sexta-feira, 28 de junho de 2013

UMA COPA INESQUECÍVEL


Seria uma baita injustiça de minha parte se, ao descer desta minha missão fotográfica no hospital e passar ao lado dessa incrível casa, não fizesse uma reverência e um breve comentário sobre ela.

Infinitas histórias eu teria pra contar, sendo que outras tantas já foram aqui mesmo no Blog narradas em postagem anterior (A Casa da Tia Irinéia).

Mas, aproveitando a interessante coincidência de que estávamos nessa mesma época do ano, ou seja, há 31 anos atrás (hoje estamos em plena Copa das Confederações) vivendo, eufórica e intensamente, aquela inesquecível Copa de 1982 na Espanha, é que irei focar meu comentário.  E, pra variar, não haveria melhor lugar para nos reunirmos e assistir aos jogos, que não fosse o famoso terraço da Tia Irinéia.

De maneira absolutamente apaixonante e até mesmo um tanto doentia (talvez em circunstância daquele fantástico time de Zico e companhia), subíamos para o terraço, tomados por uma forte emoção de patriotismo. Vivíamos numa época em que a situação política do país era bastante análoga com a que estamos vendo hoje, sendo que, talvez, em razão da COPA estar sendo disputada do outro lado do Atlântico, certa alienação da juventude realmente existia. Ao contrário do que estamos vivendo nos dias atuais, centenas de quilômetros ficavam a nos separar daquela COPA e a desviar nossa atenção da realidade. (CORRUPÇÃO, GASTOS EXORBITANTES DO DINHEIRO PUBLICO, ETC).

Mas, voltando ao terraço da Tia Irinéia, parecia mesmo que estávamos indo para uma verdadeira guerra, tal era o poderio de nossa pesada artilharia de fogos e foguetes. Muitas bandeiras, instrumentos musicais, velas, filtro solar e muita adrenalina faziam daquela laje uma verdadeira arquibancada, pra não dizer, campo de batalha.

Sinceramente, não saberia dizer o que mais VIBRAVA, principalmente na hora do gol. Confesso ainda suspeitar se realmente seríamos nós ou a velha laje da Tia Irinéia.  Mas... Que o lugar tremia pra caramba, não tenho a menor dúvida.
Hoje, diante de tamanha tecnologia a nos trazer imagens fantásticas recheadas de detalhes (já cheguei a ver um pequeno inseto na bola), fico a recordar de nossa megatelevisão de 14 polegadas em preto e branco, que permanecia em pleno sol, com uma imensa bucha de palha de aço na antena no intuito de se tentar melhorar um pouco mais a imagem. Isso para não dizer que era expressamente proibido passar próximo a ela devido às famosas interferências.

Na verdade, não estávamos nem aí pra essas dificuldades e tudo isso servia apenas para apimentar ainda mais aqueles encontros e nossa contagiante alegria. Pulos em cima, promessas em baixo.

E assim, a cada jogo, embalados pelo compasso daquele timaço, fomos atropelando cada adversário. Até que o fatídico dia chegaria e com ele aqueles três gols de Paolo Rossi. Era o Brasil caindo em campo e nós rolando escada abaixo. E lá se foi nosso belo carnaval dando lugar a um inesquecível silêncio sepulcral.

Lágrimas nos olhos, bandeiras enroladas e sonhos interrompidos. Descemos o morro e, ao sentarmos na praça do coronel pra que a ficha pudesse acabar de cair, ainda como se não bastasse, encontraríamos com nosso saudoso amigo Dolfo. Vindo em nossa direção com aquele “positivismo” tão peculiar dos Botafoguenses, dizia que a esperança seria a última a morrer e que estaria indo pra casa esperar o resultado do exame antidoping do adversário, pois somente assim se daria por vencido, concluiu ele.

E com ele, nossa ultima esperança também se foi! 

Crônica e foto: Serjão Missiaggia - junho 2013

quarta-feira, 26 de junho de 2013

PRISIONEIROS DA IMPUNIDADE


Fazendo um balanço das manifestações ocorridas em todo o país nos últimos dias, percebemos um aspecto inquietante: são os aproveitadores, que. à guisa de participantes dos movimentos, querem apenas tirar PROVEITO da situação, seja desestabilizando, seja provocando ou, simplesmente, saqueando.

É preciso que se diga que sou totalmente a favor das manifestações populares PACÍFICAS E ORDEIRAS com base no estado de direito, como essas que estão acontecendo, inclusive aqui na nossa querida terrinha. Da mesma forma, abomino veemente toda e qualquer atitude de VANDALISMO E TERROR, provocada, geralmente, por uma meia dúzia de manifestantes. Diga-se de passagem, QUE DE MANIFESTANTES NÃO TÊM NADA, e que apenas insistem em sair às ruas com o simples propósito de bagunçar e, por que não dizer, tentar macular tão belas manifestações democráticas.

E, falando dessa minoria, será que nossos REPRESENTANTES não estariam, neste momento, começando a entender que muito do que está acontecendo agora, por sinal, bem debaixo de suas janelas, é o resultado de um intocável e ineficiente CÓDIGO PENAL, que tantos resistem em não querer sequer rever?

A infiltração desses facínoras do sistema nas manifestações vem servindo, pelo menos, como alerta para aqueles que até então se julgavam blindados no Planalto Central.  Ninguém ficará imune a esse tipo de aproximação e, querendo ou não, inevitavelmente, elas começarão acontecer. Aquilo que a população brasileira já vinha sentindo há anos, ou seja, INSEGURANÇA, IMPOTÊNCIA, MEDO E REVOLTA estará, daqui pra frente, também batendo, cada vez mais próximo das portas dos detentores do poder.

Quantos desses BADERNEIROS infiltrados não passam de criminosos REINCIDENTES e que deveriam estar atrás das grades, mas não estão? Quantos MENORES INFRATORES que, da mesma forma, protegidos pelo famoso Artigo 27 do código penal, seguem fazendo o que querem e aonde querem?

Embora por linhas tortas, espero que comecem a entender agora, que a IMPUNIDADE é o COMBUSTÍVEL que vem alimentando o caos e o terrorismo urbano dessa minoria.

Sinceramente, gostaria que houvesse uma reflexão também sobre isso, cabendo a nós, eleitores, escolher daqui pra frente, com sabedoria, aqueles que melhor irão nos representar.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: Nomokis, disponível em http://browse.deviantart.com/art/A-Wolf-in-Sheep-s-Clothing-303206517

segunda-feira, 24 de junho de 2013

CASOS CASAS & detalhes





No dia 5 de junho passado, nos comentários sobre a Rua do Sapo, uma pessoa (que não se identificou) pediu que fotografássemos e falássemos da Rua Comendador Gregório.  O pedido nos causou grande alegria porque, como moramos, eu na Cônego Reis e o Serjão na Zeca Henriques, a Comendador Gregório é a nossa interseção, o nosso ponto de encontro.

Além disso, a Rua Comendador Gregório é a lembrança mais antiga que tenho: quando bebê, ocorreu uma grande enchente em São João e, com medo das águas do córrego que subiram perigosamente, meus pais me enrolaram num cobertor e me levaram pro Largo da Matriz onde uma família amiga nos acolheria.  Por incrível que pareça, me lembro claramente de olhar ali pro lado da antiga rodoviária e ver tudo alagado.

Quanto ao fato de ser a rua pequena e tão cheia de significados (era chamada de Travessa do Rana), o nome do Comendador Gregório não poderia ser melhor patrono, pois esse português, a princípio um imigrante que veio tentar a sorte no Brasil plantando café, acabou por se tornar um próspero comerciante, industrial e banqueiro.

Só uma coisa o nosso querido comendador não se adaptou: foi à vida política.  Apesar de ser eleito vereador, recusou-se a assumir o seu cargo, deixando a vaga para o seu suplente, o que, convenhamos, acaba sendo mais um ponto positivo a seu favor.

Fotos: Serjão Missiaggia

Texto: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério

Vamos ver quem acerta essa: QUE LUGAR É ESSE???

ACERTADORES DA SEMANA PASSADA: Marco Aurélio dos Santos, Maninho Sanábio e Marquinho Vinicius Amorim acertaram a foto, praça da Matriz, com a câmera voltada para o São José. Parabéns!

sexta-feira, 21 de junho de 2013

A CASA DOS MEUS SONS 2


Passando pela Rua Dr. Gouvêa, onde fui tirar algumas fotos do prédio do Hospital para uma futura postagem aqui no Blog, uma energia positiva e gostosa me fez sentar num daqueles degraus do passeio do Coronel e ficar à distância curtindo essa casa.  Na verdade, um momento único, que me fez,  simplesmente, esquecer por instantes a foto do hospital e ficar ali sentado me divertindo. Por sinal, esse mesmo lugar já foi aqui no Blog cantarolado em prosa e verso em postagens anteriores (Numa Sexta Qualquer do Passado e Um Grupo Chamado Pitomba).

Falando em Pitomba, foi exatamente nesse varandão que, certa vez, fizemos aquele som no qual, de tanto tomarmos “refrigerante”, terminaríamos o baile com apenas DOIS componentes. Não sei por que cargas d’água, mas, infelizmente, não fui um deles.  Muita CARGA talvez, mas não foi de ÁGUA não. Descer aquela escadinha de acesso ao terraço, então, meu amigo, foi um Deus nos acuda, sendo que, a maioria que se aventurava a fazê-lo, não mais subia!

Quantas sextas-feiras, nesse passeio de frente à casa, fiquei, juntamente com os demais integrantes do QUARTETO NEPOPÓ, sentado com violões durante a noite, esperando somente as onze badaladas do relógio da Igreja para iniciarmos as famosas SERENATAS. Falando em relógio, fiquei pasmo ao saber que o SINO da Matriz estaria incomodando algum morador e justamente numa época em que os SONS AUTOMOTIVOS vêm fazendo tremer as paredes de nossas casas. Vai entender o paradoxo!  Bem, mas isso é outro assunto que também já abordamos aqui no Blog (TENTANDO ESCUTAR O SILÊNCIO) e que voltaremos a falar novamente em breve.

Mas, voltando a CASA DOS MEUS SONS, nesse mesmo passeio, por muitas vezes, principalmente em época de calor, fizemos ecoar belas canções envolvidas num vocal diferenciado e muitíssimo bem ensaiado. A coisa fluía de maneira tão legal, que fazia a vizinhança abrir as janelas pra que o som pudesse também entrar em suas casas.
Ainda sinto o delicioso cheiro do cafezinho coado pela Tia Adail que, exalando pela casa, vinha quase sempre acompanhado pelo não menos inesquecível aroma do cachimbo do meu tio.

Na sala de visitas, muitas prosas e ensaios rolavam sendo que muitos deles acompanhados pela agradável companhia do Tio. E ele não resistia mesmo!!!! Pulava logo da cama ao escutar nossos primeiros acordes. Muitas vezes, já tarde da noite, vinha participar conosco e com muito humor, também cantava, dava seus pitacos e somente retornava pra cama quando saíssemos para encarar aquelas belas madrugadas.

Foi nessa casa que vivenciamos muitas noites inesquecíveis, que antecederiam aquelas divertidas excursões, desfiles de dezesseis de maio e sete de setembro, quando lá nos reuníamos para tentar dormir.  Digo tentar porque curtir aquela gostosa expectativa em poder viajar com o Ginásio ou desfilar com a fanfarra no outro dia, era tudo de bom. O negócio então era sapecar aquele violão noite adentro e deixar o tempo passar.

Assistir sessão da tarde, dia sim e outro também, era pra mim e meu primo, uma difícil tarefa a ser cumprida. Alguns pequenos cochilos, que esticavam algumas poucas horas, quase sempre nos impediam de saber até mesmo que filme teria sido exibido. Somente depois de saborear aquele pãozinho com manteiga, que íamos ESTUDAR, ou seja, ESTUDAR o que iríamos fazer a seguir. Enfim... Ninguém é perfeito!

Bem!  Mas o assunto hoje é outro e deixa-me acabar de subir o morro para fotografar o Hospital.


Crônica e foto: Serjão Missiaggia

quarta-feira, 19 de junho de 2013

VEJO VOCÊS NA MANIFESTAÇÃO!!!


Meu filho vem me encontrar na saída da escola meio esbaforido: pai, amanhã você tem que me buscar mais cedo, pois tem manifestação e vai ficar muita gente na rua.  Pra testar pergunto: mas o que é que essa manifestação?  E ele, na lata: ah pai, é um bando de gente lutando pelos direitos deles.  Corrijo: não, filho; é pelos direitos nossos.

O fato é que é muito bom ver esses jovens – e também os não tão jovens – nas ruas manifestando sua indignação e seu descontentamento que, afinal, é a nossa indignação e o nosso descontentamento.  Mas o que é que essa gente toda quer? – perguntam.  Na verdade, eu não sei, e creio que muita gente não sabe.  Mas uma coisa está clara: ESSA GENTE TODA BRASILEIRA ESTÁ MOSTRANDO QUE SABE O QUE NÃO QUER.

O povo, talvez tardiamente, está começando a perceber que a grande preocupação dos políticos que nos governam NÃO é o nosso bem estar.  A grande preocupação consiste em ocupar o poder. Assim, o PT, um partido nascido de uma coalizão histórica entre operários, intelectuais, religiosos e vítimas da ditadura, tem uma grande preocupação: reeleger a presidenta.  Por outro lado, o PSDB, um partido de vocação neoliberal e globalizante, também tem uma preocupação enorme: diminuir a popularidade da presidenta e eleger o seu candidato.

Alguém falou de povo, de saúde, de educação ou de honestidade?  Não.  Na verdade os marqueteiros de plantão já têm as cartilhas, com as chamadas, os spots e os slogans para uso na TV.  Cabe a nós, o povo, idiotas históricos referendar essa farsa que chamam democracia.

Não é que eu não queira democracia.  Eu quero muito a democracia, mas não ESSA democracia, pré-fabricada, globalizada, pasteurizada e mentirosa.  E torço para que todas essas pessoas que estão indo para as ruas, ao chegar o dia de votar, não votem nessa dicotomia já testada e reprovada.  Procurem uma terceira, uma quarta, uma quinta via, ou, na pior das hipóteses, nem votem!

Entre uma esquerda vendida e uma direita que não se assume, o melhor é “perder” um tempinho, pesquisar os candidatos, principalmente se não se trata de “políticos profissionais” ou “filhinhos de papai políticos”.

Enquanto isso, entre lobos vestidos de cordeiro, e lobos arrependidos, o melhor que nós, cordeiros, podemos fazer é isso mesmo: ir pra rua e... berrar!

Crônica: Jorge Marin

segunda-feira, 17 de junho de 2013

CASOS CASAS & detalhes





Dia 13 passado, muita gente subiu essa rua a caminho da paz, e dos favores, de Santo Antônio.

Caminho desses peregrinos, a Rua Comendador João Medina é uma das mais antigas e tradicionais da cidade.  Era muito comum, na década de 1970, passar pela nossa querida Rua do Buraco e ver as pessoas sentadas em frente às suas casas "tomando a fresca", enquanto os meninos brincavam de pique e de roda.

Era por aqui que fugíamos do Ginásio do Sôbi, depois de passar pelo quintal, enfrentar o cachorro e ainda rasgar o uniforme na cerca de arame farpado.  A Rua do Buraco surgia como uma conquista.  Cavaleiros das cruzadas, descíamos a rua correndo e rindo para pegar um picolé lá na Padaria do Popó.

Ainda não descobri ainda o porquê do "buraco" da rua, principalmente porque, de uns tempos para cá, parece que muitas ruas de São João se encheram de buracos, o que dificulta ainda mais a pesquisa.  Mas fica aqui um desafio para os conhecedores da história municipal: de onde veio o buraco da Rua do Buraco?

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério


ATENÇÃO, PESSOAL!  QUE LUGAR É ESSE???

Na semana passada, parece que todo mundo combinou de acertar: antes mesmo de postar no Facebook, o Nilson Baptista já havia dado a resposta certa (estrada da torre).  No Face, também acertaram: o Marquinho Vinicius Amorim e o Moacir Fam Fonseca.  Parabéns!

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O POINT DOS POINTS - final


Sentar, de novo, na Pracinha do Botafogo, é voltar a um tempo leve.  É querer ficar por ali e não voltar pra casa.  Como quase fazíamos...

Palco de vários namoros sendo, que alguns, eu que o diga, até terminariam em casamento.

Lugar preferido dos bate-papos e brincadeiras, que aconteciam quase todas as noites, e muitas vezes, até mesmo durante o dia.  Mas, o forte, com certeza,  eram os finais de semana principalmente, antes e depois de algum baile, ou alguma brincadeira dançante com o Pitomba. Na época, a coisa era ainda mais fácil, pois a sede do Operário ficava bem em frente ao Botafogo. Da pracinha para lá, muitas vezes saíamos no intuito de ensaiar, e a turma, normalmente, nos acompanhava. Era aquela festa!

Antes de algum baile, alguns de nós sempre dava uma  breve chegadinha no barzinho da esquina do Dragão, pra tomar aquela coca-cola estupidamente gelada...  misturada com pinga.  Só não podíamos esquecer de dar uma rápida mexidinha com papel de pão para tirar um pouco de seu forte gosto. Ao tirar o bafo da pinga, aquele bendito papel de pão salvou muitos romances.

Comuns também eram nossas saídas da pracinha numa já combinada e rotineira esticadinha até o Bar do Bode.  Lá saboreávamos aquela Fanta laranja com Vodca, um Gim Tônica ou mesmo Fanta Uva com vodca. Esta última carinhosamente apelidada pela turma de Viuvinha.

Recordo sempre quando o Dalminho, ao sair de sua casa, que na época era anexa ao prédio da estação, vinha com seu famoso violão Giannini sobre os ombros em direção ao Botafogo. Com certeza, iríamos escutar e, por que não, também , cantar: IMAGINE, SOMETHING, WITHOUT YOU e muitas outras. E como também era relaxante ficar sentado na pracinha só observando aquele vai e vem do trem com suas intermináveis manobras!  Isso acontecia muito quando, ao chegarmos cedo, ficávamos sozinhos a espera dos demais.

Lembro-me bem quando, numa dessas brincadeiras, a turma, assim do nada, agarrou o Mazzola e, numa bela sacanagem, após tirar-lhe um dos tênis, simplesmente, o arremessou bem em cima de um vagão do trem, que estava cheio de carvão, e que naquele momento, estaria se preparando pra partir. Por pouco, muito pouco mesmo, o referido tênis não foi adotado por outro pé lá em Ubá ou Ponte Nova. “Só sei que não fui eu”.

E assim, a cada encontro, as horas se passavam tão lentamente que tínhamos a nítida sensação de que o tempo não existia e que tudo mais além do que fazíamos, seria um mero detalhe.

Sentado naquela pracinha, vi o Pitomba nascer, crescer e hibernar. Ali começou meu namoro, me casei, vi nascer os meus filhos e ainda hoje, vez ou outra, numa breve paradinha, nos sentamos, Dorinha e eu, para matar saudade e jogar conversa fora.

Enfim, nesta oportunidade, gostaria muito de citar alguns nomes, mas poderia cometer o pecado de esquecer alguém. A cada um desses amigos, que fizeram parte do fã clube do Pitomba e da Pracinha do Botafogo, envio meu carinhoso abraço e minha saudade.


Crônica e foto: Serjão Missiaggia 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

AMAR É DAR RAZÃO A QUEM NÃO TEM (DISSE O NELSON)


Tentando voltar pra casa, em Juiz de Fora, às seis e meia da tarde, na véspera do feriado municipal, percebo que é impossível.  Os ônibus, simplesmente, não sobem a Rio Branco, as pessoas se impacientam, xingam e eu tento manter o meu presente do Dia dos Namorados intacto no meio daquela turba.

Dentro do vozerio, uma cena me chama a atenção: um rapaz, aparentando uns dezesseis-dezessete anos chora ao telefone.  Conversa com uma senhora.  É impossível deixar de ouvir naquele aperto no ponto de ônibus:
- Eu sei, dona Márcia.  Também gosto muito da senhora.  Tanto que, quando começamos a nos relacionar, eu pedi a ELA que me apresentasse aos pais.  Tem muita gente por aí que não quer nada, mas eu quis conhecê-los.

Começo a achar que é muita falta de educação ficar escutando conversa alheia, mas o que faço?  Ou pulo para a pista, e arrisco minha vida, pois alguns ônibus estão passando (por coincidência os que não servem pra mim), ou vou mais para trás, e perco meu lugar na fila.  De qualquer maneira, se eu não escutar o drama do rapaz, outra pessoa, certamente, vai escutar.

- A questão toda, dona Márcia é que isso que ELA me fez é uma coisa assim que faz com que a gente não possa nem sair na rua de cabeça erguida, sabe.  O que foi, dona Márcia?  A senhora conversou com ela?  Ela disse que está arrependida?  É bom mesmo, dona Márcia, pois não sei o que vai ser da minha vida sem ela.  - E recomeça o choro convulso...

Naquela hora, eu poderia fazer o papel de pai da moça mas, não sei porquê, fiquei do lado do rapaz e, vendo-o chorar, resolvi dar um conselho; seria uma coisa do tipo “sei que hoje é Dia dos Namorados, mas nenhuma mulher merece esse tipo de investimento amoroso”.  Entretanto, percebo que o moço resolveu dar mais uma chance à arrependida.
- A senhora sabe onde ela está, dona Márcia?  Ah, no shopping, né?  Então se algum ônibus aparecer, vou dar um pulim lá e procurá-la, viu.  Fique tranquila e, por favor, dê um abraço no senhor Agostinho, tá?  Fica com Deus, dona Márcia!

Olho pra ele quando desliga o telefone.  Estou com aquela frase de Nelson Rodrigues na ponta da língua.  De repente, me lembro que minha namorada está em casa, preparando uma jantinha especial pra mim.  Pego o meu presente e resolvo subir os dois quilômetros da avenida a pé.  E ainda vou assobiando uma música do Rei...

O amor é assim mesmo: a gente, de repente, morre e acha...  Acha não, tem certeza de que o Outro é o céu.  E alguém que ouse dizer o contrário...           Eu hein?

Crônica: Jorge Marin

segunda-feira, 10 de junho de 2013

CASOS CASAS & detalhes






Para nós, estudantes das décadas de 60 e 70, esse será sempre o Grupo Escolar Coronel José Brás.  É engraçado que, neste espaço, costumamos falar um pouco sobre as ruas de São João e sobre as pessoas ali representadas.  Quando falamos da história do “Coronel”, inúmeros vultos históricos que dela participaram são nomes de ruas.

A inauguração do grupo escolar foi em 1907 (aquele 1929 que aparece no prédio atual foi quando o grupo mudou para a praça de mesmo nome) e a primeira sede foi na Rua Presidente Getúlio Vargas nº 32.  Lá estiveram (vejam os nomes das ruas!): o Inspetor Escolar Dr. Fortes Bustamante, o Inspetor “Thécnico” de ensino Lindolfo Gomes, além do próprio Coronel José Brás de Mendonça e o orador oficial Sinphrônio Cardoso.

O Coronel José Brás era filho do Capitão Brás e pai do famoso Dr. Péricles e da Dona Judite Mendonça, que acabou dando nome ao outro grupo escolar da cidade.  Quando o coronel determinou, no final da cerimônia, que se fizesse a chamada dos 479 alunos iniciais, o primeiro nome a ser chamada foi o de Carlos Rocha, o eterno redator da Voz de São João.

Inúmeras professoras e diretoras ilustres estiveram no comando da escola: a histórica Dona Astéria, Dona Glorinha Torres, Dona Maria Carmen Rocha, Dona Cileia, Dona Marília de Dirceu Henriques e muitas outras.

O Coronel e a Pracinha do Coronel são, mais do que um tesouro cultural de São João Nepomuceno, um pedaço do coração e da alma de todos os sanjoanenses, alunos ou não.

Fotos: Serjão Missiaggia

Texto: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério


Na semana passada, NINGUÉM acertou!  Vamos então ao desafio de hoje:

AÍ, GALERA!  que lugar é ESSE?

Ah, aquela fachada da semana passada é do açougue, na Praça Dr. Carlos Alves.  É só olhar pra cima!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

O POINT DOS POINTS - Parte 1


Passeando neste século XXI com a patroa, às vezes nos vemos obrigados a descer da calçada para a rua tal a quantidade de jovens nos bares, as mesas espalhadas pelos passeios, o fuzuê.  São os points, é o agito!  Ao invés de praguejar, olhamos um para o outro e sorrimos...  É que nos lembramos do POINT DOS POINTS, a Pracinha do Botafogo.

Realmente, para a maioria dos pitombenses, este foi o Point dos Points.  Confesso que chega a mexer com o emocional da gente, e com certeza, de muitos amigos que, naquela época, tiveram a felicidade de passar ali, momentos tão felizes e agradáveis.

E como essa pracinha tem histórias! Violas... Encontros... Desencontros e muito mais... 

Poucos eram aqueles que, antes de entrarem ou saírem do ginásio, não davam uma passadinha por lá. Era um ponto quase obrigatório sendo que, para alguns, até mais que isso.

O CONJUNTO CBV no Botachop era tudo de bom, e a música PRETA PRETINHA dos Novos Baianos marcou pra caramba. Ficar simplesmente sentados em suas mesinhas, na poltrona, no cantinho do portão ao lado ou naquela jardineira cheia de espinhos pinicando o traseiro da gente, era ainda melhor!

Época de poucas motos na cidade, razão pela qual uma tremenda atenção sempre despertava na galera quando chegava o Julinho Cecesa com aquele motocão 250 cilindradas. Pra época uma verdadeira Ferrari!

E quem se incomodaria em ter a mão queimada por uma mutuca, principalmente se esta viesse de uma paquera?  Outra brincadeira, aquela que consistia em furar com cigarro um papel que ficava juntamente com uma moeda sobre o copo.  Dessa eu nunca mais esqueci, principalmente devido as hilariantes tarefas que o perdedor teria que cumprir.  Até macaco, certa vez, alguém teve que imitar. E com extrema maestria!

Épocas de bolsos ainda mais vazios onde, constantemente, corríamos atrás do João, do Sr. Augustinho, do saudoso Zé, e de nosso amigo Picolé na intenção de filar um cigarro. Por sinal, o HAVAÍ DO PICOLÉ, literalmente, matava a pau.  Interessante que ele sempre chegava com apenas três deles no bolso. Qual seria o motivo?   

O mais esperto que primeiro gritasse pelas “vinte, dez ou cinco” era religiosamente respeitado pelos demais, e, do mesmo jeito, ocorria quando alguém pleiteava o último trago. O difícil, por incrível que pareça, era conseguir chegar primeiro.  Semana que vem a gente volta na Praça...


Crônica e foto: Serjão Missiaggia

quarta-feira, 5 de junho de 2013

BANDO DE FOFOQUEIROS!


Sobre um comentário feito pelo meu amigo César Brandão na matéria sobre a Rua do Sapo, surgiu essa reflexão sobre um hábito que vem se transformando e adquirindo proporções gigantescas: a FOFOCA.

A fofoca hoje saiu daquele âmbito cochichado das comadres das pequenas cidades e está em todo, mas TODO lugar mesmo, do Facebook às notícias policiais, das artes à política, das igrejas aos esportes e até na arqueologia, buscando fazer fofoca... do passado.

A coisa funciona assim: a pessoa está à toa na vida (lembram da Banda do Chico Buarque?) quando, de repente, passa um casal feliz, sorrindo, indo em direção ao trevo de São João Nepomuceno.  A pessoa, sozinha, percebe que eles estão felizes – e ela NÃO – e que estão compartilhando bons momentos – e ela NÃO.  Então a pessoa à toa chega a uma CONCLUSÃO espantosa, que surge como uma certeza absoluta: ELES SÓ PODEM ESTAR INDO FAZER ALGUMA COISA ERRADA!

Bom, mas se perguntamos: que coisa errada?, o fofoqueiro, pois aquela frase ali em cima É a fofoca, assume um ar de desentendido e, geralmente, fala:
- Não sei né, o que que você acha?  - insinuando tratar-se de alguma coisa imoral, ilegal ou que engorda, o que, nos dias de hoje, é imoral (também devido às fofocas).

Então, a dinâmica da fofoca funciona assim: TODO MUNDO TEM QUE FICAR IMUTÁVEL e, de preferência, imóvel, porque a mudança do Outro me incomoda terrivelmente.  E, se me incomoda, eu vou falar pra todo mundo que aquela pessoa em movimento não presta.

Agora, imaginem um Facebook, no qual pessoas às vezes passam oito, dez horas em frente ao computador, tendo o poder da palavra multiplicado para 500, 1.000 amigos?

O Neymar foi para o Barcelona, embolsou 40 milhões de euros, é um dos melhores jogadores de futebol do planeta.  Eu, que também já fui um craque no Pitomba, mas que, atualmente não ando jogando lá essas coisas, vou para o Face e... fofoco: olha, gente, o Neymar tem um primo lá em Mogi das Cruzes que está doente e vai para a fila do SUS.  Pronto, que absurdo, o cara é milionário e nem ajuda os parentes.  E o pior é que a pessoa que fofoca, também não está nem aí para os parentes.  E fica até parecendo que todo mundo tem que ser responsável pelo bem-estar dos parentes.

Mas a coisa é mais grave.  Um candidato a Prefeito vai para o horário político e fala: ih, gente, não votem na minha oponente não, porque tem um bando de gente do partido dela sendo julgados pelo STF.  Olha, não votem no outro oponente também não, porque ele fez umas obras ridículas na avenida principal da cidade.  E sabem o que acontece com esse fofoqueiro: é eleito!  O bom é que, agora, a gente pode fazer fofoca dele também.  

Fofoca é assim.  Venenosa.  Tu fazes, eles fazem, eu não!

Crônica: Jorge Marin
Foto: Misantropia, disponível em http://browse.deviantart.com/art/Gossip-137000920

segunda-feira, 3 de junho de 2013

CASOS CASAS & detalhes




Como dizem as crianças: essa é a Rua do Sapo, de lá pra cá, e daqui pra lá.  Irmã gêmea da Rua Nova, a nossa querida Rua Nazareth é uma das mais antigas de São João.  Pelos relatos do Dr. José de Azevedo, existiu até mesmo uma Rua Nova do Sapo.  No entanto, por mais pesquisas que tenha feito, não consegui saber o motivo dela ser chamada de Rua do Sapo.  Uns dizem que ali era um brejo, daí o nome.  Mas um e-mail recebido de um leitor conta uma história mais, digamos, novelesca.

Segundo ele, um determinado senhor sanjoanense apaixonou-se por uma certa dama residente na Rua Nazareth.  Até aí nada demais, a não ser o fato de que ele era casado e ela, solteira.  Isso num tempo em que era feio homem casado gostar de outra mulher e, mais feio ainda, a moça aceitar os galanteios.  Assim, para não dar o que falar pois, naquele tempo, o povo de São João era muito fofoqueiro, combinaram de se encontrar na calada da noite na casa da moça numa noite de lua nova, pois não havia, na época, iluminação elétrica.

Lá chegando, o distinto cavalheiro não se atreveu a chamar e, muito menos, bater palmas.  Então teve a ecológica ideia de... imitar o coaxar de um sapo!  Como a moça não sabia o que era aquilo, demorou um pouco a abrir a porta e, não é preciso nem dizer, que a rua inteira ficou sabendo do caso.  Daí...

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

CASOS CASAS & mistério


QUE LUGAR É ESSE AÍ?

Esperamos que hoje ninguém acerte pois, na semana passada, tivemos dois acertadores: o José Carlos Barroso e a Eliane Fajardo identificaram o Coronel José Braz, livre, leve e solto na Praça do Grupo.

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL