quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

AMAR


Ah... Se todo habitante deste minúsculo planeta tivesse a real consciência de quão rápida é a nossa passagem aqui nesta terra de Deus!

Quantos pensamentos e atitudes, com certeza, seriam modificados, excluídos ou, até mesmo, acrescentados em nossa vida!

O tempo é incrivelmente rápido, implacável e infinitamente mais rápido do que o nosso próprio ato de pensar. A eternidade material sempre fascinou e nela, nosso inconsciente, muitas vezes, se deixa acreditar.

Prá que tanto tempo perdido na busca incessante de um poder que jamais será eterno? Ao nos enganarmos, ficamos cegos e muitas vezes nos separamos até mesmo de nossa própria identidade.   

Interesses, invejas, vícios, ostentações, ganâncias, maldades, vinganças são apenas alguns de tantos outros nefastos exemplos que ficam a aniquilar e consumir nosso precioso tempo, e, o que é pior, levando consigo pedaços de nossos tão raros momentos, únicos e insubstituíveis.

Tão pequenina é a nossa passagem por este mundo. Por que então deixar escapar preciosos momentos, somente pra Amar... Amar... Amar...?

Quantos são aqueles que, sufocados diante de uma competição, muitas vezes desenfreada, imoral, perversa se privam de seus preciosos segundos? A vida globalizada e tecnológica fica a nos induzir a todo o momento, a correr freneticamente, nos afastando silenciosamente do mundo real que nos cerca.  
Pequeno, tão pequeno é o tempo. Por que não: Amar... Amar... Amar...?

Poderemos, e por que não, vivermos cem, ou mais anos, ou até mesmo, num breve suspiro, em segundos, cairmos logo ali. 

O nosso dia em breve chegará e, diante do criador, nos surpreenderemos ao ver o tamanho do tempo disponível em vida que nos sobrou para cultivar e espalhar o amor.... Possivelmente, bem pouco!

É fácil, gratuito, não cansa e é... Extremamente prazeroso.
Então, porque não: Amar... Amar... Amar...?

Valorize seu abençoado tempo, pois lhe foi presenteado por Deus.
Retribua, brinque, sorria, perdoe, acredite, sonhe, compartilhe, ajude e seja sempre sincero. Sinta em tudo e, principalmente em todos, a presença do Pai criador, pois ele se encontra até mesmo no sagrado ar que respiramos.

Aproveite a vida e viva feliz. Dê Gloria a Deus e jamais se esqueça de:
Amar... Amar... Amar...
           
                           Verdadeiramente: Amar!

UM NOVO ANO REPLETO DE AMOR E DE BOAS ENERGIAS PRA TODOS!

Crônica: Serjão Missiaggia

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

BELEZAS DA TERRINHA


LARGO DA MATRIZ.

COMENTÁRIOS SOBRE A RUA NOVA - as primeiras pessoas que se emocionaram com a foto da Rua Nova foram: Márcio Velasco, Rita Gouvêa Knop e Cida Mendonça. Semana que vem tem mais rua!

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASARÕES & seus detalhes misteriosos ???


QUEM SE LEMBRA DESSA CASA ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA - os primeiros acertadores foram a Zezé do Couto Ciscoto, que disse "aí mora o Bira... adoro as plantas que ele cultiva na varanda, principalmente os gerâneos", o que foi confirmado pela Mirian Knop, que lembrou: "muito antes residiu a dona Irinha cabeleireira, depois Plínio e depois Bira".

O Bira, Ubirajara Oliveira Magalhães, confirmou e informou às inúmeras pessoas que se lembraram da casa que "esse imóvel está na família há 40 anos desde 1975, suas características nunca foram mudadas, muito graças à minha mãe. Em 2004, veio para mim e eu, no momento, o mantenho assim".

A Mika Missiaggia lembrou uma história: "quando eu tinha mais ou menos cinco anos, morando ainda em uma fazendo perto de Rio Novo, minha mãe levava-me aí para fazer uma ondulação permanente nos cabelos. Aí ficava o salão de uma cabeleireira (Irene) que depois mudou-se para o morro perto do hospital. Eu adorava ir neste salão. E olhe que, naquela época, era permanente a quente. Punha uma porção de ferro e fios na nossa cabeça. Gostava também de ficar no murinho da varanda vendo a pracinha e, logo ao virar a esquina, onde hoje é o posto de saúde, havia um grande rinque de patinação. Eu ficava fascinada com tudo aquilo".

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistério ???


ONDE FICA ESSE LOCAL ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - NINGUÉM acertou o mistério da semana passada: Rua Duque de Caxias, 126.

Foto: Serjão Missiaggia

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

MENOS ÓDIO EM 2016!


Preocupa-me o ódio.

Mês passado, um grupo de colegas aposentados me parou na porta da loteria para questionar minhas posições políticas.

“A gente sabe que não adianta tentar mudar a sua posição porque você é ‘de esquerda’ mesmo, e a gente ‘até’ respeita a sua opção, MAS...”

E, na esteira desse MAS, fui obrigado (ou melhor, permiti-me) ouvir um bando de asneiras sobre “reportagens” da revista Veja, e alguns slogans contra o governo, algumas bravatas do tipo prendo-e-arrebento de triste memória.

À medida que eu ia me tornando mais tranquilo, buscando argumentar com aqueles conhecidos, mais eles me acusavam, chegando a me chamar de tolo, inocente e outras coisas parecidas. Ou seja, queriam me doutrinar. Explicar o quanto eles e as pessoas que eventualmente eles apoiavam eram DO BEM, e as pessoas que eu, inocentemente, havia apoiado eram DO MAL.

Por isso, preocupa-me o ódio.

Porque o ódio não é somente um terrorista que te abraça e te explode dentro de uma lanchonete americana. O ódio é, acima de tudo, uma pessoa que se julga O ESCOLHIDO, O ILUMINADO, O ABENÇOADO e que, porque julga que você não é nada disso, quer porque quer te mudar.

Isso vale para a política, para a religião, para questões de gênero e até para questões familiares. Nas festas de fim de ano, por exemplo, é muito comum um parente que mora fora vir dizer: “olha, meu amigo, eu não tenho nada com isso não, MAS...” E lá vem o ódio travestido de bons conselhos.

Por isso, minha gente, o que eu gostaria de ver em 2016: menos pessoas certas, boas, bem-comportadas e limpinhas dizendo em quem devemos votar, ou para qual deus rezar, ou com quem fazer sexo, ou como viver nossas vidas.

Espero um 2016 raso, seco, rico em emoções e pobre em conversa fiada, rico em ouvir com atenção e pobre em falar sem pensar. Um 2016 mais reflexivo e menos verborrágico, mais culto e menos espetacular, mais sério e menos moralista.

Um 2016 cheio de lucidez, para mim e para todos vocês!

Crônica: Jorge Marin

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

A ETERNA MAGIA


Não tem como, ao se aproximar o Natal, deixar de lembrar daquele Papai Noel da Tipografia e do Sr. Wolney Protásio que, vestido de bom velhinho, saía pelas ruas jogando balas pra garotada.  Isso pra não falar, é claro, daquele imenso e fantástico presépio que era montado com muito carinho pelo Sr. Tininho e suas irmãs, bem ali na varanda de sua casa na subida da Guarda-Mor Furtado.

Sinceramente, não entrava em minha cabeça, como seria possível o Papai Noel sair distribuindo balas pela cidade, enquanto, ao mesmo tempo, continuava sentado dentro da vitrine da Tipografia. Da mesma forma, ficava a imaginar como poderia gordo daquele jeito, e com um imenso saco de presentes nas costas, entrar pela chaminé de minha casa. Com uma bicicleta, então!

Também tínhamos um modesto presépio, que, guardado com muito carinho num pequeno baú, era montado religiosamente todos os anos. Lembro-me perfeitamente quando, acompanhado por minhas irmãs, saíamos pelas ruas a procura de serragem, pedregulhos e um galho bonito, que pudessem nos servir de árvore. Tudo o mais natural possível e feito por nossas próprias mãos, onde, de maneira singela, tentávamos com muita simplicidade remontar o cenário do NASCIMENTO DO MENINO DEUS.

Após colocarmos a guirlanda na porta e montarmos o presépio ao lado da árvore de Natal, ficávamos aguardando ansiosos pela chegada de nossos familiares, que, com certeza, estariam trazendo na bagagem um monte de castanhas, nozes e avelãs.

E assim, viajando na magia do momento, ALIMENTÁVAMOS NOSSO LADO CRIANÇA e aprendíamos através de nossos pais que, antes de tudo, O NATAL ERA O NASCIMENTO DE JESUS.

                   UM ABENÇOADO E SANTO NATAL A TODOS!

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : Facebook 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

SE ESSA RUA FOSSE A MINHA


ALGUÉM AÍ SABE ALGUMA HISTÓRIA SOBRE ESSA RUA ???

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASARÕES & seus detalhes misteriosos ???


QUEM SABE ALGUMA HISTÓRIA SOBRE ESSA CASA DE ESQUINA ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA - a primeira a reconhecer foi a Maria da Penha Santiago, que afirmou "Rua Nova. Casa ao lado da casa do Sr. Aymoré Fermo".

Em seguida, o Cleverson Cabral foi mais específico: "Precisa de alguma história? É a casa da Roseanne Niemeyer de Mendonça; isto já basta". A Cida Mendonça também acertou: "Casa pertence à família do Dr. Renê Mendonça na Rua Nova".

Mais tarde, a própria Roseanne concordou: "kkk Eu já sou uma longa história, né Cleverson???"

Foto: Serjão Missiaggia




CASOS CASAS & mistérios ???


QUE LUGAR É ESSE ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - os primeiros a reconhecer o Edifício Westin Barbosa foram: Handerson Vargas (reconheceu o local, mas não lembrou o nome), seguido por Jacques Ângelo Rigolon e Eleomar Santos Antunes que se lembraram do nome do prédio.

Foto: Serjão Missiaggia

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

COMO FUNCIONAVA O NATAL NO TEMPO EM QUE HAVIA NATAL


No Natal tinha rabanada. Quando éramos menininhos lá em São João Nepomuceno, sempre tinha uma tia que, na manhã do dia 25 de dezembro, fazia aquelas rabanadas deliciosas.

Eram supercalóricas, assim como hoje, mas parece que, naquele tempo, ninguém se importava muito com essa história de engordar, mesmo porque, depois de comer “aquela” ceia, íamos a pé para a missa, e voltávamos também a pé. Nós, meninos, corríamos.

- Vai esborrachar esse nariz no chão, menino! – as mães sempre falam essas coisas. Até hoje.

Mas, o grande barato, para nós, que éramos obrigados a dormir às oito horas da noite, era a tal Missa do Galo, não que alguém prestasse atenção em nada do que o padre falava, nem nos cânticos, mas nos sentíamos tremendamente adultos indo dormir uma hora da manhã, às vezes duas, se a gente morava longe.

Quando chegávamos em casa, muitas vezes o Papai Noel já havia passado e deixado os presentes. Presentes mesmo eram poucos, pois a maioria eram roupas, ou seja, não contavam como presentes. Eu morria de curiosidade como é que o Papai Noel arrumava aqueles papéis da Tipografia, coisa que descobri depois que aprendi a ler no Grupo Judith Mendonça.

Mãe e pai ficavam sentados à mesa da sala, nos vendo abrir os presentes. Olhavam-se nos olhos e quase choravam. Eu achava que era porque gente grande não ganhava presente do Papai Noel.

O presépio ainda ficaria montado até o Dia de Reis, e eu havia sido autorizado pela minha mãe a movimentar os reis magos até que, no dia 6, chegavam pontualmente à manjedoura.

Tudo funcionava perfeitamente naquele Natal em São João Nepomuceno. Pena que mataram o Kennedy no mês anterior.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : Tom Driggers, disponível em https://www.flickr.com/photos/24580165@N03/

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

PÃO QUENTINHO NA VARANDA


Foi ajudando a fazer a colagem de um pequeno e simbólico enfeite natalino na porta de entrada de nossa casa, que fiquei a pensar em alguns fatos e costumes de um passado não muito distante, que, infelizmente, quase não se podem ser feitos mais.

E, já que estamos nos aproximando do natal, um deles era justamente quando montávamos, com muito carinho, uma pequena árvore em nossa varanda. Era uma árvore muito simples, geralmente feita de um pequeno galho de jabuticabeira ou cipreste, oriundo quase sempre do jardim de algum vizinho.

Sua iluminação despertava muita atenção, sendo que o fascínio da meninada que pela rua passava era enorme. E, em frente àquela pequena árvore, muitas crianças paravam e ficavam a admirar os enfeites e o piscar de suas luzes.

Infelizmente, e muito a contragosto, tivemos, depois de vários anos, que começar a montar nossa arvorezinha de natal junto ao presépio dentro de casa. O encanto que existia lá fora cedeu lugar ao desencanto, e o que era mágico transformou- se numa triste brincadeira de destruição ante o bel-prazer de deixar seus fragmentos espalhados pela calçada.

Foi quando me lembrei do pão que, ainda quentinho, permanecia intacto na varanda após ser entregue pelo padeiro antes do amanhecer. Daquela porta encostada com uma cadeira até o dia clarear aguardando somente nossa chegada.  Das janelas totalmente abertas nas noites quentes de verão ou da calmaria dos encontros e desencontros nas madrugadas frias de serenatas e dos bailes da vida.

Ficou a esperança de que tudo um dia poderá ser como antes, e, mesmo que não tenhamos mais o velho padeiro a nos trazer o pão, quem sabe, poderemos pelo menos, voltar a montar novamente a pequena árvore de natal na varanda.

Crônica: Serjão Missiaggia

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

BELEZAS DA TERRINHA


PAISAGEM SANJOANENSE.

COMENTÁRIOS SOBRE A RUA JOSÉ GOMES DE OLIVEIRA - os primeiros a reconhecer a "subida do hospital" foram: Luiz Carlos Moura, Patrícia Silveira Torres e Luciana Muhamed.

Na semana que vem, tem outra rua.

Foto: Serjão Missiaggia


CASOS CASARÕES & seus detalhes misteriosos ???


QUEM SABE ALGUMA HISTÓRIA DESSA CASA SIMPÁTICA ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA - a primeira a reconhecer a casa na Rua do Sapo foi a Roseanne Niemeyer de Mendonça, direto da Irlanda para São João ("é na Rua do Sapo; acho que pertence à família do Marcinho").

Também acertaram: Rita de Cássia Campos ("é a casa dos pais da Glorinha cabeleireira"), Angélica Girardi ("casa na rua Nazareth onde morou D. Malvina e Sr. Benício. Hoje mora a filha deles Maria José").

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistério ???


DEPOIS QUE ESCONDEMOS A IDENTIFICAÇÃO, ALGUÉM SABE ONDE É ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - o primeiro a acertar foi Maninho Sanábio (que agora assina Handerson Vargas no Facebook):
"O dia amanhecendo, visão da rua dos correios para a subida da Matriz. Vou abusar ainda kkkkk, tá com cara de domingo por volta de 5:45." Segundo o Serjão, autor da foto, a hora correta é 5:46!

Em segundo e terceiro lugar: Luiz Carlos Moura e Alessandra Oliveira Silva.

Foto: Serjão Missiaggia

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

OS MINIONS E O IMPEACHMENT


Acho que a maioria de vocês conhece os Minions, aqueles seres amarelinhos e bonitinhos que estão decorando grande parte dos produtos nas lojas, desde capas de cadernos até tablets e televisores.

Pessoalmente, gosto dos danadinhos. Mas, francamente, preocupa-me o fato de que aquelas criaturas tão fofinhas possam estar a serviço do Gru, um indivíduo cuja sede de poder o leva a roubar a lua. Como se vê, um cara totalmente do mal, um bandido, quase um político.

Por isso, fui assistir ao filme “Minions” que, antes de contar a saga de Stuart, Kevin e Bob, explica a origem dos bichinhos, a metafísica miniônica.

Aprendemos que, tão logo a vida se formou na terra, havia muitos minions que, pela sua maciez e possível textura, tornaram-se comida preferida de predadores da época. No entanto, quando presenciaram um enorme animal dentuço engolir um de seus irmãozinhos, o que fizeram os minions? Passaram a seguir, fervorosamente, aquele ser tão poderoso que, de uma só mordida, era capaz de engolir quem quisesse!

E é aqui que eu vejo uma característica fantástica nesses seres que se aproximam muito de nós e, de quebra, ainda subvertem a lógica de Darwin.

É que nos foi ensinado que quem sobrevive são as espécies mais corajosas, ou seja, aquelas que encaram e devoram os inimigos. Mas, ao ver os minions, podemos nos perguntar: e nós humanos, dos sete e meio bilhões que somos, há mais corajosos ou mais covardes? Se um ser humano igual a você entra num ônibus e, dizendo estar armado, te toma o celular e a aliança, você entrega ou entra em luta corporal com ele? Se um policial te para numa blitz e te pede “uma cervejinha” para te liberar, você paga ou o enfrenta?

Politicamente, arrisco-me a dizer que somos todos minions. Em 1964, rezávamos para que os poderosos militares, com suas armas e tanques, nos protegessem do outro monstro, o comunismo que ameaçava, entre outras coisas, devorar nossos filhotinhos.

E no atual Congresso Brasileiro, quantos minions há? Parlamentares que, há dez anos, saíram de um governo conservador, juravam até o final do ano passado que eram esquerdistas de carteirinha e retrato do Che na parede do gabinete. Agora, com a ameaça de um impeachment, mesmo meio capenga quanto à sua legalidade, saem todos os amarelinhos em disparada procurando atrás de qual bocarra vão se abrigar.

Assim são os minions, covardes, vira-casacas, dedos-duros e barulhentos. E existem também os humanos, chamados não sei por quê de “cidadãos”, que escolhem esses vermezinhos para representá-los.

Só que, de tanto que os elegemos, eles se tornaram, eles próprios, os nossos malvados favoritos.

Crônica: Jorge Marin
Foto: frame do filme Minions

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

PRÓXIMO DISTANTE


Com certeza, o aparelho celular veio em muito aproximar aqueles que estão longe, mas estaria mentindo se omitisse não achar também que, em certas ocasiões, veio a distanciar aqueles que estão próximos.

Não que eu tenha alguma coisa contra essa revolução tecnológica tão útil, mas é desagradável depararmos com um grande amigo que não vemos há anos, e sermos privados de um simples aceno. Possivelmente, um bate-papo com alguém que poderia até mesmo estar do outro lado do planeta nos colocaria também, naquele momento, a centenas de quilômetros um do outro. Trocando em miúdos, aqueles que se encontram próximos acabaram mesmo é ficando relegados a um segundo plano.

Dia desses, entrei com certa pressa no açougue e, coincidentemente, naquela hora, encontravam-se no recinto apenas eu e o balconista. Simultaneamente ao meu pedido, tocou o celular do referido atendente e, pra variar, tive que ficar mais ou menos cinco minutos em silêncio, esperando apenas que o tal sujeito terminasse sua conversa no celular. Fazer o que nesta hora, pois, do contrário, só me restaria mesmo ficar proseando com aquele montão de carne. Haja paciência, e um pouquinho mais, o açougue teria perdido um freguês.

Não tardará o dia em que teremos que fazer uma chamada para conversar com amigos que se encontram do outro lado da rua. 

Até em videogame, máquina fotográfica e outros babados mais, essa grande invenção foi transformada, e, se observarmos bem, é muito comum encontrarmos pessoas flutuando pela calçada caminhando distraidamente de olhar grudado na telinha. Já vi gente caindo em buraco, trombando em poste e até mesmo entrando em um orelhão (alienação total!). É o físico desfilando pelas ruas, enquanto a consciência vai viajando pelo ar.

E as intimas conversas pessoais que nos são confidenciadas, ou melhor, nos são empurradas ouvidos adentro? Isso acontece a todo instante, sejam em esquinas, praças, velórios, festas, restaurantes, banheiros etc.etc.etc. E tudo em alto e bom som!

Domingo passado aconteceu algo assim na missa, quando, na consagração, todos teriam sido pegos de surpresa com a chamada de um celular. Na verdade, era apenas mais uma daquelas pessoas que estavam presentes de corpo, enquanto a consciência e o espírito vagavam pelo espaço.

E quando temos que interromper uma conversa com pessoas que estão a pouco mais de um metro de distância, para dar lugar àqueles que se encontram lá em Bagdá? E tudo sem que o dito intruso virtual venha, pelo menos, nos pedir licença. 
Geralmente, ficamos com cara de bundão, enquanto a esperar novamente nossa vez, vemos simplesmente ir embora um precioso momento. E o que é pior, escutando conversa fiada dos outros, ou melhor, somente a réplica!

Observem também a fisionomia de um motorista quando está a falar no celular:
se estiver estacionado, tudo bem, mas, se acaso em movimento, é melhor sair da frente, pois ele não se encontra ali.

Certa vez, teve uma senhora que, após se posicionar repentinamente ao meu lado na calçada, perguntou-me se não havia me esquecido de desligar e tirar as bananas do forno. No impulso, ainda cheguei a responder: - Bananas?
Só aí que fui perceber que a conversa não tinha nada a ver comigo.

Mas, de tudo isso, o que mais acho interessante é aquela famosa saidinha para atender uma chamada. De que adianta afastar o corpo, se a intimidade é propagada em alto e bom som pelo ar?  

E assim, dez anos após ter escrito esta croniqueta, confesso ficar sempre admirado quando me deparo com reportagens na TV, artigos em jornais, revistas e afins, alertando sobre o hábito DESATINADO de alguns usuários para com seus aparelhos e dos muitos males ou mesmo DEPENDÊNCIA causados pelos EXCESSOS.

No mais, se o negócio é bão mesmo, não custa nada lembrar que prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     :  Facebook

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

SE ESSA RUA FOSSE A MINHA


QUEM CONTA ALGUMA HISTÓRIA SOBRE ESSA RUA ???

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASARÕES & seus detalhes misteriosos ???


QUEM CONHECE ALGUMA HISTÓRIA DESSA CASA ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA: o primeiro acertador foi o nosso correspondente no Paraguai Márcio Velasco, que cravou: "aí funcionou a farmácia do "sô Devorde", casa do Lalê. Em frente de onde morava o Pituquinha e, ao lado, o Sindicato Rural".

O Jacques Ângelo Rigolon confirmou e ainda lembrou que, do lado de cá, ficava a casa da família Valente. Zezé do Couto Ciscoto falou também que, na farmácia do Sô Devolde trabalhavam o irmão dela, o Eduardo (Ratinho) e o Jota, e que o Lalê possuía uma Rural vermelha e branca que está rodando até hoje.

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistério ???


QUEM EXPLICA ESSA PAISAGEM SANJOANENSE ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - na semana passada só o Maninho Sanábio acertou: "o telhado com a bola é do Coronel, ao fundo uma casa no morro do São José, e mais ao fundo a Igrejinha do São José e a caixa d'água da Copasa". Como diria o Professor Raimundo: "cabra bão!".

Vamos aproveitar para dar algumas dicas do campeão. Como muita gente olha as fotos apenas na janelinha do Face, sempre recomendamos que cliquem nas fotos para vê-las por inteiro no Blog. Aí, de propósito, colocamos uma foto com detalhe (aquele globo do teto do Grupo Coronel) na faixa inferior, o que muita gente não viu.

Foto: Serjão Missiaggia

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A NATUREZA DA VIDA BOA


Mais uma vez pego carona na postagem do meu parceiro Serjão que, de forma brilhante, falou na quarta-feira passada sobre o dilema de ter que escolher entre o PROGRESSO e a QUALIDADE DE VIDA, como se fossem coisas excludentes e que a existência de um eliminaria, automaticamente, o outro.

O mais curioso é que, por uma dessas coincidências que quem trabalha com arte sabe que não existem, na foto ilustrativa daquela matéria, aparecem dois aposentados, um dos quais, o sr. Bráulio, pai do nosso amigo Carlos Eduardo Fajardo, aparece todo lépido e faceiro sentadinho num jornal para não sujar sua roupa sempre impecável, à sombra de uma frondosa árvore e, o que é mais importante, no frescor dos seus 91 anos bem vividos.

Aí, como dizia meu pai (amigo do sr. Bráulio), fiquei encasquetado com a seguinte ideia: será que esse moço, quase centenário, tem essa vida boa porque se dá ao luxo de sentar à sombra dessa árvore, ou será que a existência da árvore proporcionaria a todos que ali se refestelassem uma vida boa?

Foi aí que eu resolvi mexer no angu que o Serjão tão bem serviu e descobri uma outra coisa: as pessoas não têm qualidade de vida, muitas vezes, ou até mesmo na maioria das vezes, PORQUE NÃO SABEM O QUE É VIDA BOA.

Saio aqui pelo bairro perguntando para meus colegas aposentados e recebo as mais diferentes respostas: uns dizem que vida boa é ir para uma praia, tomar todas as geladas possíveis, curtir a mulherada e, no outro dia, fazer tudo isso de novo.

Outros dizem que vida boa é ganhar na mega da virada e ter sempre muito, muito dinheiro e gastar à vontade. Há também quem diga que vida boa é ter uma mulher que não reclame e, de quebra, seja bonita e órfã de mãe.

Mas, quem chega aos sessenta sabe, e aos noventa mais ainda, que todas essas coisas citadas NÃO podem ser sinônimas de boa vida, isto por um motivo muito simples: ou porque acabam logo ou porque são impossíveis de serem atingidas.

Pensem bem: ninguém suportaria, por mais praiano que seja, uma dieta de 365 dias de sol, mar e cerveja, nem que seja por motivo de saúde ou clima. Então, quando um dos dois fatores acabar com a festa, a pessoa se torna triste. No caso do dinheiro, há duas tristezas que todo bancário conhece bem: a angústia de não perder e o pânico de ter perdido.

Ora, se a vida boa não puder ser realizada pelas coisas finitas e transitórias, como então ter uma ótima qualidade de vida? Aí remeto o olhar de todos vocês àquela foto publicada na quarta-feira. No olhar tranquilo daqueles homens, no riso calmo, na fala mansa e no respeito, há uma pista: viver bem é a mesma coisa que SE RELACIONAR BEM, com amigos ou não, com a natureza sempre, e com tudo em si que ficou do tempo de menino e vai ficando, ficando, e vai ficar.

Crônica: Jorge Marin

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

NOSSA QUALIDADE VIDA x PROGRESSO


Com certeza, está aí uma equação um tanto complicadinha de ser resolvida. Alguns dão mais importância ao progresso, enquanto outros, à qualidade de vida, sendo que o ideal seria uma interação e perfeita harmonia entre ambos.

Já falamos aqui mesmo no Blog sobre TRÂNSITO, POLUIÇÃO SONORA, MOBILIDADE URBANA, ÁRVORES, que, em muitos casos, se tornaram principais vitimas de um progresso muitas vezes desordenado.

Apenas como exemplo, cito as montadoras que injetam no mercado, a cada ano, milhares de veículos automotores e que, da mesma forma, empregam outras tantas milhares de pessoas, mas que muito em breve farão que as cidades parem literalmente. Segundo consta, existe até uma data aproximada para que isso venha a acontecer nas grandes metrópoles, pois, se por um lado a frota cresce, por outro o espaço físico não. Uma veracidade a nível mundial, restando a cada um de nós, a difícil missão de tentar encontrar de maneira sábia uma solução, de âmbito LOCAL, para nossas necessidades. E é bom mesmo irmos pensando desde já na TERRINHA, e o que poderemos fazer para driblar ou, pelo menos, tentar amenizar para futuro essa realidade.

Não abrimos mão e jamais deixaremos de clamar pelas árvores, sendo que, quanto mais tivermos, melhor. “VERDE COMO TE QUERO VER”, refrão este  de uma bela música de nosso amigo compositor e contrabaixista Márcio Velasco que, além de compor o repertorio do Pitomba, veio posteriormente a se tornar um de nossos hinos .

Interessante, como vamos sutilmente, substituindo este ser tão especial, a ÁRVORE, pelo ar condicionado. Se, por um lado, procuramos refrescar o interior de nossas casas, por outro, despercebidamente, ficamos a gerar ainda mais calor externo, ou seja: O FAMOSO SALVA-SE QUEM PUDER. Daí a importância também das ÁRVORES e de suas sagradas sombras.

Da mesma forma, e conscientemente, continuaremos a fazer parte daqueles que defendem nosso CALÇAMENTO EM PEDRAS. Ainda acho que O CUSTOxBENEFICIO será somente PERCEBIDO e ENTENDIDO quando AMANHÃ ficarmos sem ele.

Dias desses, fazendo uma de minhas caminhalaxadas (mistura de caminhada com relaxada) naquele trecho que vai desde o trevo de Descoberto até as proximidades da fazenda dos Fajardos, fiquei imaginando a possibilidade se fazer, em algum lugar no futuro, um PEQUENO CORREDOR ECOLÓGICO, onde, em sua extensão, fosse construída uma passarela para caminhada e uma ciclovia, que, entre umas e outras coisas, pudessem levar os praticantes destas modalidades não só ao convívio saudável com a natureza como também distanciá-los de um trânsito ENSURDECEDOR e, muitas vezes, IRRESPONSAVEL do centro da cidade.

Enfim, termino aqui, de maneira cidadã e totalmente desprovida, esta série de postagens sobre alguns interesses urbanos da terrinha.

Crônica e foto: Serjão Missiaggia

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

BELEZAS DA TERRINHA


DESCENDO DA MISSA...

DEPOIMENTOS SOBRE A RUA DO SARMENTO - Muita gente se lembrou, com emoção, da eterna RUA DO SARMENTO. Publicamos os cinco primeiros depoimentos:

Regina Florindo: "Esta era a famosa RUA DO SARMENTO! Onde, na década de 60, as moças, inclusive eu, subíamos e descíamos, enquanto os rapazes ficavam na beira do passeio! Isto, é claro, era nos sábados e domingos, pra conseguir arrumar um namorado e ir passear com ele na RUA DA PACIÊNCIA! Mas só até umas 9 horas. Meu pai ficava esperando em casa!"

Eleomar dos Santos Antunes: "Esta foto me faz lembrar justamente os dias de carnaval QUANDO A CIDADE FICAVA LOTADA E OS DESFILES DAS ESCOLAS DE SAMBA ERAM AÍ. Eeeeita tempo bom. Ficava apertado para ver, mas era muito bom."

Ângela Márcia Moraes e Evanise Rezende lembraram do Natal na vitrine da Tipografia (decorada pela Luciana Pullier e pela dona Bunita), do Papai Noel em tamanho natural e das cartinhas com pedido de presentes para a família,

Márcio Sabones: "Quando jogava basquete no Polivalente e a fome de bola era grande, subíamos o morro do São José correndo debaixo de sol quente nas tardes de sábado, para não ser o próximo na pelada. Hoje em dia, só de olhar o morro eu já fico cansado."

Segunda que vem tem mais rua !!!

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASARÕES & seus detalhes misteriosos ???


QUEM SE LEMBRA DESSA CASA AÍ ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - nossa intenção era apenas mostrar um casarão e homenagear uma das campeãs do nosso CASOS CASARÕES, mas ela - Evanise Rezende - se antecipou e resolveu falar da rua inteira. Vejam:

"Até que enfim... minha rua André Gotti... onde passei grandes momentos... Vovó Bide... Saudoso sr. Roney Cruz, com dona Hilma, pessoas que fizeram parte de nossas vidas... Sr. Fragoso... Tem também o galpão da Abem que tanto foi importante para nossas crianças e hoje tá parado... Sr. Cléber também morou ali... Hoje moro na casa da dona Neguinha, também grandes amigos da família."

Outras duas moradoras, Márcia Maria Rodrigues e Maria da Penha Santiago, também comentaram sobre a rua e seus moradores.

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistério ???


QUE LUGAR É ESSE ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Maninho Sanábio, Marcelo Oliveira e Márcio Velasco reconheceram o anjinho da Igreja do Rosário.

Foto: Serjão Missiaggia

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

TRONCO A FORMAR PONTE SOBRE UM RIO


Hoje saio da minha rotina de crônicas para uma aventura. E é uma aventura na selva. Ou em mata maravilhosa à margem de rio.

Explico: vou falar, pela primeira vez aqui no Blog, de um livro.

Mas não pensem que é um livro como esses livros que se abre e lê e fecha. É um livro de ver! Mas também não é um livro de figuras nem de colorir nem de ler o que as figuras significam.

Aliás, pensando bem, eu já nem sei se esse livro de César Brandão, artista sandumonense, é, por assim dizer, um livro. Na verdade, são fotos de objetos que, reunidos, criam uma fábula que... nada tem a ver (ou será que tem?) com os objetos.

Quem acompanha a trajetória de Brandão sabe que ele trabalha nas margens das possibilidades artísticas, ora no desenho, na pintura, em instalações, filme e fotos. Além disso, os objetos que utiliza sempre evocam uma certa perplexidade porque são brutos, toscos e inesperados. Exatamente iguais às gambiarras que usávamos quando se usava brincar em quintais.

Em “Tronco a formar ponte sobre um rio”, o livro, os objetos remetem muitas vezes às “tranqueiras” dos quartos de criança: são frutos, bichos, balas, vagens, arames e barbantes.

Tudo isso é fotografado sobre rabiscos, garatujas e rascunhos. E, de repente, assim como acontecia quando brincávamos com besouros e caixas de fósforos, surge uma história: um povo assiste, passivo, faminto e marginalizado (na margem de cá), à exuberância e fartura da margem de lá. Impossível enfrentar a violência, a extensão e os predadores do rio.

Mas, a natureza, ainda mais avassaladora, recompõe, como sempre faz, o equilíbrio.

Ao que se vê, trata-se de um livro infantil, mas só porque feito com a matéria de que são feitas as ARTES das crianças. No entanto, pode-se dizer que é um trabalho artístico feito para todos que são ou já foram crianças.

Brandão, que ainda faz artes, porém sem medo do perigo, corre ligeiro sobre esse Tronco... ao equilíbrio dos próprios pés. E voa.

Resenha: Jorge Marin
Foto       : disponível em http://www.omotiro.com.br/projetos-2/ (site da editora)

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

ATAQUE EM "MASSA"


Sei que poucos terão paciência de ler esta croniqueta, mas, ao encontrar-me com um IRMÃO DE ARMAS que não via há quase quarenta anos, e ter ficado por um bom tempo relembrando passagens engraçadas de nosso período de TIRO DE GUERRA, é que resolvi postá-la na integra.

Fim de mais um dia de instrução e eu, fatigado e morrendo de fome, via meu nome ser estampado na escala do quadro-negro da sala de instrução do Tiro de Guerra 04-151.

Não acredito! Logo hoje? E justamente na véspera do meu aniversário?
Pra piorar ainda mais a situação, era uma sexta-feira e uma pequena festa já havia sido programada por parentes, amigos e namorada.

Bem! Nem tudo estava perdido, pensei. Pelo menos, estamos na véspera e não no dia. E assim, muito a contragosto, lá pelas cinco e trinta da tarde, vesti a velha farda, calcei meu coturno, firmei o manual pelo sovaco, peguei meu pão com queijo e minha garrafa térmica de chá mate e me mandei em direção à avenida. Enquanto seguia solitariamente por aquela rua detrás da fábrica, procurava ao mesmo tempo ir me consolando na justificativa de que meu aniversário seria apenas no outro dia.

E que noite cansativa foi aquela! Pois, coincidentemente, fui premiado com a companhia de três irmãos atiradores (sentinelas) que faziam de tudo, principalmente nada. Por sinal, verdadeiros amigos que ficarão guardados com muito carinho na lembrança.

Foi uma das madrugadas mais frias que passei, pois, enquanto ali cumprindo meus deveres de Cabo da Guarda, já quase congelado, via o dia amanhecer.
Havíamos trabalhado na faxina até pouco mais das onze da noite, pois nada poderia sair errado. Como todo atirador que se preza, sabia de antemão que, antes mesmo do dia clarear, salvo em caso de GUERRA, lá estaria nosso comandante a passar em revista a tropa, ou melhor, o dedo em cada centímetro dos móveis à procura de vestígios de poeira. Dobrar a guarda em caso de alguma alteração no serviço nos fazia tremer na base. Era complicado para nós, principalmente se estivéssemos no comando naquela noite.

Administrar a limpeza da sede, especialmente quando tínhamos a companhia de alguns atiradores que só queriam mesmo era bagunçar, dava mesmo vontade de chorar. As horas iam se passando, o cansaço só aumentando e o serviço não rendia.

E se um daqueles três vasos sanitários do banheiro não ficasse brilhando como espelho e cheirando a Pinho Sol? Aí é que a coisa ficava feia pro nosso lado. Isso pra não falar que ainda tínhamos que fazer a limpeza da área externa, varrendo o passeio, regando as árvores, molhando com o auxilio de um regador a calçada, além de dar um trato no pátio, limpar a secretaria e a sala do Sargento (essa então!). Mas, confesso que a preocupação maior era com aquele bendito banheiro e seus três imponentes vasos. Teve cabo da guarda que já chegou a passar quase que a noite toda acordado apenas pra ficar vigiando uma possível sabotagem dos atiradores, pois era muito comum alguns abdicarem de consultar a alça de mira e, na hora de encarar o vaso, errar o alvo propositalmente só pra sacanear. No outro dia era aquele cheiro de banheiro biológico tendo que ser limpo às pressas e em poucos minutos. Isso nunca aconteceu em minha guarda, mas reinava a expectativa de que um dia isso poderia acontecer.

Nossa missão era manter tanto a parte interna quanto a externa da sede impecavelmente limpas e, se possível, melhores do que nossa própria casa. E isto quase sempre acontecia.

Mas, voltando àquela gélida manhã de sábado, tudo transcorria até então dentro da mais perfeita harmonia, enquanto eu, feliz da vida, não via o momento em que o sargento pudesse chegar para eu poder passar a guarda com tranqüilidade e sem alteração.  Sabíamos de antemão que um oficial graduado do exército estaria sendo aguardado para uma visita de inspeção, razão pela qual, naquela noite, por várias vezes, tivemos visitas surpresa do Sargento. O negócio era  certificar-se que a limpeza estaria além da expectativa.

E o dia amanhecera trazendo consigo o meu esperado aniversário. Quando faltavam pouco mais de cinco minutos para a chegada do nosso instrutor, eis que se aproxima de mim, repentinamente, o atirador de número 40. Bastante pálido e segurando a barriga com as mãos, já quase de joelhos, implorava para que eu o deixasse usar o banheiro. Disse que havia comido uma galinha com quiabo e que tinha dado um “revertério” danado.

Como assim? - perguntei! Num faz isso comigo não! O home tá chegando aí pra passar em revista a sede. O banheiro tá um brinco e será um dos primeiros a ser checado. Corre ali debaixo daquela goiabeira no terreno baldio ao lado e deixa acontecer naturalmente. Eu mesmo já fui lá várias vezes, concluí.

- Num dá tempo 37, dizia ele enquanto, de pálido, passou a ficar vermelho. E seja o que Deus quiser, pensei. Vai dar “merda” mesmo!  Pelo menos, faço uma boa ação. Pedi que pelo menos fosse o mais rápido e objetivo possível, pois era norma do TG não deixar nenhum atirador usar o banheiro antes da inspeção, exceto o cabo da guarda e os três sentinelas.

Enquanto isso, com um olho no banheiro e outro no relógio, um tanto ansioso, não via a hora em que o atirador 40 acabasse de cumprir sua difícil missão.
Mas comecei a perceber que o negócio no banheiro ia de mal a pior. Um odor nada agradável começava a tomar conta de toda a sede, enquanto o 40 não parava de gemer.

E tinha que comer quiabo com frango justamente no dia de minha guarda? Ou melhor: descarregar a galinha enquiabada na hora de entregar meu serviço? E no dia de meu aniversário?

A coisa tava tão braba que não haveria tática de guerra, grupo de choque ou de combate que desse jeito. Pelo menos, que eu soubesse até então nada constava ou fazia referência em nosso manual de instrução. Era artilharia pesada mesmo, e acompanhada de barulhos que mais pareciam arma de repetição. Uma busca incessante pela sobrevivência, diante de agentes químicos, que, cheirando a pólvora, se espalhava para todas as direções. Verdadeira guerra fria entre irmãos!

Ai não teve jeito e, com um pedaço de toalha camuflando o nariz, avancei pelo front e, indo de encontro ao fogo cruzado, perigosamente me aproximei daquela trincheira mortal. Comecei a implorar pela rendição do amigo “inimigo” insistindo que arriasse logo a munição e deixasse meu vaso em paz. Pensei em arrombar a porta, mas um engraçadinho, de sacanagem, havia gritado lá fora que o sargento já estava subindo as escadas. Nesta altura do campeonato, os gases letais já haviam arrasado meio quarteirão e, literalmente, provocado uma evacuação em massa da tropa, ou seja, evacuaram todos da sala para o pátio, restando na linha de frente somente eu, o atirador 40 e o cheiro. No desespero, cheguei a pensar numa ação evasiva pelos francos, mas preferi não abandonar o irmão.

Meu Deus! E se o home chega aqui agora? - pensava eu, enquanto o atirador 40 não parava de bombardear meu vaso. Mas, quando tudo parecia resolvido, eis que meu amigo aliviado aponta a cara no corredor e diz:
- Obrigado 37, você me salvou! Só que tem uma coisa: joguei tanto papel que entupi a privada! Pensei: danou tudo! Lá se foi meu aniversário! Naquela altura da batalha, o negócio era enfiar a mão e tentar desentupir de qualquer jeito. Nada seria pior do que dobrar a guarda e justamente no dia da minha festa.

Nisso, escutei estacionar o Fusquinha do nosso comandante em frente à sede. Gelei de vez! A seguir, ouvi o barulho do trinco do portão se abrindo. Agora, só mesmo São Raimundo pra me salvar, imaginei. Deixei o banheiro de lado e, como se nada estivesse acontecendo, fui mais do que depressa ao seu encontro me apresentar. É tudo ou nada, pensava comigo, enquanto caminhava para recebê-lo.

Após deparar-me com o Sargento no corredor de entrada, fui de imediato lascando aquela continência dizendo a célebre e famosa frase:
- Atirador 37 do TG 04-151!  Serviço sem alteração!” E as pernas tremiam, pois sabia que teria que conduzi-lo em revista a cada setor da sede, inclusive ao banheiro! E assim sucedeu.

Após verificar a guarita, o corredor de entrada, a secretaria e sua sala, começou a se dirigir em direção ao banheiro. E eu sempre caminhando ao seu lado, procurando ir fazendo apresentação de cada cômodo da sede. Na verdade, quem começava a ficar com vontade de ir ao banheiro era eu, principalmente quando me lembrei que, de praxe e para simples averiguação, ele costumava dar sempre uma puxada naquelas cordinhas dos vasos. Já pensou o retorno daquela aguaceira nos seus pés? Num quero nem pensar!

À medida em que nos aproximávamos do banheiro, minhas pernas tremiam ainda mais. Uma discreta vontade de também visitar aquela trincheira salvadora só ia aumentando.

Foi aí que surgiu uma ideia salvadora, ou seja, procurei entrar no banheiro antes dele e me posicionar bem de frente à porta daquele que teria sido o vaso recém bombardeado. Algo me dizia que ele iria averiguar os outros dois, mas não iria olhar aquele em que eu estava. E não deu outra. Ao passar por mim, dirigiu-se aos outros dois puxando de imediato a cordinha de descarga. Foi quando atinei que teria me estrepado de vez, pois, de tão nervoso e apressado, não havia percebido que, ao me posicionar, havia me enganado e ficado perfilado na porta errada. Já era tarde demais!

Só escutei o barulho da descarga e a sensação de que algo iria transbordar a qualquer momento. Para minha sorte, ele. naquele dia, foi superligeiro e, retirando-se rapidinho, nem mesmo observou como estaria o funcionamento. Saindo por último, ainda pude escutar aquele aguaceiro começar a escorrer pelo banheiro. Fechei a porta mais que depressa e deixei a coisa detonar sozinha lá dentro.

A seguir nos dirigimos para o pátio. Ao perfilarmos para a famosa chamada, pude perceber que o atirador 40 havia desaparecido. Alguém, naquele momento, cochichou ao meu ouvido que ele havia se dirigido a um posto avançado e que teria se entrincheirado no terreno baldio ao lado, bem debaixo de uma goiabeira pra acabar de descarregar seu resto de munição pesada.

Pra finalizar, gostaria de dizer que fui um dos felizardos em ter tido a oportunidade de servir o Tiro de Guerra. Ali conheci amigos verdadeiros (Irmãos de Armas), tive meus primeiros contatos com uma disciplina rígida que, por sinal, muito veio a me ser benéfica no futuro. Solidifiquei meu respeito à hierarquia sem deixar de lutar pelos meus direitos e acertos. Pratiquei o dom da humildade nos momentos de baixar a cabeça e apenas escutar.

Presto aqui também uma singela homenagem ao nosso eterno comandante José Carlos, que, por longos anos, soube conduzir com muita dedicação, honradez e amor, nosso inesquecível TG 04-151.

Aos meus irmãos de Armas que se espalharam por este Brasil afora, deixo meu caloroso abraço. Com certeza, cada um de vocês guarda na mochila muitas histórias pra contar.

Crônica: Serjão Missiaggia (Nov. 2010).
Foto     : acervo do autor   

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

SE ESSA RUA FOSSE A MINHA


QUEM SE LEMBRA DE ALGUMA HISTÓRIA INTERESSANTE NESSA RUA ???

Foto: Serjão Missiaggia, publicada no Blog em 01/07/2013.

CASOS, CASARÕES & seus detalhes misteriosos ???


QUEM CONHECE ALGUMA HISTÓRIA DESSE CASARÃO ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA - a primeira a reconhecer foi a Fernanda Knop Zampa que descreveu: "casa da minha avó Iracema Trezza Knop, fica na Avenida Carlos Alves, onde eram feitos os melhores doces e quitutes da região, principalmente o canudinho de doce de leite. Hoje quem mora é minha tia Maria do Rosário. Grandes lembranças!". Rita Lima, que morava na casa ao lado, também lembrou com saudades da casa.            

Também reconheceram a casa: Ana Luísa Knop, Rita Gouvêa Knop, e a Eneida Knop que, embora não tenha ficado entre as três primeiras, contou que sua mãe Conceição Knop Henriques mantém sua casinha nos fundos e fez a declaração mais apaixonada à casa: "minha vida, minha família, minha história... quantas lembranças !!!".

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistério ???


QUE LUGAR É ESSE AÍ ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Marcelo Oliveira, Renée Cruz e Zezé do Couto Ciscoto foram os primeiros a reconhecer a casa da dona Nhalice, hoje da Angélica Nicodemos.

Foto: Serjão Missiaggia

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

SOMOS TODOS TERRORISTAS?


Vamos para a Internet e vemos ódio, mortes, sujeira (real e figurada) e um tanto de conversa fiada. Para cada tragédia, uma propaganda; para cada morte, um perfil e para cada sujeira, uma lição de moral.

A verdade é que, com o passar dos anos, vamos nos acostumando com essa lengalenga e sempre temos a tendência de dizer: é, o mundo vai mesmo de mal a pior, nunca as pessoas foram tão ruins e nunca os políticos foram tão ladrões.

Vocês concordam? Eu não! Quem vai chegando aos sessenta anos sabe que essa história de fim do mundo é do tempo de nossos avós. Dizer, então, que as pessoas nunca foram tão ruins, é papo de quem não lê a História e nunca ouviu falar de Nero, Hitler e Khmer Rouge. E político ladrão, eu acho até que é pleonasmo.

Discutimos, debatemos, chegamos até a disputar qual tragédia é pior, a nossa mineira ou a dos franceses. No fim das contas, perplexo e parado em frente ao Facebook, chego a uma conclusão: nós somos parte de tudo isso!

Mas, como assim? Quer dizer que eu sou igual a um jihadista alucinado que, vendo um lugar com pessoas felizes, sai atirando e matando todo mundo?

E, talvez porque esteja ficando caduco, eu respondo que sim. O que passa pela cabeça de uma pessoa que odeia? Primeiro, ela se sente separada dos demais, tipo: eu não sou tão fútil quanto o fulano, ou não tão esquerdista quanto o fulano, ou não tão gay quanto fulano. Reconhecem esses pensamentos? São muitas vezes pensamentos nossos que, pela falta de uma metralhadora real, usamos a metralhadora cheia de mágoas de que o Cazuza falava, e despejamos nosso ódio no face, no trabalho, no futebol, na esposa ou no esposo ou nos filhos.

No fundo, no fundo, é um ressentimento: as pessoas são diferentes de nós, e o pior é que TODAS as pessoas são diferentes de nós. Aí, como normalmente nos julgamos super do bem (esta é também a mentalidade do terrorista), nos achamos no direito de criticar ou então, o que é mais doloroso, dar conselhos para que a pessoa deixe de ser o que é e seja assim tão boa e legal como nós somos.

Então, qual seria a solução? Há algo que possamos fazer para que as coisas mudem? Nessa hora, me lembro muito bem de uma lição do nosso querido Betto Vampiro que, numa aula de OSPB, disse que a cidade de Londres poderia ser varrida em 15 minutos... se cada um varresse em frente à sua própria casa.

Então, como não temos expertise para abrir o Mar Vermelho, vamos fazer o que sabemos fazer de melhor: defender com orgulho a recuperação do Rio Doce, e também do Bataclan. Além disso, ir a um show do Emmerson Nogueira, conversar fiado no Bar Central e, quem sabe, tirar a esposa pra dançar, na cozinha, às duas da tarde, de avental.

Crônica: Jorge Marin

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL