famoso jipe e Sr Tavinho que o digam!

Sorte nossa que, naquele tempo, somente o sinal de dois canais de televisão chegava à cidade, sendo um deles a TV Tupi e outro a TV Rio, mas, mesmo assim, tínhamos obrigatoriamente que nos levantar para girar uma pequena chaveta, que, quase sempre afixada na parede, era usada para inverter as antenas e com isso sintonizar o outro canal.

Ô vida cansativa ver televisão naquele tempo, sô! Pelo menos, tudo isso acontecia em meio expediente, pois, na maioria das casas, os televisores eram ligados somente depois das dezoito horas.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : disponível em http://y101radio.com/september-7-a-big-day-in-tv-history/


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

BELEZAS DA TERRINHA


Sombra e beleza: as árvores de São João.

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASA(RÕES) & detalhes misteriosos ???


QUEM CONHECE ALGUMA HISTÓRIA SOBRE ESSA CASA ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA - Embora seja um local por onde muita gente passa, o casarão da semana passada foi pouco reconhecido. Maninho Sanábio disse que "ouvi uma história que ali era uma alfaiataria, agora de quem eram já não tenho nem ideia".

O mistério é, então revelado pelo Antônio José Calegaro, que revela que, naquele local, casa de propriedade do sr. Naguinho, "funcionava a alfaiataria do Evair e do Antônio".

A localização é mostrada pela Angélica Girardi: Rua Dr. Francisco Zágari, ou seja, ao lado do Trombeteiros, "casa da D. Bibiana, dona Bibi".

Foto: Serjão Missiaggia



CASOS CASAS & mistério ???


DE ONDE FOI TIRADA ESSA FOTO AÍ ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - NINGUÉM acertou a foto da semana passada. Maninho Sanábio chutou. A Christina Itaborahy, a Alessandra Novaes Barbosa e a Bete Knop disseram, juntas, que era a casa do sogro do José Carlos Barroso, na Rua do Sarmento. A Cléa Pessoa achou que era um dos ginásios, ou o do Sôbi ou o Augusto Glória. Na realidade, é a foto de uma casa na subida da Rua Guarda-Mor Furtado, que pertenceu ao sr. Rubens Pinton, tirada de um ângulo para dificultar a compreensão dos leitores. Ponto pra nóis!

Foto: Serjão Missiaggia

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL