sexta-feira, 30 de outubro de 2015

NOSSOS MODERNOS PARALELEPÍPEDOS


Passeando, junto com o Serjão, por esse assunto que são as nossas ruas calçadas com paralelepípedos, fico pensando por qual motivo conceitos antigos, do tempo em que eu era coroinha do Padre Jaci, ainda prosperam na cidade.

Há pouco tempo, tocamos nesse assunto de calçamento em pedras e, via Face, alguém nos questionou sobre a questão de o asfalto representar “progresso”. Eu me lembro que, há cinquenta anos atrás, quando um político queria se eleger, chegava na cidade e prometia asfaltar tudo. E era eleito!

Mas, hoje... Esse argumento de que “asfalto é igual progresso” é de uma infantilidade pra não dizer outra coisa. É lógico que o asfalto está, e deve estar, presente em ruas e avenidas principais de grandes metrópoles e rodovias. Isto porque é um pavimento necessário em áreas de alta velocidade, trânsito intenso e pesado, e, principalmente, ONDE NÃO HAJA INTERESSE URBANÍSTICO, ou seja, onde você pode tacar um “dane-se” para a dignidade urbana. Ainda assim, nesses locais específicos onde o asfalto é necessário, ele tem durabilidade de, no máximo, 5 anos.

O paralelepípedo, por sua vez, pode ser utilizado em cidades de pequeno porte (não necessariamente históricas), periferias de cidades maiores, pátios industriais, condomínio, loteamentos, e diversos outros nos quais a prioridade for AUMENTAR A SEGURANÇA DO PEDESTRE. Isso significa atender aos MODERNOS preceitos da atual Lei da Mobilidade Urbana (de 2012), que são: restringir a velocidade dos veículos, desestimular a direção perigosa e desviar o tráfego de longa distância e caminhões pesados para outras áreas da cidade.

E, além de serem extremamente belos e harmoniosos na paisagem urbana os paralelepípedos são de quê? De pedra! E a pedra, embora seja um recurso não renovável, pode ser extraída de locais próximos às cidades, E DURAM SÉCULOS! Sim, as pedras envelhecem, mas é o material que o faz de forma esteticamente melhor do que qualquer outro.

Isto faz dessa pedra um produto atraente e prático. Segundo uma empresa de engenharia paulista, que realizou obras com paralelepípedos em São João recentemente (vejam a foto!), a procura por esse tipo de pavimentação cresceu no último ano em torno de 55%! As principais causas para tal incremento nas vendas foram: a necessidade de economia de recursos, a resistência e a baixa manutenção.

Encerrando, imagino que vocês podem estar perguntando: qual o motivo desses comentários? Gente, temos feito um trabalho que já dura mais de seis anos, falando da ALEGRIA DE SER SANJOANENSE e mostrando as BELEZAS DA TERRINHA. Cada um de nós, sanjoanenses, construímos, com nossos conterrâneos, a história desta cidade, legando aos nossos filhos e netos registros que permitem a compreensão da nossa história pelas gerações futuras. Destruir pedras, árvores, casas e registros históricos é a mesma coisa que cortar a corrente do conhecimento. É repetir o que já foi vivido sem perspectiva de evolução nem dignidade. É muito triste.

Crônica: Jorge Marin

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

NOSSO CALÇAMENTO EM PEDRAS


É diante da expectativa de um longo e raivoso verão, que gostaria de, mais uma vez, chamar a atenção para o nosso CENTENÁRIO E ARTESANAL CALÇAMENTO EM PEDRAS. Por sinal, muito comum hoje em dia conforme várias notícias pelo mundo dando conta da preocupação e do valor que várias cidades, entre elas algumas europeias, têm dispensado aos seus CALÇAMENTOS EM PEDRAS. E não somente na PRESERVAÇÃO, como também na RECUPERAÇÃO. Devido ao chamado “progresso”, verdadeiras preciosidades estão sendo ocultadas debaixo de outras modalidades de pavimentação.

Seria fantástico se também preservássemos esse nosso PATRIMÔNIO ARTÍSTICO E CULTURAL, pois, afinal de contas, foram pedras fixadas ao chão durante décadas por verdadeiros artistas. Não sem antes de tê-las recebido, cuidadosamente talhadas, por outros não menos competentes artesãos. Na oportunidade, chamo a atenção para os detalhes desse tão despercebido MOSAICO em forma de bandeira, no calçamento em frente à prefeitura e de outras esquinas da cidade. Se restaurados, ficariam IMPONENTES e ainda mais BELOS.

Acreditamos que, com esse tipo pavimentação, a manutenção de nossa rede pluvial e esgoto ficaria bem mais fácil, e possivelmente a custos menores, haja vista que, constantemente, inúmeros buracos são feitos em nossas ruas para realizar esses trabalhos. Por outro lado, nosso solo continuaria respirando um pouco melhor, e a impermeabilização não seria tão violenta, principalmente quanto ao escoamento das águas, além de promover a oxigenação das poucas árvores que ainda temos. As inundações urbanas estão aí e não nos deixam mentir!

Outra grande vantagem dos pavimentos em pedras ou bloquetes é que, depois de algum tempo, aparecem fungos e gramíneas inseridas entre as juntas, ou seja, nas partes que normalmente são preenchidas com areia. Estas colônias de vegetais que aí proliferam podem ser imperceptíveis para muitos, mas, ao contrário do que parecem, desempenham funções importantes para o meio ambiente.

Esses CALÇAMENTOS EM PEDRAS resistem aos séculos e são testemunhos de uma prática eficiente de se urbanizar as cidades e garantir o bem-estar dos moradores. Todos os calçamentos dos tipos paralelepípedos, pé de moleque, bloquetes são considerados pavimentos ECOLOGICAMENTE CORRETOS. O CALOR, se comparado, por exemplo, a uma cobertura asfáltica, será sempre substancialmente menor e sua manutenção, com certeza, bem menos onerosa.

Quem sabe em vez de pensarmos pra futuro em uma miniusina de asfalto, não se construísse uma indústria de bloquetes? Pois, além de gerar diversos empregos, não poluiria o ambiente. Seria interessante voltarmos a investir na capacitação de profissionais em calçamentos (os famosos calceteiros), pois essa tecnologia artesanal tão importante não morreria, e poderia ser transmitida de geração em geração.

Como todos sabem, nossa cidade, mais cedo ou mais tarde, terá que passar por um processo de reformulação radical em sua rede de esgoto e águas pluviais, que, consequentemente, irá abrir valas em todas suas ruas. Então, por que não aproveitarmos esse momento para recuperarmos nosso tão SOFRIDO E AFUNDADO calçamento? Quem sabe, num audacioso trabalho de restauração, poderíamos a médio e longo prazo ir elevando e recalçando cada rua da cidade, principalmente aquelas mais centrais, que são as mais antigas?  COM CERTEZA, DESTA FORMA, POUCOS RECLAMARÃO OU MESMO SE LEMBRARÃO DOS INCÔMODOS BURACOS E LOMBADAS.

Que venha o progresso, mas não aquele que nos leve os CORETOS, NOSSAS PRAÇAS, SACRIFIQUE NOSSAS ÁRVORES, POLUA NOSSO AR, RIOS, OUVIDOS OU MESMO SOTERRE PARA SEMPRE O NOSSO CENTENÁRIO E ARTESANAL CALÇAMENTO PEDRAS!

Crônica e foto: Serjão Missiaggia 

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

BELEZAS DA TERRINHA


BRAÇOS ABERTOS SOBRE SÃO JOÃO NEPOMUCENO.

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASARÕES & seus detalhes misteriosos ???


LUZ & SOMBRA. QUEM CONHECE HISTÓRIAS DESSAS CASAS ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA - as duas primeironas a reconhecer a casa da dona Geralda Lamas foram a Angélica Girardi e a Evanise Rezende. Mas quem, realmente, tirou nota DEZ foi o Márcio Velasco com a resposta completa: "casa do sr. Manoel e de dona Geralda Lamas, pais do meu amigo José Carlos Lamas. Passei minha infância entrando e saindo daí. Tenho uma história da visão de uma assombração passada numa noite de lua cheia. Mas ninguém acreditou. Nem os donos da casa e nem meus pais. Mas, o meu amigo Bastião Tico-Tico, que morava aí, e a Bolinha, a cadelinha da casa, também viram. O Zé Carlos ficou em dúvida. Bons e velhos tempos, com vizinhos que eram extensão da família".

A Marli Batel Ramiro Lamas, nora dos proprietários, também deixou registrado o seu testemunho de saudades.

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistério ???


QUEM AÍ EXPLICA ESSA CENA URBANA ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - os três primeiros foram: Angélica Girardi, Maninho Sanábio e Evanise Rezende  (que se lembrou da saudosa Dalva Verardo). Mas, vale a pena ler a descrição carinhosa do local, feita pela Cássia Vilela Mattos: "hoje funciona a oficina da Zezé Abreu, Maria José de Abreu - Mãos, Mente & Cia. - que é uma oficina de artesanato em tecidos, da qual sou muito feliz em ser aluna!!!"

Foto: Serjão Missiaggia

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

S I L Ê N C I O ! ! !


Mais uma vez, pego carona na matéria do Serjão, pois o assunto POLUIÇÃO SONORA é uma coisa que me atinge diretamente. Aliás, neste exato momento em que escrevo passa uma picape com aqueles potentes alto-falantes sob a carroceria tocando o terror na rua: os alarmes dos carros estacionados disparam, as vidraças tremem, um som terrível entra pelas frestas das janelas.

Muitos podem pensar que é coisa de velho reclamar do barulho. Mas não é! Há várias leis que regulam a matéria, e parece que ninguém liga ou, se liga, tem preguiça de fazer valer os seus direitos.

E não é problema só do Poder Público não; é de todos. Vejam o que diz o Artigo 225 da Constituição: “TODOS têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Mas, então, como funciona a medição do som?

Primeiro, algumas definições. O SOM é o nome de uma onda mecânica que se propaga no ar. O RUÍDO é um conjunto de sons indesejáveis ou que provoquem sensações desagradáveis. Já a POLUIÇÃO SONORA é um tipo de degradação ambiental (assim como o desmatamento), que ocorre quando o excesso de ruídos começa a prejudicar a saúde e o bem-estar da população.

Em cidades como São João Nepomuceno, em que a maioria das áreas externas é mista, pois sempre tem um comércio, mas predominantemente residencial, a norma (NBR 10151 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABN-T) prevê que o nível MÁXIMO de ruídos é de 55 decibéis de dia e 50 à noite.

Para se ter uma ideia do que isso representa, vamos dizer que 55 decibéis equivalem a um choro de bebê, 65 o barulho de um ar condicionado e 81 uma furadeira. Uma moto sem o silenciador atinge fácil 111 decibéis e um alto-falante 125.

Ah, mas e se ultrapassar esses valores, o que acontece? A partir dos 55 decibéis, segundo a Organização Mundial de Saúde, começa a ocorrer um estresse leve; a convivência com um nível de 70 decibéis já predispõe o organismo a infartos, derrames, infecções, pressão alta. Quando o ruído, ou a soma dos ruídos passa de 100 decibéis, ocorre a perda da acuidade auditiva. Ou seja, você fica SURDO, ouviu?  

Eu sei. Às vezes, a pessoa não quer se indispor com o motorista ou motoqueiro porque quer evitar o conflito e se tranca em casa, mesmo com esse calor que conhecemos bem, ou pensa que, se reclamar com as autoridades, não vai dar em nada. Mas, pensem bem, foi por preguiça de exercermos nossos direitos de cidadãos que o país chegou nesse esgoto moral em que se encontra.

Será que fazendo o papel de avestruzes, e enfiando a cabeça debaixo dos travesseiros, vamos conseguir dormir em paz? Com esse barulho todo tenho certeza que não!

Crônica: Jorge Marin

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

POLUIÇÃO SONORA URBANA


“Nas últimas décadas, pesquisas científicas alertam para o fato de que o homem parece estar cada dia mais habituado com o ruído. Na pesquisa realizada por Yorg e Zannin (2003), por exemplo, quando os indivíduos foram questionados se eles sentiam-se incomodados ou molestados pelos níveis de ruído vigentes em seu ambiente laboral e/ou em seu ambiente urbano, a resposta freqüente foi: ‘... Nós já estamos acostumados a estes ruídos, com o tempo a gente se acostuma...’”. 

Estas respostas demonstram claramente que a exposição contínua e repetida ao ruído não é mais percebida de uma maneira consciente ou incômoda, porém, os autores enfatizam que os efeitos dessa exposição continuam a atuar danosamente contra a saúde destes indivíduos. “Reações psíquicas como a motivação e a disposição podem ser modificadas negativamente através do ruído, sendo que o NEVOSISMO, a AGRESSIVIDADE e a CAPACIDADE DE APRENDIZAGEM e CONCENTRAÇÃO são sensivelmente afetados“.

Ao ler esse artigo AMBIENTE URBANO E PERCEPÇÃO DA POLUIÇÃO SONORA no site www.scielo.br, confesso que, muitas vezes, fico impressionado com o nível de ruído a que somos submetidos nos dias atuais. Difícil acreditar que, mesmo em algumas pequenas cidades, assim como a nossa querida Garbosa, em certos dias e horários isso venha se tornar tão evidente.

Na verdade, estamos falando apenas dos EXCESSOS, onde, quase sempre, não há limites e tudo parece ser natural.  Aí incluímos alguns automotivos e até mesmo profissionais ambulantes, além dos barulhos infernais causados pela moda atual que é a adulteração ou mesmo a retirada total daquilo que nas motocicletas é conhecido por SILENCIADOR DE ESCAPAMENTO.

Ruídos sempre existirão, sendo que a maioria provocada mesmo por necessidades naturais do cotidiano, enquanto outros, aí já nos referimos novamente aos EXCESSOS, simplesmente, pela total falta de respeito, indiferença para com o próximo, ante a benevolência ou mesmo ausência de regras claras no que tange a posturas do lugar. 

Aí meu amigo, é ter que conviver com decibéis pra mais de metro, vendo nossas privacidades serem invadidas, sem nada que possamos fazer ou que façam por nós.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : disponível em http://canaldamulher.com.br/ligadinha/page/2/

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

BELEZAS DA TERRINHA


SÃO JOÃO EM FLOR

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASARÕES & seus detalhes misteriosos ???


QUEM SABE ALGUMA HISTÓRIA SOBRE ESSA CASA ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA: os três primeiros a reconhecer a casa em frente ao Correio foram: Nilson Magno Baptista, Betty Barbosa e Evanise Rezende.

Porém vale registrar um diálogo entre amigas que passaram suas férias naquela casa. A Roseanne Niemeyer de Mendonça lembrou-se: "casa da minha Tia Zezé e Tio Acélio Barbosa!!! Nossa, que saudades!!!". A Helianne de Niemeyer Mendonça lembrou-se que a casa era em cinza chumbo e que havia "o doce de um creme amarelo que a tia Zezé fazia.

Stella Cintra, neta do casal, dá mais detalhes da casa: "as duas janelas da frente são da sala. Lá ficava o piano. Em cima dele ficava uma foto da bisa Alda. Tinha um outro móvel grande que a vovó colocava as fotos dos netos. Tão bom lembrar disso! E tinha a confecção nos fundos, a oficina do vovê Acélio (com uma geladeira velha que ele transformou em armário pra guardar as ferramentas)."

Heliana Henriques também deu o seu depoimento: "meus mais  belos vestidos foram feitos pela madrinha Zezé lá no fundo no quartinho de costura, inclusive o do meu casamento. Ela tem uma escada linda na cozinha onde eu adorava sentar para estudar. O banheiro é enorme e lindo. Na copa tem uma pequena pia, onde o sabonete ficava pendurado em uma correntinha."

Foto: Serjão Missiaggia




CASOS CASAS & mistério ???


ONDE FICA ESSA CASA ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA: os três primeiros a reconhecer a Praça Daniel Sarmento foram: Maninho Sanábio (como sempre), Ângela Márcia Moraes e Jacques Ângelo Rigolon.

Foto: Serjão Missiaggia

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

PAPUA


Bom mesmo
É estar com você
Na Nova Guiné
Deitados na grama
Bem longe da cama
Da insônia do drama
Comendo banana  
E curtindo a maré

Aqui inda é cedo
Silêncio dá medo
E escuridão
Lá, não
Já é depois do almoço
É só alvoroço
Deitar se despir
Só amar e dormir

E de manhãzinha
Indo embora ao trabalho
De manhã aos frangalhos
Engolindo o café
Me lembro da Papua
De você toda nua
Na Nova Guiné

Poesia: Jorge Marin
Foto: disponível em
http://www.traveldevotion.com/2015/07/papua-new-guinea.html


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A FANFARRA DO SÔBI


Atendendo a alguns amigos, e aproveitando o fato de, após três anos, ter reencontrado com nosso eterno mestre Beto Vampiro, irei interromper esta série de postagens sobre TEMAS DE INTERESSE URBANO DA TERRINHA, pra falar novamente sobre essa inesquecível fanfarra. Por sinal, fui questionado sobre a possibilidade de saber o paradeiro daqueles belos macacões azuis, mas acredito que somente o nosso comandante Beto, ou o amigo Zé Carlos, poderão nos informar.

Saudade boa do COLÉGIO e de uma BATERIA da qual tive a honra de participar por seis anos consecutivos: a famosa Fanfarra do Sôbi! Dificilmente haverá outra igual. Quanto orgulho ao vestir aquele macacão! Hoje, posso dizer em alto e bom som que fiz parte de uma verdadeira BANDA.

E como era difícil adormecer naquela noite de quinze para dezesseis de maio!  Enquanto a ansiedade tomava conta de todos nós, o macacão, superpassadinho e dobrado ao lado da cama, ficava como verdadeiro guardião, nos dando a certeza de que o amanhecer logo viria. Chegamos certa vez até a dormir no colégio, ou melhor, quase dormir, tal era nossa expectativa.

Não menos ansiosos ficávamos, aguardando o momento de poder escutar as famosas ALVORADAS da Banda 16 de Maio, que nos brindava a cada festejo, passando pelas ruas da cidade, ainda antes dos primeiros raios de sol. Era o pontapé inicial naquele que seria um longo e feliz dia.

Nunca havia corrido tanto em minha vida como em 1975. Era o sete de setembro e eu, juntamente com outros dois atiradores integrantes da bateria do Tiro de Guerra, queríamos desfilar o mais rápido possível, para que assim pudéssemos ter tempo suficiente, e também poder sair com a fanfarra do ginásio. Difícil missão, que consistia em terminar o primeiro desfile e, após guardar os instrumentos na sede do Tiro de Guerra, voltar em disparada por detrás da fábrica, subir a colina da esperança e trocar a farda pelo macacão. Mas, conseguiamos!

Sob a batuta do Beto, levávamos os ensaios muito a sério e, em várias ocasiões, chegávamos a fazê-los até três vezes ao dia, sendo que um deles sempre acontecia no campo do Botafogo.

Ponto alto de cada desfile era nossa famosa passagem pela Rua Coronel José Dutra onde, diante de uma acústica perfeita, aliada à proximidade dos prédios e do calor humano, víamos dobrar a emoção e a potência dos tambores.

Inesquecíveis viagens aconteceram naquele período. Uma delas foi nossa ida a Belo Horizonte, onde realizamos uma bela apresentação na esplanada da Assembleia Legislativa.

Depois de cada apresentação, quase sempre nos reuníamos em algum lugar agradável pra fazer uma gostosa batucada. Aí, rolavam aqueles comes e bebes numa descontraída confraternização que durava o resto do dia. E assim, a cada apresentação, com o macacão amanhecíamos e, muitas vezes, com ele adormecíamos.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: Face do Beto Vampiro, restaurada por Jorge Marin

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

BELEZAS DA TERRINHA


CALÇAMENTO DE PEDRAS, NOSSA MARCA REGISTRADA.

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASARÕES & seus detalhes misteriosos ???


QUEM SABE ALGUMA HISTÓRIA DESSE CASARÃO AÍ ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA - o casarão da semana passada, na Rua do Buraco, foi reconhecido, por várias pessoas. As três primeiras a acertar foram: Eliane Fajardo, Aline Manuella Costa Cardilo (que disse ter sido a casa do dona Alzira Rossi) e Aline Costa (sobrinha da moradora).

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistério ???


QUE PAISAGEM SANJOANENSE É ESSA AÍ ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - As primeiras a reconhecer o Bairro Santa Rita foram: Aline Costa, Lúcia Salvador e Evanise Rezende.

Foto: Serjão Missiaggia

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

ARVORADOS & DESARVORADOS


Pegando uma carona na publicação de quarta-feira do meu compadre Serjão, gostaria de falar sobre essa preocupação com as árvores urbanas. Ao contrário do que muitos pensam, esse assunto não é frescura (talvez frescor) e nem papo de ecochato. As árvores urbanas são, sim, extremamente importantes para a qualidade de vidas dos cidadãos e do meio ambiente.

Pra início de conversa, os custos de implantação e manejo são extremamente baixos se comparados aos benefícios que as árvores proporcionam, que vão desde o óbvio conforto térmico (muito bem-vindo em cidades quentes como a nossa) até o bem-estar psicológico e alguns serviços que nossas amigas verdes nos prestam gratuitamente.

Por exemplo, as árvores aumentam a permeabilidade do solo, evitando o perigo das enchentes e do escoamento superficial das chuvas (as enxurradas). Felizmente, temos poucas ruas asfaltadas, mas, nos locais de alta concentração de asfalto e concreto, ocorrem as chamadas “ilhas de calor”, locais extremamente quentes e com baixa umidade, situação que pode ser moderada pela arborização daquelas áreas.

E, já que falamos em chuvas, sabiam que as copas das árvores funcionam como um fator de retenção hídrica? Elas formam um tipo de caixa d’água natural que evita a erosão e diminui o volume de chuva no solo.

A questão da sombra, outro fator óbvio de bem-estar, pode servir também para economizar recursos públicos, pois as sombras produzidas pelas árvores diminuem os fenômenos de contração e dilatação de áreas pavimentadas. Também na área da saúde, há economia de atendimento a pessoas com doenças de pele e de visão, pois as copas das árvores filtram os raios solares e diminuem os efeitos da fotoexposição humana.

Árvores abrigam uma multidão de seres vivos que enriquecem o ecossistema urbano, pois criam uma cadeia alimentar com insetos, líquens e pássaros que, por sua vez, vão embelezar e enriquecer a biodiversidade.

Outro grande benefício é a redução da poluição atmosférica. Em cidades onde houve crescimento do número de veículos, como, por exemplo, todas as do Brasil, as árvores são capazes de reter em suas folhas aquelas partículas poluentes que ficam em suspensão no ar, que, posteriormente, são lavadas pelas águas das chuvas. Mais economia para os sistemas públicos de saúde, com redução das doenças das vias respiratórias e das alergias.

Enfim, além dos argumentos afetivos, humanitários e emocionais apresentados de forma brilhante pelo Serjão na quarta-feira, resolvi elencar aqui alguns motivos pelos quais esse assunto, que interessa a todos os cidadãos, deve fazer parte de todas as agendas políticas de atuais e futuros governantes. Como lembra o grande prefeito e arquiteto Jaime Lerner: “o planejamento da cidade é uma trajetória. Você começa, a população reage e corrige”.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : Serjão Missiaggia 

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

AINDA NOSSAS ÁRVORES


Em minhas caminhadas, fazendo uso de suas sombras, não há uma única vez em que passo frente a essas meninas e fico a imaginar a possibilidade, de termos, no futuro, outras mais iguais a essas espalhadas por nossas ruas. A falta de uma única árvore é suficiente pra sentirmos o quanto úteis elas são, e seus inúmeros benefícios serão facilmente percebidos quando se perde uma próxima de você sem que haja reposição. E foi o que aconteceu próximo à minha varanda.

Interessante que, recentemente, fazendo uma breve visita a Cataguases, fiquei impressionado com a política de arborização que vem sendo desenvolvida há anos naquela cidade.  É bem verdade que, mesmo em se tratando de um lugar bastante quente, principalmente se comparado à nossa querida Garbosa, confesso que, diante da proteção do VERDE e suas inúmeras SOMBRAS, me senti extremante mais confortável.

Por que não começarmos a estimular uma REARBORIZAÇÃO CONTÍNUA de nossas ruas e praças, tentando assim recuperar num breve período de tempo, pelo menos um pouquinho do nosso tão precioso ACONCHEGO VERDE?  Se repararmos bem, fomos sutilmente perdendo, ao longo dos anos, muitas de nossas árvores, a maioria das quais na área central da cidade e com pouquíssimas reposições!

Cada morador seria convidado a participar do plantio e, posteriormente, ser responsável pela árvore que viesse a ser plantada próxima à sua residência. Seríamos uma espécie de padrinho e sentinela daquela referente a nós. Pra isso, acho até que deveríamos dar preferência às CRIANÇAS. Com absoluta certeza, nossos filhos e netos serão eternamente gratos, e as gerações futuras não correrão o risco de ter que pagar um alto preço por um erro do passado.

Coincidentemente, logo pós terminar este texto, ao passar pela Rua Joaquim Murtinho, tive a grata surpresa de deparar-me com quatro mudas recentemente ali plantadas. Ainda sem as grades protetoras de madeira, lamentavelmente constatei que duas delas já haviam sido quebradas por alguém.
Difícil entender isso, não?

Crônica e foto: Serjão Missiaggia

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

BELEZAS DA TERRINHA


FLORES DE SÃO JOÃO

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASARÕES & seus detalhes misteriosos ???


QUEM SABE ALGUMA HISTÓRIA DESSA CASA ???

CASARÃO DA SEMANA PASSADA - As três primeiras a reconhecer o edifício do sr. Carlito Guazzi, o primeiro de São João, foram: Zezé do Couto Ciscoto, Mirian Knop (neta) e Evanise Rezende.

Além disso, muitos moradores foram lembrados: Vanda, Gilson Marcelos, Tadeu da Miralda, Dona Divinha e Gonzaga, Dona Agnalda e sr. Ricardo (construtor do prédio), Nely Gonçalves (madrinha do Pitomba) que, segundo o Márcio Velasco, assistiu, da sacada do prédio, ao primeiro abalo sísmico ocorrido em São João, provavelmente resultado da explosão, no início da década de 1970, da primeira Bomba de Melodias, causo já contado aqui no Blog.

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistérios ???


QUE LUGAR É ESSE EM SÃO JOÃO ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Desta vez, dois leitores deram um show: entortamos a foto da rua que vai para a Torre (continuação da Rua Nazareth), mas o local foi reconhecido. Primeiro, pelo Maninho Sanábio, que ainda lembrou que era onde morava o Sebastiãozinho Mattos. Em seguida, também a Evanise Rezende acertou. Parabéns!!!

Foto: Serjão Missiaggia

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

TÓCHICOS: BEBENDO MACONHA (FINAL)


Já havia alguns dias que minhas tias tinham recebido a notícia de que os “tóchicos” estavam invadindo São João. Naquele glorioso ano de 1972, não se falava de outra coisa na cidade.

Muitos apregoavam o fim dos tempos, outros citavam a Bíblia naquela parte sobre Sodoma e Gomorra, pois, diziam alguns, as tais drogas faziam as pessoas agirem diretamente no pecado, mesmo sem vontade. Contam que uma certa moça, moça de família, até concordou em fornicar com o seu namorado, mesmo sem ter nem noivado.
- Isso é coisa de “cumunista” – dizia o sô Arnaldo, nosso vizinho.

Eu, na bocozice dos meus quatorze anos, morria de medo dessas coisas estranhas. Embora estivesse autorizado a sair de casa, para ir trabalhar lá no Banco Commércio e Indústria, eu jamais me arrisquei a ir num dos tais "barzinhos" porque me disseram, com conhecimento de causa, que lá eles colocavam uma tal de maconha na sua bebida. Aí, você endoidava de vez!

Teve um dia que eu fui lá na Delegacia, entregar umas correspondências pro Monteiro, e, na saída, um soldado disse que o delegado, que era novo na cidade, queria falar comigo. Cagão que só, morri de medo, mas entrei todo solícito com minha pastinha, e o tal homem mandou eu sentar, e disse solenemente:
- Você sabe que você está na lista?

Bom, é preciso abrir um parêntese para explicar essa coisa de lista: nos tempos da ditadura militar, era muito comum os policiais procurarem células comunistas nas cidades. Assim, havia o grupo dos onze, que era um tipo de organização criada pelo Brizola para apoiar o Jango. Aí, a polícia ficava fazendo uma lista pra tentar adivinhar a “escalação” completa dos onze do grupo.

Mas, como espionar comunista é pouco, eles também tinham uma lista dos “viados” (naquele tempo podia falar) e outra, mais recente, dos maconheiros, e era nesta que eu estava. Quase desmaiei quando o delegado falou, pois embora eu já tivesse lido sobre a maconha num livro de botânica, e soubesse que ela era fumada e não bebida (coisa que as minhas tias jamais concordaram), eu nunca tinha visto um cigarro daqueles, mesmo porque eu detestava cigarro, acho que é porque eu tinha bronquite.

- Eu não acredito que você, um jovem trabalhador, use essas coisas não, meu filho, mas, se seu nome está na lista, é porque você deve conhecer quem usa. Aí, eu só queria saber mesmo é o nome das pessoas, pra dar, assim, uma orientação, sabe como é.

Imaginem vocês que, já naquele tempo, me ofereceram a “delação premiada”, mas, tanto em 1972 como hoje, eu sempre tive um ódio mortal de dedo duro. Eu não me lembro como, mas eu saí e fui subindo a rua Capitão Basílio, preocupado, pensando assim:
- Não adianta nada ser inocente, pois se o seu nome tá na lista, aí já era!

Crônica: Jorge Marin

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL