domingo, 31 de maio de 2009

PARA ARGIRITA ...E ALÉM!!!


Finalmente, pintou o tão esperado baile intermunicipal. Fomos contratados a tocar em, nada mais nada menos, do que em Argirita, numa fazenda chamada Vitória. No momento de fechar o contrato, o contratante perguntou ao Márcio Velasco:
- Qual é mesmo o nome do conjunto?
- Mercado Negro – respondeu prontamente o Márcio, sendo este, até hoje, um dos grandes mistérios da história do nosso conjunto. Por que teria o bravo baixista dado este nome tão enigmático? Teria sido por causa do guitarrista do conjunto da Nely – o Antônio – que iria reforçar o grupo? Ou será possível que era o Márcio aquele chato que queria chamar o Pytomba de Talisia Esculenta (vide segundo post, abaixo) e, só de sacanagem, deu este nome ridículo. O espaço está aberto aqui para a manifestação, ou para a revelação do Márcio!
E lá fomos nós, rumo a Argirita, relaxadamente, após dar sabe quantos ensaios? Pois é, nenhum! A coisa estava sendo encarada na farra, mas tão na farra que o Paulinho Caturra, nosso motorista, já quase chegando ao trevo, resolveu voltar para pegar seu trombone. Afinal, tocar numa fazenda seria moleza, imaginávamos, enquanto, alegremente, seguíamos viagem.
Antes de sair, tivemos o cuidado de comprar duas garrafas de Menicucci, para já irmos fazendo a cabeça no caminho. Como sempre, este etapa foi levada muito a sério, pois, antes mesmo de chegarmos a Bicas, já havíamos secado as duas.
Quando paramos para abastecer, o funcionário do posto, ao abrir a porta da Kombi, levou um baita susto, pois de dentro do carro, um de nós, com baqueta e tudo, arriou aos seus pés. E notem que o conjunto nem havia chegado ainda ao destino!
Seguindo viagem e chegado, mais ou menos, ao local combinado, começamos a observar uma intensa movimentação na estrada. Inúmeros carros, num incrível congestionamento, se cruzavam na pista, em busca, de uma possível vaga, pois os dois lados da estrada estavam completamente ocupados.
Homens passavam de um lado ao outro, impecavelmente a rigor. Mulheres com seus vestidos longos e rosas na mão, ficavam a desfilar pela pista, acompanhadas de seus parceiros com seus ternos e gravatas.
Dando então uma breve parada no local, e aproveitando a passagem próximo a Kombi de um rapaz perguntamos:
- E aí meu amigo! A fazenda Vitória, fica muito longe daqui?
Para nossa surpresa - e desespero - ele, de imediato, nos responde:
- É aqui mesmo! Vocês são do conjunto?
O silêncio foi geral nesta hora. Teve gente até querendo voltar de qualquer jeito. Pois, foi neste exato momento, que ficaríamos sabendo que iríamos tocar em um baile que elegeria a Rainha da Primavera de Argirita.
Quem quebrou o silêncio foi o Serjão:
- Gente, como é que toca valsa na bateria? O pânico se espalhou, uns vomitavam, mas o que fazer? O contrato já havia sido fechado e todos teriam que se virar de qualquer jeito.
No estacionamento, outra surpresa: uma cobra jararaca, também impecavelmente pronta para o bote. Mas, felizmente abatida pelo nosso bravo motorista Paulinho, que a esmagou com o seu trombone.
Por incrível que pareça, o baile fluiu de forma não totalmente catastrófica. O repertório ia sendo fielmente executado: The End, Oh My Love, My World, De Tanto Amor, Imagine, Look Around And You’ll Find Me There. Até que... de repente, o aparelho da guitarra, num barulho ensurdecedor, começou a apitar sem parar. Aí, já viu né, mexe de cá, mexe de lá, e Sílvio Heleno, vendo que aquela coisa não parava de apitar, teve um insight radical e sentou-lhe um potente bicudo. Jogando o impertinente aparelho bem no meio salão. É bom lembrar que Greg Lake, do Emerson Lake and Palmer repetiria esta performance alguns anos mais tarde... E não é que a coisa funcionou? Expurgado o aparelho, tudo começou a funcionar novamente! Deu até para terminar o baile. Mas, que sufoco...
O sucesso foi tamanho que, durante muitos anos, centenas de moças, para ser exato uma centena (na época era a totalidade da população feminina da cidade) fretavam ônibus para São João em busca dos gatos do conjunto Mercado Negro. Coitadas, até hoje permanecem frustradas, e, atualmente, distintas senhoras, ficam sentadas junto às janelas, suspirando pelos velhos tempos.
(Texto: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

OBSERVAÇÃO: é importante deixar claro para todos envolvidos e citados nos textos que, mesmo após a divulgação, o conteúdo continua em aberto para possíveis acréscimos ou mesmo para novas versões que alguém julgue necessárias. Afinal, é importante que todos se manifestem sempre que assim desejarem. É só nos comunicar que será postado! O blog pretende ser uma construção coletiva.

domingo, 24 de maio de 2009

PRIMEIRO BAILE (OU O INFERNO DE DANTINHO)


Também em 1972, para comemorar o aniversário de três componentes do grupo, nos apresentamos no terraço da casa do Dantinho. Novamente, para variar, alguns fatos hilários aconteceriam.
Uma corda, que separava o palco da pista de dança, na realidade dificultava e prendia alguns componentes que, já semialcoolizados, por ela não conseguiam passar, principalmente este baterista que vos fala.
Uma pessoa, naquela noite, vomitou na tumbadora... Isto é: num surdo que fazia papel de tumbadora. Nosso amigo e componente simbólico do grupo Nilson Magno Baptista, já num terrível pileque, fingindo estar fazendo percussão, ficava batendo no surdo, espirrando aquela nojeira para tudo quanto é lado.
O César Esquisitinho, já mais pra lá do que pra cá, foi contratado para gravar o baile, só que, enquanto passeava como peru tonto pela pista de dança, ficava a rodar o fio do gravador. Imaginem então como ficou a gravação...
Nesta apresentação, os componentes passaram o dia inteiro fazendo batida de limão para distribuir para a galera. A cada minuto, era feita a prova da dita cuja, fato este que, depois, veio causar aquele desastre na hora do baile. (Tio Dante e Tia Adail que o digam). O baterista, quase em coma, bateu somente à primeira música, por sinal, a única que todos conseguiram tocar juntos.
Nesta música, o baterista ainda conseguiu dar um chute no tarol, que após passar pelo conjunto, saiu rolando no meio da pista de dança.
Silvio Heleno, meio assustado, sem saber o que estava acontecendo, olhou para trás e perguntou:
- O que é isso... Serjão??? De imediato, recebeu a resposta:
- Escorreguei numa casca de banana!!!
Silvio Heleno, ao invés de observar que, um baterista, por estar sentado, jamais escorregaria numa casca de banana, simplesmente, balançou a cabeça e diz:
- Ainda bem!!!
A casa, naquela noite, ficou parecendo um hospital, sendo que, o baile terminou, apenas
com dois componentes - Márcio e Dalminho - e um casal solitário, que ainda dançava.

Em 1973, houve um baile no Ginásio, sendo que, um dos fatos interessantes que ocorreu.
foi o desaparecimento do Silvio Heleno. E o que é pior: em pleno baile... E ainda
pior ainda... Após deixar a pobre guitarra, estendida e solitária no chão.
Também, outro fato hilário veio ocorrer: Estávamos tocando uma música num determinado tom e Silvio Heleno entrou solando em outro. Quando questionado pelo erro tão elementar, simplesmente respondeu que era daquela maneira que havia aprendido com o Bastião Cri-Cri.
Neste dia, fizemos o baile em troca do lanche: (Um pão com salame e uma coca-cola quente).

Tocamos em 1974 na boate Bate Papo em Roça Grande, primeiro show interdistrital.
Nesta noite, por um motivo qualquer, que agora não me recordo, tivemos que sair pela janela dos fundos. Na volta, se não bastasse, ainda fomos parar, por engano, na porta do cemitério.
Num desses bailes em Roça Grande, todos os sapos, digo, os não integrantes do conjunto, passaram pela portaria, sendo que, nosso contrabaixista Márcio, foi o único a ser barrado.
(Texto-depoimento de Serjão)

domingo, 17 de maio de 2009

A ESTREIA (OU APERTEM OS CINTOS QUE O GUITARRISTA SUMIU!)


A estréia do grupo ocorreu, oficialmente, num famoso “Pega” no Operário em 1972.
“Dar um Pega”: é o mesmo que “dar uma canja”, ou seja uma apresentação inesperada ou improvisada de músicos, isto é, durante um show ou baile, o conjunto que está tocando permite que outro suba ao palco e toque algumas músicas (Pytomba também é cultura).
Naquela noite o baile era no Operários e o conjunto era o N5 (ex-Cobrinhas). A líder do grupo, Nely Gonçalves, num surto psicótico, ou etílico, ou ambos, interrompeu repentinamente o baile, e anunciou para a multidão a chegada de um novo grupo musical à cidade:
- Agora, apresento pra vocês... o grupo... Pytombaaaaaa!!!!!
Silvio Heleno, apavorado, não acreditava no que estava acontecendo, mas subiu rapidamente no palco e, com a mesma rapidez, se escondeu atrás da aparelhagem.
Márcio Velasco gritava como louco, pedindo para que o bravo guitarrista solo mostrasse pelo menos o rosto, pois, caso contrário, ninguém tocaria. Tudo sob risos e aplausos de uma galera de fãs que delirava.
Renesinho, como num passe de mágica, desapareceu do clube, deixando a bananosa estreia para: Sílvio Heleno, Dalminho, Serjão e Márcio.
Dalminho, numa demonstração surpreendente de coragem, dirigiu-se sozinho para frente do palco, pegou a guitarra e começou a regular a altura do pedestal e microfone. A seguir, numa breve olhada para trás, contou o número de elementos para certificar-se de que ninguém mais havia fugido. Avisou que iria dar seu sinal pra começar... E haja Gin Tônica!
A seguir, um momento histórico: ainda teríamos que aguardar alguns minutos, até que Silvio Heleno, mesmo sentado, fosse arrastado, com cadeira e tudo, mais para frente do palco.
Assim, após todos estarem em seus lugares, Dalminho, dando mais uma olhada para trás, chegou junto à bateria e disse:
- É agora ou nunca!!!! Serjão!
A seguir, começou a cantar, com toda empolgação No One To Depend On: “Aint got nobody that I can depend on”... Era o próprio Santana cantando. E a galera delirava, aplaudia e dançava sem parar.
E mais Santana, tudo vindo ao nosso encontro, ou “Everyting’s Coming Our Way”, seguido de Imagine, My Word, Something e, para finalizar, Withou You.
O mais curioso desta noite inesquecível foi a presença maciça, neste baile, de quase todos os músicos da cidade. E o pior: todos sentados próximos ao palco. Possivelmente admirados, talvez pela nossa aparente coragem, mas certamente pela imensa cara-de-pau.
E como diz a letra de Withou You: “yes, I can’t forget this evening, or your face as you were leaving, but I guess that’s just the way the story goes”. Sim, eu não consigo esquecer esta noite, ou sua(nossa) cara(s) na hora em que estava(mos) saindo, mas acho que foi exatamente assim que tudo aconteceu…
(Texto – Serjão Missiaggia / Adaptação – Jorge Marin)

sábado, 9 de maio de 2009

AS MANGAS ROLAM EM SÃO JOÃO


Criar um conjunto de rock não é tarefa assim tão fácil. A começar pelo nome: uns queriam Derruba Clube, mas, para a época, o nome parecia subversivo demais. Até que se criou um consenso de que o nome ideal seria Pitomba na Oreia. Como não se sabia no dia em que o nome foi escolhido, a pitomba é a fruta da pitombeira, mas o significado que se queria era mesmo o de um “tapa na orelha”. Alguém foi buscar um dicionário (geralmente um chato), descobriu que os dois significados estavam corretos, mas sugeriu:
-Por que não colocamos Talisia Esculenta? Levou imediatamente diversas pitombas.
Os primeiros ensaios foram realizados no barracão do Sr. Anjinho Picorone, que resolveu transformar este “cavern club” do Pytomba em um depósito de mangas. Esta situação inusitada, de dividir os ensaios com aqueles frutos em fase de amadurecimento, em nada perturbava os ensaios da garotada. Afinal, o conjunto também ainda estava verde.
É importante ressaltar aqui que o citado barracão ainda existe, está aberto á visitação pública de segunda a domingo e, a exemplo da ex-casa de Elvis Presley, chamada de Graceland, este importante local também deverá ser tombado como patrimônio cultural da municipalidade, sob o nome de Mangoland, ou Pytombaland.
Num dos ensaios, um grande temporal assolou a cidade, destelhando quase completamente o galpão. A luz acabou, e ali, no escuro, molhados junto com as mangas empapadas de barro, só uma certeza manteve o grupo unido. Não, não era aquela fé de que um dia seremos famosos, mas sim: “Salvem a aparelhagem!” (que, como era de se esperar, era toda emprestada).
Foi uma grande decepção, não pela aparelhagem – afinal eram apenas bens materiais – mas sim com a interrupção de um ensaio tão fantástico, apesar do temporal, apesar da falta de luz, apesar do teto sem telhas e apesar de estarem todos atolados no barro até as canelas. Num mar de mangas!
Em um outro ensaio, Guilherme Beline (tem sempre um figura!) passou de carro pelo local e ouvindo a barulhada e vendo o piscar das luzes, saiu pela rua convidando a todos que via para um “baile na casa do Sílvio Heleno”. A mãe deste, dona Mariana não conseguia entender a multidão de jovens passando pela sua cozinha e preferiu fechar a porta e esperar aquilo tudo acabar. Enquanto isto, o som rolava solto até a noite, e a galera dançou até que não restou manga sobre manga. Depois, tranquilos e calmos, todos saíram como se nada houvesse acontecido, enquanto dona Mariana ainda avaliava se poderia abrir sua porta com segurança.
O repertório oficial incluía músicas como My Pledge of Love, Isn’t It a Pity, What’s Life, It Don’t Come Easy. Como se vê, a influência dos Beatles era clara.
Mas quem eram os componentes fundadores do Pytomba?
- guitarra solo, SÍLVIO HELENO;
- guitarra base e voz, DALMINHO;
- bateria, SERJÃO;
- baixo MÁRCIO VELASCO;
- chifre e vocal: RENEZINHO LADEIRA
- iluminação: RENATINHO ESPÍNDOLA.
Os primeiros aparelhos e instrumentos eram exclusivos e feitos especialmente para a banda: enquanto os outros utilizavam a bateria Pinguim, a do Pytomba – de origem desconhecida - era a Urso Polar, na verdade um surdo com esteirinha, um bumbo com pedal e um prato com arrebites. Os conjuntos comuns usavam um amplificador de voz Plantronics A100, mas o do Pytomba era o A(sem)nada e seus alto falantes pulavam alegremente pelo chão. Os violões possuíam cristais, o chifre era de boa qualidade, mas os dois microfones eram aqueles de gravador, apoiados num sofisticado pedestal Zebra, nada a ver com os genéricos da marca Girafa. As luzes, ou ambas as luzes, eram lâmpadas de Natal, giradas vigorosamente pelo iluminador. Os leigos, que não entendiam aquela revolução musical, indagavam por que não uma bateria Super Pinguim, aparelhos de guitarra e baixo Plus ou Super Tremendão, aparelhos de voz A100 ou A200, microfones Surian ou AKG, pedestais Girafa, baixo e guitarras Fender, câmara de eco, gelo seco e um órgão Caribbean?
A resposta era simples:
- Porque não!
(Texto - Serjão Missiaggia / Adaptação - Jorge Marin)

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL