sexta-feira, 29 de julho de 2016

A FOLHINHA ERA O NOSSO WHATSAPP


Passando em frente à Livraria Vozes, saudade imensa veio até mim, e eu, sem saber por quê, exceto que era da minha mãe.

Um livro? Alguma frase solta me capturara? Ou a visão de alguma paisagem mediterrânea que a dona Olga tanto amava? Nada disso! O que buscou minha mãe, do céu de onde tanto se esforçou para pertencer, foi a visão singela de um calendário do Coração de Jesus – 2017.

Nos meus tempos de menino, o Calendário do Sagrado Coração de Jesus era o nosso whatsapp. Impossível viver sem ele. A “folhinha”, como chamávamos, trazia todos os assuntos, mas todos mesmo, desde o comentário do evangelho de domingo até dicas de saúde e piadas.

A coisa funcionava assim: ao retirar a folha do dia anterior, tínhamos uma visão da cor do paramento que o padre deveria usar na missa do dia, e que tipo de missa era. Em seguida, vinham as leituras bíblicas sugeridas: o evangelista, um apóstolo e algum texto do Antigo Testamento.

 Outra coisa curiosa eram os santos do dia. Por exemplo, no dia em que eu nasci, uma sexta-feira, dia 5 de outubro, minha mãe correu à folhinha para ver os santos do dia: eram Santa Flávia, São Meinolfo e São Benedito, o Negro. Olhando para a própria pele, e da italianada toda da família, ela fechou a folhinha e lascou: Jorge Fernando. Talvez porque sonhasse que eu pudesse ser um dia diretor de teatro ou de televisão, embora a TV Globo só viesse a ser criada 8 anos depois.

Coisa também muito importante era saber, antes mesmo de tomar o café, se o dia era de penitência. Sexta-feira era.

Finalmente, a lua era minguante.

Afinal, poderão dizer, qual era a utilidade do Calendário do Sagrado Coração de Jesus? Eu já ia falar “a mesma do Google”, mas, para isto, tínhamos a Grande Enciclopédia Barsa.

E, francamente, a utilidade eu não sei. Hoje, por exemplo, serviu pra eu lembrar da minha mãe. Ainda bem que ela passou batida por aquele nome... Meinolfo.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : disponível em http://www.franciscanos.org.br/wp-content/gallery/folinha-sagrado/1957.jpg

quarta-feira, 27 de julho de 2016

PAULINHO JÁ VAI ALI


Hoje, enquanto descia a Rua Duque de Caxias (no nosso tempo se falava rua da padaria do Debrando), fui surpreendido por alguém que, após estacionar uma bicicleta bem próxima de mim, deu-me uma rápida cutucada nas costas. Olhando pra trás um tanto assustado, qual teria sido minha agradável surpresa?

Simplesmente, havia acabado de encontrar com uma grande figura. Interessante ressaltar que, mesmo morando na mesma cidade, confesso não me lembrar de quando teríamos nos encontrado pela última vez. Assim, calorosamente, nos cumprimentamos e, após trocarmos breves palavras, continuamos nosso destino. Talvez pelo fato de, naquele momento, eu me encontrar acompanhado, e de ter sentido que, por parte dele, havia também certa pressa, tudo veio a acontecer de uma maneira muito superficial.

Fazíamos parte daquela turminha das boas conversas. Aquela mesma que, entre umas e outras coisas, saía do cinema e aproveitava pra terminar a noitinha batendo aquele papo gostoso na porta da sinuca do Cida ou no degrau do antigo prédio do Banco Nacional. Muitas vezes, sentados naquele banquinho de madeira dentro da referida sinuca, permanecíamos papeando, lendo jornal (geralmente notícias de esporte) ou simplesmente observando algum “cobra” jogar. Futebol, garotas ou mesmo uma fofoquinha básica quase sempre rolavam nos bastidores, enquanto, de “oreia” em pé ao som do velho rádio do saudoso Sr. Cida, ficávamos escutando a transmissão de algum jogo. Por sinal, o “home” era tricolor roxo.

Mas, voltando ao nosso amigo, o considero um expert, quando o assunto é bicicleta. Acho mesmo que tenha até aprendido primeiro a se equilibrar numa dessas do que propriamente andar. Por sinal, ainda hoje, com seus quase “entas” anos, continua sereno, tranquilo e dando suas voltinhas (se é que podemos falar que percorrer 70 km/dia é voltinha!). Segundo suas próprias palavras, tem como recorde 90 km. No mais, uma saúde invejável e vitalidade de adolescente.

Assim, quando o encontro pela rua, de bicicleta é claro (pouquíssimas vezes o vejo andando a pé), procuro, em tom de brincadeira, sempre perguntar:
- Tá indo ou vindo de onde, Paulinho? – o qual me responde rapidamente, esboçando sempre satisfação com minha pergunta:
- Dei uma chegadinha ali na cidade de Astolfo Dutra! Na volta, ainda passei pela serra de num sei onde, entrei na estrada assim assado, contornei o trevo do tal lugar, peguei uma estradinha da direita e “casquetei” pra ali afora. Estou acabando de chegar! - completa ele.

E, dessa forma, vai contando cada detalhe de suas aventuras, ou seja, tranquilo e nunca ofegante, parecendo estar sempre acabando de se levantar da cama. Acho fantástico, original e fora de qualquer padrão que regeria as normas vigentes, seu exótico estilo no pedalar. Alguém de vocês já viu um ser humano andar de bicicleta daquela forma?  Autenticidade pura!

Pra começo de conversa, a posição do selim fica quase a um palmo acima do guidão. O assento fica tão alto que, enquanto seu traseiro segue nos mostrando a direção do céu, suas pernas, esticadérrimas, vão à medida do possível tentando alcançar os pedais. Na verdade, pela inclinação de sua cabeça, principalmente em relação ao traseiro, temos a nítida sensação de que a bicicleta está sempre morro abaixo, mesmo que ainda numa reta. E, dessa forma, quilômetros vão, quilômetros vêm.

Como todos já deverão estar desconfiados, esse meu amigo não poderia ser outra pessoa que não fosse nosso conhecidíssimo Paulinho Javali. Por sinal, figura esta de uma simplicidade ímpar, excelente pessoa e muito divertida. Ouso até a dizer que o considero uma espécie em extinção, e que sua idade caminha diretamente proporcional aos quilômetros pedalados, ou seja, quanto mais “véi” mais longe ele vai.

Mas, foi em função de tudo isso que, carinhosamente, passei a tratá-lo de Paulinho Já Vai Ali, lá, acolá... Sei apenas que não para de ir. E cada vez mais longe!

Seus causos de viagens são muitos. Todos eles leves e engraçados, sendo que alguns já tive até oportunidade de escutar. Contarei noutra postagem.

Crônica e foto: Serjão Missiaggia

segunda-feira, 25 de julho de 2016

SE ESSA RUA FOSSE A MINHA



QUEM LEMBRA DE ALGUMA HISTÓRIA VIVIDA AQUI???

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM JÁ VIVEU EMOÇÕES NESSA CASA???

CASA DA SEMANA PASSADA - Os três primeiros que reconheceram a casa na esquina em frente ao antigo Ginásio do Sôbi, onde morou o José Lúcio Bul-la, foram: Marcelo Oliveira, Leandro Augusto Bul-la e Antônio José Capanga (que afirmou que o atual morador da casa é o sr. Antônio José Pereira de Mendonça).

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério ???



ONDE FICA ESSA CASA???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Os três primeiros a reconhecer a fachada da antiga Escola Dr. Augusto Glória foram: Maninho Sanábio, Rita de Cássia Campos e Marcelo Oliveira.

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

ÀS (200) MIL MARAVILHAS


No dia 30 de junho de 2009, ainda ressabiados por estar levando o Grupo Pitomba para a Internet, publicamos o seguinte agradecimento pelo sucesso do BLOG:
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Superamos a marca de mil visitas no blog e temos que agradecer a vocês, que passam por aqui, que constroem o blog conosco e sabem que, se é verdade que o sonho acabou, a net está no ar! E vamos precisamente navegar...
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Hoje, algum tempo e alguns cabelos brancos depois, atingimos a marca de 200.000 VISUALIZAÇÕES DE PÁGINA!

É como se, desde o início do Blog, a população INTEIRA de São João Nepomuceno tivesse passado por aqui, pelo menos umas sete vezes e meia. O resultado é surpreendente, mesmo para nós, porque somos um site sem nenhum patrocínio, sem nenhum atrativo externo, cujo único objetivo é CONECTAR SANJOANENSES.

Obrigado a todos que nos ajudam a continuar construindo o BLOG!
                                            Jorge Marin & Serjão Missiaggia.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

O MUNDO É UMA DROGA... ALUCINÓGENA


A vida é uma droga.

Alucinógena, completou a menina sentada no outro lado da mesa, sem tirar os olhos da tela de cristal líquido do seu iPhone.

No meu tempo, quando eu era bem pequeno, me falaram do Papai Noel. Eu via aqueles presente todos, sabe? – e olhou, pela primeira vez, para a garota com roupa de couro. Preta (a roupa). Ela tinha cabelos curtos, espetados, mas não muito.

Contra aquela beleza de coisas que eu desejava, não havia argumentos – continuou o homem, com o uísque ainda intocado. Era de noite, mas o bar ainda estava bem vazio. Devia estar tocando uma música, ou era o barulho do freezer, pois era bem suave.

A mim, me disseram que haveria uma pessoa que eu poderia encontrar. E amar. Pelo resto da vida! – disse a menina. Era uma saia bem curta, notou o homem.

Já me falaram sobre isso também – respondeu o senhor, roupas mais joviais do que sua real idade – chamam de “amor”. Eu mesmo já caí nessa várias vezes. Três de forma oficial – completou.

Oficial? Como assim? – indagou a moça.

Ah, desculpe – disse o homem, se aproximando – esqueci de dizer que, no meu tempo, quando a pessoa achava o tal par ideal, tinha que ir no cartório registrar e, principalmente, na Igreja, consagrar a união que, pelos ritos, seria para sempre.

Você não parece um cara que vai à igreja. A moça acabou deixando escapulir essa observação, não como uma crítica, mas até com uma dose de admiração. Chegou quase a se arrepender, porém ele já havia começado a beber.

Por uma bela mulher, vou até ao inferno.

Velho falando bravatas – pensou ela. Eu gosto!

A música ficou mais alta e não foi possível acompanhar os diálogos. Quando saíram juntos, o velho dizia assim: olha, não vou te enganar, sou apenas um professor. E ela sorrindo: tem problema não, véi (gíria, não conceituação). Sou lésbica.

E foram... nem era tão tarde assim.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : frame do filme Esse Obscuro Objeto de Desejo 

quarta-feira, 20 de julho de 2016

EXALTAÇÃO A SÃO JOÃO NEPOMUCENO


Relendo esta poesia postada tempos atrás aqui mesmo no Blog, e endossando cada palavra deste meu sentimento pela terrinha, espero apenas poder um dia voltar novamente a contemplá-la por ser, como era, tão CALMA E SERENA.

“Exaltação A São João Nepomuceno”

Entre montanhas, num pedacinho de Minas Gerais,  
Pulsa o coração de um lindo povo, num lugar de natureza sem igual.          
Vibrante, acolhedor, de infinitos ideais na construção de um mundo novo,
Cidade tão feliz, calma, serena.... Jamais adormecida,
Na busca do amanhã, seu calor aquece nossa alma,
Sua paz conquista a nossa vida.

Tão belas suas manhãs, ainda mais belo o seu luar,
Seus rios cachoeiras, suas águas são nosso mar,
Garbosa tão querida, por Deus foi abençoada,
É mãe, é berço, é morada.... É amada.

Belas praças, arvoredos, jardins em flores... Construções,
Igrejas, capelas, sinos na colina, a fé que nos ensina a união que nos conduz.
Palco dos sorrisos, atores eternos... Carnavais,
De gente alegre verdadeira que luta,
Na busca incessante pelo pão de cada dia, que sua terra produz.

É o horizonte dos poetas,
O solo fértil em que se faz brotar,
Canções de tantos cantores,
Emoções de tantos amores,
Saudade de quem ao longe está.

São João Nepomuceno...
Tu és passado, presente, futuro,
És o mais puro sentimento de orgulho,
De teus filhos que em teus braços nasceram,
E os que a ti escolheram,
Fazendo de ti um abrigo.
  
Poesia: Serjão Missiaggia (1988)
Foto    : Matheus Missiaggia

segunda-feira, 18 de julho de 2016

BELEZAS DA TERRINHA


MATRIZ VERDE

COMENTÁRIOS SOBRE A RUA DOS ESTUDANTES - os primeiros a reconhecer a Rua Gabriel Arcanjo de Mendonça foram a Rita de Cássia Campos, a Ana Emília Silva Vilela e o Márcio Velasco que assim descreveu: "Meu caminho para o 'Ginásio do Sô Bi', quando ia à aula, Rua dos Estudantes, atual Prof. Gabriel Arcanjo de Mendonça, o nosso saudoso 'teacher Biel'. Direto, depois da esquina, fica a Cândido Noronha, 'Rua da Socicar'. À direita, fica a Rua Ibrahim Camilo Ayupe, a 'Rua do Sô Abrão pai do Dr. Nagib', era assim que a gente falava quando criança. E à esquerda fica a Comendador José Soares (na verdade, como explicou a Ana Emília, é a Capitão Ferreira Campos), a 'Rua do Descoberto', que pra nós do Pitomba é a 'Rua onde a Neli morava'. Así es nomás."

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM CONHECE ALGUM CASO SOBRE ESSA CASA ???

CASA DA SEMANA PASSADA - Renée Cruz, Luiz Carlos Moura e Maria da Penha Santiago foram os primeiros a reconhecer a casa na Praça da Matriz.

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério ???



ONDE FICA ESSE LUGAR???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - a paisagem do Bairro Santa Rita foi reconhecida (e explicada) pelo Maninho Sanábio.

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

sexta-feira, 15 de julho de 2016

VIOLÊNCIA EM SÃO JOÃO... E EM TODOS OS LUGARES


Escrevo essa crônica ainda mexido pelas imagens contundentes do caminhão atropelando e abatendo pessoas a tiros em Nice, na França.

Mas, não iríamos falar da violência em São João? E eu pergunto: há diferença entre aquele sangue derramado nas areias europeias e aquele que ainda está marcado ali na Praça Dr. Carlos Alves?

Há diferença entre a violência dos terroristas islâmicos e dos traficantes? Entre a violência dos policiais contra negros dos Estados Unidos e a violência de ativistas contra os policiais?

Há alguma diferença entre essas violências externas e a nossa violência interna? Quando digo “interna”, não digo interna da cidade, mas a interna de dentro de cada um de nós.

Parece que, quando se fala em violência, só existe a violência externa, do Islâmico, do traficante que, apressamo-nos em dizer, “do morro”, como se a violência fosse uma coisa “deles lá”. Até nos discursos, proferidos (e bem proferidos) na Assembleia Legislativa, falou-se daquela violência que, de uns tempos pra cá, VEIO para São João.

As soluções oferecidas, e tomara que sejam adotadas logo, envolve aumento da estrutura policial, políticas públicas de prevenção e instalação de câmeras. Ou seja, vamos nos armar mais contra a violência já armada.

Não sou ingênuo de supor que combateríamos a violência existente com palestras e paz&amor, mas a questão que pretendo mostrar aqui é que violência é algo que está dentro de cada um de nós e que, se não controlada, pode virar um hábito. Um péssimo hábito.

Eu vejo isto numa coisa simples, que são os nossos (talvez inocentes) debates no Facebook, onde a divergência de opinião gera ataques pessoais violentos que termina com o rompimento da amizade virtual e até real entre pessoas. Num ambiente mais civilizado, pessoas debatem pontos de vista diferentes e, depois, saem juntas pra tomar um chopp ou jogar conversa fora.

Mas, por aqui, não é isso que acontece. Aqui, se você reclama de um carro que está com o som alto na sua porta, logo o motorista (que está errado) parte pra cima para tirar satisfações. Quando seu filho adolescente faz a coisa mais previsível que um adolescente faz, que é contradizer os pais, logo vem alguém e diz que, no meu tempo, o meu pai me “comia na porrada, e foi bom pra mim”.

Como se vê, há um longo caminho para diminuirmos a violência, mas, certamente, essa caminhada começa daqui pra lá, e não de lá pra cá.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : Eric Gaillard, Agência Reuters, disponível na Internet

quarta-feira, 13 de julho de 2016

GRAND PRIX DA GARBOSA


Foi visitando, no último final de semana, a bem e organizada festa II ENCONTRO SOLIDÁRIO DE FUSCA ali na Praça da Rodoviária e vendo aquela quantidade expressiva de belos exemplares estrategicamente estacionados na calçada, que me veio à lembrança um evento automobilístico que acontecia aqui em São João. 

Acredite quem quiser, mas já tivemos na terrinha um organizado GRAND PRIX. Isso mesmo, um GRAND PRIX automobilístico, onde quarteirões eram interditados para que nossas vias se transformassem, temporariamente, num autêntico e divertido circuito.   
                   
Por sinal, um evento muito bem estruturado e seguro que chegou a acontecer no final da década de sessenta, e que hoje pouquíssimas pessoas se recordam. Eram as famosas GINCANAS AUTOMOBILÍSTICAS PELAS RUAS DA CIDADE. Verdadeiro grand prix tupiniquim dando inveja a muito GP de Mônaco.

Uma GINCANA superlegal, que acontecia numa determinada data do ano e que envolvia principalmente a juventude. Bem verdade que foram três ou quatro edições, mas o suficiente pra deixar muitas recordações.

O início e a chegada da prova eram na então avenida Zeca Henriques, local este que ficava superlotado não somente de espectadores e curiosos, como também de carros e participantes.

Havia muitos pedágios espalhados pelo circuito em diversos pontos da cidade e, em cada um deles, uma tarefa havia de ser cumprido pelo co-piloto. Algo assim como conseguir enfiar uma linha na agulha ou comer uma maçã no menor tempo possível etc. As duplas eram sempre formadas por um casal, e nessas horas um deles teria que sair do carro pra cumprir as tarefas. Era uma festa muito animada e a corrida durava quase o dia todo. Antes de chegarem pra bandeirada final na Zeca Henriques, ainda teriam que passar como último percurso e gran finale pela galeria da Casa Leite. O melhor tempo ganhava a prova.

Muitos participantes faziam de seus carros verdadeiros Fórmula-1, sendo que a KOMBI DO MACHADINHO,  com a irreverência e alegria peculiar de seu piloto, era  presença marcante. Além de dar aquele tom diferenciado à festa, eram sempre fortes candidatos ao pódio. Na oportunidade, fica aí nossa homenagem ao grande Machadinho!

A Rua Zeca Henriques, que na época ainda se chamava Avenida Zeca Henriques, enquanto recebia um grande público para o grid de largada, via suas casas se transformarem em verdadeiros paddocks.  O mais interessante era o fato de nunca ter havido qualquer tipo de acidente, além é claro, de ninguém ter caído no córrego Stidum, que na época era descoberto, pois ainda não existia a pracinha do Chafariz.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : Facebook

segunda-feira, 11 de julho de 2016

SE ESSA RUA FOSSE A MINHA


QUEM SE LEMBRA DE ALGUMA EMOÇÃO VIVIDA NESSA RUA???

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM CONHECE CASOS SOBRE ESSA CASA???

CASA DA SEMANA PASSADA - As primeiras a reconhecer a casa na avenida, da família Maria do Carmo, Dona Josefa e Rogério, foram: Cida Mendonça, Lelia Oliveira, e Maria da Penha Santiago.

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistério ???


QUEM EXPLICA ESSA PAISAGEM ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Os três primeiros acertadores do busto do Coronel José Bráz, com o prédio da Energisa ao fundo, foram: Maninho Sanábio, Marcelo Oliveira e Rita Knop.

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

sexta-feira, 8 de julho de 2016

A BICHA


De início, quero pedir desculpas por não saber ao certo como designar o objeto da minha crônica, se “o” bicha ou “a” bicha. Acho até que não deveria usar o termo “bicha”, antes que um bando de politicamente corretos comece a me apedrejar. Mas, invoco o Estatuto do Idoso, para garantir minha licença literária.

A coisa aconteceu assim: eu tinha ido com minha mãe numa daquelas lojas de São João onde de tudo se vendia, para comprar um cinzeiro. Como eu havia quebrado o cinzeiro preferido do meu pai, caberia a mim, na sabedoria dos meus seis anos, escolher um novo cinzeiro bem bonito.

Não sei bem por quê (e, por favor, não vejam nisto nenhuma correlação com os detalhes da história), escolhi um cinzeiro com o escudo do Fluminense. Minha mãe relutou um pouco, pois meu pai era vascaíno. Até que uma voz grossa se fez ouvir:
- Esse é lindíssimo, minha senhora – e, exalando um perfume suave, veio até nós um dos caixeiros da loja (era assim que os chamávamos) – mas minha mãe me abraçou, o que era raro, e disse que o Menezes já estava nos despachando (era como nos referíamos, na época, a atender).

Um dos caixeiros mais antigos do local, o Menezes, na verdade, estava meio que cochilando encostado ao balcão e acho que foi uma das poucas vezes que vi minha mãe mentir. Os caixeiros, normalmente, se vestiam da mesma forma: camisas de brim grosso, calças puídas e sapatos mal engraxados. Mas aquele moço de voz grossa, o Antônio, era diferente: usava camisa Volta ao Mundo impecavelmente branca e calças bem apertadas ao corpo.

Nas outras visitas à loja, percebi que minha mãe evitava comprar com o tal moço, cujo cheiro continuava bem diferente do desodorante Mum, ou do Leite de Rosas, que eu conhecia bem. Eram tempos bem obscuros, mas, depois de muita insistência, foram me dizendo que ele era “mulherzinha”, até que, já no Ginásio do Sôbi, um colega me explicou que o Antônio era bicha, ou seja, transava com outros homens. Eu nem sei se o verbo que ele usou foi “transar”.

Aquilo me causou uma confusão imensa. Havia aprendido, alguns anos antes, com o padre Oswaldo, que fazer sexo com a gente mesmo era pecado, com mulher sem casar era pecado mortal. Agora, com homem, acho que dava inferno direto. E de cabeça pra baixo!

O tempo passou. O moço, que todo conheciam por Tony, saiu da loja, participou de várias atividades artísticas, culturais e, quando deixavam, religiosas. Digo isso porque era sabido, na época, que o demônio costumava se manifestar nos efeminados, nos espíritas e até numa mulher que morava ali perto do pontilhão e benzia de vento virado e quebranto.

Na última vez que fui a São João vi o Antônio na rua, feliz, aposentado, cheio de amigos ao redor, numa mesa do Bar Central. Não parecia muito diferente de mim, ou do Padre Oswaldo, ou de qualquer outra pessoa normal, seja lá o que for isto.

Crônica: Jorge Marin

quarta-feira, 6 de julho de 2016

A PREDA DA TIPOGRAFIA


Na semana anterior, ao publicarmos o texto sobre o QUEIMA DA CASA LEITE, um amigo conterrâneo nos enviou mensagem sugerindo postagem sobre a PEDRA DA TIPOGRAFIA. Sendo assim, mesmo já tendo sido postada a referida matéria aqui no blog, foi pensando nele e nos inúmeros novos amigos, que resolvemos postá-la novamente.                                                   
                                                
Nesta altura do campeonato, muitos já deverão estar admirados com o descuido gramatical que vem acompanhando o título desta croniqueta, mas, antes de jogarem “preda”, deixem-me explicar.

Propositalmente, fiz essa brincadeira em circunstância de um clique de memória que tive no exato momento em que fui tentar fotografar aquela plaquinha da Voz de São João e não mais tê-la encontrado.  Sinceramente, tinha a impressão de que ainda permanecia numa parede ao lado de onde sempre existiu, ou seja, que continuava afixada no antigo prédio da Papelaria Moderna.  Um verdadeiro patrimônio cultural, a indicar o lugar conhecido por todos nós, como A PEDRA DA TIPOGRAFIA (Mural da Voz de São João). Por sinal, patrimônio cultural este que, por muitas décadas, veio a fazer parte do cotidiano sanjoanense e da vida de várias gerações.  

Mas o que teria tudo isso a ver com a PREDA? Presto aí uma singela homenagem a um grande amigo de infância e adolescência, que se chamava Roberto Paula, carinhosamente conhecido por todos nós por Beto Preto. Enquanto criança, era desta forma que ele se referia ao local, sendo que teria sido justamente uma dessas referências que ficaria gravada para sempre em minha memória.

Foi quando, num belo dia em que estávamos brincando de descer o morro da Matriz de carrinho de rolimã, ele, todo entusiasmado, chegou dizendo que havia visto um papel na PREDA DA TIPOGRAFIA e que o tal papel dizia que iria chegar um circo na cidade. Se realmente chegou o tal circo, confesso não me lembrar, mas sua frase, com certeza, se eternizou em meu inconsciente.

Mas, voltando à PREDA, digo à PEDRA DA TIPOGRAFIA, ideia genial criada pela família Rocha ainda no início do século, acredito que não haverá uma santa pessoa na cidade que não se recorda de alguma nota marcante ou mesmo convites sociais como esse do panfleto acima, que ali um dia teria sido afixado. Muitos anúncios bons, outros até ruins, como aqueles que vinham escritos nos famosos panfletos de falecimento. No meu caso, ficou marcado uma bela homenagem a John Lennon, deixada pelo nosso saudoso amigo Paulinho Cri-Cri.

Mas todos eles de imensurável utilidade pública, principalmente numa época em que a tecnologia das comunicações, se comparada aos dias atuais, ainda engatinhava, deixando as notícias bem mais distantes.


Interessante que, mesmo ainda hoje, ao passar pelo calçadão, muitos de nós, talvez de forma inconsciente, não deixamos de dar uma olhadinha básica para aquele local. Somente depois constatamos que, infelizmente, não mais existe uma PEDRA no caminho, e que, no caminho, não mais existe uma PEDRA.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : acervo do autor

segunda-feira, 4 de julho de 2016

BELEZAS DA TERRINHA


PAISAGEM BOTAFOGUENSE.

COMENTÁRIOS DA RUA DOMINGOS HENRIQUES DE GUSMÃO: o primeiro (e ótimo) foi do Márcio Velasco: "Quantas vcs querem? Da minha infância; Caminho pra casa da vó Albina na Rua do Buraco, o tio Henrique morou onde hoje é a Coletoria Estadual,. Idade adulta? Cebolinha, Joia e Botequim do Bastião. Depois congregando na Comunidade Cristã Evangélica que se reunia no salão ao lado do Posto de Puericultura, trabalhei na farmacinha do SUS quando era dentro do pátio da Prefeitura, consultas com o dr. Mário nos dois endereços do seu consultório, fisioterapia com o "Ratinho", compras no Panelão. Nosso amigo Dolfo morava nessa rua, o Tiro de Guerra tinha sede aí. Termino lembrando que os desfiles de 16 de maio e 7 de setembro terminavam aí, perto da Padaría do Popó. Rua Domingos Henriques de Gusmão."


Depois, também acertaram Luiz Carlos Moura e Maria da Penha Santiago, ficando com a Maria Graças F. Ribeiro o fechamento com ótimas lembranças: "Assino embaixo do comentário da Maria da Penha. Inclusive a gente falava rua do Dr. Nagib. Pessoa boa demais. Mais abaixo a pracinha da E. E. Coronel José Brás. Aquele trecho meus irmãos e sua turma denominavam rua das pernas. Eles ficavam passando em frente para ver as pernas das meninas assentadas nos bancos. rs* Bando de pré-adolescentes! Lembrança forte também é do dentista Adil. Outra pessoa maravilhosa. Meu primeiro dentista. Tinha a maior paciência. Para espantar meu medo, cobria a seringa do anestésico com um guardanapo branco. Só ficava de fora a pontinha da agulha. E os brinquedos que tinha no consultório! Eu me lembro de um bichinho que tocava bateria. Eu achava o máximo. São muitas as lembranças e a saudade”.

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM CONHECE ALGUM CASO DESSA CASA???

CASA DA SEMANA PASSADA - os primeiros que reconheceram a casa da dona Guadalupe na Rua Cândido Noronha foram: Márcio José Souza Lima (que ia lá comprar leite), Rita de Cássia Campos e Angélica Girardi. Mas foram os habitantes da casa, da família Gruppi, que contaram os casos: Ana, Oneida e Paulo Roberto, que assim resumiu: "uma casa, onze ninhos... dezenas de acontecimentos... centenas de realizações... milhares de frutos... infinidades de felicidades... quem viveu sabe, quem não viveu ouviu falar. E eu só tenho a agradecer".

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério ???


QUEM EXPLICA ESSA PAISAGEM ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Reconheceram a entrada do antigo Ginásio do Sôbi: Márcio Velasco, Marcelo Oliveira e o Maninho Sanábio, que ainda acrescentou: "e hoje funciona o lava-jato do Cheira e do Marcelo Batata".

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

sexta-feira, 1 de julho de 2016

VIDEOGAMES DA MINHA VIDA


Em 1972, no alto dos meus 14 anos de idade, finalmente estava conseguindo, para orgulho do meu pai, a glória de entrar no mercado de trabalho. E, do alto de uma escada de uns três metros de altura, meu primeiro emprego, limpava de forma desesperada, as gloriosas vidraças do Banco Comércio Indústria de Minas Gerais S.A. na esquina da Rua do Sarmento com a Rua do Grupo Velho.

Do alto daquele lugar incômodo, contemplava também a mesa do gerente, sr. Mauro Nogueira e, diziam, trabalhe com dedicação pois um dia você vai chegar ali!

À noite, outra grande vitória na minha vida: frequentava, o Curso Técnico de Contabilidade no Ginásio do Sôbi. Tanta dedicação naquela idade tão jovem mereceria um prêmio: depois do recreio, fomos autorizados, num dia qualquer de maio, a sair mais cedo para conhecer o estande do Ginásio na 1ª Exposição Agropecuária e Industrial de São João Nepomuceno, que seria inaugurada oficialmente no dia 12.

Naquele recinto mágico, depois de uma rápida passada pelo tal estande, ficamos encantados com aquilo que parecia ser a oitava maravilha do mundo: as máquinas de fliperama. O que seria aquilo, meu Deus? Logo, logo, entraríamos em contato com as “revoluções” tecnológicas: o pinball e até uma máquina de arcade que simulava uma corrida de carros. Muito tosca ainda, e com uma telinha pequena, esta se tornou a minha favorita. Com os rostos acima de nossos ombros, alguns adultos comentavam: “é, não têm mais o que inventar!”.

Em 1979, passei no famigerado concurso para o Banco do Brasil e todos me diziam que agora, sim, minha vida estava feita. Chegando lá no meu primeiro destino, me disseram: agora você é B1, e sua meta é chegar a S8. Ou seja, a mesa do sô Mauro já não era mais o top. Agora, o negócio era chegar naquela letra que, pelos meus cálculos mais otimistas, e se eu passasse em todos os concursos internos, eu chegaria no século XXI. Por coincidência, com o novo salário, comprei uma maravilha tecnológica: o Telejogo Philco, que podia ser acoplada à TV e transformá-la num videogame, na verdade um mísero pixel sendo rebatido por dois pauzinhos. Não têm mais o que inventar – dizia.

E assim seguia a vida: em 1984, Filipe, meu primeiro filho, já jogava o novíssimo Atari, eu era M2 e os jogos da moda eram o Enduro, o Pitfall e o Atlantis.

Em 1990, já na plataforma NES, meu filho nº 2, Tássio (hoje criador de games), deslumbrava-se com A Lenda de Zelda, um novíssimo jogo de rpg que, pasmem, podia ter tantos finais quantas fossem nossas opções. Agora, sim, eu era S1, e, realmente, não tinham mais o que inventar.

Hoje, 44 anos após aquele inesquecível encontro com os games na 1ª Expô de São João, meu filho nº 3, Artur (youtuber e comentarista de games) me pede para escrever sobre este assunto. “Para saber como era no passado”, segundo ele, enquanto entra correndo para sua sala do sexto ano.    

Vou caminhando pra casa e pensando: meu último deslumbre com games foi o PES, Pro Evolution Soccer em 2007 (chamava ainda Winning Eleven), mesmo ano em que deixei de ser S8, pois me aposentei.

Ao invés de aprender com minha carreira profissional, aprendi muito com os games, estes sim verdadeiros mestres desde o inglês até a filosofia: a vida é cheia de fases, umas mais fáceis outras mais difíceis. Para cada chefão que você derrota, haverá outro, mais poderoso e mais chato de derrotar. No final, o inevitável game over, mas, em todas essas fases, a possibilidade daquela alegria juvenil da noite abençoada de 11 de maio de 1972 na minha São João: FIGHT!

Crônica: Jorge Marin

BRIGADU, GENTE!

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