quarta-feira, 29 de junho de 2016

O QUEIMA DA CASA LEITE


Foi num breve e agradável encontro dias atrás com o amigo e colega dos bons tempos de ginásio, Bastiãozinho Leite, que fiquei pensando nesta baita injustiça de minha parte em não ter feito ainda aqui no Blog uma postagem sobre aquela que teria sido a maior e mais completa casa comercial de São João Nepomuceno. Nossa inesquecível e tradicional Casa Leite.

Digo injustiça, pois praticamente já esmiuçamos toda Rua Coronel José Dutra (Rua do Sarmento) contando um pouco de seu passado e causos pitorescos, indo desde a sinuca do Cida, passando pelos Bares tradicionais e outros estabelecimentos comerciais, até o Rubro Bar.

Interessante que, coincidentemente, esse nosso encontro, além de ter sido justamente em frente ao imóvel onde, por décadas, funcionou a referida casa, foi num momento em que o amigo estaria administrando uma grande melhoria no prédio.

Aí, de imediato, me veio à mente a figura de seu saudoso pai Sebastião Carlos Leite, pessoa esta amiga de minha família e portadora de rara inteligência e de um dinamismo e competência sem igual. Por muitos anos, juntamente com seu pai e fundador José Leite, comandou de forma admirável aquele estabelecimento.

Na realidade, a Casa Leite era, nada mais nada menos, que uma imensa e completa casa comercial dividida em três seções, Perfumaria, Armarinhos e Armazém, sendo que, nesta última, tudo se encontrava. O curioso é que muitas entregas eram feitas em domicílio, e, mesmo que ainda em tempos de uso de antigas carroças, tudo era muito ágil e de extrema competência.

Mas, um fato que muito me marcou enquanto ainda criança era quando minha mãe, ao chegar em casa, comentava que estaria começando o QUEIMA DA CASA LEITE!  Minha cabecinha um tanto ingênua imaginava que uma fogueira, ou mesmo um incêndio, estaria queimando algo no local. Somente mais tarde é que iria entender que o FAMOSO QUEIMA seria, simplesmente, uma grande festa com incríveis promoções, que acontecia frente à referida loja num determinado período do ano em comemoração de sua data de fundação, ou seja, um verdadeiro QUEIMA nos preços.

O estabelecimento, todo ele decorado tanto interno como externamente, ficava, através de seus funcionários, acolhendo a todos com muita alegria, sendo que, devido ao grande número de pessoas, muitas vezes era preciso interditar parcialmente a rua naquele espaço.

Boas lembranças eram aquelas em que, nas primeiras horas do dia, começávamos a escutar uma intensa explosão de fogos anunciando, juntamente com a banda de música, que a tradicional festa, iria começar.

Crônica: Serjão Missiaggia

Foto     : Eduardo Elias Ayupe Tamiozo (cortesia Leomárcio Alves). 

segunda-feira, 27 de junho de 2016

SE ESSA RUA FOSSE A MINHA


QUEM SE LEMBRA DE HISTÓRIAS VIVIDAS NESSA RUA???

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM CONTA ALGUM CASO DESSA CASA???

CASA DA SEMANA PASSADA - embora a Rita Knop tenha reconhecido a subida do largo, a primeira a reconhecer "a casa onde morou o sr. China" foi a Natércia Gianinni, e a Rita de Cássia Campos deu mais detalhes: "Morou aí a Dona Olímpia e o sr Raul Batista, pais do Albecir e do Sidney. Fui várias vezes aí na minha infância. Depois que o Sidney e a Dona Neide passaram a morar...".

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério ???


QUE LUGAR É ESSE???  QUEM SABE???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Maninho Sanábio, como sempre, "matou a pau". Vejam a resposta: "Essa tá fácil kkkkk. Foto tirada do Calçadão (parece que foi de lá) com um zoom pegando, ao fundo, o morro do escadão do bairro São José".

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

sexta-feira, 24 de junho de 2016

ONDE DÓI A DEPRESSÃO?


Viver dói. Às vezes, muito. Quem viveu mais de meio século, olha para trás, e, em meio às recordações inesquecível do “nosso tempo” muito retratadas aqui no Blog, depara-se, na maior parte do tempo, com problemas, inquietações, perdas e sofrimentos indizíveis.

Não se trata de ser pessimista ou derrotista, mas saber que, para cada momento (efêmero) de glória, prazer e vitória, vive-se uma rotina de sacrifícios, amolações e tédio.

Presos nesse emaranhado de sentimentos, alguns não suportam a dor da vida. Pior: esses “alguns”, na verdade, representam quase um quarto da população da Terra. Quem não conhece um amigo, ou uma amiga, que reclama, a todo instante de uma opressão no peito, tristeza profunda e falta de energia?

A questão que preocupa é: quando é que essa tristeza deixa de ser natural (causada por perdas, stress e traumas) e passa a ser patológica? Na maioria das vezes, essa constatação é ignorada ou mesmo negligenciada pela pessoa adoecida de depressão e por sua família. É que essa “dor de viver” muitas vezes se mistura às dores universais que todos sentimos no dia a dia.

Estamos muito acostumados a dores pontuais e bem localizadas. Novo oráculo ou deus de todas as causas sofridas, as tomografias, scans e ultrassonografias não apenas descobrem como também fotografam a origem da sua dor. Pronto, vamos atacar aquele ponto com nossos super-ultra-medicamentos e a saúde se restabelecerá!

Mas, como explicar a depressão, onde o que dói é, justamente, continuar vivendo? Como preencher esse vazio imenso quando tudo o que se apresenta são conteúdos indesejáveis e incômodos. E, o que é pior, como gritar por socorro ante a vergonha de ser tachado de fraco, louco ou looser?

No “nosso” tempo, que, independente da cronologia, situava-se em algum tempo entre os 7 e os 30 anos, o tal “vazio” era mais facilmente preenchido: seres mágicos, amores, Deus e até mesmo uma entidade chamada “carreira” atestavam que não estávamos sós e que, houvesse o que houvesse, haveria aquela instância ali para nos proteger.

Mas, hoje, no século XXI, rapidíssimo e conectado até o último neurônio, pouco nos sobra daquele vazio, iluminado por luzes fugazes de faces e zaps contínuos que só apagam quando dormimos intoxicados de informação.

Termino essas considerações sobre a psique (alma) humana com um alerta: depressão é doença. Séria, crônica e recorrente. Há depressivos dos 8 aos 80 anos, parte dos quais se mata. Ao pensar em tudo que eu falei acima, considerem seriamente, pessoas com alguns desses sintomas e seus familiares, a possibilidade de buscar a ajuda de um profissional de saúde.

Crônica: Jorge Marin
Foto     : Biggi Fraley, disponível em https: //www.flickr.com/photos/biggifraley/2286472847/sizes/o/


quarta-feira, 22 de junho de 2016

BAIÕES DE MANGUEIRA E BOTAFOGO


Foi diante deste breve período glacial que vivemos dias atrás que, proseando com um conterrâneo, comentava sobre o frio que fazia na garbosa nesta mesma época do ano.  Aí, ficamos a catalogar algumas festas em que ele (o frio!!!) era presença marcante, além de indispensável pra compor o cenário perfeito daqueles momentos festivos tão típicos de inverno.

Foi quando nos lembramos de como eram geladas aquelas noites de junho e julho em que aconteciam as festas juninas de Santa Rita, São José, Santo Antônio e, principalmente, os famosos baiões de Mangueira e Botafogo.

E, já que falamos em baiões, confesso que jamais consegui sentir em lugar algum aquele mágico e singular cheirinho dos churrascos e pastéis que ali eram feitos. De minha casa, na Rua Zeca Henriques e entorno, o referido aroma era algo marcante. Segundo alguns conhecedores, o uso de cachaça nas massas contribuía em muito para que isso acontecesse.  O cheirinho de quentão e “leideonça” então, nem se fala!

Mas, voltando ao frio, ele passava somente despercebido por aquela garotada que, quase sempre de calção e sem camisas, ficava ante ao desafio de um imenso pau-de-sebo, tentando alcançar uma trouxinha de dinheiro posicionada bem na sua ponta. Por sinal, apenas uma única vez, vi este desafio ser alcançado. Foi numa pirâmide humana, feita por cinco ou seis rapazes que, após encher os bolsos de areia e irem esfregando no pau de sebo a cada braçada, conseguiram, enfim, alcançar o tão sonhado objetivo.

Aconchegante e de muita criatividade era aquele inesquecível ambiente, sempre decorado com muitas bandeirinhas, balões e bambus. Um grande palco era montado para que o conjunto musical animasse e esquentasse ainda mais aquelas gélidas noites de baião.

Assim também me narrou a irmã Mika:

“O que eu mais gostava era das quadrilhas e dancinhas nos palcos. Nos palcos, também havia um momento para alguma apresentação cômica. Eram semanas de ensaios, uma delícia. Eram duas quadrilhas: uma de adultos e outra das crianças. As roupas eram lindas, havia até concurso.

Mangueira e Botafogo se desdobravam, cada um querendo fazer a festa mais linda. Pedíamos prendas para as barraquinhas. Cada grupo pedia em uma rua. Eu sempre ficava com a subida da Matriz. E o povo se esmerava.

Em todas as duas festas, tocava o Conjunto Itaborahy. Músicas lindas. Era um verdadeiro baile. Na adolescência, dancei muito, namorei. Estes bailes eram a delícia da juventude e dos adultos também. O espaço pra a dança era especial! Espaço grande, pois todos dançavam.

Houve uma época, em que as festas fugiram um pouco da cultura popular, pois faziam apresentações nas piscinas. O Mangueira erguia uma passarela no meio da piscina. Dali desfilavam e apresentavam danças típicas de vários países. Muito lindo! Botafogo também fez uma apresentação na piscina, mas não cheguei a ver. Ficávamos na expectativa da apresentação. O local ficava cheio”.

Outro fato interessante era quando o trem, chegando na cidade e passando ali na Rua Forte Bustamante, alguns de seus passageiros, possivelmente até vindo pra festa, ficavam a gritar e acenar pra turma do pau-de-sebo. Devido à lentidão da locomotiva em estar atravessando o centro da cidade, cheguei a presenciar alguns passageiros saltando dos vagões ali mesmo e adentrando pelo portão dos fundos do Mangueira.

Lugar de muitas paqueras e encontros de amigos e familiares.  Eram momentos únicos, de confraternização e divertimento, principalmente numa época em que tudo era muito inocente, romântico e a violência praticamente não existia.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : disponível em http://www.saomigueldotapuio.pi.gov.br/

segunda-feira, 20 de junho de 2016

BELEZAS DA TERRINHA


EU VEJO A VIDA POR CIMA DO MURO.

COMENTÁRIOS DA RUA DO CINEMA - os primeiros a reconhecer a Rua Comendador Francisco Ferreira foram: Jacques Ângelo Rigolon ("o cinema de um lado, e o bar do Gino do outro:pastel e caldo de cana"), Rita Knop e a Maria das Graças F. Ribeiro: "Não me lembro se, na época em que morei na Getúlio Vargas, o bar já era do Gino, acho que sim. Eu só me recordo do rádio bem alto no futebol e os fregueses torcendo e gritando gol. Rádio daqueles antigos, à válvula ainda. rs* Era frequentado pelo público masculino em sua maioria. Já o cinema era certeza todo domingo. Era o programa preferido de meus pais após a missa. Eu ia junto."

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM CONTA UM CASO SOBRE ESSA CASA ???

CASA DA SEMANA PASSADA - os primeiros a reconhecer a casa do sr. Gené na Rua do Sapo foram: o Camilo Pontes e a Débora FP, mas ficou a cargo da Luciana Resende Oliveira Auad o relato mais completo: "É realmente a casa da família do Flávio Ferraz. Meus vizinhos desde a infância e uma casa de muita alegria, muito amor e muita criatividade. A dona Cirene e o sr Gené viram nascer ali, o Bloco do Barril, com seus filhos, amigos, criatividade e uma dose de irreverência. Ah, como era bom aquele burburinho de como seria a fantasia do Flávio! E a dona Cirene, sempre alegre!!! Nas minhas memórias, era casa de gente estudiosa, talentosa, unida e feliz da vida!!! Saudades..."

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério ???


QUEM EXPLICA ESSA PAISAGEM???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - os primeiro a reconhecer a casa da Rua Zeca Henriques foram o Maninho Sanábio, a Mika Missiaggia Velasco e a Talma Lyria. A leitora Maria Inês também participou do diálogo, lembrando que a praça conhecida por todos como Praça do Chafariz leva o nome do seu pai Carlito Ricardo Guazzi, construtor do primeiro prédio de apartamentos em São João.

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

sexta-feira, 17 de junho de 2016

O ADEUS AO NOSSO MALEIRO


Triste, leio nesta sexta-feira, a notícia da morte do Gilson Duro. A imagem dele, mais de cinquenta anos pra lá, e 65 quilômetros pra cá, ainda é muito clara na minha mente: o ônibus do pai do Silveleno chegando na Rodoviária, e o Gilson, com aqueles óculos escuros de sempre e sua tradicional carroça, recolhendo as malas dos passageiros para entregar nas casas das pessoas.

Chego à janela e, de frente para a paisagem fria e urbana de hoje, vejo aquelas cenas todas do passado. Afinal, não será isso a vida? Uma sucessão de cenas passadas em nossa janela? Será que tudo não se resume a uma série de paisagens que vamos curtindo e colecionando e, eventualmente, dizendo aos outros que as nossas, sim, são as mais belas?

No tempo do Gilson jovem maleiro, diziam pra mim que era para eu estudar para ter sucesso. Sucesso era uma coisa assim do tipo ter carro, uma bela casa, dinheiro no banco e ser feliz. Mas, isso era um objetivo para DEPOIS que eu estudasse. Eu vinha da escola e atravessava a rua ali, em frente à Assembleia de Deus. Na esquina de cá, via o Gilson, deitado na carroça, tirando um cochilo. Pensava: ele não tem casa, nem carro, nem parece ter dinheiro; será que é infeliz? De repente, ele acordava, olhava pra mim (era irmão de armas do meu pai, o que fazia dele meu tio de armas) e dizia:
- Oi, minino, feliz natal procê! – e ria. Definitivamente, era feliz.

Hoje, as nossas “janelas” transformaram-se nestas telas de computador na qual estamos proseando aqui. No entanto, as coisas não mudaram muito. E sempre um achando que a dele é melhor, que a do outro é pior. Mas, o que é mais grave, querendo mudar as imagens das janelas dos outros.

O maleiro se foi, mas nós – os malas – continuamos por aqui. Nos achando. Vai com Deus, Gilson!

Crônica: Jorge Marin
Foto     : disponível em http://caricatusfalador.blogspot.com.br/

quarta-feira, 15 de junho de 2016

CAUSOS DO GINÁSIO - Final


Terminando, então, com o causo sobre a revistinha despudorada que teria sido admirada por quase todos, mas que ninguém viu, aconteceu o seguinte: 

O primo foi o primeiro a comparecer à condução coercitiva, sendo que Custódio, Clarindo e eu ficaríamos aguardando na sala de aula.
Enquanto acontecia o depoimento do primo, Custódio, não resistindo à pressão psicológica da espera, pulou o muro dos fundos e sumiu. Foi visto, quase meia-noite, lá pelas bandas de uma das ruas de acesso ao bairro Santo Antônio. Detalhe: Com a calça toda rasgada em função da travessia na cerca de arame farpado.

Reza a lenda que Clarindo, até então calmo e sereno, resolveu repentinamente, encarar um dos muros laterais do colégio. Coitado, foi cair exatamente no terreiro da Rosicleide. E, o que é pior, justamente em cima da casinha do AMIGO, um sistemático cãozinho pastor alemão, nada simpático e de quase um metro de altura.  Por sinal, detestava alunos. Coitado do Clarindo!

Quase quarenta minutos haviam se passado, e um silencio funesto, já há algum tempo, se fazia perceber nos corredores vazios do colégio.
Quer saber de uma coisa? Eu vou é me mandar daqui também! Sei lá o que o futuro nos aguarda! – pensei.

Pior que naquela hora da noite, já com o ginásio quase todo trancado, teria como única opção passar pelo corredor da secretaria. Era tudo ou nada! A única certeza que tinha naquele momento era a de não tentar fazer uma arriscada travessia na cerca de arame farpado e, muito menos, cair na casinha do AMIGO.

Dessa forma, sabendo de antemão que, na sala do mestre, a coisa deveria estar “braba”, e que o referido local oferecia uma visão estratégica pro corredor de saída, procurei, sorrateiramente, ir passando bem de mansinho. Mas, ainda antes, tive a infeliz ideia de querer dar uma última olhadinha e ver o que estaria acontecendo com o primo.

Percebi, de imediato, que a cena lá dentro estava meio complicada, e que o parente estaria prestes a fazer uma delação premiada. Foi quando comecei a empurrar suavemente aquela portinhola de faroeste, que separava o pátio interno do corredor da secretaria. Meu negócio era executar o famoso sebo nas canelas o mais rápido possível.

Naquele exato momento, e para meu desespero, escutei quando o primo disse lá dentro:
- Eu juro, pode perguntar ao Sérgio, que ele sabe que sou inocente! – a fala ocorreu no mesmo instante em que eu adentrava pelo corredor, e estava acabando de colocar um pé naquelas quase centenárias tábuas de madeira nobre do assoalho.  Por infelicidade, fui surpreendido com um grande estalo da madeira e, antes mesmo que iniciasse o sprint final pra conseguir alcançar a tão sonhada liberdade, escutei lá de dentro:
- Entra prá cá, Sérgio! Tá achando que vai aonde? Aproveita e chama o Clarindo e o Custódio!

Não teve outro jeito, e tive mesmo que entrar. Sem ambos, é claro.
Naquela hora, comecei a observar que o mestre estava com ares de que começara acreditar na versão do parente, pois nem chegou a reparar que eu havia entrado sozinho em sua sala. Ofereceu-nos cafezinho, algumas bolachas e até piadas começou nos contar.

A seguir, pediu-nos para que o esperássemos, pois iria acabar de fechar o ginásio e sair conosco. E assim foi...  Com um de cada lado, e com os braços sobre nossos ombros, descemos o morro dando boas risadas. Já era quase uma da madruga, e ele ainda nos levaria até a esquina da pracinha do Coronel, onde, por um bom tempo, continuamos proseando e jogando conversa fora.   

Pra ser sincero, eu estava mesmo era me divertindo bastante, pois, na realidade, pelo menos dessa vez, eu nada tinha a ver com aquela revistinha. Fui apenas um pobre e inocente e fiel leitor. Só perguntar ao primo.

Magela, por sua vez, após ter sido descoberto, foi expulso. Retornou um mês depois com a promessa de nunca mais levar ao ginásio tais revistas ou similares. No dia de seu retorno, ao chegar à sala com ar angelical, já na primeira aula, foi logo jogando algo sobre nossas carteiras.  Pasmem! Era, simplesmente, a edição de número 2!

Quanto a mim, pelo fato de, quase todas sextas-feiras, ir direto para casa da tia, em função de serenata, o fato passou despercebido pela mamis.

Crônica: Serjão Missiaggia

segunda-feira, 13 de junho de 2016

SE ESSA RUA FOSSE A MINHA


QUEM SE LEMBRA DE EMOÇÕES VIVIDAS NESSA RUA ???

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM VIVEU ALGUMA EMOÇÃO NESSA CASA???

CASA DA SEMANA PASSADA - os primeiros a reconhecer a casa na subida da rua Gabriel Arcanjo de Mendonça (antiga Rua dos Estudantes) foram: Rita de Cássia Campos, Fernanda Macedo (que disse ter participado de muitas novenas lá) e Márcio José Souza Lima (que se lembra de ter brincado muito ali, pois era a casa da sua tia Jorcelina).

Foto: Serjão Missiaggia

CASOS CASAS & mistérios???


ONDE FICA ESSE LUGAR???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - os primeiros a identificar a casa ao lado da capelinha de Nossa Senhora Aparecida foram Marcelo Oliveira, e Rita Knop que disse que a casa pertenceu aos seus avós Jorge e Júlia Knop.

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

sexta-feira, 10 de junho de 2016

TEM AMOR PRA HOJE?


A nossa volta ao passado aqui no Blog é feita de momentos românticos, como se o romantismo fosse um produto com validade até o final dos anos 80 mais ou menos.

Mas, a partir daí, o que aconteceu com o amor romântico? Será que o fim da repressão, ou o fim da guerra fria, ou o baixo preço das pílulas fizeram com que essa coisa do “eu te amo” se tornasse obsoleta?

Lógico, aqui e ali, casaizinhos suspirantes e apaixonados ainda tentam passear de mãos dadas pelas praças. Mas, até isso se tornou meio perigoso ante a escalada da violência urbana.

Pesquisamos no Google e vamos descobrir, meio decepcionados, que o amor romântico é uma invenção da Idade Média, quando um determinado cavaleiro saía para as suas cruzadas e, temeroso de não voltar, dedicava sua empreitada a determinada donzela que lhe serviria de inspiração e consolo em seus momentos infernais.

Nessa visão, o amor romântico surge como uma espécie de obsessão incontrolável em que, milhas distantes, ainda nos preocupamos com o que pensa a pessoa amada, com o que sonha, qual sabor tem os seus beijos, qual a maciez do seu corpo. Isso era considerado uma maldição porque amar assim era perder o controle, coisa que, naquele tempo, era um ato condenável.

No nosso tempo de jovens, a coisa já estava mais pacificada, e amar assumia ares de coisa tolerada, desde que dentro de um contexto de comprometimento. Ou seja, podíamos amar desde que aquela “febre passageira” durasse para sempre. Lembro-me de uma amiga me confidenciando, nos idos de 1970 e poucos, que tinha sérias dúvidas se o amor dela para o namorado era PARASSEMPRE. Hoje, continuam casados, mas fico me perguntando se o amor romântico resiste a um apartamento de dois quartos e a um seguro de carro que vence justamente quando voltamos da viagem financiada.

Adolescentes modernos vivem verdadeiros idílios de algumas semanas, inundando o Facebook com uma quantidade sem fim de “teamos”, palavra que só perde na rede para os “kkks” e os “rsrsrs”, embora, na vida real, pouco se ame e pouco se ria. É como se o amor, para esses jovens, fosse a manutenção tardia daquela crença em Papai Noel que tínhamos no passado.

Por isso, neste Dia dos Namorados, se estiverem acometidos dessa (incontrolável) doença amorosa, liberem os sintomas. Que os atchins sejam beijos loucos e que as dores se manifestem em formas de carícias agudas, cutâneas e viscerais.

Crônica: Jorge Marin

quarta-feira, 8 de junho de 2016

CAUSOS DO GINÁSIO - Parte 1


Os anos se passaram e, desde o fatídico dia em que vimos com muita tristeza o fechamento das portas do ginásio do Sôbi pela última vez, é que ficamos a recordar, quase que diariamente, de nossos inesquecíveis mestres, daquela educação primorosa, da disciplina, do aconchegante espaço físico, de nossos colegas e, principalmente, daqueles momentos divertidos e dos APERTOS ante as muitas situações de sufoco, que vez ou outra aconteciam conosco. E é justamente um desses causos EMBARAÇOSOS que, diante de nomes fictícios, irei fazer este remake pra vocês agora:

Lá pelos idos da década de setenta, após um fatídico segundo ano ginasial, minha querida e saudosa mãe me transferiu para o turno da noite. Minha tia, pela mesma razão, e mais que depressa, também transferiu meu primo. Como já dizia o velho ditado: “Um gambá já cheirava o outro”. Fomos fazer o curso BÁSICO, na justificativa que estaríamos com pessoas mais responsáveis e maduras. Justamente aí que começaria toda historia.

Numa bela noite, ao entrar na sala após o término do recreio, vi que algo estranho acontecia. De antemão, já haviam me informado que uma revistinha muito interessante estaria circulando misteriosamente pela sala. Lembram daquelas revistinhas despudoradas, quase sempre em preto e branco?
Pois é, foi exatamente uma dessas que o maluco do Magela teve a coragem de levar na escola. Até o presente momento, eu só havia visto de longe, mas esperava ansioso pelo término das aulas para que pudesse, se possível, vê-la com mais detalhes.

Naquele ano, estudávamos numa daquelas salas onde havia duas portas de acesso, e. para minha felicidade, após retornar do intervalo, entrei justamente pela de trás.  Ao ver aquela muvuca formada lá na frente, tive o pressentimento que alguma coisa iria acontecer.  E não deu outra!

Fui para os fundos da sala. Mal havia me sentado, quando, de repente, pude sentir que, do lado de fora, um estranho vulto silenciosamente começava a se posicionar em uma das portas.  Já imaginando quem seria, tive a vontade de poder avisá-los, mas, infelizmente, ele  já estava bem mais próximo que eu. Era tarde demais.

Aquele vulto, que todos já deverão estar imaginando, começou sorrateiramente a fazer uma silenciosa aproximação e, dando inveja a muito gato, pressentia com certeza que algo não muito bom poderia estar acontecendo ali.
Era uma rodinha de aproximadamente seis a sete alunos, sentados em círculos, nas primeiras carteiras da sala.

Quanto mais ele se aproximava, mais suado eu ficava. Pisava tão de mansinho que os meninos nem observavam. Chegou ao cúmulo de conseguir esticar o pescoço sobre eles e ficar espiando tudo por cima. Meu primo foi o primeiro a vê-lo. Ficou estático e mal se mexia. Magela, na ânsia de tentar esconder a revista, deixou cair uma página aos pés do digníssimo mestre. Custódio, que também estava na rodinha, e vendo aquela página aterrissar suavemente próxima ao seu pé, procurou mais que depressa pisar sobre ela, numa inocente tentativa de poder ocultá-la.

Magela, na mesma hora, se mandou. Segundo me disseram, desceu aquela escadaria do ginásio sem mesmo colocar o pé em um único degrau.
Enquanto isso, o velho mestre queria saber o que Custódio estaria escondendo sob o sapato. Coitado do Custódio! Estava tão apavorado, que foi preciso que o mestre levantasse seu pé, para que, enfim, fosse revelado, aquilo que jamais deveria ser visualizado. Foi quando, realmente, teve-se a ideia da gravidade do fato.

Por azar e para piorar ainda mais aquela situação, exatamente naquela página, estaria estampado o desenho de um... Bem, deixa pra lá! Passemos adiante!
E o professor, não acreditando no que estava acontecendo, trincava os dentes de tanta raiva. Ordenou, imediatamente, que todos os alunos das demais salas descessem e que ficasse apenas a nossa. Evacuou todo o ginásio, pedindo pra que fôssemos de três em três, para um interrogatório a ser feito no salão do Juquinha. Pra quem não sabe, Juquinha era um simpático esqueleto. Por sinal, única testemunha dos fatos a seguir.

Nosso querido mestre estava tão nervoso, que achei que iria desmaiar.
Ao chegar minha vez, tive a companhia de Custódio e Clarindo. Este último era um colega superdivertido e satirizava como ninguém diversos personagens.     
Começou então o interrogatório pelo Clarindo:
-       Como é, Clarindo, viu aquela revista? - perguntou o mestre, quase desmaiando de raiva.
-       Eu vou ser muito sincero com o senhor: eu não vi! Não vi porque não sabia, mas, se soubesse, não perderia por nada neste mundo! - respondeu Clarindo, em tom de brincadeira e sem um pingo de noção da gravidade do fato.

Nosso mestre, meio que abobado diante daquela resposta um tanto infantil, e vendo que com Clarindo não conseguiria nada, passou então para mim:
-       E você, Sérgio, viu a revista ou não viu? – ainda mais embravecido perguntou.
-     Bem! Eu vi de longe!
-       Eu não quero saber se você viu de longe ou de perto, eu quero saber se você viu? Viu ou não viu? - perguntou ainda mais exaltado.
-       Eu vi de longe! - tornei a responder.
Depois de haver reafirmado por umas cinco ou seis vezes que só havia visto de longe, enfim ele desistiu de mim.

Transtornado e furioso, passou então para o Custódio que, neste meio tempo, num canto da sala, de olhar fixo para uma das janelas, não mexia um só fio de cabelo. Confesso que, naquele momento, cheguei a ponto de temer pela integridade psicológica do colega.
-       Como é, Custódio, você viu ou não viu aquela revista nojenta? - perguntou o mestre!
Custódio, de semblante apavorado, tremendo igual vara verde, após dar uma ultima olhada para o teto, respondeu:
-       Ahhhh... EU VI DE LONGE!
Nesta hora, o professor só não esfregou a cabeça do Custódio na parede, porque jamais seria capaz fazê-lo.

Conclusão: pouco a pouco, foram sendo eliminados e liberados todos os possíveis inocentes. Na escola, já silenciosa e vazia, restavam apenas... o Custódio, o primo, o Clarindo e eu.  Até então, éramos para o mestre, os possíveis suspeitos. Um a um, ainda teríamos que passar por outra eliminatória, digo interrogatório, na secretaria. Nesse meio tempo, já deveria ser quase meia-noite.

E, falando em meia-noite, deixarei pra contar o resto da história semana que vem.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : acervo Pitomba Blog

segunda-feira, 6 de junho de 2016

BELEZAS DA TERRINHA


NOSSO CARTÃO POSTAL.

COMENTÁRIOS SOBRE A RUA DO DESCOBERTO -

Foto         : Serjão Missiaggia
T.imagem: Jorge Marin

TODA CASA TEM UM CASO


QUEM SABE HISTÓRIAS DESSA CASA ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - a casa do sr. Ricardo e da dona Luzia foi, inicialmente, reconhecida pela Roseanne Niemeyer de Mendonça, Maria da Penha Santiago e Jacqueline Girardi Reis. Mas foi a Soninha (Sônia Maria Barbosa Mendonça) que disse que a casa tinha muitos casos, fato que até nos motivou a mudar o nome desta seção do Blog para TODA CASA TEM UM CASO.

Ela contou um desses casos: "tem o dia das empadinhas, que eu desmaiei depois de me queimar no tabuleiro e bater o cotovelo na quina da porta e escorregar para debaixo da mesa. O Oscarzinho te pedindo água, e você ainda teve calma para perguntar: Gelada??? Lembra, Olga Luiza Almeida?".

Lógico que a Olga se lembrou: "Oscarzinho e Norma Chiarelli 'estudando' Educação Moral e Cívica na mesa grande e Dona Lurdinha (professora) chegando pra fazer as unhas... Quantas lembrança. Foi bem rever nossa casa e relembrar esses momentos. Obrigada a vcs pelas boas lembranças. Bjs".

Foto         : Serjão Missiaggia
T.imagem: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério ???


QUE LUGAR É ESSE AÍ, GENTE ???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA - Maninho Sanábio, Márcio Velasco e Maria Inês foram os primeiros a reconhecer a Loja Maçônica, mas coube ao Jorge Vítor Honório a explicação do símbolo publicado: "esse é um Pelicano, que fica na fachada da loja maçônica 'Amor à Ordem' que, por sinal, no dia 02/12/2016 estará completando 118 anos de fundação aqui em São João Nepomuceno, onde faço parte do seu quadro há 21 anos. Ela fica na rua Presidente Getúlio Vargas, nº 141".

Foto             : Serjão Missiaggia
Trat.imagem: Jorge Marin

sexta-feira, 3 de junho de 2016

COMO (QUASE) ENTREI NA LAVA-JATO


Atenção, pessoas, esta NÃO é uma postagem política! Digo isso porque tenho feito um tratamento intensivo com o meu "cumpadre" Serjão que me chamou no canto e disse que a política, essa violenta que se tem praticado no Facebook, estava acabando com minha criatividade.

Concordo com o meu mestre: essa polarização toda tem feito muita gente boa, inteligente e cordial quase se pegar por querer a todo custo ser o dono da verdade.

Bom, mas este não é o meu caso. Quando falamos em pessoas corruptas e corrupção, fica parecendo que os seres envolvidos com essas práticas são ETs, ou seres malignos, tipo O Lado Negro da Força. Na verdade, corruptos e corruptores estão espalhados por todos os cantos, quando não bem do nosso ladinho.

A corrupção me atingiu quando trabalhava como gerente júnior de um banco estatal numa cidade de Minas. A empresa terceirizada que prestava os serviços de limpeza (na verdade, tínhamos duas funcionárias, ambas faxineiras) teve o seu contrato encerrado e tivemos que cancelá-lo, não pela qualidade dos serviços, que eram ótimos, mas pelo descaso com que a referida empresa conduzia seus negócios, atrasando salários, não recolhendo o FGTS, dentre outras práticas condenáveis.

Ao abrir a concorrência para contratar uma nova empresa, fiquei encarregado de receber as propostas e, por pouco, não recebo junto uma proposta indecente. Uma das representantes de uma empresa era a jovem esposa do dono, uma moça bem jovem, morena, “sacudida” como costumava dizer meu pai sobre as mulheres apetecíveis. Nervosa, cruzava e descruzava as pernas e, pelo curto da saia, assemelhava-se a uma demonstradora da DeMillus.

Alheio a tudo aquilo, que, aliás, não me incomodava nem um pouco, recebi a moça em minha mesa. Sorrindo, ela falou sobre as vantagens da empresa e me confidenciou:
- É bom saber que, caso saiamos vencedores nesta licitação, o Fulano (o dono) disse que gosta muito do senhor e, enquanto estivermos prestando serviço aqui no banco, mandaremos uma faxineira diariamente prestar serviços de limpeza na sua casa.

Pensei assim: se um gerentezin de uma cidadezinha recebe uma proposta desse tipo, imagina como deve ser uma cara que está contratando a turbina de uma usina termonuclear!

A moça ficava ali, me olhando, toda bela e recatada (nem tanto!) como se aquilo que estava fazendo fosse a coisa mais natural do mundo. Ao recusar as propostas, a explícita e a implícita, pensei que um dia iria me arrepender.

Hoje, mais de vinte anos se passaram. Aquela proposta indecente era, e continua sendo, a coisa mais natural do mundo. Mas, ainda não me arrependi.

Crônica: Jorge Marin
Foto   : disponível em http://4.bp.blogspot.com/

quarta-feira, 1 de junho de 2016

NOSSO INTERIOR - FINAL


Somos uma imensa família onde todos têm nome e quase todos se conhecem. Já repararam quando alguém quer explicar quem é o fulano, e você, não consegue identificar? A coisa funciona mais ou menos assim: é o vizinho do sicrano, que é irmão do genro daquela mulher que era casada com o Irmão do beltrano de tal. E por aí vai.

Pagar depois, quando não se tem dinheiro, somente acontece no interior. Se bem verdade que, muitas vezes, não acontece o depois. Mas isso é outra história. De qualquer forma, dito pelo não dito, sugiro receber mesmo somente à vista.

Certa vez cheguei ao açougue e pedi, feliz da vida, um quilo de lombo. Meu solícito atendente, enquanto ia fatiando a carne em bifes, vira pra mim, num semblante de total desânimo e diz:
- Se você soubesse o que tem na carne de porco, nem passaria perto! – E, quando ia me retirando, ainda gritou:
- Frango e boi então, nem se fala! - Fiz sinal de positivo e resolvi mesmo foi comprar e almoçar cenouras naquele dia.

Também são muitos aqueles que são tratados por números, sendo que o vinte e quatro é sempre a figurinha da vez. São as eternas recordações do Tiro de Guerra que continuam a circular pela calçada, diante dos números de seus atiradores.  E como seria explicar ou fazer isso, se você fosse apenas mais um, no meio do gigantesco formigueiro das grandes metrópoles? 

E as famosas corridinhas atrás da balança amiga de uma farmácia qualquer? Explico: é a incessante perseguição de todos aqueles que estão fazendo regime ou querendo ganhar alguns pesos, àquela que seria a melhor balança para se tentar emagrecer ou mesmo engordar. Segundo alguns especialistas locais, que, previamente, já estudaram cada balança, a matemática funciona da seguinte maneira: ordem crescente sentido sudeste pra nordeste, ou seja, as balanças vão aumentando alguns gramas sentido pracinha do chafariz, passando pelas ruas centrais até terminar próximas as imediações do Centro Cultural. Não que eu seja curioso, mas, ao aferir cada uma delas, cheguei mesmo à conclusão de que essa suposta neura tem certo sentido. Mas, como seria provar isso numa grande metrópole?

Aderi, recentemente, àquelas dezenas de pessoas que gostam de jogar fubá e canjiquinha aos canários da terra. Já cheguei a contar mais de vinte deles numa única esquina. Já imaginou fazer isso na Avenida Paulista? Se não nos recolheram pra internação, provavelmente seremos abordados, revistados e interrogados. Haverá forte suspeita de estarmos analisando o local pra futuras incursões.

Sinto saudade do tempo em que o padeiro, com aquele imenso cesto, deixava, ainda de madrugada em nossa porta, aquele pãozinho quentinho. Infelizmente, esta coisa tão interiorana teve mesmo que acabar, pois os pãezinhos começaram a desaparecer.

Mas, se da mesma forma já não se pode escutar o apito da Maria Fumaça e da Fábrica de Tecidos, ainda temos o privilégio de sermos embalados pelo repicar dos sinos das igrejas nas manhãs de domingo.

Não podemos esquecer também que somente no interior é que, muitas vezes, aparece um blog tipo esse do Pitomba que, administrado por dois conterrâneos “apusentados”, insiste em ficar postando fotos da terrinha e a contar causos e “bubiças” dos bons tempos. Além, é claro, de raros momentos como esse captado na foto acima, de uma inusitada introspecção e troca de olhares entre nosso parceiro e mestre das trilhas de bike e dos mistérios, com um poste. 
   
Pra terminar, assim como cada um de vocês deverá ter um monte de situações interessantes pra contar, reconheço o que sempre representará pra todos nós os grandes centros.  Quem sabe então, um pouquinho lá, um pouquinho cá? Pelo visto, o segredo é manter um pé na PEDRA e outro no ASFALTO.


Crônica e foto: Serjão Missiaggia

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL