quinta-feira, 24 de setembro de 2009

OS FILMES QUE EU VI NO CINE BRASIL


BEN HUR

Este espaço, que também pretendemos manter fixo no blog, é destinado a registrar impressões sobre filmes, que assistimos no passado (e também no presente), e que nos causaram algum tipo de emoção. O que buscamos é a participação de todos da comunidade pytombense, sejam membros, seguidores ou comentaristas.
Começo esta primeira resenha numa fila: o ano era 1961 e eu, do alto dos meus quatro anos de idade, já podia ir ao cinema. Minha babá, Maria, como todas as moças de São João faziam, foi primeiro ver o cartaz do Cine Brasil e, como estava passando um bang bang, resolveu descer a rua e ir até o Cine Rádio. Lá, para encanto dela, e minha surpresa com toda aquela movimentação, estava passando o grande filme da época, Ben Hur. A impressão que o cinema, em si, me causou, foi indescritível, a começar com aquelas moças vendendo balas e pirulitos numa espécie de bandeja e, depois, lá dentro, aquela cortina vermelha enorme chegou a me assustar. Depois de alguns minutos, a cortina se abriu e as luzes foram se apagando. Segurei na mão da Maria. A telona branca se iluminou e tomei mais um susto com o som que preencheu o local: era um jornal, acho que Atualidades Atlântida.
Depois, passou o trailer de um filme, que não me lembro qual era, mas sei que tinha diligências, índios e muitos tiros (novo susto!). Finalmente, a imagem ficou mais larga e, enquanto aparecia uma figura dourada, uma música começou a tocar, com a imagem ainda parada. Perguntei à Maria o que era, e ela me disse que estava escrito “Overture”, mas que ela não sabia o que era. Curioso é que eu veria este tipo de coisa apenas neste filme, e eu ficava achando que a orquestra estava lá mesmo, atrás da tela. Outra coisa que só Ben Hur tem é um intervalo (Entre Acte) que, segundo a Maria, era pra gente ir fazer xixi.
Hoje, passados quase cinquenta anos, Ben Hur mantém aquele mesmo encantamento, a mesma grandiosidade e o mesmo glamour.
Dirigido por William Wyler em 1959, é um dos filmes mais grandiosos da história do cinema. Recebeu 12 indicações ao Oscar, perdendo apenas o de roteiro, recorde igualado apenas recentemente por Titanic.
O filme, que recebeu o subtítulo de Um Conto do Cristo, é baseada numa versão anterior, de 1926, e de um romance de Lew Wallace. De fato, o Cristo aparece em algumas passagens do filme, e exerce influência no personagem principal, Judah Ben-Hur, vivido por Charlton Heston. Este é um aristocrata judeu, vivendo sob domínio do Império Romano. Ele reencontra seu melhor amigo de infância, Messala (vivido por Stephen Boyd), agora um legionário romano e governador nomeado por César para dirigir os judeus.
Neste reencontro entre os dois, há uma curiosidade, que logicamente eu não tinha condições de ver na época, mas é a seguinte: entre as mais de quarenta versões do roteiro, uma, escrita por Gore Vidal, indicava uma motivação homossexual entre a relação vivida pelos dois personagens. Gore, que não era bobo, sabia que, se simplesmente insinuasse esta situação para Charlton Heston, este seria capaz de detoná-lo com o cajado de Moisés. No entanto, Stephen Boyd recebeu a orientação de viver um amante apaixonado que volta para seu namorado, e a cena é muito interessante, pois Ben Hur parece não notar a paixão de Messala que só falta se atirar nos braços dele, e chegam até a arremessar suas lanças num mesmo alvo.
Mas a relação não decola, de forma alguma, pois Bem-Hur se nega a delatar os membros de uma resistência judaica, e Messala forja uma acusação de tentativa de assassinato para usar o amigo como exemplo, enviando-o para as galés. Obrigado a remar como escravo, Bem-Hur se desenvolve fisicamente e acaba por salvar a vida de um general romano, Quintus Arrius que, em retorno, transforma o judeu em seu protegido, chegando a adotá-lo como filho, após este vencer várias corridas de biga, na arena romana.
Livre, Ben-Hur retorna ao lar, onde busca sua mãe e sua irmã, e também uma vingança contra Messala, o que leva à famosa sequência da corrida de bigas, que custou cerca de um milhão de dólares, envolvendo cerca de 50.000 figurantes, já que não havia efeitos de computação gráfica hoje comuns neste tipo de cena. Aliás, nem computador havia na época.
No final do filme, Ben-Hur encontra sua família, e a luta com Messala acaba se misturando com o drama da crucificação, que traz para a tela um pouco da ira divina.
O filme assemelha-se às vezes a uma novela, tal o número de atores que contracenam, um total de 350! É um misto de drama, aventura e religião. No entanto, tudo funciona muito bem. Principalmente a performance de Charlton Heston que consegue encarnar um herói implacável, mas também um homem sofrido.
Pode-se questionar que o filme é muito longo – com mais de 3 horas de duração – o que deixa um garotinho de 4 anos, que vai ao cinema pela primeira vez, totalmente tonto, mas talvez este seja também mais um charme, da mesma forma que os grandes clássicos da literatura mundial são livros enormes e pesados.

(Texto de Jorge Marin)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

PYTOMBA ESPORTE CLUBE (mais uma convocação)


Edital de intimação,

Mais uma vez queremos participar aos atletas e associados, que o nosso time vai combater mais uma vez na sangrenta batalha do futebol.
A dita-cuja terá lugar na famosa "COLINA DA MORTE", mais conhecida como "OPERÁRIO".
A coisa vai começar entre 9:00 e 14:00 horas, mais ou menos, do dia 25/3/78, sábado de Aleluia.
Estão assim intimados os seguintes gladiadores:
1- RÔMULO
2- GERALDO
3- NEM
4- SERJÃO
5- CANTÕE
6- SÍLVIO HELENO (reserva por motivos de viagem)
7 - JORGE
8- ZÉ NELI (comemorando seu natalício)
9- EDUARDO
10- ZEZÉ
11- NORBERTO
12- SÔ PAULINHO

ESTREPES:

RENATINHO
MÁRCIO
ADEMIR
PEDRINHO VENTANIA
MÁRCIO VELASCO

REGRA 3:
Toninho Cerezo
Rivelino
Leão
Zico

OBS: Os atletas poderão levar apenas o seguinte material:
Cigarros, aguardente, cerveja, tira-gosto, limão, documentos, retrato 3x4 com firma reconhecida no cartório do Quintino, material de 1º e últimos socorros, pão com manteiga, café, leite, lanterna, fisga, anzóis e similares.

São João Nepomuceno, 20/3/78.

Assinam: DIRETOR ESPIRITUAL
MÉDICO DE PLANTÃO
SERVIÇOS FÚNEBRES (Zé da Cova)
DIRETOR DE ESPORTES
SECRETÁRIO
1º AVALISTA (Otávio dos Prazeres)
2º AVALISTA (Bastião Kretino)
TESTEMUNHA AUSENTE
TORCIDA DESORGANIZADA (sem assinatura devido ao grande nº de componentes)

sábado, 12 de setembro de 2009

B R I G A D Ú ! ! !

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Gente, o que começou como uma brincadeira chega neste momento aos 5.000 acessos!
É uma marca de respeito... respeito aos nossos seguidores, aos nossos leitores e a todos aqueles que continuam acreditando no sonho.
E este sonho, podem ter certeza, está apenas começando!
Como diz o Serjão: "confesso, mais uma vez, que seria um sonho, se pudéssemos através destes ingênuos causos, continuar a levar aos nossos amigos leitores um pouco de riso e alegria. ...Para alguns (os causos) viraram até necessidade, para outros, um suave elixir, sendo que, pra maioria, um raro momento de descontração. Parece que as pessoas estão carentes, esquecendo que ainda podemos rir e até sonhar com pequeninas coisas. Mesmo aparentemente banais. É muito gratificante sentir tudo isso. E se for mesmo à vontade de Deus, teremos sim, muitos causos pra contar."
Hoje, pensamos em brincar com o final da novela das oito, dizendo que adiamos a postagem do blog para não prejudicar a audiência. E não é que, no meio da novela (podem conferir na reprise), o personagem vivido pelo Chico Anysio vira-se para a tela e diz: "vamos ver o disco voador, pessoal!"
Então fica aí, de presente para vocês, o último capítulo do Disco Voador. Curtam!

HISTÓRIAS INACREDITÁVEIS NAS QUAIS NÓS MESMOS CUSTAMOS A ACREDITAR


O D I S C O V O A D O R - CAPÍTULO FINAL
(Roteiro original - Serjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin)

No último episódio, a emoção era incontrolável. Os corações batiam acelerados e a Vemaguette, também acelerada, partia resfolegante em direção à coisa. Provavelmente muitos de nós devemos ter passado por este tipo de situação-limite. Um momento no qual parece que a nossa vida vai se dividir em duas partes: antes daquele momento e depois daquele momento.
Assim era na cabeça daqueles jovens. E mesmo o velho professor e seu filho ficavam se indagando como uma emoção daquele tipo poderia ocorrer tão longe dos laboratórios e das lunetas e telescópios que lhes eram familiares. No fundo, estavam mesmo gostando de toda aquela movimentação. Embora, acostumados às silenciosas observações dos astros, tudo lhes parecesse estranhamente louco e caótico.
Até que aquela voz quebrou o silêncio, fazendo a mais inesperada das observações:
- HIII, NÃO É POSSÍVEL, MEU DEUS, AQUILO, NA VERDADE...
- O que? O que – todos perguntaram.
- Tem placa.
- TEM O QUÊ??? – gritou o velho Marcos.
- É... Placa... E acaba com nove!
Alguém desconversou:
- Desculpe, doutor, mas acho que foi ilusão de ótica, sabe?
- Com placa ou sem placa, não sou eu quem vai voltar pra ver – gritou nosso Capitão Kirk, Sílvio Heleno, e bateu em retirada, e poderíamos dizer: a uns cento e vinte por hora, não fosse a Vemaguette.
O resto da aventura não é difícil de imaginar.
Diante de uma decepcionante, mas aliviada, surpresa, o que aconteceu realmente, é que o encontro imediato de terceiro grau se deu, frente a frente, com uma Kombi. Isto mesmo: UMA KOMBI!!!
Pois não é que estava a danada, há mais de duas horas, estacionada naquele lugar. E com as luzes acesas!!! Provavelmente, um casal de namorados que, alheios e indiferentes a tudo e a todos, amavam-se tranquilamente, da forma pacífica e calma como era comum num tempo em que não havia motel, nem violência urbana.
Mas era, na verdade, do lado de fora, ao relento, que a coisa estava pegando fogo, onde um bando de lunáticos, tendo praticamente tomado como reféns dois cidadãos de bem, corriam desenfreadamente atrás de nada, para chegar no final a lugar nenhum.
Ao passar pela Kombi, e vendo do que realmente se tratava, a decepção foi tanta que um profundo e longo silêncio se abateu sobre todos.
Ninguém falava absolutamente nada, e nem olhava para os outros.
Enquanto a Vemaguette ia aos poucos perdendo a velocidade, alguns ensaiavam umas tímidas risadas.
Mas o imperturbável Professor Marcos, todo salpicado de poeira, tossindo sem parar, conseguia não mexer um fio de cabelo que fosse. Mantendo uma fleuma digna do Sr. Spock, olhava estático para a frente, com a cabeleira branca meio amarelada, enquanto resmungava baixinho, como numa súplica:
- Me deixem em casa, por favor!
É de se imaginar que seus pensamentos, naquele momento, eram de absoluta e profunda preocupação. Se acaso este fato desconcertante fosse noticiado, seria, para ele, um verdadeiro escândalo, principalmente perante à comunidade científica, seus colegas e seus antigos alunos.
Sabia que sua atitude tinha sido exatamente aquela que é a principal característica de um cientista, ou seja, ter a curiosidade de tentar descobrir os segredos do mundo em sua volta, não só através da teorização, mas, principalmente, através da observação e da experimentação. No entanto, não saía de sua mente uma possível manchete de jornal dizendo: FAMOSO PROFESSOR E CIENTISTA MARCOS MARCEL FAZ CONTATOS IMEDIATOS COM UMA KOMBI. Continuava até lendo o resto da matéria: Na retaguarda, seguiu com ele um bando de rapazes malucos, que não tinham o que fazer!
Quando chegou em casa, o sentimento, ao ver o mestre assim todo empoeirado, foi um misto de pena e vergonha. Quando tirou os óculos para limpar, havia até um círculo branco em volta de seus olhos.
Sem dar uma única palavra, e nem mesmo olhar para trás, foi rapidamente entrando pelo portão, amparado pelo filho Jesse.
Mais tarde, todos descobriram, aliviados, que o professor, de fato, tinha achado tudo o maior barato e considerado aquela como uma das noites mais divertidas de sua vida. Segundo ele, “meu objetivo foi alcançado, pois fui encontrar alienígenas, e encontrei um bando de rapazes que NÃO FAZ PARTE DESTE MUNDO!”.
Para finalizar, ainda ocorreria mais uma surpresa, pois o Jesse Marcel, após revelar os negativos, observou que não saiu absolutamente nada, nenhuma foto sequer. Todos conheciam o Jesse como um fotógrafo de primeira linha. Hábil e experiente, possuía um acervo de fotos de altíssimo nível e de resolução compatível com os melhores profissionais da região.
O que teria ocorrido?
Entre os mais místicos, a explicação é que o Mega Efeito Magnético da nave, não só levou todas as fotos a se queimarem, como também a transmutação do objeto voador não identificado em uma Kombi, no exato momento em que a Vemaguette passava pelo local.
Com a palavra, cada um de vocês...

PALAVRA DO AUTOR:
E foi assim que tudo aconteceu!
Infelizmente, hoje, nem todos desta aventura se encontram entre nós.
Foram realmente momentos muito engraçados e felizes, que ficarão, juntamente com os causos da Fábrica e da Bomba, eternamente marcados em minha memória. Somente quem os viveu pessoalmente poderá entender e confirmar aquilo que digo.
A todos os colegas, que comigo tiveram o privilégio de participar destas hilariantes e misteriosas jornadas, deixo meu mais fraterno abraço e muitas saudades.
Aos queridos leitores e comentaristas que, de certa forma, também não menos corajosa, embarcaram e interagiram conosco nestas aventuras malucas, brigadão!
Vocês em muito enriqueceram os causos!
E, antes de encerrar esta série de postagens, gostaria apenas de dizer:
Jorgemarin! Valeu muito! E como! O blog é seu!
Quem sabe causos novos virão?
Serjão Missiaggia

PALAVRA DO ADAPTADOR:
Adaptar o texto do Serjão é uma viagem, daquele tipo de viagem de charrete, numa manhã de sol, depois de uma chuva de verão. Então tudo dá certo. E é leve!
Só não concordo quando diz que o blog é meu: o blog é de todo a comunidade Pytomba, aí incluídos seguidores e comentaristas. Sei que há textos nas gavetas, esperando, na forma de Drummond, serem podados, aparados e replantados. Os textos alusivos ao Pytomba, e escritos pelo Serjão, realmente chegaram ao fim. Mas virá, já em seguida, um texto do Renê, que é muito legal. E estaremos inaugurando, em breve, outros causos, não só do Serjão, mas também do Renê, outros meus, do Sílvio Heleno, do Dalminho, do Renatinho, do Márcio, e de quem tenha uma boa estória para contar, tratando de experiências e percepções contemporâneas, vivenciados pelos bravos pytombenses e amigos, agora “crescidos” e com barba – branca – na cara.
Aguardem!
Jorge Marin

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

PYTOMBA NA OREIA


ACHANDO BELCHIOR

Pytomba na Oreia é uma seção que pretendemos manter fixa aqui no blog com o objetivo de divulgar as impressões de uma determinada pessoa - um componente do Pytomba, ou um seguidor, ou um leitor do blog – a respeito de uma obra musical. O que se busca, mais que informações do artista ou da banda em foco, são as emoções suscitadas no ouvinte, é o reviver de uma época via impressões sonoras, verdadeiras notas de viagem que poderão ser partilhadas com uma geração que vivenciou aqueles momentos ou, por outro lado, com aqueles que sequer ouviram falar daquele LP. LP? Isto já dá tema para discussão!
Vou iniciar, falando sobre uma composição do Belchior, que reflete, de forma fascinante, o fenômeno que ocorre em nosso blog. A música é “Velha Roupa Colorida” e está no álbum “Apenas um rapaz latino-americano”.
Como muitos que viveram a juventude na década de 70, Belchior surgiu como uma novidade entre os compositores da época, e também com uma particularidade: não era tropicalista, nem regionalista, nem o famigerado artista “de protesto”. Apesar disto, trazia, em suas canções, as guitarras características do tropicalismo, convivendo harmonicamente com pífanos e flautas nordestinas, em mensagens relatando toda a angústia dos chamados “anos de chumbo”, como na música “A palo seco”:
“se você vier me perguntar por onde andei (muitas emissoras estão perguntando isto nestes dias!) / no tempo em que você sonhava / de olhos abertos lhe direi, / amigo eu me desesperava / sei que assim falando pensas / que esse desespero é moda em 73 / mas ando mesmo descontente / e desesperadamente eu canto em português...”.
Mas, e a relação entre a música “Velha roupa colorida” e o blog?
Desde “O princípio do início”, lá no comecinho do blog, quando falamos sobre uma noite dos anos 70, em São João Nepomuceno, muitos leitores se manifestaram, lembrando “como era bom aquele tempo” e sobre a saudade que sentiam. É como se, revivendo os momentos da adolescência, fosse possível – e é – se sentir estranhamente mais jovem.
Belchior canta: “você não sente nem vê, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo, que uma nova mudança, em breve, vai acontecer. E o que há algum tempo era jovem, novo, hoje é antigo, e precisamos todos rejuvenescer”.
Assistimos, no Ocidente, uma apologia da “eterna juventude”, como se o grande objetivo das nossas vidas fosse apenas este: manter-se jovem a todo custo, seja através da cosmética, das plásticas, ou das pílulas. Enquanto, no Oriente, a novela mostra que o grande valor está na eterna sabedoria dos idosos. Mas, afinal, qual das duas atitudes é mais ridícula, vetustas senhoras posando de top model, ou políticos jovens pintando a barba de branco para parecer um autêntico brâmane?
Belchior, que é de 1946, confessa: “nunca mais eu convidei minha menina para correr no meu carro (loucura, chiclete e som)”, mas parece conhecer a geração pytombense, quando zomba de nós: “nunca mais você saiu a rua em grupo reunido, o dedo em V, cabelo ao vento, amor e flor, quero cartaz.”
A resposta ao dilema sobre ser eternamente jovem ou assumir a velhice, parece estar em... simplesmente viver a vida! Sabemos o que fizemos: fizemos coisas maravilhosamente loucas e lindas e um outro tanto de besteiras das quais nos lembramos igualmente. As consequências destas escolhas resumem o que somos hoje. Belchior diz: “no presente, a mente, o corpo é diferente, e o passado é uma roupa que não serve mais”, mas, com certeza, quem nos viu, alegres, em grupo, cantando, brincando, detonando bombas ou perseguindo discos voadores no campo de aviação, jamais se esqueceu daquelas caras, daqueles cabelos, e daquelas velhas roupas coloridas.

(Texto de Jorge Marin)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

HISTÓRIAS INACREDITÁVEIS NAS QUAIS NÓS MESMOS CUSTAMOS A ACREDITAR


O D I S C O V O A D O R - Capítulo IV
Roteiro original - Serjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin

No episódio anterior, não dá para esquecer, encontramos, não mais um bando de rapazes desocupados, mas uma verdadeira expedição científica. Em meio a um aparato de equipamentos aptos a registrar o menor movimento e o mais tênue espectro de luz, todos miravam... a coisa. Imóvel, refletindo o brilho fraco dos faróis da resistente Vemaguette, mas, ao mesmo tempo, catalisando a energia dos ocupantes, absorvendo toda a força vital dos aprendizes de ufologia e, na verdade, como se não estivesse nem aí com toda aquela agitação.
Pode parecer estranho nos dias de hoje como a possibilidade de contato com seres extraterrestres era um evento tão real e tão plausível. Naquela época, os jornais, as revistas, os telejornais estavam recheados com notícias de aliens, com abduções e com quedas de objetos voadores não identificados.
Nos dias de hoje, as notícias sobre alienígenas e visitantes de outros mundos continuam a todo vapor, mas são como que obliteradas pelos grandes escândalos, pelas fusões de megaempresas e pelas perversões contemporâneas. Apesar disso, foi possível ler, nas manchetes de ontem, uma notícia que prova a onipresença dos discos voadores entres nós: “Primeira dama do Japão encontrou alienígenas”. Na matéria, a sra. Miyuki Hatoyama, esposa do futuro premier japonês Yukio Hatoyama, afirma categoricamente, sem nenhum tipo de constrangimento: “Eu acho que minha alma subiu em uma nave espacial de forma triangular e foi para Vênus.” E conclui: “Era um lugar muito bonito e era realmente verde.”
Enquanto isso, de volta ao século XX, não tinha nada de verdade na paisagem desoladora do campo de aviação de São João Nepomuceno. Era tudo o mais absoluto breu. Naquela total escuridão, dentro de um sepulcral silêncio, e entre medos e arrepios, tudo o que se ouvia era o clicar contínuo da máquina fotográfica de Jesse Marcel que, a cada segundo, era disparada freneticamente.
A brisa suave da noite trazia aos rostos inquietos um breve alívio da tensão, mas, a cada metro que avançavam, era como caminhar em direção à cratera de um vulcão, e o medo, consequentemente, aumentava, sempre mais e mais...
Chegou a um ponto em que a taxa de adrenalina estava tão alta que qualquer movimento ou barulho, por mais simples que fosse, seria o suficiente para detonar uma reação em cadeia, que nem mesmo os irmãos alienígenas saberiam contornar. Seria uma reação tão desastrosa e imprevisível que, possivelmente, em questão de segundos, despencaria gente para tudo quanto é lado. O Professor Marcos... coitado!!! Teria que se virar sozinho pois, certamente, ficaria abandonado dentro do carro, a mercê dos possíveis ETS... Ou mesmo do que fosse.
Foi nesta hora que o Silvio Heleno, articulando, intimamente, a possibilidade de uma outra retirada de emergência, pediu que todos entrassem novamente dentro da Vemaguette.
O Velho Marcos definitivamente não gostou nada da idéia. Ficava resmungando, insatisfeito, dizendo que estava muito abafado, e que não caberia tanta gente dentro do carro. Enquanto resmungava, era sumariamente espremido e sufocado, num canto do banco traseiro da Vemaguette.
Após a entrada de todos, Sílvio Heleno, como era de se esperar, afundou o pé no acelerador. Mas, desta vez, para surpresa e desespero geral da tripulação, lançou a nave, digo, o veículo, a toda velocidade, EM DIREÇÃO AO TAL OVNI!
Insanidade! – todos pensaram, mas o Sílvio parecia querer, de uma vez por todas, acabar com aquela angustiante e interminável tortura e ansiedade.
A gritaria foi geral e os olhos de todos, cada vez mais fixos e arregalados, viam, logo à frente, aquele estranho objeto se aproximar cada vez mais.
A Vemaguette começou a cheirar queimado. De tanto peso e velocidade, chegou até a tremer. Um verdadeiro ônibus espacial reentrando na atmosfera terrestre!
Mas... A coisa, aos poucos, ia se revelando...
Faltando uns 20 metros para o final do campo, Sílvio Heleno acelerou ainda mais.
Agora era tudo ou nada!
Uns gritavam... Outros tapavam os olhos... Alguns até cantavam...
Teve gente até se abraçando, só para não chorar.
Faltando ainda uns 10 metros, fizeram uma curva super-perigosa à direita e, passando feito um foguete pelo local, tiveram apenas alguns breves segundos de observação.
Como um Airbus taxiando, a velocidade era tanta que, enquanto iam, já estavam voltando.
O tempo de observação foi o mínimo possível, mas suficiente para começar a revelar o tão esperado mistério.
Alguém cujo nome se perdeu no tempo, mas que vinha sentado no banco traseiro, conseguiu se manifestar em meio àquela confusão, fazendo a mais inesperada das observações:
- HIII, NÃO É POSSÍVEL, MEU DEUS, AQUILO, NA VERDADE...
É o quê? Incrível? Fantástico? Extraordinário? Não percam, na próxima semana, a revelação final. O segredo mais incrível, que jamais algum autor de ficção, por mais visionário que fosse, teria sequer imaginado. Um caso que, por seu ineditismo, não consta nem nos arquivos mais classificados do Exército americano, ou nos anais secretos da NASA. Depois da revelação, a blogosfera não será jamais a mesma! Aguardem...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

ESPORTE CLUBE PYTOMBA (uma semana depois da primeira convocação)


CONVOCAÇÃO ( ) ou ( ) AGITAÇÃO
Mais uma vez estão convocados aqueles que defendem as cores, ora AZUL e AMARELO, ora AZUL e VERMELHO e, às vezes, até sem, do nosso glorioso PYTOMBA.
Pedimos o comparecimento antecipado dos atletas para a concentração, pois o terreiro do inimigo ( POLIVALENTE ) se encontra na parte alta da cidade, e não podemos nos envolver de forma alguma com problemas de altitude.
São ELES os craques convocados:

Rômulo

Ademir

Norberto

Cuoca

Neim (Vicente)

Sílvio

Jorge (Eduardo)

Serjão

Zé Neli.

Reservas diretos:

Márcio

Renatinho.

ATENÇÃO:
O início da peleja será exatamente às 13.30 horas, portanto, solicitamos aos senhores atletas a presença às 13.00 horas defronte ao grupo novo, de onde partirá o féretro.
SÁBADO, dia 11 de março de 1978.

Assinam: DIRETOR DE ESPORTES

DIRETOR SOCIAL

TESTEMUNHA

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL