sexta-feira, 31 de julho de 2009

HISTÓRIAS INACREDITÁVEIS NAS QUAIS NÓS MESMOS CUSTAMOS A ACREDITAR


A B O M B A - Capítulo 2
Roteiro Original - Serjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin
No capítulo anterior de “A Bomba”, uma decisão havia sido tomada, uma decisão que mudaria, para sempre, a vida pacífica da cidade de São João Nepomuceno. Um grupo de jovens idealistas decidira, pela primeira vez na História da Humanidade, detonar uma bomba de Melodias.
Naquele fatídico domingo de 1972, o Programa Flávio Cavalcanti não seria o campeão absoluto de audiência. Às 18 horas e 30 minutos, uma outra atração estava programada para pegar a população de surpresa.
E foi assim que tudo ocorreu.
Pontualmente, às seis e meia da tarde, sabem quem estava no local determinado? Pois é, ninguém. Todos haviam sumido. Após mais alguns minutos, o Sílvio Heleno, que morava lá, saiu pela porta da cozinha. Logo depois, os vizinhos mais próximos, Renatinho e Serjão, também chegaram. Seriam as cobaias, para ver e sentir do que a danada da bomba era capaz. Sem saber, estavam escrevendo páginas da História.
Serjão estava particularmente preocupado, pois um dos seus irmãos acompanhava, um tanto ressabiado, e de forma discreta, esta nova loucura. Na realidade, ele não acreditava muito na capacidade dos rapazes, mas ficava o tempo todo dizendo que, de bombas, ele entendia e que, juntamente com o primo Biel, havia feito muitas na adolescência.
No dia e na hora marcados, enquanto eram checados os últimos detalhes da montagem do aparato e a contagem regressiva já era iminente, quase acontece uma tragédia. Silvio Heleno, para espanto de todos, esticou um fio até a escada da oficina e colocou aquela bendita “coisa” bem na porta de entrada.
Nesta hora, tenso e assustado, Serjão pergunta:
- Sílvio! Eu não entendo muito bem de bombas, mas... Você não acha que esta coisa, colocada ali, principalmente de portas abertas, não vai dar retorno? Ou seja... Não está muito perto da gente?!
Silvio Heleno, como todos que o conhecem sabem, é simples e direto:
- Tá tudo tranquilo, Serjão! É só fazer a contagem regressiva, tapar os ouvidos, apertar o botão e entregar para Deus!
Nesta hora, sentindo que ele, na empolgação, estava meio cego para perigo, Serjão buscou cercar-se de alguma segurança ainda possível. Pediu ao Sílvio que fechasse um pouco a porta, colocasse a bomba um pouco mais para fora e deixasse pelo menos uma janela aberta. Para a sorte de todos, assim foi feito.
Começaram, então, a escutar a contagem regressiva, que já estava previamente gravada, sentido 20 para zero.
Quando o botão foi acionado, a única sensação relatada pelos participantes da experiência é de terem ficado completamente surdos e cegos.
Passados alguns segundos, envoltos numa fumaceira danada de espessa, só se percebia que uma multidão começou a chegar de todos os lados.
Acredite quem quiser, mas a pressão do impacto foi tão grande, que a porta da oficina se dividiu em duas. Ao mesmo tempo, a explosão fez surgir na parede uma rachadura de quase 2 metros de comprimento, sem falar na chuva de alto-falantes que despencaram das estantes da oficina e rolaram em todas as direções.
Neste mesmo instante, passageiros do ônibus das 19 horas, que estavam saindo da antiga rodoviária com destino a Juiz de Fora, saltaram assustados do ônibus e, sem saber o que estava acontecendo, ficavam a olhar, abobados, em direção à oficina.
Enquanto isso, em meio à toda confusão, os responsáveis foram saindo do epicentro da explosão, tossindo alto e como se nada tivesse acontecido.
Ainda bem que, nesta hora crucial, com os três já do lado de fora, aquele irmão do Serjão, o suposto conhecedor de bombas, chegou extremamente apavorado. Na verdade, havia acompanhado tudo à distância e aguardava-os ansiosamente para, com seu carro, levá-los a uma em retirada estratégica, já que havia comentários de que algumas pessoas já teriam prestado queixa na delegacia.
E agora: quais serão as consequências? Para saber mais sobre as outras duas explosões seguintes, a repercussão na população, e, principalmente, a explosão do terrível modelo XB ¾ Versão 3, não percam o capítulo final de A Bomba. Não restará capacitor sobre capacitor.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

HISTÓRIAS INACREDITÁVEIS NAS QUAIS NÓS MESMOS CUSTAMOS A ACREDITAR


A B O M B A - Capítulo 1
Roteiro Original - Serjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin
É sabido que, desde os tempos imemoriais, pessoas se reúnem em torno de fogueiras, para as mais diversas finalidades: para conversar, contar casos de fantasmas, tocar viola e cantar, ou simplesmente para se aquecer do frio. As fogueiras foram utilizadas como forma de comunicação, como ocorreu no nascimento de São João Batista, fato que é celebrado nas festas juninas. Mas o que pouca gente sabe, é a realização da fogueira russa. Esta modalidade de fogueira foi criada justamente pelos elementos do Pytomba para desafiar o medo, provar a masculinidade, ou sei lá que outro motivo louco. Mas, o que é a fogueira russa? É nesta definição que começa a nossa nova aventura.
Trata-se, na verdade, de uma pequena e verdadeira história, que teve início no terreiro da casa de Silvio Heleno Picorone, na beirada do córrego, entre 1972 e 1974. Na época, Renatinho, Serjão, Sílvio Heleno e Dalminho, praticavam um tipo de brincadeira infantil (segundo eles): jogar balas de revólver na fogueira!
A loucura era feita, simplesmente, para escutar o estampido dos projetis e adivinhar para que lado eles iriam. Não é preciso nem dizer, pois basta contar o número de seguidores, que os rapazes sempre tiveram muito sorte, já que nenhuma daquelas balas foi em direção a eles.
Este ato de pura irresponsabilidade não teria a princípio nenhuma utilidade, mas acabou por engendrar, naqueles cérebros vazios, uma certeza e uma nova obsessão: A CONSTRUÇÃO DE UMA PEQUENA BOMBA.
Antes de prosseguir, vamos fazer algumas considerações técnicas para aqueles que não entendem de construção de bombas. Quem já sabe como fazê-las, pode passar diretamente para o parágrafo seguinte. A unidade de energia usada para avaliar o poder de uma bomba de hidrogênio é o megaton de TNT, que equivale à força de um milhão de toneladas de dinamite. E o que são tons? Como todo músico sabe, tons são intervalos entre duas notas que se sucedem diatonicamente. Ora, como as melodias são compostas de vários tons e notas, temos, de acordo com as pesquisas pytombenses efetuadas na época, aquilo que é uma das maiores contribuições do grupo para a Física moderna (ainda não escrutinada pelo comitê do Prêmio Nobel): a Bomba de Megamelodias, muito mais poderosa que a constituída apenas por Megatons, além de muito mais harmônica.
Após algumas reuniões secretas, ficou decidido que o projeto em questão iria se chamar “XB3/4”. Outra decisão, também crucial, foi que a experiência sísmica seria realizada em três diferentes versões, em dias, locais e horas ainda a definir.
A primeira versão seria uma bomba de médio efeito caseiro, na característica solo. A potência escolhida foi a de três Melodias que, na escala pytombense, correspondia a três Megatons.
A segunda bomba, também de médio efeito caseiro e potência de três Melodias, apenas se diferenciaria da primeira por ter características subaquáticas.
Finalmente, a terceira bomba seria um pouco mais violenta e consistiria numa bomba de efeito quarteirão, também com característica solo, porém com 36 Melodias.
Para que os leigos possam entender, na prática, a relação bélico-musical, basta informar que cada melodia correspondia a 1 tom, e 1 tom a uma trouxinha de foguete.
Após uma longa deliberação, ficou também decidido que, por questões de segurança, estaria descartada a possibilidade de se fazer alguma detonação tipo pavio. Foi, portanto, aclamado por unanimidade, o sistema elétrico de detonação “APF 220”, também conhecido como: Ativação por Filamentos em 220 Volts.
Finalmente, foram fixados o local do teste, a data e o horário da detonação: para a primeira versão, o local do teste seria a entrada da oficina do Sílvio Heleno, em frente à antiga Estação Rodoviária, o dia marcado seria o próximo domingo, e o horário, 18 horas e 30 minutos.
E agora? O que poderá ocorrer? Qual será o efeito da explosão na paisagem sanjoanense? Qual será o reflexo de uma explosão de tal magnitude na vida da, até então, pacata cidade? E o movimento da rodoviária? E a reação das autoridades?
As respostas explosivas para estas perguntas, envolvidas em fumaça, pólvora e clarões, estarão no próximo capítulo de A Bomba, aqui no blog, que, com ajuda de todos, continua bombando!

domingo, 19 de julho de 2009

ÊTA NÓIS!!!


Obrigado, galera! Duas mil visitas e contando...
Anexamos aqui um desenho histórico, feito pelo Dalminho quando mudou-se para Belo Horizonte em 1977 e, mesmo distante, não esquecia os amigos.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

HISTÓRIAS INACREDITÁVEIS NAS QUAIS NÓS MESMOS CUSTAMOS A ACREDITAR


A F Á B R I C A - R E V O L U T I O N - SEASON FINALE
Roteiro Original - Sérgio Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin
NO CAPÍTULO ANTERIOR DE “A FÁBRICA”, encontramos mais uma vez, na porta da malfadada fábrica, os amigos Serjão, Renê, Sílvio Heleno, Dalminho e Fernando, desta vez TODOS muito assustados, cabelos arrepiados, cheirando a queimado e sem realmente entender o que havia acontecido naquela noite.
Mas, antes, vamos fazer algumas considerações sobre ele, o principal personagem desta história, o medo. Segundo o Dicionário de Psicologia, esta emoção é desencadeada por uma estimulação que tem o valor de perigo para o organismo. Manifesta-se, no animal e no homem, por diversas reações observáveis, dependendo das espécies e de acordo com a intensidade da emoção: eriçamento dos pelos, abaixamento dos supercílios e das pálpebras, tremor, etc., cuja função pode ser buscada num retraimento em relação ao estímulo perigoso e/ou na redução dos estímulos que assinalam o sujeito em perigo para o seu predador. Ou seja, o medo faz o sujeito fugir ou imobiliza.
Nesta história, assim como em várias ocasiões da vida dos componentes do Pytomba, o que se viu é que o medo estava presente. No entanto, mesmo com medo, todos foram em frente; é o que se chama de coragem, ou agir conforme o coração. Assim ocorreu antes dos shows e até mesmo na concepção deste blog: quando o Serjão expressou a ideia de contar a história do Pytomba na rede, pintou aquele medão, mas fomos em frente. E como tem valido a pena!
Num comentário dos episódios anteriores, um participante da aventura – o Sílvio Heleno – afirmou que, se ele sequer pensasse que poderia existir realmente um fantasma dentro da fábrica, jamais teria entrado lá. Ou seja, o medo às vezes move. E, quem pensa que não, vai mudar de ideia quando ler “A Bomba”!
Ah, e voltando à história, existe ainda aquele medo inteligente. Uma pessoa escondida num telhado de uma casa, a ponto de assustar um grupo de pessoas, entre as quais existe um cara armado, exerce aquela outra opção do medo: a fuga. Marcelo, sabendo que poderia ser um dos precursores de vítima da bala perdida, fez o que hoje chamamos de “rapou fora”, desapareceu feito gato no escuro. Deixando para trás o Serjão e o Renê, sem nada entender o que teria de fato acontecido.
Renê e Serjão se entreolhavam assustados sem nada entender. Se fosse possível um ler a mente do outro, ainda assim nada encontrariam, pois nenhum dos dois entendia o que havia ocorrido.
Teria aquilo tudo sido programado? Mas, por quem? E quando?
Pior de tudo foi a dúvida: será que saiu tudo errado? Ou tudo teria dado certo demais?
E, mergulhados em dúvidas, e ainda meio apavorados, todos foram para casa tentar dormir.
No dia seguinte, ficaram sabendo, realmente, a verdadeira história.
O irmão do Serjão, Antônio Dárcio, que na ocasião passava alguns dias em São João, ao ver toda aquela movimentação e tomando conhecimento das más intenções, mandou alguém comprar um foguete.
No exato momento em que todos chegavam ao último salão, ele abriu a porta e simplesmente, num ato de extremo perigo, jogou o foguete lá dentro.
Imaginem o estampido de um foguete, em um espaço fechado, de alguns metros quadrados, com cinco pessoas dentro? (coisas de Antônio Dárcio)
Para felicidade de todos, o foguete não se direcionou para ninguém. Possivelmente, tenha até caído num daqueles buracos. Quem sabe até debaixo do Dalminho!
No outro dia, ficou também esclarecido o destino do Marcelo, que, após ouvir o estouro, pensou que o Fernando tivesse mandando bala na assombração, e, apavorado, despencou do telhado em direção à rua. Mas, para sua infelicidade e na ânsia de fugir, ao pular o portão, seu braço ficou agarrado numa das pontas, fazendo assim um corte que sangrava muito. Moradores do prédio que ficava ao lado, também assustados com aquele estouro, saíram depressa para a calçada. Foi neste exato momento que algumas pessoas, ao verem o Marcelo passar correndo,
machucado e com sangue escorrendo pelo corpo, resolveram telefonar imediatamente para o senhor Gabí, pai do Marcelo.
A notícia que chegou é que seu filho havia sido baleado!
Até então, ninguém sabia o que havia acontecido com Marcelo, e assim sendo, cada um foi para sua casa.
Horas depois, quando Serjão já estava em casa, no banheiro tentando retirar os resíduos de pólvora dos cabelos, eis que, de repente, chega o tio Gabi. Numa fúria sem fim, prestes a invadir privacidade do sobrinho, esmurrava a porta e queria porque queria saber o que tinha acontecido com o Marcelinho.
Para sorte do Sérgio, antes que ele arrombasse a porta, alguém teve a feliz iniciativa de começar a contar-lhe toda a verdade. Serjão observava ofegante, de dentro do banheiro, que o tio, aos poucos, foi se acalmando. Começou, até mesmo, a achar graça da história. Seu filho, orgulhosamente, teria sido um dos protagonistas de uma aventura.
Serjão viu que também seu pai, não menos assustado, começava também a dar algumas tímidas risadas.
Perguntou então, para si mesmo: E eu?... Quem diria!... Terminar esta historia, acuado, dentro de um simples banheiro.
Pensou então numa última cena, na qual faria uma fuga espetacular pela janela, mas nem isto pôde fazer, pois, afinal, só havia um pequeno basculante!
Que fique para próxima! – pensou...
Foi, mais tarde, divulgada na cidade a notícia de que teria sido realizada em Bicas, alguns dias depois dos fatos aqui narrados, uma sessão de descarrego, com a participação de algumas pessoas que haviam visitado A Fábrica. Mas nada disso foi oficialmente confirmado.
Hoje, mais tranquilo, e um sossegado pai de família, o outrora fazedor de sustos, e autor desta história curiosa, Serjão Missiaggia relata o destino d’A Fábrica:
- Enfim... a ironia do destino me reservou, neste mesmo lugar, um pequenino grande espaço que, longe de ser um cemitério do século passado, é o local no qual sobrevivo humildemente, na paz de Deus, ganhando meu pão de cada dia...

ESTA HISTÓRIA, COMO TODAS AS OUTRAS DO PYTOMBA, FORAM RETIRADAS DE FATOS VERDADEIROS, ACONTECIDOS TRINTA ANOS ATRÁS.

E, se você se assustou com o estampido do foguete dentro da Fábrica, saiba que isto não foi nada comparado ao estrondo d’A Bomba, próxima atração em nosso blog interativo. Aguardem!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

HISTÓRIAS INACREDITÁVEIS NAS QUAIS NÓS MESMOS CUSTAMOS A ACREDITAR


A F Á B R I C A - O R E T O R N O
Roteiro Original: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin
NO CAPÍTULO ANTERIOR DE “A FÁBRICA”, como bem recordam, encontramos nossos amigos, do lado de fora, naquela que seria uma noite inesquecível, para uns a noite mais aterradora de suas vidas, e para outros, a mais divertida. E a noite não foi realmente fácil: uns não dormiram de tanto rir, já outros, bem, não dormiram porque não conseguiram mesmo.
No dia seguinte, bem cedo, lá estavam novamente, na fábrica, Nenê e Serjão, na montagem febril de um novo cenário. Esticavam linhas e mais linhas para todos os lados, já antevendo o que seria uma nova aventura.
Mas, de repente, algo inesperado aconteceu: surgindo do nada, e sem que fosse esperado, aparece nada mais nada menos que o Silvio Heleno que, entrando fábrica a dentro, deparou-se, naturalmente, com aquela linharada que cruzava sua cabeça. Estranhamente, ele não disse uma palavra sequer, ficando ali por alguns minutos e retirando-se em seguida.
Foi a vez dos “assustantes” ficarem preocupados. Teria o Sílvio desconfiado de alguma coisa? Talvez sim, talvez não. De qualquer forma, ficaram temerosos que suas identidades secretas fossem reveladas de repente e aí eles é que passariam a pagar mico. Na dúvida, resolveram mudar totalmente a estratégia e, após uma reunião de emergência, chegaram a uma conclusão espantosa: por uma questão de segurança a solução era... contratar um fantasma!
Mas, onde encontrar um fantasma, isto é, uma pessoa disposta a ajudar e que, ao mesmo tempo, preenchesse todos os requisitos de um fantasma de verdade? A princípio, pensaram, teria de ser uma pessoa com grande senso de humor e com total conhecimento do local, principalmente à noite – e no escuro. Depois de muito pensar, chegaram ao consenso de que não haveria pessoa melhor do que o Marcelo, primo do Serjão. Na infância, tinham brincado juntos várias vezes naquela fábrica. O passatempo favorito de ambos era andar no telhado, como gatos, e até de olhos fechados. O convite foi feito e, para alegria geral, ele aceitou de cara, e já no outro dia, bem cedo, estavam os três no telhado, para ensaiar um novo roteiro.
No entanto, nesta segunda aventura, os três amigos estavam um tanto apreensivos: é que o Sílvio Heleno havia convidado mais um participante, seu primo Fernando, que tinha a fama de andar armado. Conta-se que este tinha um curioso hábito: qualquer coisa que pintasse na sua frente, fosse gambá, marreco, galinha, gato, outro gambá, ele não queria nem saber... mandava bala! Este fato faria com que o Marcelo se tornasse, com certeza, um alvo em potencial, pois tudo dependeria do bom humor ou do medo do Fernando, ou de ambas emoções.
Pois foi assim, neste clima de muita tensão, que Serjão, Nenê, Dalminho, Silvio Heleno, Fernando e, já com muito medo, o Marcelo, começaram a segunda jornada. Da mesma forma, que na primeira vez, as coisas iam saindo perfeitamente dentro do previsto e tudo acontecia naturalmente.
Nenê e Serjão ficaram, desta vez, na retaguarda, para conferir se as cobaias estavam mesmo assustadas ou apenas fingindo. E, com grande ansiedade, aguardavam que o Marcelo se manifestasse logo, pois seria a prova definitiva da autenticidade dos fenômenos.
Tudo ia transcorrendo absolutamente como previsto, até que... algo muito inesperado aconteceu. Antes da aparição do Marcelo, outra ocorreu: era a irmã do Serjão que, do nada, e também sem saber de nada, apareceu no alto da escadaria, trajando um velho camisolão branco. Imaginem o que aconteceu quando viram aquele vulto branco lá em cima da escada! Foi um Deus nos acuda! Teve gente querendo até pular a janela e fugir pelos fundos da Casa Leite.
Mas, o pior ainda estaria por vir, pois, quando passaram pelo último salão, um grande estrondo ribombou pegando a todos desprevenidos. A coisa se virou contra a gente, pensou Serjão, enquanto puxava as última linhas e aí parou, apavorado: viu, com horror, o que de fato tinha acontecido. No exato momento da explosão, subiu debaixo do Dalminho uma tremenda labareda de fogo e o pobre magrelo desapareceu, no meio da escuridão e da fumaça, deixando para trás o eco de seus gemidos e apelos de socorro.
Foi inútil tentar localizá-lo com o fraco foco da lanterninha, pois parecia que estavam todos envoltos numa espessa neblina. Apesar do pânico, e do desespero geral, foram seguindo os gemidos até que... caído num canto, com as pernas pra cima, e a calça toda chamuscada de fogo... ele, o Dalminho, caído dentro de um daqueles terríveis buracos do salão, num estado lastimável, de olhos arregalados e totalmente mudo. Sim, era ele, só podia ser mesmo o Dalminho. Juntaram-se todos, retiraram a vítima do buraco, e, enfim, conseguiram chegar, sãos e salvos (isto é, mais ou menos) ao terreiro.
A esta altura, estavam – todos – com os ouvidos zumbindo, fedendo a queimado e, pior, intoxicados pela fumaça. Além de aterrorizados.
O que aconteceu? De alguma forma estranha, a fábrica se vingou daqueles profanadores que usavam suas instalações com propósitos condenáveis? E o Marcelo? Estaria ainda vivo? Ou teria sido vítima de mais uma sacada rápida de Fernando Kid?
Não percam as respostas, destas e outras inquietantes questões, no capítulo derradeiro da saga que mais injeta emoção no universo virtual: a Fábrica, Revolution. A verdade finalmente revelada.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

HISTÓRIAS INACREDITÁVEIS NAS QUAIS NÓS MESMOS CUSTAMOS A ACREDITAR


A F Á B R I C A - R E L O A D E D
Roteiro original – Serjão Missiaggia / Adaptação – Jorge Marin
NO ÚLTIMO CAPÍTULO DA FÁBRICA encontramos nossos fabricantes de sustos Renezinho e Serjão, à noite, na porta da fábrica, preparando-se para aprontar para seus amigos Dalminho e Sílvio Heleno. Como bem se recordam, os dois passaram o dia inteiro trançando linhas para produzir efeitos especiais capazes de amedrontar as pobre “cobaias”.
Era chegado a hora.
Mal havia anoitecido, e lá estavam eles: Renê, Dalminho, Sílvio Heleno e Sérgio. Antes de entrar, ainda ficaram algum tempo no terreiro, encarando o prédio sinistro. O coração dos fabricantes de sustos batia ainda mais disparado que os das cobaias, talvez até com uma certa ponta de arrependimento. Ou mesmo um pressentimento de que alguma coisa não muito boa poderia acontecer.
Sílvio Heleno já não estava muito bem. Enquanto esperava a ordem de partida, brandia um pedaço de cano na mão, enquanto gritava bem alto para o interior da fábrica:
- Se acaso vocês forem homens, venham para o terreiro!
- Aqui fora, até eu! - resmungou Dalminho...
Emoções à parte e lá foram os desbravadores, ao encontro do sobrenatural...
Ao entrar, a escuridão era total. Não se via absolutamente nada, a não ser o desnutrido foco da lanterna e a brasa do cigarro do Dalminho.
Já na porta de entrada, uma linha estrategicamente posicionada, era puxada. A intenção era fazer com que a porta se fechasse e empurrasse, ainda mais, todos para dentro. (Foi o que aconteceu!). Todos engoliram em seco, O arrependimento já começava a tomar conta de alguns corações, uns por colocarem os amigos naquela roubada e os outros, por terem entrado naquela aventura. Mas, naquela altura do campeonato, sem rumo, naquela escuridão, ninguém se atreveria, de forma alguma, a retornar.
Neste momento, Serjão sentiu uma forte pressão no braço esquerdo, chegando, ele próprio, a se assustar, mas, virando a lanterninha para o lado, viu que era o Dalminho que, caminhando de olhos fechados, apertava, em desespero, o braço do amigo... enquanto dizia baixinho: “mãe, mãe, mãe!”
No último degrau da escadaria do terraço, foi deixado um tambor armado que, preparado com bastante sutileza, bastaria um singelo puxar de linha, para que descesse escada abaixo e viesse em direção â comitiva. Mas este momento ficou reservado para a volta, juntamente com janelas e portas, que bateriam dentro dos quartos.
Então, após passar pelo corredor principal, chegaram enfim ao grande salão.
Neste salão, um chinelo, com linhas amarradas e previamente preparadas, aguardava-os, pois, era só caminhar lentamente com ele, para começar arrastar algumas correntes, que estavam no final do corredor. GRITARIA GERAL!
No mesmo instante, uma outra linha era puxada, fazendo um ruído sinistro e assustador. Este ruído era devido ao trinco de uma porta, que se arrastava pelo chão. MAIS GRITOS DE HORROR!
Deste ponto em diante, a coisa realmente começava a pegar fogo, principalmente quando se dirigiam para uma pequena área externa do prédio onde existia um pequeno banheiro. A intenção era verificar alguns ruídos estranhos, que vinham daquele lugar.
Esta hora foi verdadeiramente desesperadora, pois este banheiro, de construção antiga, tinha sobre seu vaso, uma pequena corda, para dar descarga. Nem precisa dizer que nela foi colocada também uma linha, da cor da parede, só esperando ser puxada por quem de direito.
Quando focaram o vaso com a lanterna, foi realmente incrível, pois, debaixo dos narizes de todos, e a menos de dois metros, presenciariam o movimento da cordinha, acionando aquela descarga.
Aí, a correria foi geral, enlouquecida, desenfreada e para todos os lados. Uns davam cabeçada na parede e outros gritavam pela mãe. Foi como um grande estouro de boiada no escuro, pois nada se via e todos corriam sem rumo, à procura de uma saída.
Nesta hora, no meio do corre-corre, ao virar a lanterna para trás, Serjão presenciou uma cena ainda mais engraçada, pois o Renê, quase deitado, ficava desesperadamente abanando a mão no escuro, tentando em vão achar uma suposta linha que, naquele lugar, deveria estar esticada.
No corredor, janelas e portas batiam sem parar e, quando iam passando pelo pé da escada, eis que surge, do terraço, nada mais nada menos, do que aquele tamborzão.
E que barulhada! A coisa apareceu de repente, descendo pela escada abaixo, pulando na direção deles, igual a uma mula sem cabeça... GRITOS DE HORROR!
A intenção era justamente fazer com que o tambor impedisse a passagem de volta, obrigando assim, a um retorno forçado para o salão, o que realmente aconteceu, para desespero geral.
Encurralados, permaneceram uns trinta minutos, esperando coragem para fazer o caminho de volta.
Logo que a coisa serenou e os batimentos cardíacos se normalizaram, começaram enfim, a fazer o retorno e alcançar, finalmente, o tão sonhado terreiro.
Lá fora, mais aliviado, o Sílvio, mais uma vez, desafiou a suposta assombração, ainda com o pedaço de cano, gritando bem alto:
- SE VOCÊ FOR HOMEM, VEM AQUI FORA, AGORA!
Para sua surpresa, havia uma última armadilha: uma folha de zinco foi deixada estrategicamente bem em cima do telhado, que serviria para finalizar as manifestações.
Quando ele gritou, uma linha foi puxada, fazendo um grande barulho no telhado. Nesta hora, novo grito:
-TAMBÉM NÃO PRECISA SER ASSIM!
E agora: o que acontecerá? Os amigos terão coragem de voltar? A notícia se espalhará? Quem serão as novas cobaias?
E, fala sério: quem de nós, reagiria de forma diferente, numa situação como essa?
Não percam o terceiro capítulo da macarronesca novela A Fábrica, o Retorno.

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL