Sentar, de
novo, na Pracinha do Botafogo, é voltar a um tempo leve. É querer ficar por ali e não voltar pra casa. Como quase fazíamos...
Palco de
vários namoros sendo, que alguns, eu que o diga, até terminariam em casamento.
Lugar preferido
dos bate-papos e brincadeiras, que aconteciam quase todas as noites, e muitas
vezes, até mesmo durante o dia. Mas, o
forte, com certeza, eram os finais de
semana principalmente, antes e depois de algum baile, ou alguma brincadeira
dançante com o Pitomba. Na época, a coisa era ainda mais fácil, pois a sede do
Operário ficava bem em frente ao Botafogo. Da pracinha para lá, muitas vezes saíamos
no intuito de ensaiar, e a turma, normalmente, nos acompanhava. Era aquela
festa!
Antes de
algum baile, alguns de nós sempre dava uma breve chegadinha no barzinho da esquina do
Dragão, pra tomar aquela coca-cola estupidamente gelada... misturada com pinga. Só não podíamos esquecer de dar uma rápida
mexidinha com papel de pão para tirar um pouco de seu forte gosto. Ao tirar o
bafo da pinga, aquele bendito papel de pão salvou muitos romances.
Comuns também
eram nossas saídas da pracinha numa já combinada e rotineira esticadinha até o
Bar do Bode. Lá saboreávamos aquela Fanta
laranja com Vodca, um Gim Tônica ou mesmo Fanta Uva com vodca. Esta última
carinhosamente apelidada pela turma de Viuvinha.
Recordo
sempre quando o Dalminho, ao sair de sua casa, que na época era anexa ao prédio
da estação, vinha com seu famoso violão Giannini sobre os ombros em direção ao
Botafogo. Com certeza, iríamos escutar e, por que não, também , cantar: IMAGINE,
SOMETHING, WITHOUT YOU e muitas outras. E como também era relaxante ficar sentado
na pracinha só observando aquele vai e vem do trem com suas intermináveis
manobras! Isso acontecia muito quando, ao
chegarmos cedo, ficávamos sozinhos a espera dos demais.
Lembro-me bem
quando, numa dessas brincadeiras, a turma, assim do nada, agarrou o Mazzola e,
numa bela sacanagem, após tirar-lhe um dos tênis, simplesmente, o arremessou bem
em cima de um vagão do trem, que estava cheio de carvão, e que naquele momento,
estaria se preparando pra partir. Por pouco, muito pouco mesmo, o referido tênis
não foi adotado por outro pé lá em Ubá ou Ponte Nova. “Só sei que não fui eu”.
E assim, a
cada encontro, as horas se passavam tão lentamente que tínhamos a nítida
sensação de que o tempo não existia e que tudo mais além do que fazíamos, seria
um mero detalhe.
Sentado
naquela pracinha, vi o Pitomba nascer, crescer e hibernar. Ali começou meu
namoro, me casei, vi nascer os meus filhos e ainda hoje, vez ou outra, numa
breve paradinha, nos sentamos, Dorinha e eu, para matar saudade e jogar conversa
fora.
Enfim, nesta
oportunidade, gostaria muito de citar alguns nomes, mas poderia cometer o
pecado de esquecer alguém. A cada um desses amigos, que fizeram parte do fã
clube do Pitomba e da Pracinha do Botafogo, envio meu carinhoso abraço e minha
saudade.
Crônica e
foto: Serjão Missiaggia
Caro Serjão Missiaggia,
ResponderExcluirTrinta e três anos amigo do Jorge Marin, acho que ainda não conheci você pessoalmente (?....).
Mas leio suas crônicas, e que me lembram um livrinho que eu e amigo médico de Santos Dumont que mora em Barbacena, Dr. Luiz Mauro Andrade da Fonseca, fazíamos em xerox nos anos de 1980, e ironicamente com capa dura e gravação dourada imitando ouro: HUMORAL.
Lá contávamos "causos" e histórias "engraçadas" ou irônicas de Santos Dumont; nossa terra de nascimento, com água fresca sedutora e hipnótica: "L'acqua di Palmyra" (Lembra-se do excelente queijo do reino em lata redonda, queijo de Palmyra?).
E vejo em suas fotos que São João Nepomuceno tem arquitetura interessante e bonita (tenho aí dois amigos: Flávio Ferraz e Flávio Vitói).
Parabéns, seus textos saudosistas e afetuosos devem trazer grande recordações aos amigos e companheiros da época. E a vida é feita disso. De retalhos, de memória do que vivenciamos nesse oscilante percurso ou pinguela entre o
útero o túmulo.
Grande abraço,
César Brandão
www.cesarbrandão.com
Caro César Brandão,
ResponderExcluirAgradeço pelo comentário e carinho de suas colocações. E é desta forma mesmo, que ante aos detalhes obsevados por você, que dentro de uma simplicidade incrível, vou juntamente com o parceiro Jorge Marin, tocando há quatro anos, esta inocente brincadeira. Sinto-me muito feliz ao ver, que esta mesma simplicidade, tenha sido tão bem capitada por você.
Assim como na maioria das cidades, nossa terrinha vem passando nos últimos anos por grandes transformações arquitetônicas, nos deixando, muitas vezes, órfãos de algumas preciosidades do passado. Vou apenas, na tentativa de antecipar aos fatos, capturando algumas imagens, que muito em breve, inevitavelmente, serão também, “TOMBADAS”.
Não posso deixar de parabeniza-lo pelos amigos sanjoanenses Flávio Ferraz e Flávio Vitói, pessoas essas de muita sensibilidade artística e que da mesma forma, respeito e admiro.
Um forte abraço e “vamo que vamo”
Serjão Missiaggia
Oi Serjão.
ResponderExcluirAlém de fotógrafo oficial (em parceria com a esposa), agora atacando também de roteirista.
Seu olhar sensível e inteligência apurada só poderiam produzir textos tão belos quanto sinceros, como é o caso do Point dos Points.
Raízes profundas suportam melhor os vendavais da vida, e fica claro como nesta praça estão plantadas antigas saudades, amizades e uma renovada paixão (pelas pessoas e pela vida).
Parabéns a você e à Dorinha pela capacidade e cumplicidade de semear e frutificar esta bela e agradável família!
Permitam-me agregar nesta família (num conceito emocional e não apenas biológico) os amigos que se foram, os que estão e os virtuais (consequência deste século XXI).
Abraços.
Obrigadão, grande Sylvio! Confesso ao amigo, que seus comentários, sempre carregados de sensibilidade e gentileza, não só dirigidos a mim como a também, a minha FAMÍLIA, toca fundo o coração, alegra e EMOCIONA.
ResponderExcluir“Raízes profundas suportam melhor os vendavais da vida” (Sábias palavras)
Abração
Serjão