quarta-feira, 31 de agosto de 2016

QUARENTA ANOS DE NOSSO CONTATO (QUASE) IMEDIATO COM UM OBJETO VOADOR NÃO IDENTIFICADO


Interessante como o tempo foi passando assim tão rápido para, num piscar de olhos, percebermos que já se foram QUARENTA ANOS da aventura mais famosa e mística do Grupo Pitomba. Uma história já contada aqui no Blog, que iremos relembrar agora em função dessa data tão significativa, e também pelo aumento considerável de amigos que fomos adquirindo desde sua última postagem. Devido ao tamanho do texto original, tentarei ser o mais sucinto possível, mas, devido aos inúmeros detalhes, terei mesmo que fazê-lo pelo menos em dois capítulos.

Mas, ainda antes de começar a narração desse nosso misterioso contato sobrenatural, abrirei um pequeno espaço para uma reverência especial a cada um dos componentes do Pitomba. Isso porque o grande diferencial do grupo sempre foi a sincera amizade que nos unia. Fosse onde fosse: no colégio, nos esportes, em viagens, por detrás de alguma experiência maluca, ou, simplesmente, pra testar alguma nova invenção. Era dia, era noite, no palco ou fora dele, lá estávamos nós, com aquela alegria e muito humor que, por sinal, era nossa principal característica.
      
Pois bem... Foi numa dessas noites do passado que começou nossa história, aonde fatos abracadabrantes e até de certa forma cômicos, vieram a acontecer. Tudo começou por volta de 21h00min de uma noite fria de meio de semana, quando alguns componentes do grupo combinaram sair a passeio, com a velha Vemaguet de nosso guitarrista e também comandante da tropa. Após percorrermos, por várias vezes, os mesmos lugares da cidade, e já cansados da rotina, resolvemos então voltar para casa. Foi quando, naquele instante, alguém teve a infeliz ideia de irmos até o trevo para curtirmos um pouco mais aquela noite. E para lá seguimos...
     
Logo que chegamos, de imediato fomos estacionando a Super-Vemaguet debaixo de uma árvore, num canto privilegiado do lugar, enquanto íamos ligando o toca-fitas e abrindo as portas, para que saísse do interior do veículo, aquele cheiro de óleo queimado que seu motor sempre exalava. A noite estava linda, porém um pouco escura, já que não havia lua naquele momento. Vagalumes passeavam ao nosso lado sem cessar, enquanto admirávamos o céu infinitamente estrelado e acolhedor.
      
De repente, quando ninguém estava esperando, eis que nosso vocalista, sentado no banco traseiro, solta um tremendo pulo e começa a entrar em desespero. Olhando justamente para o lado do campo de aviação, extremamente confuso e assustado, ficava, aos gritos, apontando o dedo para o referido local, tentando nos dizer alguma coisa:
- HAHAHALÁ!!!HAHAHALÀ,
- QUE É AQUILO LÁ EM CIMA!!!?
- HÉHÉHÉ!!! UM DISCO VOA...!!!

No susto, nosso motorista-guitarrista e também chefe da delegação, ainda mais apavorado, mesmo sem saber o que estaria acontecendo, foi tentando, de qualquer maneira, ligar a bendita Vemaguet que, para variar, não dava partida e muito menos ia para frente e nem para trás. Algum de nós tentávamos em vão empurrá-la, enquanto a maioria procurava mesmo era esconder atrás do que encontrava pele frente.

Pensei seriamente, naquele momento, em sair correndo para a fazenda Santa Fé, mas, naquela escuridão, provavelmente os cachorros é que iriam correr atrás de mim. Nosso saudoso baterista ficou estático na poltrona de trás e mal se mexia. Tremendo, e de olhos arregalados, dizia que não gostava dessas coisas e que nem iria olhar. Na realidade, ele ficava mesmo era analisando a reação de cada um de nós, para ver em qual situação de fuga se enquadraria melhor.

Naquela hora, o que nos restou foi respirar fundo, unir nossos medos e encarar a situação de frente. Procuramos, num breve pacto de lealdade, nos conscientizar que poderia ter o destino nos reservado aquele momento, que, com certeza, seria único em nossas vidas. Chegamos até a viajar com a imaginação, vislumbrando as possíveis notícias que circulariam em todos os jornais, ou seja, nossos retratos, estampados em primeira página, destacando a mais espetacular manchete: "Primeiro contato imediato documentado e fotografado do Brasil”.
     
Mas, enquanto nos consolávamos nesse pensamento, procurávamos imaginar alguma coisa que pudéssemos fazer de momento. Tendo em vista que o objeto permanecia imóvel, passivo, parecendo sempre nos observar, resolvemos, numa breve reunião (sem unanimidade), dar uma ida até lá em cima e checar, do outro lado do campo, do que realmente se tratava. 

Subindo pelo morro dos Marimbondos, procurávamos ter o cuidado de não perder de vista aquelas janelinhas iluminadas e misteriosas que ficavam a brilhar lá no alto. Na época, era tudo bem mais deserto, pois carros somente passavam vez ou outra. Não havia uma única casa no meio do caminho, e muito menos uma santa alma que pudesse descontrair e compartilhar conosco o momento. A Vemaguet mais parecia uma peneira furada, pois, enquanto subia engasgando morro acima, a poeira nos sufocava e nos pintava de amarelo.

Quando lá chegamos, vimos que pouca coisa havia mudado, e que a nossa visão do objeto continuava a mesma. Dessa forma, só na tocaia e observando ao longe, ficamos por um bom tempo. Nós de uma extremidade do campo e aquela coisa do outro. Foi aí, exatamente naquele instante, que começamos a sentir que somente com uma arriscada aproximação poderíamos ver melhor. Na realidade, nem sei se alguém era mesmo a favor de alguma coisa, pois o que sentíamos, com certeza, é que uma força sobrenatural e impulsiva nos levava sempre a seguir adiante. Foi o que fizemos!

Nosso comandante e motorista achou por bem fazer a aproximação de traseira, ou seja, de marcha à ré, pois, segundo ele, diante de uma possível retaliação dos ET’s, teríamos mais agilidade para, numa possível fuga de emergência, já estarmos apontados para a frente. E assim foi.
    
À medida que, passo a passo, fazíamos a aproximação, nossa adrenalina ficava a mil e o coração batia cada vez mais forte. Após percorremos mais ou menos uns 50 metros, nosso comandante, ameaçando um pequeno descontrole emocional, soltou um grito de pavor e afundou com toda força o pé no acelerador. Como já estávamos avançando de traseira, ao invés de batermos em retirada saímos mesmo foi enfoguetados de marcha-ré ao encontro do desconhecido. Foi aí que, fazendo uma incrível curva de traseira, num ângulo de quase 180 graus, por muito pouco não fomos jogados barranco abaixo, bem em cima da antiga sede do Tiro de Guerra. Saímos numa velocidade que só Deus sabe e somente obtida porque a Vemaguet estava morro a baixo. Foi quando alguém ainda teve a petulância de gritar pela janela: PEGA NÓIS SE FOR CAPAZ!

Uma nuvem sufocante de poeira foi tomando todo o interior da Vemaguet, enquanto a cabeleira black power de nosso baterista ia se destacando ainda mais no escuro, parecendo um turbante amarelo. Descendo de lá igual a um foguete, passamos pelo centro da cidade, ante os olhares curiosos de algumas pessoas que ainda se encontravam na praça. A partir daquele momento, já começávamos a deixar a população com a pulga atrás da “oreia”, pois já deveriam ser umas onze da noite. Naquela época, as coisas eram bem diferentes, sendo que qualquer zum-zum-zum naquele horário era motivo pra despertar uma baita atenção.

Foi naquele exato momento que resolvemos então seguir para o Observatório Astronômico local e chamar um amigo nosso, profundo conhecedor desses assuntos. Para lá nos dirigimos...  Ao chegar à sua casa, enquanto ficávamos, de dentro do carro, a chamar pelo seu nome, procurávamos, por precaução, manter o motor da velha Vemaguet ligado. Ele, de imediato, apareceu na janela com o rosto todo pintado com uma pomada para espinhas, pulou mais que depressa o murinho da varanda e, sem mesmo limpar a cara, entrou rapidamente na Vemaguet. Saímos velozmente passando mais uma vez na praça, aos olhares curiosos de pessoas que nada entendiam o que estava acontecendo.

Seguindo primeiramente para o trevo, fomos tentando refazer todo o trajeto novamente. Logo que lá chegamos, observamos que a situação continuava a mesma. Nosso astrólogo, muito impressionado com aquela visão, começou a comandar uma verdadeira operação de guerra. Imediatamente, pediu ao nosso comandante e motorista que subisse com o carro no canteiro e, com a frente virada para cima, apontasse os faróis em direção ao morro. Enquanto ficava a nos dar uma pequena aula de boas maneiras e de como ser bons anfitriões, pedia, insistentemente, que os faróis fossem sendo piscados ininterruptamente em ritmos alternados. (Provavelmente, seria um código, que somente, ele e os irmãos alienígenas conheciam!).
    
Num clima sinistro e de dar arrepios, sentimos que aquela aventura começava mesmo é a ficar cada vez mais séria. Vendo que aquela coisa parecia não estar nem aí pra gente, e sentindo que uma aproximação mais delicada seria inevitável, resolvemos chamar então o pai do nosso amigo astrônomo, que, com seus 80 anos, ouvindo mal e andando com dificuldades, iria, com sua imensa experiência e sabedoria, nos ajudar bastante no front. Isto pra não falar também que se tratava de uma pessoa respeitadíssima na comunidade cientifica brasileira, principalmente depois de ter sido o primeiro astrônomo do Brasil, ou do mundo, a fotografar um cometa.

E lá, fomos chamá-lo, subindo novamente, a toda velocidade, o morro da Matriz. Algumas pessoas que ainda estavam na praça só faltavam se jogar na frente do carro, tamanha a curiosidade. Já haviam se passado umas duas horas e, num intenso sobe e desce de morro, chegamos novamente à casa do mestre astrônomo. Para nossa surpresa, eis que surge ele na varanda e, de pijamas e toquinha na cabeça, foi logo nos dizendo de imediato:
- EU VOU, MAS SE NÃO FOR NADA, VOCÊS ME PAGAM! NÃO GOSTO DE DE PERDER MEUS FILMES!     

Enquanto isso, a velha Vemaguet ia sendo entupida com lunetas, pedestais, câmeras, bússola, biscoitos, facão, cantis com água, mais facão, uma barraca do exército e aparelhos estranhos que nós mesmos nem conhecíamos. Já não cabia um fio de cabelo dentro do carro e alguns tiveram até que ir sentados no colo dos outros. A movimentação era tão intensa, que não havia uma única casa no largo da matriz que não estava com pessoas na janela. Espantados e curiosos, pareciam premeditar que coisa não muito boa estaria para acontecer.

Como se não bastasse, além da cabeleira de nosso baterista que ficava a pinicar minha orelha, e uma enorme luneta que espremia a ponta do meu nariz, ainda tive que ir sentado em cima de uma coisa estranha, possivelmente um daqueles facões. E lá fomos nós novamente ao campo de aviação, desta vez decididos a ficar frente a frente com os irmãos alienígenas. Era tudo ou nada, ou seja, “nóis” ou eles! (CONTINUA)

Crônica            : Serjão Missiaggia
Fotomontagem: Jorge Marin

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

BELEZAS DA TERRINHA


MAIS UMA DA SÉRIE "IGREJAS DE SÃO JOÃO".

COMENTÁRIOS SOBRE A RUA BARÃO DE SÃO JOÃO - Era pra ser uma homenagem à Rua Barão de São João, mas a verdade é que todos a chamaram de Rua dos Patinhos. Fazer o quê? Reconhecer que a Eluza Lima é a grande acertadora: "Essa rua é minha, Pitomba. Não teria espaço aqui para escrever tantas histórias vividas aí. Só uma que é de toda criança sanjoanense: os marrequinhos do Dr. Írio". Além disso, descobrimos que o Marcelo Oliveira, também morador da rua, é quem alimenta os marrequinhos na ausência da Eluza. Parabéns por manterem vivo essa lenda viva da cidade!!!

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

TODA CASA TEM UM CASO


VEJAM QUE ESPETÁCULO!!! QUEM SABE CASOS DESSA CASA???

CASA DA SEMANA PASSADA -

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério ???


VAMOS VER QUEM ACERTA ESSA AÍ ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Maninho Sanábio, o "nota 10", chegou primeiro: "o prédio marrom fica na Rua Cândido Noronha, a casa branca ao fundo , sua entrada fica na rua do Descoberto, essa casa, se não me engano, morou o Emmerson Nogueira, a capelinha provavelmente é de lá, as casas no alto ficam próximas ao campo do Operário". Ou seja, arrasou. A Cristina Itaborahy reconheceu "a casa do Heloísio Rodrigues e da Cristina (filha do Mário Washington". E, finalmente, a Rená Noronha concluiu: "morro do Santo Antônio no final da Rua do Buraco".

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

VIRANDO HOMEM


As coisas que acontecerão nesta crônica, eu não sei se poderia chamá-las propriamente de coisas, mas talvez fossem fatos. De uma forma ou de outra, nada foi registrado fisicamente a não ser, talvez, alguns impulsos elétricos na cabeça de um sexagenário, o que, vamos combinar, não se trata de fonte assim tão confiável.

No passado, não mentíamos, pelo menos era o que pensavam nossos pais, os padres e os militares. No entanto, embora pensassem que não mentíamos, e vou logo dizendo que mentíamos pra caramba, o fato é que nos tratavam como criminosos. Quanto mais bonzinhos, mais éramos submetidos a interrogatórios e acareações embaraçosas.

Mas, afinal, do que você está falando, homem? Quero chegar, justamente, naquele momento em que todo menino se transforma em homem, e, principalmente, daquele LOCAL onde isso acontece. Acontece não; acontecia, pois hoje o homem se faz homem, ou não sei se se faz, de tantos outros jeitos, que caberia aqui uma enciclopédia para explicar todas as variáveis.

Depois, se eu esquecer de explicar para os mais novos o que é uma enciclopédia, procurem no Google.

Era o ano de 1968, e o meu Botafogo havia sido campeão quando fui no tal lugar.
- Muito bonito, hein sêo Jorge, o senhor acha que já tem idade pra frequentar este local? – era o meu pai falando quando eu e mais dois colegas fomos LÁ. Eles eram um pouco mais velhos do que eu, mas o meu pai me surpreendeu por dois motivos: primeiro porque surpreendeu mesmo, de susto, mas, principalmente, porque nunca pensei que o encontraria NAQUELE local.

A gente, para falar a verdade, sabia muito bem o que os homens faziam, aquela história toda de ginga, a deitada, buracos e a levantada triunfal. Se acertasse, e desse tudo certo, é claro.

Não tínhamos vergonha da coisa em si. O que mais temíamos era não dar conta, e os amigos que também frequentavam o local ficarem sabendo. Além dos homens mais velhos, que estavam naturalmente mais acostumados.

De qualquer maneira, meu pai me “salvou” naquela noite. Só não me puxou pela orelha para eu não passar vergonha na frente dos meus dois amigos.

Saímos os três meio cabisbaixos. Nem havíamos tirado onda com as meninas quando meu velho nos conduziu Rua do Sarmento abaixo, para fora da Sinuca do Sôcida. O Repórter Esso já havia acabado.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : disponível em https://www.pinterest.com/pin/171347960793168042/

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

NUM CANTO... LIVRE


Não estaria nosso irmão pitombense viajando num CANTO LIVRE? Não sei por quê, mas essa foto de arquivo do Pitomba me remeteu a esta música. Uma canção de autoria do grupo e que foi magistralmente interpretada pelo nosso amigo nas inesquecíveis apresentações ao vivo que aconteceram nos Trombeteiros em 1978.
                  
                                                           CANTO LIVRE:

E A NEVE SE FOI,
SOL VOLTOU,
A COLORIR
CADA FLOR.
BRISA VEIO TRAZENDO
U’A CANÇÃO,
VOU PROCURAR AMOR
E DEPOIS CHORAR DE MANHÃ.

SE O DIA ESTÁ ALTO,
EU ME VOU,
A GALOPAR PELOS CAMPOS,
EU ME VOU.
BRISA JÁ VEM TRAZENDO
UM URBANO SOM.
VOU PROCURAR A FLOR
E AMANHECER EM PAZ...

Crônica e foto: Serjão Missiaggia
Trat.  Imagem: Jorge Marin

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

SE ESSA RUA FOSSE A MINHA


QUEM SABE HISTÓRIAS DESSA RUA???

Foto: Serjão Missiaggia

TODA CASA TEM UM CASO


E ESSA CASA AÍ? QUEM CONHECE???

CASA DA SEMANA PASSADA - os três primeiros a reconhecer a casa do Dr. Nico, dona Maura e Moacyrzin (o nosso querido Godelo) foram Renée Cruz, Rosana Espíndola e Márcio Velasco. Este, e mais outros pitombenses como o Silvio Heleno Picorone e o José Alberto Bellini, lembraram-se das gravações feitas no famoso gravador de rolo do Gudilim.

A Natália Ciscotto contou um caso: "... a casa do inesquecível pé-de-moleque da Vó Maura! Quanta saudade da minha vozinha! Quantas noites jogamos buraco lá, hein Graziella Castro e Gisele Pinto Pavanelli Souza?".

Foto de hoje: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistério???


QUEM EXPLICA ESSA PAISAGEM???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Maninho Sanábio, Giovana Miosso e Rita Knop foram os primeiros a reconhecer a Rua Joaquim Cruz, a rua do antigo Matadouro. Reconhecido pela Cristina Velasco Itaborahy como "pertim" da casa do Cleverson Cabral, este nos convidou para um café. Prepara, então, mais um potim de manteiga, Cleverson, pois, nesta semana, estamos chegando a 2.500 amigos no Blog.

Foto de hoje: Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

NÓS, OS JOVENS... DOS ANOS 70s


Duas de minhas últimas crônicas vieram se encontrar numa encruzilhada triste e sem esperança.

Explico: quando falei dos sessentanos do meu amigo Gilberto, percebo que todos nós, que costumávamos aprontar no Operário, na pracinha do Botafogo e adjacências, estamos chegando aos sessenta. Silveleno e Dalmin já chegaram; Renatinho também; o Serjão daqui a pouco, e eu um pouquinho mais pra frente.

A outra crônica que penso que vem, mas às vezes nem vem, encontrar com esta de hoje é aquela da caçada de Pokémon no Parque Halfeld. Gente, ao andar no meio daquela molecada, que muito me lembrou as algazarras que fazíamos na saída do Grupo Velho, deparei-me com umas três fileiras de mesinhas com tabuleiros de dama, e uma multidão de uns cem aposentados jogando.

De repente, me bateu aquela inadequação: poxa, será que não deveríamos nós todos, pitombenses e fãs, estar ali sentadinhos jogando dama?

Será que os idosos não deveriam ficar daquele jeito, num cantinho da praça, esperando a sua hora chegar? Hora aí, vocês sabem, é a morte!

Mas, peraí! Será que a minha velhice é a mesma velhice daqueles cem jogadores de dama? Ou será que a minha velhice é só minha? Uma continuação da minha infância sonhadora, da minha juventude louca, da minha vida atribulada de adulto?

Outro dia, conversando com o Serjão, sobre as perspectivas futuras, ele me surpreendeu com a seguinte afirmação:
- Cara, tô achando uma pena a gente estar fazendo só sessentanos, porque, quando chegarmos aos setenta, vamos juntar o Pitomba de novo, e fazer uma turnê mundial, igual aos Rolling Stones, pois eles estão todos com mais de setenta e acho que ainda estamos muito jovens pra essa empreitada.

Lembrar disso me deu um alívio, e continuei, praça afora, a buscar o tão desejado Dragonite. Depois, saindo do clichê, dos pensamentos fatalistas, e daquela bobagem de que, na velhice, nada presta, voltei para as mesas de dama. Ao contemplar a felicidade, as brincadeiras e as zoações daqueles velhinhos que ficam ali a tarde toda jogando (talvez essa história de comer dama tenha algum significado inconsciente), percebi que a vida é boa justamente porque, como numa festa, sabemos que há um momento em que ela termina.

Festa sem fim não existe. Vira tortura.

Crônica: Jorge Marin

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

PALCO DOS POETAS


MÁGICA E ETERNA, ESSA FOTOGRAFIA DO IRMÃO PITOMBENSE DALMINHO! 
FAREI USO DELA MAIS UMA VEZ PARA COMPOR E ENRIQUECER ESTA POSTAGEM.

         PALCO DOS POETAS

Canta, ainda canta, lá fora, um realejo,
Nas calçadas mudas, cidades, vilas, lugarejos.
Pulsando a magia, que envolve e fascina,
Resto de luz que ainda ilumina,
O pedaço de chão que um dia foi palco moradia
De seresteiros, cantadores,
Sonhadores do silêncio, dos devaneios, das emoções e dos amores.

Assim, ao som das cordas de um pequeno bandolim,
Errante sou, das chegadas sem fim,
Caminheiro incessante,
Simplesmente companheiro de mim.

Enquanto se abraçar o braço de um violão,
O poeta sonhar, sem desfazer a solidão,
Enquanto alguém sentir ser eterna a madrugada,
E não deixar calada a voz que canta,
Haverá um lugar, um luar uma canção,
Poesia... Um pescador de ilusão.

Haverá... Sempre haverá,
Um lugar, um luar, uma canção,
Um poeta pescador de ilusão.

Poesia: Serjão Missiaggia, maio1998
Foto      : Dalmo Filho

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

BELEZAS DA TERRINHA


REVISITANDO A IGREJA DO ROSÁRIO.

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM SE LEMBRA DE ALGUMA CASO VIVIDO NESSA CASA???

CASA DA SEMANA PASSADA - Luiz Carlos Moura, Maria da Penha Santiago e Rosana Espíndola foram os primeiros a reconhecer a casa dos Tozzatos (Aparecida, Flipe, Carlim).

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério???


QUE LOCAL É ESSE???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Maninho Sanábio, Marcelo Oliveira e Márcio Velasco foram os primeiros a reconhecer o teto da casa vizinha à casa dos patinhos. A certa altura, o Roberto Thomaz também não resistiu e entregou: "Essa eu conheço, é lá de casa".

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

GILBERTO


gilberto era uma daquelas pedras
daqueles grãos de areia
no deserto
era com dificuldade que o encontrávamos
entre tantos
mas sua aspereza
sua recusa em polir-se
é que o destacava de uma forma especial

na parede da vida
ele teimava em ser uma pedra
portuguesa
entre tantas lajotas corretamente assentadas
e justamente sobre aquela pedra torta
um cristo errante viria erigir sua poesia
e sobre aquele bloco incorreto
seriam inseridas as tais linhas tortas
de deus

naquelas linhas
daquela pedra
no meio do caminho dos medíocres
floresceria a poesia
no meio do caminho

bem no meio do caminho

(Homenagem aos sessentanos do meu amigo, compadre, parceiro de poesia e irmão por opção Gilberto Bertolini Fajardo).

Poesia: Jorge Marin
Foto   : Serjão Missiaggia

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

UDSON E A ALFAIATARIA ITABORAHY


Semanas atrás, ao ver na Internet essa relíquia de fotografia do Udson em seu famoso e tradicional ateliê ali no calçadão, pensei na possibilidade de fazer uma postagem sobre ele aqui no Blog.

De imediato, manifestou-se o parceiro Jorge Marin ao saber de minha ideia: “Escreve sobre o Udson sim, porque aquela alfaiataria era um capítulo à parte na história de São João. Charme, elegância, música e política”.

Infelizmente, devido à diferença de idade, não tive o privilégio de conviver com essa grande figura por muito tempo, mas o suficiente para conhecer e poder atribuir-lhe todos os bons predicados: pai exemplar, profissional dedicado, músico em excelência e grande amigo.

Mas, foi em função desse detalhe, e de sua grande amizade com muitos dos frequentadores do local, que procurei de imediato entrar em contato com meu mano. Penso que não haveria pessoa melhor para me ajudar. E desta forma, tão bem me narrou:

“Udson foi uma das pessoas mais inteligentes que conheci, além de ser um
excelente ‘papo’. Não só inteligente, como de ótima cultura, sendo capaz de abordar qualquer assunto.                                                                                                                      

Era um voraz leitor de bons livros de ótimos autores. Após a leitura, discutia o assunto, mostrando capacidade de interpretação e de crítica.

Não tinha qualquer ranço fundamentalista, convivendo bem com qualquer pessoa, independentemente de religião, opinião política, tendência sexual etc. Era um grande e fiel amigo.

Possuía uma capacidade enorme de trabalho. Não largava a agulha nem mesmo quando conversava. Entendia muito de música e foi um ótimo tocador de contrabaixo.

Era considerado também um excelente alfaiate, talvez o melhor da cidade. Gostava de jogar baralho, e seus adversários diziam que tinha uma memória fabulosa, guardando as cartas que já haviam saído e deduzindo as que faltavam sair. Raramente errava.

Dava uma atenção toda especial ao Gentil Barroso, e nosso maior prazer era quando este aparecia na alfaiataria, sempre dizendo 'muito bem', 'muito bem', 'muito bem' e depois contava suas façanhas quixotescas, além de frases ótimas como ‘inglês é alemão feito nas coxas'.      
                                                                                                                                                  Devido ao fato de sua alfaiataria estar sempre cheia de amigos, bons papos, debates e discussões sempre aconteciam e, assim como seu pai e o irmão, também era botafoguense, mas detestava discussões futebolísticas.“

Udson Tamborim (era desta forma que a turma do Pitomba o tratava) nos deixou como herança uma bela família, por sinal, grandes amigos que, com muita dedicação, continuam à frente da tradicional ALFAIATARIA ITABORAHY.

Pra terminar, fico apenas imaginando, e isso ainda merecerá uma postagem à parte, dos muitos causos pitorescos que ali na alfaiataria teriam ocorrido. Ficará aberto o espaço.

Crônica: Serjão e Antônio Dárcio Missiaggia
Foto     : Facebook

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

SE ESSA RUA FOSSE A MINHA


QUEM JÁ CURTIU MOMENTOS LEGAIS NESSA RUA???

Foto: Serjão Missiaggia

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM SABE CASOS DESSA CASA???

CASA DA SEMANA PASSADA - Renée Cruz matou logo a charada: "casa do João Bosco Barcelos no Largo! Morei na outra casa que aparece, até casar".

Foto: Serjão Missiaggia


CASOS CASAS & mistério???


QUEM EXPLICA ESSES TELHADOS???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Maninho Sanábio, como sempre, cravou a resposta correta. Primeiramente, ele disse que a foto havia sido tirada da estrada da torre ou do São José, mas, logo depois, corrigiu e acertou: a foto foi tirada de uma rua atrás do Parque de Exposições, e mostra, como ele disse: "o campo de futebol do Vandinho e do Leo Tour, e mais ao fundo os bairro Santa Rita e Alto dos Pinheiros".

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem:Jorge Marin

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

POKEVÉI


Vocês acham que somos velhinhos saudosos? Daqueles que ficam dizendo: ah, no meu tempo é que era bom?

Pois vou apresentar para vocês um novo conceito de aposentado: o POKEVÉI, copiloto autorizado para a Caça de Pokémons.

A coisa começou assim: levando meu filho ontem ao colégio, fui surpreendido com intensa gritaria de estudantes que, presos dentro da escola (pois já haviam entrado), imploravam aos colegas que ainda não haviam passado pelo portão que, pelo amor de Deus, pegassem os seus celulares e atravessassem a avenida para capturar Pokémons.

Como todo pai faz com uma criança do século XXI, pedi ao meu filho que me ensinasse sobre o assunto: ele me disse que era um jogo de realidade aumentada no qual, ao caminhar pela rua, conseguimos enxergar, através do celular, monstrinhos criados pelos japoneses.

E, mais fantástico ainda, além de visualizar, conseguimos capturar, e colecionar os tais monstrinhos. Como se, nos nossos tempos de criança, encontrássemos os índios Toddy andando pela rua, e pudéssemos atirar neles todos. Explico: no nosso tempo, os índios eram “do mal” e o General Custer e os soldados americanos “do bem”.

Assim que meu filho entrou no colégio, uma mãe, de pé na portaria, comentou comigo:
- O senhor vai ver. Isso vai ser a maior tragédia que já aconteceu. Agora as crianças não vão mais querer estudar. Vão ficar andando por aí, caçando esses bichos, vão ser atropeladas, assaltadas e até, Deus me livre e guarde, “estrupadas” (foi assim que ela falou).

Exceto pelo erro de português, vi naquela fala exatamente o que a minha mãe falaria. Pensando na máxima de que os mais velhos sempre têm razão, pensei:
- Poxa, o mais velho agora sou eu – e sabem o que fiz? Tão logo o meu filho saiu, pedi a ele autorização para caçarmos Pokémon juntos.

Assim, fui nomeado copiloto de Caçada de Pokémons, uma função que qualquer aposentado pode pleitear. A missão do copiloto é: evitar que a criança seja atropelada. Porque, apesar de estar andando pela rua, ela está no mundo virtual. Outra função, também importantíssima, é ficar de olho, e evitar que, de caçadores de monstrinhos, sejamos presa de algum cracudo caçador de celulares.

Assim, deixa a Pokébola rolar e vamos à caça! Ah, e, se houver algum interessado, estou livre para exercer minhas funções de copiloto até a hora da saída. É só ligar que eu deixo o meu currículo.

Crônica e fotomontagem: Jorge Marin    

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

CAUSOS DO PAULINHO JÁ VAI ALI: DISPINGUELANDO...


Então... narrando algumas aventuras pitorescas de nosso lobo solitário das estradas, lembro-me bem quando, ali sentados no murinho do Adil, ele veio me contar da vez em que ia pedalando sossegadamente por uma dessas estradinhas vicinais, quando, de repente, apareceram numa curva dois imensos cachorros da raça fila. “Encasquetados, vieram até babando pro meu lado. Gelei de vez. Fiquei parado que nem estátua! Não passava nem uma ‘agúia’ encerada. Latindo e rosnando, pareciam querer me comer vivo. Doideira é que chegaram do meu lado e só ficaram olhando. Os dois olhando pra um e eu olhando pra dois. Nada se mexia. E assim ficaríamos por quase uma hora até quando apareceu um fazendeiro e os chamou. Passei o maior ‘cangaço’!” - completou ele.

Numa outra vez, vindo de Coronel Pacheco, “descia ‘dispinguelado’ aquele morro do Geo, me distraí ao olhar pra um açude que estava cheio de patinho (adoro esses bichinhos) perdi o controle e, antes de cair no asfalto, cortei a cabeça no guidon. Num sei onde estava com o juízo em ficar apreciando a natureza a quase 100 km por hora!” - concluiu.

“A única viagem que não gostei foi quando resolvi fazer um passeio em Juiz de Fora e caí na asneira de levar comigo três amigos. Próximo a Coronel Pacheco, ao pararmos pra beber água numa bica, um deles escorregou e torceu o tornozelo. Aí já me arrependi. De imediato, pedi que esperassem o ônibus e viessem embora, mas eles não quiseram. Saquei de montão que eles iriam travar ‘bunitin’ a viagem. Mesmo assim, com muito custo, chegamos a Juiz de Fora. Já na volta, comecei a ficar desesperado, pois, além de estarmos andando mais devagar que tartaruga, o papo tava um saco. Parecia que andávamos um quilômetro pra frente e voltávamos dois. Foi aí que, chegando à serra de Bicas, ao encarar aquela enorme descida, pensei: É agora ou nunca. E ‘dispinguelei’ pra ali afora deixando o resto pra trás.”

Ele sempre soube que fui também um aficionado por bicicletas. Sendo assim, pouco tempo atrás, teve a petulância de me convidar pra dar uma chegadinha a Argirita e com direito a voltar por Tarú. Não tive outra reação que não fosse a de dar uma boa risada e perguntar:
- O retorno do féretro será por onde?
E, vendo meu espanto e ainda tentando me convencer continuou:
- Numa boa, Serjão! Parece que é longe, mais é! Se não ficarmos parando muito no caminho, no máximo em quatro horas a gente tá pisando no centro da cidade.
- Ou num hospital! - pensei.

E o danado nem chegou a comentar sobre o tempo que levaríamos na volta (se é que haveria uma). Do calor então, nadinha. E muito menos de cachorros, e ainda na possibilidade de se furar algum pneu etc. Parecia que iríamos e voltaríamos literalmente voando. Se bem que, descendo aquela bela serra de Tarú, talvez fosse esta a sensação que teria. Mesmo assim, fui impiedoso e implacável.
- Fica pra próxima, Paulinho! Hoje tem jogo na TV!

Por sinal, a última vez que me encontrei com o Javali ele estava se preparando para, naquele final de semana, fazer uma de suas relaxantes e solitárias voltinhas pelo circuito Descoberto-Guarani-Rio Novo-Bicas-São João.

Crônica e foto: Serjão Missiaggia

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

BELEZAS DA TERRINHA


PAZ EM SÃO JOÃO!

COMENTÁRIOS SOBRE A AVENIDA CARLOS ALVES: Gabriella Pinton Pavanelli Costa, Maria de Penha Santiago e Mírian Knop foram as primeiras a reconhecer a Avenida Carlos Alves, e o Márcio Velasco se lembrou: "concentração da fanfarra do Augusto Glória. Era divertido e realmente emocionante quando começávamos a nos movimentar na Avenida Carlos Alves".

Foto: Serjão Missiaggia

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM CONTA UM CASO SOBRE ESSA CASA???

CASA DA SEMANA PASSADA - A casa atrás da Matriz foi imediatamente reconhecida por Renée Cruz e Marcelo Oliveira. O primeiro caso foi contado pela Zezé do Couto Ciscotto: "a casa da Miralda e família. Era, realmente, costureira de mão de cheia, como se dizia antigamente. Miralda fazia nossos vestidos de virgem, o meu e de sua sobrinha Regina, para coroarmos a Nossa Senhora. Quando chegava o grande dia, Miralda nos arrumava divinamente, após ficarmos descansando naquela cama de colchão de palha... Meu Deus, como era mágico todo aquele ritual... Todo aquele carinho... Respeito a Nossa Senhora... os ensaios com a Isabelinha... os leilões... será que aconteceram mesmo?"

Colega de coroação, a Regina Célia Ribeiro Sampaio complementou: "que lindas recordações, amiga Zezé... Essa casa onde morou minha vovó Maria Sampaio. Que delícia as recordações de minha tia Miralda. Tia Jacira, meu primo Tadeu... nossa mãe, meu coração chega a pulsar mais forte de tantas boas recordações! Beijos, amiga Zezé. Com carinho, Regina".

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério ???


QUEM EXPLICA ESSA PAISAGEM???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Marcelo Oliveira e Maninho Sanábio... erraram! Finalmente, a dupla dinâmica deu uma chance para que outros leitores acertassem a casa onde funciona a clínica Cedicor do Dr. Renato na Rua do Cinema. Os três primeiros acertadores foram: Jorge Vítor Honório, Rita de Cássia e Ana Emília Silva Vilela.

Foto: Renato Espíndola

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL