sexta-feira, 28 de agosto de 2009

HISTÓRIAS INACREDITÁVEIS NAS QUAIS NÓS MESMOS CUSTAMOS A ACREDITAR


O DISCO VOADOR - Capítulo III
(Roteiro original - Serjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin)

No último episódio, nossos heróis, agora com o reforço de um estudante de astronomia, tentavam realizar o seu sonho de serem os primeiros a manter contato com um objeto voador não identificado. No entanto, o medo do desconhecido, a ansiedade asfixiante, mais um tanto de poeira que não parava de entrar no veículo, transformavam aquela situação numa experiência perturbadora.
Assim que chegaram ao trevo, observaram que a situação continuava a mesma.
Jesse Marcel, muito impressionado com aquela visão, começou a liderar, como se comandasse uma verdadeira operação de guerra. Ordenou, imediatamente, ao Sílvio Heleno, que subisse com o carro no canteiro e, com a frente virada para cima, apontasse os faróis em direção ao morro.
Enquanto nos ministrava o que parecia ser um pequeno curso de etiqueta intergalático, pedia insistentemente ao Sílvio que, como bons anfitriões, devíamos piscar os faróis em ritmos alternados. Todos se perguntavam se aquilo seria um código ou alguma senha secreta que somente o Jesse e os ET’s conheciam!
Num clima sinistro e de dar arrepios, aquela aventura começou mesmo é a ficar cada vez mais séria.
Vendo que aquela coisa parecia não estar nem ai para gente, e sentindo que uma aproximação mais delicada seria inevitável... Resolveram então chamar o pai do Jesse, ele sim um astrônomo formado, e com doutorado!
E assim foi convocado um profissional de respeito, um verdadeiro cientista!
Com cerca de 80 anos, ouvindo mal e andando com dificuldades, o Professor Marcos poderia, com sua imensa experiência e sabedoria, ajudar bastante. Isto sem falar que, quando exercia suas atividades no Rio de Janeiro, era considerado uma grande autoridade na matéria, com muitos trabalhos publicados e reconhecimento da comunidade científica.
E lá foram chamá-lo, voltando novamente, velozes e curiosos 2, com o motor da Vemaguette meio que resfolegando.
Algumas pessoas, que ainda estavam na praça, só faltavam se jogar na frente do carro, tamanha a curiosidade.
Já haviam se passado umas duas horas e, num verdadeiro rally tenso e insano, chegaram novamente à residência do velho mestre.
Para surpresa geral, eis que o mesmo surge na varanda.
De pijamas, touquinha na cabeça, foi logo dizendo de imediato:
- EU VOU, MAS, SE NÃO FOR NADA, VOCÊS ME PAGAM! NÃO GOSTO DE PERDER MINHA NOVELA!!!!
Novela? À meia noite??? Mais um fato estranho, mas... De qualquer forma, o negócio era levar o homem de qualquer jeito.
O Jesse, enquanto isso, entupia a Vemaguette de: lunetas, pedestais, câmaras, bússola, facão, cantis com água, mais facão, uma barraca do exército e aparelhos estranhos que ninguém podia o que poderia ser.
A movimentação era tão intensa que não havia uma única casa no bairro onde não houvesse pelo menos uma pessoa na janela. Toda aquela gente, espantados e curiosos, pareciam premeditar que uma coisa não muito boa estaria prestes a acontecer.
Na pobre Vemaguette não cabia mais nada. Imaginem só... Todo aquele arsenal e mais... ZÉ NELY, DALMINHO, SERJÃO, JESSE MARCEL, SÍLVIO HELENO E O PROFESSOR MARCOS que, por sinal, foi praticamente sentado no colo do Serjão.
Na correria, e numa das céleres descidas da Vemaguette, lembraram-se da bengala do professor. Ele não se lembrou... Deixaram para lá... Não iria caber mesmo...
Todos puderam sentir como deve ter sido a invasão da Normandia na Segunda Guerra Mundial: aquele bando do homens, suados e respirando com dificuldade, barbas às vezes se roçando umas às outras, o arsenal comprimindo o peito, e o traseiro em cima de objetos estranhos, possivelmente até mesmo um facão.
Ao tentar cortar caminho pelo morro da antiga zona do meretrício, tiveram que fazer três ou mais tentativas para tentar subir com todo aquele peso a bordo.
A Vemaguette gemia a cada tentativa, deixando para trás um imenso rastro de fumaça e um insuportável cheiro de óleo queimado.
Ninguém no meio daquela parafernália iria se aventurar a descer, receando, talvez, ser deixado para trás.
Após algumas tentativas, conseguiram, finalmente, e mais uma vez, chegar ao campo de aviação.
E a coisa lá, ainda no mesmo lugar, parecendo sempre desafiar, com suas estranhas luzes e seu mistério.
Nesta hora, o Professor Marcos, também bastante surpreso e assustado diante da situação, começava a encarar a coisa com mais seriedade.
Com toda aquela humildade, própria dos homens de ciência quando encaram o desconhecido, pediu a palavra, e foi logo dando algumas recomendações táticas. Em seguida, antes que fizessem a tentativa de aproximação final, ainda pediu uma rápida oração de todos.
Oração nesta altura do campeonato, principalmente solicitada pelo velho Marcos, começava de certa forma a assustar.
- Ele não é ateu? – alguém resmungou baixinho!!!
A seguir, o agora comandante da missão ordenou que os mais jovens fossem caminhando fora do carro, ou melhor, andando silenciosamente atrás dele.
Na Vemaguette, seguiria somente ele e o motorista que, por sinal, para sua própria infelicidade, era o que desejava estar o mais distante possível dali.
E lá foram eles... Caminhando lentamente, passo a passo, ao encontro do desconhecido.
Será o mistério finalmente desvendado? Conseguirão nossos heróis pytombenses, finalmente liderados por uma pessoa séria, conseguir realizar uma façanha que lhes dará projeção mundial? Não percam mais um capítulo deste diário de bordo, data estelar 1974, mostrando que o espaço pode não ser a fronteira final, quem sabe?

NOTA: Utilizamos nomes fictícios para as pessoas sérias, honestas e trabalhadoras que nós simplesmente incomodamos, chateamos e trouxemos para esta aventura maluca. Pedimos desculpas pelo incômodo causado na época e, se for vontade de tais pessoas a exposição de seus nomes, basta nos comunicar, que teremos grande prazer e alegria em divulgar. Registramos nosso agradecimento a esses profissionais!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

ESPORTE CLUBE PYTOMBA


ESPORTE CLUBE PYTOMBA

Chamada de Emergência

Mais uma vez o destino exigiu nossa presença nos anais do futebol. Como não poderia deixar de ser lá estaremos defendendo as indefinidas cores do nosso glorioso, exaltado, decantado e querido PYTOMBA, que se não é, pelo menos se acha um dos melhores times das massas vibrantes do nosso querido BRASIL!!!

Podemos adiantar que a hora será entre meio-dia e uma hora e trinta e dois minutos do dia 10 de março de 1978, século XX, no Jardim do Rosário (Operário).

Sem lágrimas serão estes os infelizes convocados:

1- RÔMULO PINEIRA
2- ADEMIR ALBINO
3- GERALDOME ESPERA
4- NEM-NEM
5- SERJÃO CATIMBA
6- JORGE BEIÇOLA (por motivos de força maior ele prefere ir ao churrasco)
7- ZÉ NELI GARNIZÉ
8- SÍLVIO PEDRADA
9- CANTÕE ULA-ULA
10 - RENATO CENSURADO
11 - ZEZÉ SAPO
12 - SÔ PAULINHO
13 - MÁRCIO ROÇADEIRA

OBS: Não jogarão aqueles que não comparecerem, portanto é bom aparecer todo mundo. Os que não forem jamais irão e estarão sujeitos às penalidades previstas no AI-5.

DESFALQUES: Jorge Beiçola por motivos estomacais (churrasco do banco)
Márcio Tá Difícil por motivos médicos, desligamento ósseo do membro inferior direito da rótula do joelho esquerdo.

Nestes termos pedimos pelo amor de Deus o surgimento de todos no local e horas imprevistos (as).

Abraços,

06.MAR.1978

ASSINAM: Diretor de Esportes
Secretário
Departamento Veterinário
Escrivão de Paz

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

HISTÓRIAS INACREDITÁVEIS NAS QUAIS NÓS MESMOS CUSTAMOS A ACREDITAR


O D I S C O V O A D O R - C A P Í T U L O II
(Roteiro original - Serjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin )

Na semana passada, com bem recordam, encontramos nossos amigos do Pytomba, a bordo da possante Vemaguette do Sílvio Heleno, prestes a concretizar o que poderia ser uma aproximação com um objeto voador não identificado. Com a respiração acelerada, coração disparado e cheios de poeira, os rapazes resolveram, mais uma vez, agir com coragem e encarar o que o destino lhes reservava.
Era como se todos fizessem um pacto de lealdade. Nada foi dito, mas dentro da escuridão, os olhares se procuravam, como para assegurar que, acontecesse o que fosse, aquele era um momento único, que deveria ser vivido intensamente, como todos sempre procuraram viver suas vidas até ali.
Era como se um filme passasse na cabeça de cada um. Viajavam com a imaginação e podiam antever as notícias que, certamente, circulariam em todos os jornais no dia seguinte
Viam claramente, seus retratos estampados nas primeiras páginas dos jornais, mais tarde na capa das revistas O Cruzeiro e Manchete, podiam ler, em letras garrafais: "Primeiro Contato Imediato, documentado e fotografado do Brasil”.
Na verdade, estes pensamentos eram uma tentativa de afugentar o medo e uma forma desesperada de passar o tempo, até que o plano para uma possível aproximação fosse elaborado.
O objeto permanecia imóvel, passivo, parecendo sempre estar observando o carro e seus ocupantes. Foi então resolvido, numa breve reunião (sem unanimidade), dar uma ida até lá em cima e checar, do outro lado do campo, do que realmente se tratava.
Subindo pelo morro dos Marimbondos, procuravam sempre não perder de vista aquelas janelinhas iluminadas e misteriosas, que ficavam a brilhar lá no alto.
Em volta, a escuridão era total pois, naquela época, era tudo bem mais deserto, e o movimento de carros era só uma vez ou outra. Não havia uma única casa no meio do caminho e muito menos uma santa alma, que pudesse descontrair e compartilhar com os garotos aquele momento decisivo.
A Vemaguette mais parecia uma peneira furada, pois, enquanto subia engasgando morro acima, aspirava a poeira, que sufocava e pintava todo mundo de amarelo.
Quando lá chegaram, viram que pouca coisa havia mudado, e que a visão do objeto continuava a mesma.
E desta forma, só na tocaia e observando ao longe, ficaram por um bom tempo. Como se fosse um campo de batalha, de um lado, a expedição do Pytomba, e, na outra extremidade, a coisa.
Foi aí, neste exato momento, que começaram a perceber, não sem um certo incômodo, que, para ver melhor, a única solução seria uma aproximação mais arriscada.
Já não havia conversa entre os rapazes, ninguém àquela altura era contra ou a favor de coisa alguma. O que havia era um sentimento, forte e profundo, de que uma força sobrenatural e irresistível, os conduzia a seguir, mais e mais em frente. E foi o que fizeram.
Sílvio Heleno achou por bem fazer a aproximação de traseira, isto é, de marcha ré. Segundo ele, tratava-se de uma tática evasiva, na qual teriam mais agilidade no caso de uma possível fuga de emergência.
E desta forma o veículo foi acionado: enquanto, passo a passo, faziam a aproximação, a adrenalina de todos ia a mil e os corações batiam descompassadamente.
Após percorrerem mais ou menos uns 50 metros, Sílvio Heleno, ameaçando um pequeno descontrole emocional, não suportou toda aquela tensão, soltou um grito, e pisou fundo no acelerador.
O que ocorreu foi que a Vemaguette descreveu uma inacreditável curva de traseira e virou num ângulo de quase 180 graus, por pouco não caindo barranco abaixo, bem em cima da antiga sede do Tiro de Guerra.
Saíram numa velocidade que só Deus sabe e que, diga-se de passagem, somente foi conseguida porque o carro estava de morro a baixo.
Uma nuvem de poeira, naquele momento, tomou conta de todo o interior do carro. Pareciam envoltos em uma espessa neblina. A cabeleira afro do Zé se destacava ainda mais no escuro, parecendo um turbante amarelo.
Descendo de lá feito um foguete, passaram pelo centro da cidade, sob os olhares curiosos de algumas pessoas que ainda se encontravam na praça. A partir daquele momento, já começavam a deixar a população com a pulga atrás da orelha, pois já deveriam ser umas onze horas da noite e, nessa época, as coisas eram bem diferentes, sendo que, qualquer zunzunzum naquele horário, era motivo para despertar uma baita atenção.
Foi aí que resolveram então... Seguir para a casa de Jesse Marcel, um amigo que estudava Astronomia, seguindo os passos do pai, que igualmente era astrônomo no Rio de Janeiro.
Para lá se dirigiram...
Ao chegar na casa, chamaram pelo amigo, mas tiveram o cuidado de manter o motor da velha Vemaguette ligado.
Ele, de imediato, apareceu na janela. Com o rosto todo branco, por uma pomada para espinhas, mais parecia, ele mesmo, um ET. Pulou rapidamente o murinho da varanda da casa, e, ainda com aquela pomada na cara, entrou direto na Vemaguette.
Saíram, velozes e curiosos, passando novamente na praça, ante o olhar curioso das pessoas que não entendiam o que estava acontecendo.
Próxima parada: trevo!
Não percam, no próximo episódio, a nova aproximação, agora com respaldo científico. Ao infinito, e além...

NOTA: Utilizamos nomes fictícios para as pessoas sérias, honestas e trabalhadoras que nós simplesmente incomodamos, chateamos e trouxemos para esta aventura maluca. Pedimos desculpas pelo incômodo causado na época e, se for vontade de tais pessoas a exposição de seus nomes, basta nos comunicar, que teremos grande prazer e alegria em divulgar. Registramos nosso agradecimento a esses profissionais!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

PRIMEIRO ENSAIO


O artigo abaixo, mais um de autoria do Nilson Magno Baptista, foi publicado há exatos 12 anos e cita, entre memórias e reminiscências do passado, o momento zero da criação do Pytomba. Vale a pena relembrar:

Para quem teve infância, adolescência e juventude felizes, como eu tive, é muito bom recordar fatos e pessoas que povoam minha memória de boas lembranças.
Bons tempos aqueles do Grupo Escolar Coronel José Brás, onde minha mãe lecionava e onde fiz minhas primeiras amizades. Citar nomes dos colegas e amigos e falar sobre suas personalidades seria assunto para um livro. Recordo-me também com alegria das professoras que tive:
Da. Abigail de Castro Batista, Da. Maria Carmem de Lima Rocha, Anginha Velasco, Marli Rocha, Da. Alicinha Veiga. A diretora era Da. Maria da Glória de Lima Torres, de quem sempre fui um grande admirador. No pré-primário fui aluno de Da. Sônia Velasco e dela guardo ternas lembranças. Como era bom todos os dias, depois da aula, ajudar a levar os cadernos para casa, já que eu morava na mesma rua dela, a Coronel José Dutra (Rua do Sarmento).
No Ginásio Dr. Augusto Glória tive excelentes professores e professoras e lá também conquistei ótimas e duradouras amizades. Aqui cito o nome do meu amigo Nilo Sérgio Reis, representando todos os colegas que se tornaram amigos de verdade. E foram muitos, graças a Deus. Outro educandário por onde passei, cursando o Científico, foi o Instituto Barroso, e lá novas e boas amizades conquistei e as cultivo até hoje.
Foi nessa época que aconteceu um episódio cômico, cuja recordação me veio num encontro que tive, dia desses, no calçadão, com o amigo Sérgio Missiaggia e sua simpática esposa Dorinha. Nos tempos de Instituto Barroso os amigos foram muitos, como sempre, porém um deles me era mais próximo: Sílvio Heleno Picorone, que na época fazia parte de uma turma que reunia Dalminho Pereira, Renato Espíndola, Renezinho Ladeira, Sérgio Missiaggia (o Serjão) e Márcio Velasco, que resolveram criar um conjunto musical.
Um dia cheguei à casa do Anginho Picorone, pai do Sílvio Heleno e perguntando pelo amigo, Dona Mariana, sua mãe me disse:
- Ele está no galpão, lá nos fundos, com um grupo de amigos.
Pedi licença e fui até o galpão onde estavam Sílvio Heleno e a turma já citada. Quando entrei estavam todos felizes e disseram:
- Criamos um conjunto e vai se chamar Grupo Pithomba. Hoje estamos realizando nosso primeiro ensaio.
Sílvio Heleno era técnico de som e estava preparando a aparelhagem, enquanto os outros afinavam os instrumentos e faziam outros preparativos. Foi quando alguém lembrou:
- Está faltando o baixista...
E eu, que nunca fui músico na minha vida, muito brincalhão, respondi bem alto:
- Já que não tem um “baixista”, um “Batista” não serve?...
Ao que o Sílvio Heleno caindo na risada, respondeu:
- Serve!...
E eu tive o prazer de ser músico por um dia e todo desajeitado ataquei de baixista, mas o som que saía era só Tum... Tum... Tum... Tum... Tum...
Não importa, mesmo que por alguns segundos e nos seu primeiro ensaio, toquei no “Grupo Pithomba”.
Com esta historinha homenageio todos os amigos que conquistei em todos os setores da comunidade e lhes desejo, assim como a todos os seus familiares, um Ano Novo repleto de paz, amor, saúde, boas realizações e sucesso.
No próximo ano, se Deus continuar permitindo, estarei dando continuidade à publicação de minhas crônicas neste jornal, pois escrever é uma de minhas duas grandes paixões, a outra é minha amada Edite, musa inspiradora e companheira das horas boas e ruins, a quem presto homenagem, agradecendo por ela fazer parte da minha vida.

(crônica extraída do jornal O Sul da Mata de 28/08/1997)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

HISTÓRIAS INACREDITÁVEIS NAS QUAIS NÓS MESMOS CUSTAMOS A ACREDITAR


O D I S C O V O A D O R - CAPÍTULO I
Roteiro Original - Serjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin
Ao iniciar a narração de mais uma aventura, vamos abrir um pequeno parêntese, para fazer uma reverência especial a todos e a cada um dos componentes do grupo Pitomba. Isto porque o grande diferencial do grupo sempre foi a sincera amizade que nos unia. Esta característica já foi citada aqui no blog e sempre foi a nossa marca registrada. Fosse onde fosse: no colégio, nos esportes, em viagens, por trás de alguma experiência maluca ou, simplesmente, para testar alguma nova invenção. Era dia, era noite, no palco ou fora dele, lá estávamos nós, com aquela alegria e muito humor que, por sinal, era outra característica fundamental.
Os fatos que aqui serão narrados ocorreram no ano de 1974 e, para que as pessoas que não viveram esta data possam ter uma ideia do que acontecia na época, basta consultar na Internet qualquer site de ufologia para saber que, no referido ano, registraram-se milhares de aparições, combates entre OVNIs e caças Mig na Rússia, captura de um OVNI pelo exército mexicano, posteriormente raptado pelo exército americano e outras tantas narrativas, fartamente noticiadas pela revista O Cruzeiro. Foi neste ano que teve início a parceria entre Raul Seixas e Paulo Coelho, iniciada, segundo Raul, enquanto um disco voador sobrevoava a Barra da Tijuca.
Enquanto isto, em São João Nepomuceno, era uma noite fria daquele ano fatídico e um grupo de amigos saía para um passeio, sem saber que fatos interessantes, misteriosos e, por que não dizer, cômicos, aconteceriam.
Eram 21 horas de um dia de semana comum, e Dalminho, Zé Nely, Sílvio Heleno e Serjão combinaram sair, a passeio, com a velha Vemaguette, veículo emblemático, protagonista de muitos casos que ainda serão contados aqui.
Após percorrerem, por várias vezes, os mesmos lugares da cidade e, já cansados da rotina, resolveram voltar para casa. Foi quando alguém teve a ideia inusitada de ir até o trevo para tentar curtir um pouco mais daquela noite até então totalmente sem graça.
E assim foi...
Logo que chegaram, Sílvio Heleno foi estacionando aquela supermáquina debaixo de uma árvore. Num canto privilegiado do lugar, enquanto ligavam o toca-fitas, iam abrindo as portas da Vemaguette, para liberar para a atmosfera o terrível odor de óleo queimado, que o motor do veículo constantemente exalava.
Era uma noite linda, apesar de um pouco escura, pois não havia lua naquele momento. Vagalumes passeavam ao lado do carro estacionado e todos admiravam o céu intensamente estrelado e calmo.
De repente, quando ninguém estava esperando, o Dalminho, que estava sentado no banco traseiro, dá um tremendo pulo para frente e começa a entrar em desespero. Olhando justamente para o lado do campo de aviação, num misto de confusão e pânico, apontava o dedo para aquele local e falava aos berros, quase gritando:
- HAHAHALÁ!!! HAHAHALÁ...
- QUE QUE É AQUILO LÁ EM CIMA???
- É... É... É... UM DISCO VOA...
Antes que terminasse a frase, Sílvio Heleno, mais apavorado com a emoção do Dalminho do que com o que poderia estar acontecendo, foi tentando dar a partida na bendita Vemaguette. Mas, para variar, aquela coisa velha não ligava de jeito nenhum, e travou: não ia nem pra frente, nem pra trás. Alguns tentavam, em vão, empurrá-la, enquanto a maioria procurava mesmo era se esconder atrás de qualquer abrigo que encontrasse pela frente.
Serjão pensou em correr para a Fazenda Santa Fé, que ele conhecia bem, mas sabia que, por mais assustador que fosse o momento, enfrentar os cachorros da fazenda seria ainda pior.
Zé Nely que, na época, usava um cabelo afro, simplesmente paralisou no banco de trás. Tremendo muito e, arregalando os olhos, dizia que não gostava nem um pouco “dessas coisas” e que não iria olhar de forma alguma. Mas, na verdade, ficava estudando a reação de cada um, para ver qual situação de fuga era a mais viável.
Esta situação de pânico generalizado sempre foi muito comum na história do Pytomba e, nesta hora, a reação sempre foi a mesma: muito grito, muita reclamação, muita histeria, até se começar tomar uma atitude... respirar fundo, unir todos os medos e encarar a situação de frente.
Mas, como encarar o desconhecido? Seria a Vemaguette páreo para um OVNI que tinha capacidade de enfrentar um caça Mig? E como conseguir ajuda naquela paisagem totalmente desolada?
Não percam a resposta para estas perguntas no próximo capítulo, que virá repleto de sinais inquietantes e a preparação de um encontro do terceiro grau. Aguardem!!!

sábado, 8 de agosto de 2009

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

HISTÓRIAS INACREDITÁVEIS NAS QUAIS NÓS MESMOS CUSTAMOS A ACREDITAR


A B O M B A - CAPÍTULO FINAL
(Roteiro original - Sérjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin)
No capítulo anterior de A Bomba, um carro sai em disparada. O destino, ignorado e, a bordo, um irmão assustado e os três responsáveis pela primeira explosão de uma bomba de Melodias na História. Sem flagrante, nada aconteceu, e todos foram voltando para suas casas, para o ônibus, para a Assembléia de Deus e para o posto de gasolina.
Na segunda versão, poucos fatos aconteceram, mas um fato, ocorrido na armação da segunda, merece ser relembrado. Já era bem tarde da noite e, sob focos de luzes, numa mesa da oficina, era finalizada a montagem da segunda bomba. De repente, dois policiais apontaram o rosto na porta, analisaram o ambiente e todos que ali estavam. Polícia naquele tempo era uma coisa muita temida. Todos engoliram em seco, mas os PMs perguntaram, em tom de brincadeira:
- E aí, Professor Pardal! O que é que vocês estão inventando aí?
- É uma bomba! – respondeu Sílvio Heleno, curto e grosso.
Para surpresa de todos, os oficiais da lei disseram OK, fizeram meia-volta e foram embora. Saíram dando boas gargalhadas. Jamais poderiam imaginar que a segunda bomba estava logo ali, bem debaixo de seus narizes.
Esta bomba teve a mesma potência que a primeira, sendo que algumas poucas modificações foram introduzidas, para adaptá-la ao meio liquido.
Foi construída uma embalagem especial, que a tornaria protegida da água, e assim, pudesse ser colocada no fundo de um tanque qualquer, que viria a ser o lavador do Sr. Anginho Picorone, o mesmo mostrado na foto aí em cima.
Este teste foi um verdadeiro êxito, pois além de provocar algumas rachaduras no tanque, subiu água a mais de cinco metros!
Mais cedo do que o esperado, chegou o momento da terceira versão, na qual foram empregados toda a tecnologia, experiência e conhecimentos adquiridos anteriormente. Com uma notável potência de 36 Melodias, enquanto montada, era feita a criteriosa escolha do lugar da detonação.
Desta vez, ficou decidido que,mais uma vez, o local seria nos fundos do terreiro da casa do Sílvio Heleno, pois, como é sabido na condução deste tipo de experiência, o sigilo e a segurança são fundamentais e vêm sempre em primeiro lugar.
Para participar do evento, foi chamado um convidado especial, o Moacyr Ângelo Ferreira, o saudoso e inesquecível Godelo que, como sempre, topou a parada de ser, além de testemunha, o padrinho do modelo XB3/4 versão 03.
Assim, após o acondicionamento do artefato nos fundos do barracão, teve início a contagem regressiva. Até que, ao faltarem 8 segundos, a segurança falou mais alto e a contagem teve de ser interrompida. O motivo foi a perigosa distância em que o Godelo insistia em se manter da bomba. Queria ficar em pé, a pouco mais de 10 metros, praticamente um vestibular para kamicaze.
Depois de muita resistência, pois o Godelo alegava que a explosão não seria tudo aquilo que era imaginado, este resolveu finalmente se esconder atrás de um tambor velho, mas foi a vez do Renatinho ficar exatamente no lugar dele.
Foi reiniciada a contagem regressiva, e a detonação, afinal realizada!
“Cruis credo”, foi o grito de todos. Nunca se tinha visto coisa igual!
Subiu uma labareda de fogo quase da altura do barracão. A explosão foi tão grande que, lá do Ginásio São João, o Sr Ubi Barroso, mais alunos, professores e serventes conseguiram escutar.
Segundo o Beto Vampiro, alguém no colégio, naquele momento, chegou à janela e gritou:
- Só pode ser coisa do Silvio Heleno com o pessoal do Pitomba! - E não é que era mesmo?.
Naquele piso duro e compactado do terreiro, foi feito uma cratera de quase 20 centímetros. O fato mais interessante, que mais chamou a atenção de todos, foi quando, mesmo alguns segundos após a explosão, ainda eram ouvidos barulhos provocados pelos fragmentos da XB3/4 Versão 03 caindo no telhado.
Neste momento, ninguém se lembrou do Godelo. Eis que, de repente, surgindo de trás do tambor, ele, apavorado, foi logo dizendo a frase marcante:
- “CRIATURA, SE EU SOUBESSE QUE ESSE TREM FOSSE ASSIM, EU NUM TERIA NEM VINDO AQUI!” E, mais que depressa, foi saindo sorrateiramente do local. Mas, para completar seu desespero, foi abordado no meio do caminho, por uma senhora que vinha descendo o morro da Matriz e, extremamente assustada, perguntou-lhe se, por acaso, não saberia noticias de uma bomba que teria sido detonada no posto de gasolina. Fazendo-se de desentendido, e sem responder uma única palavra, o sábio Godilin foi rapidinho entrando em casa.
Segundo depoimentos de moradores e funcionários do Banco do Brasil, que funcionava na Avenida Zeca Henriques, todos saíram assustados para a rua, pois achavam que o prédio poderia estar desabando.
Enfim... Entre zero mortos e feridos, todos se salvaram. Mas o fato é que, por longos e longos meses, ainda se escutaria, pelas esquinas da cidade, comentários de mais uma das mais conhecidas façanhas daqueles rapazes. Desta vez, as pedras rolaram, mesmo!.
Abaixo, a letra de uma música comemorativa da aventura, de autoria do Sílvio Heleno e do Bellini, A Bomba da Paz (em Lá menor): “A bomba vai explodir ali, ali, ali/ Vai matar aquelas cabeças, que eu não quero ver, / Cabeças que me perturbam / não deixando eu viver.
A bomba vai salvar ali, deixando sumir, / A bomba vai salvar ali, fazendo sumir, / Coisas que incomodam que vêem para reprimir, / Fazendo fazer da vida, o amor brotar ali, / O amor brotar ali.
A bomba vai explodir ali, ali, ali, / O amor vai brotar daqui, daqui, ali, /A paz vai nascer ali, ali, ali, / Criança nova há de vir, para aqui, dali.”
(conforme manuscrito original de Sílvio Heleno, em 1980).

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

PYTOMBA SEM RITMO


A gente pensa que pode manter o ritmo para sempre, mas sabe que não é bem assim.
Ontem, para a tristeza de todos nós, o nosso baterista ZÉ NELY foi vítima de um grave acidente automobilístico, no qual veio a falecer.
José Luiz da Silva era bem-humorado, conciliador, paciente e boa praça. Enfim, era O CARA. Quem teve a alegria de conviver com ele, sabe que, com sua partida, o mundo fica mais triste, e o Pytomba, mais pobre.
Apresentamos nossos pêsames à família do querido amigo!

O SHOW DA BOATE KAKO


Quem lê jornal em São João, sabe que Nilson Magno Batista é sinônimo de critica autônoma e autêntica. Autor de crônicas memoráveis nos jornais O Ideal, Novidade e, mais recentemente, Sul da Mata, este espírito libertário pode ser considerado um membro honorário do Pytomba, graças à sua participação nos momentos marcantes do grupo. Segue abaixo, a sua avaliação da apresentação na boate Kako em 1975, publicada no jornal O Ideal.

O GRUPO PYTOMBA

“O grupo Pytomba participa a você a apresentação de gravações e slides de nossa criação e convida-o para um encontro conosco dia 30 deste, às 15 horas, na boite Kado para apreciação da obra
Contamos com você,
Grupo Pytomba”

Este foi o convite que recebemos do simpático grupo Pytomba, o qual tivemos o prazer de aceitar a lá estivemos dia 30 p.p. Como não poderia deixar de ser, o comparecimento foi grande, o que vem atestar a popularidade deste grupo que vem firmando cada vez mais o seu conceito perante a juventude sanjoanense.
Assim foi iniciada a apresentação do grupo: “O motivo da vinda de vocês aqui hoje, é a divulgação e promoção de um grupo de jovens sanjoanenses que tem se destacado musicalmente por suas criações e pesquisas no campo do som. Trata-se do já conhecido grupo Pytomba. Este tipo de pesquisa está sendo aceito em nosso meio, pois já existem vários adeptos internacionais. Cerca de mil conjuntos já adotam o chamado Neo-Clássico. Trata-se de um estilo completamente novo em matéria de som, onde a imaginação transforma as notas musicais em verdadeiras e harmonias do Neo-Clássico. O grupo tem como componentes: no teclado, Sílvio Heleno; na guitarra, Renê; na percussão: bateria com Zé e Serjão na tumbadora; na voz, Dalminho e Bellini; Renatinho com os efeitos luminosos e finalmente, Paulinho Manzo na técnica fotográfica.
Portanto, tratando-se de uma inovação de pesquisa sonora, esperamos que todos sintam a autenticidade do grupo que procura, através dos instrumentos, dizer alguma coisa extraída de suas imaginações e que nem todos compreendam, talvez.
Som, embarcação tão eterna quanto o próprio infinito. Através dele Beethovem atingiu o apogeu de sua glória; Lizt desceu aos infernos, e o futuro se encarregou de poluir este magnífico trabalho. O mundo se transformou em um imenso palco no qual cada povo se alegrava ao som de liras, violas, atabaques ou violinos. Veio o tempo girando vertiginosamente até que surgiu o século XX, ao som de uma rubicunda bomba atômica e as desolações do pós-guerra ao som de boleros, o tango escandaloso e os musicais da Broadway. Aí, nova explosão, o Rock, extravasando os sentimentos de uma geração oprimida. Atingiu o clímax com os Beatles e acabou, ou melhor, transformou-se, aliou-se à tecnologia, buscando o aperfeiçoamento. Este é o som que procuramos. Defini-lo seria como se fosse a representação sonora de todos os anseios e frustrações de uma humanidade cada vez mais materialista.
O Pytomba era apenas um dos numerosos conjuntos de rock sem estilo próprio. Foi quando gravamos o nosso primeiro trabalho, o INSTRUMENTAL 1, onde nos encontramos e fixamos o nosso estilo. É a principal faixa deste trabalho rudimentar que iremos ouvir em seguida (música). Ouviremos agora, Pearl Harbour 2001, do nosso segundo trabalho, INSTRUMENTAL 2, onde é descrito o combate entre dois estranhos exércitos. Iremos apresentar agora as doze faixas do nosso novo trabalho “CABEÇA FEITA”.
Primeiramente em “Transmutação Plutônica”, teremos uma viagem pelas gélidas planícies do nono planeta do nosso sistema solar. Nesta “Apresentação Especial”, a descrição de toda a ansiedade de um desejo reprimido. Em “Canto Livre”, uma homenagem à primavera. Em “Mensagem Secreta” e “Caso Apache”, o confronto entre tecnologia e cultura primitiva. O “Cavaleiro de Bagdá” cavalga pelo estranho e mágico mundo do Oriente. Em “Hora do Bode”, um instante de exaustão. A “Viagem Oriental” nos traz o misticismo em todas as suas formas, “Cabeça Feita” é o momento em que nossa percepção sensorial atinge o clímax. Podemos sentir todas as emoções de uma viagem em “Trem 5d”. “Seção Suspense!" descreve o terror do desconhecido. E finalmente, “Metamorphosis” é uma série de transformações e experiências sonoras (Texto de Renê e Jorge, o narrador).”
Não poderíamos deixar de citar o trabalho excepcional de fotografia realizado por Paulinho Manzo, que pela excelente atuação, merece um grande abraço. Ele soube transformar a apresentação do Pytomba, além de um show de sons, em imagens e cores. As fotografias ficaram um “barato”. A narração do Jorge estava excelente e valorizou sobremaneira o texto.

UM POUCO DE HISTÓRIA
A história do Pytomba teve início nos primeiros meses do ano 72. Seu nome original era “Pytomba na Oreia”, posteriormente reduzido para “Pytomba”. Como a equipe passou a diversificar suas atividades, formou-se o conhecido grupo Pytomba, que hoje se tornou famoso como o primeiro conjunto amador sanjoanense que compõe suas próprias músicas, com seu próprio estilo e técnica. O Pytomba em seus primeiros anos de existência teve grande atividade, com apresentações em vários locais da Cidade, Distritos e Municípios vizinhos. Tornou-se também conhecido como o único conjunto que permitia a apresentação de alguns dos seus componentes em ocasiões natalícias e matrimoniais para as quais eram convidados, musicando o ambiente.
O grupo Pytomba atual existe graças ao esforço, união e dedicação desses jovens que, até hoje, o compõe. Para que se chegasse ao estágio em que o grupo hoje se encontra, muitos problemas foram enfrentados e solucionados. Para aqueles que não conhecem mais a fundo o Grupo e seus integrantes, uma curiosidade: sua principal característica é a união de seus componentes, mesmo fora das gravações de apresentações.

ENTREVISTA DO GRUPO
P – Vocês se sentiram, pelo trabalho que realizaram, recompensados?
R – Sim. Porque com esse evento novos horizontes nos foram abertos. E, além do mais, houve uma grande aceitação por parte do público.

P – Quando e como foi que surgiram os primeiros acordes da ideia de fazer este tipo de som?
R – Por volta de 74, quando gravamos o nosso primeiro trabalho, onde o som surgiu de uma maneira completamente inesperada.

P – Por que vocês não levaram ao conhecimento do público seu primeiro trabalho?
R – Pelo fato de ainda não termos nos auto-afirmado ao nosso estilo.

P – Qual a mensagem que vocês enviam ao público?
R – A nossa intenção é a diversificação da música em nosso meio, pois achamos uma certa massa imatura, ou melhor, completamente ignorante, não só em matéria de música, mas em tudo aquilo que esteja fora da “Panelinha”, na qual existem tantas distorções nem sempre entendidas por eles próprios.

O Ideal agradece ao grupo Pytomba pela entrevista que nos concedeu.

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL