quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O SHOW DA BOATE KAKO


Quem lê jornal em São João, sabe que Nilson Magno Batista é sinônimo de critica autônoma e autêntica. Autor de crônicas memoráveis nos jornais O Ideal, Novidade e, mais recentemente, Sul da Mata, este espírito libertário pode ser considerado um membro honorário do Pytomba, graças à sua participação nos momentos marcantes do grupo. Segue abaixo, a sua avaliação da apresentação na boate Kako em 1975, publicada no jornal O Ideal.

O GRUPO PYTOMBA

“O grupo Pytomba participa a você a apresentação de gravações e slides de nossa criação e convida-o para um encontro conosco dia 30 deste, às 15 horas, na boite Kado para apreciação da obra
Contamos com você,
Grupo Pytomba”

Este foi o convite que recebemos do simpático grupo Pytomba, o qual tivemos o prazer de aceitar a lá estivemos dia 30 p.p. Como não poderia deixar de ser, o comparecimento foi grande, o que vem atestar a popularidade deste grupo que vem firmando cada vez mais o seu conceito perante a juventude sanjoanense.
Assim foi iniciada a apresentação do grupo: “O motivo da vinda de vocês aqui hoje, é a divulgação e promoção de um grupo de jovens sanjoanenses que tem se destacado musicalmente por suas criações e pesquisas no campo do som. Trata-se do já conhecido grupo Pytomba. Este tipo de pesquisa está sendo aceito em nosso meio, pois já existem vários adeptos internacionais. Cerca de mil conjuntos já adotam o chamado Neo-Clássico. Trata-se de um estilo completamente novo em matéria de som, onde a imaginação transforma as notas musicais em verdadeiras e harmonias do Neo-Clássico. O grupo tem como componentes: no teclado, Sílvio Heleno; na guitarra, Renê; na percussão: bateria com Zé e Serjão na tumbadora; na voz, Dalminho e Bellini; Renatinho com os efeitos luminosos e finalmente, Paulinho Manzo na técnica fotográfica.
Portanto, tratando-se de uma inovação de pesquisa sonora, esperamos que todos sintam a autenticidade do grupo que procura, através dos instrumentos, dizer alguma coisa extraída de suas imaginações e que nem todos compreendam, talvez.
Som, embarcação tão eterna quanto o próprio infinito. Através dele Beethovem atingiu o apogeu de sua glória; Lizt desceu aos infernos, e o futuro se encarregou de poluir este magnífico trabalho. O mundo se transformou em um imenso palco no qual cada povo se alegrava ao som de liras, violas, atabaques ou violinos. Veio o tempo girando vertiginosamente até que surgiu o século XX, ao som de uma rubicunda bomba atômica e as desolações do pós-guerra ao som de boleros, o tango escandaloso e os musicais da Broadway. Aí, nova explosão, o Rock, extravasando os sentimentos de uma geração oprimida. Atingiu o clímax com os Beatles e acabou, ou melhor, transformou-se, aliou-se à tecnologia, buscando o aperfeiçoamento. Este é o som que procuramos. Defini-lo seria como se fosse a representação sonora de todos os anseios e frustrações de uma humanidade cada vez mais materialista.
O Pytomba era apenas um dos numerosos conjuntos de rock sem estilo próprio. Foi quando gravamos o nosso primeiro trabalho, o INSTRUMENTAL 1, onde nos encontramos e fixamos o nosso estilo. É a principal faixa deste trabalho rudimentar que iremos ouvir em seguida (música). Ouviremos agora, Pearl Harbour 2001, do nosso segundo trabalho, INSTRUMENTAL 2, onde é descrito o combate entre dois estranhos exércitos. Iremos apresentar agora as doze faixas do nosso novo trabalho “CABEÇA FEITA”.
Primeiramente em “Transmutação Plutônica”, teremos uma viagem pelas gélidas planícies do nono planeta do nosso sistema solar. Nesta “Apresentação Especial”, a descrição de toda a ansiedade de um desejo reprimido. Em “Canto Livre”, uma homenagem à primavera. Em “Mensagem Secreta” e “Caso Apache”, o confronto entre tecnologia e cultura primitiva. O “Cavaleiro de Bagdá” cavalga pelo estranho e mágico mundo do Oriente. Em “Hora do Bode”, um instante de exaustão. A “Viagem Oriental” nos traz o misticismo em todas as suas formas, “Cabeça Feita” é o momento em que nossa percepção sensorial atinge o clímax. Podemos sentir todas as emoções de uma viagem em “Trem 5d”. “Seção Suspense!" descreve o terror do desconhecido. E finalmente, “Metamorphosis” é uma série de transformações e experiências sonoras (Texto de Renê e Jorge, o narrador).”
Não poderíamos deixar de citar o trabalho excepcional de fotografia realizado por Paulinho Manzo, que pela excelente atuação, merece um grande abraço. Ele soube transformar a apresentação do Pytomba, além de um show de sons, em imagens e cores. As fotografias ficaram um “barato”. A narração do Jorge estava excelente e valorizou sobremaneira o texto.

UM POUCO DE HISTÓRIA
A história do Pytomba teve início nos primeiros meses do ano 72. Seu nome original era “Pytomba na Oreia”, posteriormente reduzido para “Pytomba”. Como a equipe passou a diversificar suas atividades, formou-se o conhecido grupo Pytomba, que hoje se tornou famoso como o primeiro conjunto amador sanjoanense que compõe suas próprias músicas, com seu próprio estilo e técnica. O Pytomba em seus primeiros anos de existência teve grande atividade, com apresentações em vários locais da Cidade, Distritos e Municípios vizinhos. Tornou-se também conhecido como o único conjunto que permitia a apresentação de alguns dos seus componentes em ocasiões natalícias e matrimoniais para as quais eram convidados, musicando o ambiente.
O grupo Pytomba atual existe graças ao esforço, união e dedicação desses jovens que, até hoje, o compõe. Para que se chegasse ao estágio em que o grupo hoje se encontra, muitos problemas foram enfrentados e solucionados. Para aqueles que não conhecem mais a fundo o Grupo e seus integrantes, uma curiosidade: sua principal característica é a união de seus componentes, mesmo fora das gravações de apresentações.

ENTREVISTA DO GRUPO
P – Vocês se sentiram, pelo trabalho que realizaram, recompensados?
R – Sim. Porque com esse evento novos horizontes nos foram abertos. E, além do mais, houve uma grande aceitação por parte do público.

P – Quando e como foi que surgiram os primeiros acordes da ideia de fazer este tipo de som?
R – Por volta de 74, quando gravamos o nosso primeiro trabalho, onde o som surgiu de uma maneira completamente inesperada.

P – Por que vocês não levaram ao conhecimento do público seu primeiro trabalho?
R – Pelo fato de ainda não termos nos auto-afirmado ao nosso estilo.

P – Qual a mensagem que vocês enviam ao público?
R – A nossa intenção é a diversificação da música em nosso meio, pois achamos uma certa massa imatura, ou melhor, completamente ignorante, não só em matéria de música, mas em tudo aquilo que esteja fora da “Panelinha”, na qual existem tantas distorções nem sempre entendidas por eles próprios.

O Ideal agradece ao grupo Pytomba pela entrevista que nos concedeu.

2 comentários:

  1. Grande Nilsinho! Nosso fraterno componente!
    Falar da historia do Pytomba sem citar o nome do Nilson... Não Pode!!! Afinal de contas, também, faz parte dela.
    Sua amizade muito nos honra e enriquece.

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  2. Nilson! Quanto tempo não o vejo!
    Foi bom ler sobre ele.
    Um grande abraço, Nilson .
    Mika

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