domingo, 28 de abril de 2013

QUATRO ANOS DE BLOG - TÃO LONGE TÃO PERTO!



E mais um ANIVERSÁRIO do Blog chegou.  Completamos, assim, QUATRO anos de vida...

A cada comemoração ficamos tomados por uma emoção diferente, e o entusiasmo, que antes se traduzia em números, hoje se manifesta, principalmente, na felicidade de poder estar diante de uma ideia que deu mais do que certo.

Uma alegria que é traduzida e renovada a cada manifestação de nossos leitores, tanto nos comentários diretamente no Blog, como numa simples curtida no Facebook.  E esses números serão sempre o nosso maior PRESENTE.

Confesso que, muitas vezes, fiquei ao longo da caminhada me perguntando como poderia uma ideia fluir de maneira tão LEVE? Qualquer resposta seria louvável desde que não fosse pelo simples fato de seus idealizadores estarem SEPARADOS por setenta e dois quilômetros e sem UM ÚNICO encontro ou telefonema TÉCNICO.
Vai entender isso!

Então, mais uma vez, PARABÉNS PRA VOCÊS PRA NÓS!!!!

Serjão Missiaggia


Ao ler essas linhas do Serjão, falando da distância física, mas da PROXIMIDADE da parceria , me vem à memória um filme do Wim Wenders de 1993, TÃO LONGE TÃO PERTO, que relata a história de dois anjos, Cassiel e Raphaela, que, cansados da distância entre o Céu e a Terra, resolvem influenciar DIRETAMENTE na vida das pessoas e, nessa missão, terminam por se tornar parte da vida dos seres humanos.

Longe de sermos anjos (nem demônios), exploramos, aqui no Blog, a morte das distâncias, como na música do U2 que é tema do filme:
Tão longe, tão perto
Com a estática e o rádio
Com televisão via satélite
Você pode ir a qualquer lugar
Miami, Nova Orleans,
Londres, Belfast e Berlim.

Por que não: São João, Juiz de Fora, Serjão e Jorge Marin?

Jorge Marin

sexta-feira, 26 de abril de 2013

CASOS CASAS & detalhes



Devido ao aniversário do BLOG, depois de amanhã, estamos antecipando a publicação da seção CASOS CASAS & detalhes.

A antecipação é, também, proposital.  Falamos, na segunda-feira passada, sobre o inesquecível Bolote e sobre os jovens e a Lei.  Algumas pessoas enviaram e-mails perguntando se estaríamos advocando a diminuição da idade penal.

E aí chegamos ao ponto da questão: não se trata de estabelecer uma idade para que os jovens possam ser responsabilizados e punidos criminalmente.  A GRANDE QUESTÃO e o grande desafio são: como introjetar a Lei nesses jovens?  Não se trata tão somente da lei escrita, mas a lei do convívio social, a lei do bem-viver, da cidadania responsável e do respeito.

Entre muitos exemplos, que começam em casa e seguem pela vida, há o Serviço Militar.  Tido como indesejável para alguns pais (ah, eu não quero ver o meu filhinho no Exército!), podemos afirmar, com conhecimento de causa, que o TIRO DE GUERRA foi uma das experiências mais marcantes de nossas vidas, como homens, pais, cidadãos e futuros educadores.

Quando o ser humano cresce aprendendo como conviver com seus pares, só vai deixar de fazê-lo se for uma pessoa que tem mesmo que viver à margem da sociedade.

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

quarta-feira, 24 de abril de 2013

NÓS E O SUBVERSIVO...



Meninos, íamos ao Campo de Aviação, e aquilo lá nos encantava de uma maneira que não sabemos bem explicar.  Corríamos, soltávamos papagaio e, mais do que tudo, adorávamos ver o avião.  Havia um no hangar, mas poucos de nós já o havíamos visto voar.

Quando exagerávamos nas brincadeiras, ou mesmo quando entrávamos em algum recinto proibido, havia um tomador de conta que vinha e dava um “puxão de orelhas”.  Não literal, mas uma chamada de atenção, como era comum na época, já que tínhamos o costume de respeitar os mais velhos.

Era o Valdo!  Uma pessoa um tanto sombria, com um imenso bigode e que não parecia assim muito inteligente.  Aliás, parecia ter a mesma idade que nós.  Mas, de qualquer forma, ele era autoridade naquele local.  E a gente não abusava.

Um dia, quando estava indo para o grupo, vi o Valdo passando na caminhonete da polícia, sentado.  Estava com a cabeça baixa, as mãos amarradas e com um soldado junto, com um fuzil na mão.  Meu Deus!  Como é que pode?  O Valdo, lá do Campo de Aviação, foi preso...

Lá na escola, foi aquele alvoroço, todo mundo querendo saber o que havia ocorrido.  Mas, sabem como é, era tempo de silêncio, e ninguém queria comentar esses assuntos.  Diziam que o Valdo era subversivo.

- O que que é subversivo, mãe?  É quem é contra os militares, meu filho.  Mas não fica falando essas coisas por aí, não.  E o pior é que não podíamos nem ir brincar mais no Campo de Aviação, pois aquele avião tinha queimado e diziam que era o nosso conhecido que o queimou de propósito.  Eu sabia que era tudo mentira, pois ninguém gostava mais daquele avião do que o Valdo.  Mas...

O tempo passou, o Valdo sumiu.  No ano seguinte, já estávamos no terceiro ano, quando resolvemos, um dia, dar um pulo lá...  Pois é, no Campo de Aviação; só que, ao invés de ir pela Santa Rita, como sempre fazíamos, iríamos por baixo, pela estrada (na época, não tinha nem o trevo ainda).

E assim fizemos...  Só que, sem saber, protagonizaríamos um dos casos mais extraordinários das nossas vidas.  Eis que, chegando ali pra cima da fazenda do sêo Gabi,  vimos um homem descendo a estrada a pé, cambaleando.  Pensando se tratar de um bêbado fomos lá ver quem era.  Mas, não era um bêbado e sim... o Valdo.

Barbudo, maltrapilho, ficamos depois sabendo que um advogado lhe dera um atestado de insanidade e que o haviam internado em Barbacena, mas ele, inconformado, e sem entender bem toda aquela parafernália, fugira e viera, A PÉ, de volta para São João.  Um colega correu e pegou um pouco de água da mina pra ele.  Ainda meio tonto, bem abatido, ele parece nos ter reconhecido e, como num pedido de desculpas, ficava falando: foi um acidente, foi um acidente!

Era o ano de 1965 ou 1966. Começou a cair uma chuvinha fina, e voltamos para a cidade com o nosso velho amigo.

Crônica: Jorge Marin

segunda-feira, 22 de abril de 2013

CASOS CASAS & detalhes





Quando a Lei e a Ordem parecem palavras de ordem ultrapassadas, lembramos hoje de nossa antiga Delegacia de Polícia, que ficava anexa à defunta Cadeia Pública.

Quando vemos o aumento da criminalidade, principalmente entre jovens "protegidos" pela minoridade, lembramo-nos, com saudade, de figuras exemplares como o sr. Hercílio Ferreira, o Bolote.  Não se trata de um saudosismo a uma época repressora, mas o reconhecimento de um tempo em que havia LEI e pessoas que zelavam, de verdade, pelo seu cumprimento.

Num de seus casos memoráveis, lá pelo meio da década de 60, a polícia foi chamada em uma notória casa de prostituição da cidade onde um grupo de jovens estaria promovendo uma baderna e destruindo o mobiliário.  Para lá acorreu a PM e, minutos depois, o indefectível fusquinha do delegado.

- Sr. Bolote - alertou o cabo - é melhor o senhor deixar conosco, pois, entre os rapazes, está um filho do senhor.  A resposta do Bolote não foi outra:
- Quero que você pegue ele em primeiro lugar, jogue na carroceria da camionete e leva DIRETO pra Cadeia!  Já!

Ver esse prédio antigo, nos dias de hoje, é lembrar de um tempo em que tínhamos plena CERTEZA de que: primeiro, existe uma Lei; segunda, ela TEM que ser cumprida e, finalmente, quem não a cumpre, é apartado do convívio social para refletir sobre os seus atos.

Não vou dizer que nos tornamos melhores cidadãos por causa disso.  No entanto, saber dessa verdade ajudou a não nos tornarmos piores.

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

sexta-feira, 19 de abril de 2013

O ÚLTIMO DOS MÓI & CANO: CAPÍTULO FINAL - O Último Suspiro



É verdade... como dizia Thomas Hobbes, “o Homem é o Lobo do Homem”.  Numas situação de extrema ameaça, nunca saberemos, realmente, do que somos capazes de fazer.  E nem queiram saber!

Enquanto pensava qual a melhor solução a tomar, conduzi o prisioneiro, totalmente encarcerado, até o terreiro.  Seu comportamento cada vez mais me impressionava e eu, já tomado por uma leve sensação de culpa, fiquei a imaginar que ele poderia estar começando a fazer a digestão de alguns daqueles granulados que ofereci.  Um tanto angustiado, fiquei a espera de que pudesse entrar em REM a qualquer momento e assim não viesse a sofrer. DOIS DIAS se passaram e nada...

Foi quando comecei a observar, que O seu olhar, além de triste, parecia bem desidratado também.  Não teve outro jeito e, após colocar um pouco d’água em um recipiente, enfiei debaixo de sua cela.  E como bebia!  Esvaziou o recipiente em poucos minutos.  Fiquei com a consciência tranquila, pois pelo menos, não morreria desidratado.

No terceiro dia comecei a ficar impaciente, pois nada acontecia. Tudo continuava como estava a não ser a presença constante de nosso CAMALLIGATOR (lembram dele?), que insistia em querer ficar todo o tempo ao lado do cativeiro. Por sinal, cheguei a fotografar essa bela lição de solidariedade entre IRRACIONAIS por duas vezes.  Ou seria um belo jantar a vista?

Só sei que o sofrimento do invasor só ia aumentando e o meu também.   
Enquanto isso, combinei com meu primeiro imediato, de colocá-lo num saco e soltá-lo em algum matagal, mas somente no caso de não vir a falecer no máximo em dois dias.

Confesso sinceramente, que cheguei a pensar em arrumar uma maneira de mantê-lo ali e não sacrificá-lo. Estava disposto a sacrificar minha própria idoneidade para não ter que matá-lo. Mas que seria algo muito incomum, com certeza, seria!

Procurei, nesse meio tempo, ir oferecendo alguns pedaços de miolo de pão, mais um pouco de água e alguns granulados verdinhos.  No outro dia, ao chegar ao terreiro com uns pedaços de QUEIJO na mão, percebi que finalmente, havia entrado em óbito.  E o coitado nem chegou a comer aquilo de que mais gostava.

Foi melhor assim!

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: Emilola, disponível em http://browse.deviantart.com/art/BigFoot-18347949 .

quarta-feira, 17 de abril de 2013

A ARTE DO IRMÃO



Irmãos, há quem já os encontre prontos, viventes, pensantes (às vezes) e, normalmente, chatos.  No entanto, há um tipo de fraternidade que vem a ser.  São irmãos forjados na paixão da convivência, na alegria dos momentos tolos.

Por isso, topar com irmãos já paridos é biológico, ao passo que tecer uma irmandade é uma ARTE.

Ah, tem outra coisa: como acontece na maioria das manifestações artísticas, a Natureza conspira.  Em 1979, saindo de são João em busca da tão sonhada carreira profissional, sento-me na poltrona do ônibus para o Sul de Minas e encontro um daqueles irmãos-a-ser.  É César Brandão, artista plástico e, assim como eu, bancário nas horas oficiais.

Volto para Juiz de Fora três anos depois e sou apresentado à pessoa que me iniciará nas artes da informática: César Brandão.  Este participaria, em 1987, da 19ª Bienal de São Paulo, fato inédito entre os artistas atuantes de Juiz de Fora.  Morando, depois, em Congonhas, sou convidado, em 1991, para registrar em vídeo a obra do então já irmão Brandão: No Atrito das Pedras, disponível no YouTube em http://www.youtube.com/watch?v=g6Q8k6yzExg e http://www.youtube.com/watch?v=A4jt2IDJn9g .

Novo hiato e, em 1995, há um momento em que a vida profissional me afasta da família.  Procurando um local para morar enquanto terminava o ano letivo, vem (adivinhem quem?) o Brandão de novo: “amigo, vamos lá pra casa!”

Aprendo com o Brandão a arte: a da fraternidade amorosa e a arte propriamente dita.  Meu irmão, descubro maravilhado, é um catador de significantes: objetos, frases, contextos, gambiarras...  tudo se amontoa em seu estúdio.

De repente, com olhos brilhantes, ele pega um daqueles artefatos e, num átimo, interfere, tresmalha-o, até que, artefeito, reapresenta-o.

Quinta-feira passada, fui curtir uma dessas reapresentações no MAMM – Museu de Arte Murilo Mendes: é uma homenagem ao artista grego Jannis Kounellis (http://en.wikipedia.org/wiki/Jannis_Kounellis).  Meu amigo/irmão, como sempre, atende a todos, explica, ensina e orienta.  E confidencia: “amigo, arte é resultado também de vivência e cultura”. 

Apesar de um bom tempo distantes, reatamos, de imediato, o assunto de outros tempos.  Kounellis, o artista grego homenageado afirma sobre o passado que “se você o trouxer lentamente à superfície, ele é cheio de possibilidades”.

Crônica: Jorge Marin
Foto: Convite da exposição

segunda-feira, 15 de abril de 2013

CASOS CASAS & detalhes




O paço municipal... a Prefeitura de São João Nepomuceno.  Talvez nenhum prédio consiga atiçar de forma tão espetacular o imaginário dos sanjoanenses quanto esse.  Na época das eleições, e verificamos isso de quatro em quatro anos, a cidade se divide em facções, normalmente dois grandes grupos, que se acusam mutuamente e buscam denunciar as falhas do outro.

Tudo bem, podem dizer, este é o nosso estilo de fazer política.  No entanto, passado o calor do embate, uma pergunta fica martelando na minha cabeça: o estilo pueril de fazer política ainda é o mais indicado para uma cidade com mais de 25.000 habitantes?  Não se trata de crítica: é uma reflexão.

Afinal, esse prédio deveria ser encarado como o que realmente é: a casa de todos nós.  E, em casa, só porque não concordamos com a forma como o nosso pai age, nem por isso deixamos de dar nossa opinião, reclamar e, muito importante, reconhecer quando nós é que estamos errados.

Dizem que crescer dói, e acredito que esse é um fato incontestável.  Tanto porque   amadurecer pesa, como encarar o resultado das próprias escolhas pode ser um processo extremamente frustrante.  Ou não.

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin


sábado, 13 de abril de 2013

O ÚLTIMO DOS MÓI & CANO: 4 - Os Limites do Medo



O ser humano é mesmo um animal regido por emoções.  Ao encararmos, pela primeira vez, a criatura que invadira nossa casa, ficamos petrificados pelo medo.  Em seguida, nós, que tanto prezamos a vida, fomos totalmente tomados pelo ódio.  É que aquele amigo, do alheio, valendo-se do nosso momento emocionado, aproveitou e... rapou fora!

Não me restando alternativa, e fazendo uso de meus poderes como chefe de família, fui de imediato sugerindo que, em caso de triunfarmos sobre nosso inimigo, ou amigo, sei lá,  que arrumássemos uma maneira de proporcionar-lhe uma morte rápida e sem sofrimentos. A família, que nunca me ouvira falar daquela maneira antes, congelou.  Sabiam da minha temperança, mas reconheciam que eu jamais voltava atrás nas minhas decisões.

Reconheço que foi uma declaração um tanto bombástica, principalmente naquela altura do campeonato, mas falar o quê nessa hora? A seguir fui, de imediato, procurar uma loja de materiais agrícolas pra me aconselhar. Voltei pra casa com três saquinhos de... VENENO!   O conteúdo era um daqueles granulados verdes que, conforme a promessa de meu atendente, seria capaz de proporcionar uma morte serena e digna.  Senti aí que meu oponente estaria em boas mãos!  O tal atendente disse ainda que todo aquele procedimento seria ecologicamente correto e indolor.  

Sem vislumbrar outra alternativa, espalhei quase meio quilo do referido granulado por toda casa e periferia, até mesmo na varanda.  Sabíamos que o nosso inimigo/amigo tinha por hábito devorar todo tipo de comida que encontrasse disponível.  E o danado voltou.  E comeu aquilo por dois dias seguidos, porém sem nenhuma reação apaente.  Ou essa droga não serve pra nada ou havia passado de validade, pensei.  Foi quando resolvi, no intuito de dar um basta DE VEZ nessa história, colocar em ação minha infalível ARMADILHA SECRETA, que o velho Tunim deixou como herança. E assim foi!

E não é que, passados pouco mais de dez minutos, nós conseguimos capturá-lo?  Confesso que morri de pena e, sinceramente, aquele seu olhar triste me tocou bastante. E agora? Fazer o que com Mus, seu veradeiro nome segundo os documentos?  Já vi pessoas afogarem muitos desqualificado daquela espécie, enquanto outros, com maior frieza e objetividade, resolviam a situação com uma simples cacetada. De minha parte, jamais o faria e, se tiver que ser assim, liberto-o novamente, mesmo sabendo que ele voltará, em seguida, a delinquir.  Mas, agora, o que faço? Antes nem tivesse aprisionado o coitado! (vejam, na próxima sexta, o final da história)

Crônica: Serjão Missiaggia

quarta-feira, 10 de abril de 2013

COMO (NÃO) ANDA O TRÂNSITO DA SUA CIDADE?



Chuvinha fina em Juiz de Fora... estamos, eu e meu filho de sete quase oito anos, empacados dentro de um táxi na Avenida Rio Branco, a caminho da escola.  O caos é absoluto: centenas de carros buzinando, pedestre esbaforidos atravessando como se fugissem de um terremoto e os inevitáveis motoqueiros passando feito relâmpagos entre os carros.

Olhando, impaciente, para o limpador de para-brisa, meu filho expõe uma ideia (o pensamento analítico começa a se manifestar):
- Pai, e se a gente comprasse um carro?
- Meu filho, se comprássemos um carro estaríamos parados por aqui, ao lado do táxi, ou atrás.
Ele enrubesce e fica sem graça:
- Que bobeira, gente.  Desculpe, pai.
- Não há o que se desculpar, filho.  A maioria das pessoas pensa do mesmo jeito.

Lentamente, mas muuuuito lentamente, o trânsito começa a fluir.  Fico pensando onde, ou se um dia, tudo isso vai parar.   A minha preocupação não é tanto Juiz de Fora, pois está claro que, por aqui, o caos já se instalou.  Preocupo-me, sobretudo, com nossa São João Nepomuceno.  Imaginem se, numa cidade pequena, todos resolverem adotar como meta primordial de suas vidas a aquisição de um carro.  Ou, como acontece em Juiz de Fora, resolverem tirar o carro da garagem para ir do Bar Central até o Correio?

No próximo sábado, dia 13 agora, completa um ano a Lei número 12.587 que trata, justamente, da mobilidade urbana.  A nova lei MUDA essa história de prioridade ao uso do automóvel de passeio e PRIORIZA o uso dos veículos não motorizados, as ciclovias, as calçadas, o transporte público de qualidade e, principalmente, a integração dos carros particulares a um sistema de mobilidade sustentável, ou seja, quando houver conflito entre gente e veículo, a opção deve ser pelas pessoas.

E o mais interessante é que não são apenas as megalópoles que irão ter que se submeter à nova lei: também a nossa São João, por ter mais de vinte mil habitantes, terá que elaborar, em até três anos da promulgação da lei, o seu plano de mobilidade urbana.  Sei que muitos irão dizer: ah mas lei no Brasil não pega, ou é problema da prefeitura, essas coisas.

No entanto, se cada um de nós não começar a se preocupar, JÁ, com essa questão, que é um problema de qualidade de VIDA, é possível que nossos netos nasçam dentro dos carros, a caminho do hospital, e voltem pra casa, se voltarem, apenas após a desobstrução das pistas.

Outra coisa: quando nossos pais nos convocavam a “andar direito”, era pra caminhar.  Lembram daquela ação saudável que costumávamos praticar sobre duas pernas?

Crônica: Jorge Marin
Foto: Alamsyah Andry, disponível em http://br3w0k.deviantart.com/art/the-traffic-jam-80591778

segunda-feira, 8 de abril de 2013

CASOS CASAS & detalhes




Marco da paisagem urbana de São João Nepomuceno, o Fórum leva o nome do Desembargador Ananias Varella de Azevedo, magistrado que, segundo o Professor Paulo Roberto de Gouvêa Medina, foi o que por mais tempo exerceu a judicatura na cidade.  Segundo o historiador, o referido juiz permaneceu na cidade por 16 anos e cinco meses, de setembro de 1924 a fevereiro de 1941.  Após sua aposentadoria, do Tribunal de Apelação, voltou à cidade, onde passou o resto de seus dias, legando-nos a sabedoria, o brilho e a honradez na figura do seu filho, também juiz, o Dr. José de Castro Azevedo.

Além das reminiscências históricas, é impossível lembrar do passado em São João sem uma referência ao Fórum: difícil um cidadão sanjoanense que não tenha brincado naquela praça quando criança, ou namorado na juventude, ou encontrado com os colegas aposentados.  Ali, justiça e paz se combinam, misturam-se e ignoram a passagem do tempo.

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

sexta-feira, 5 de abril de 2013

O ÚLTIMO DOS MÓI & CANO: 3 - A Revelação



Na semana passada, um dilema nos era apresentado: será que alguns indícios são suficientes para dizer que uma tragédia voltará a ocorrer?  Existem mesmo os tais sinais premonitórios? Ou tudo não passa de uma simples paranoia?  Existe paranoia simples?  Ou tudo isso é o medão de um intruso ficar fuçando nas suas coisas?

Mais dois dias se passaram e nenhum sinal de vida se manifestava. Silêncio total! Teria ele se assustado tanto assim a ponto de ter saído também em disparada pela porta do terreiro? Pra nós essa possibilidade seria tudo de bom e torcíamos muito para que isso pudesse ter acontecido, pois, desta forma, pelo menos não teríamos que tomar decisões drásticas ou mesmo precipitadas. Assim, neste clima e diante de uma cozinha de pernas para o ar, começamos novamente a esquecer dele e voltar à nossa rotina normal.

No dia seguinte, infelizmente, alguns barulhos SUSPEITOS começaram a ser ouvidos novamente vindos do campo de batalha.  (Isso em nada me agradou!) O ALERTA MÁXIMO foi acionado e, pela segunda vez, entramos em prontidão.  Foi quando meu primeiro imediato resolveu apelar para  a tecnologia e tentar desvendar de vez o difícil e angustiante mistério. Fazendo uso de minha câmara fotográfica, aquela mesma que faço uso pra fotografar para o Blog, após mudar sua configuração, colocou-a sobre um tamborete e, direcionando-a para o armário, começou a filmar. E eu nem sabia que essa coisa filmava também..

Meia hora se passou e, quando fomos conferir o que havia sido filmado, qual não teria sido nossa imensa surpresa? Diante de nossos olhos e bem a nossa frente, lá estava ele e carne e osso. Nunca tinha visto um ser tão feio e nojento. No entanto, minha filhota logo gritou: - Que gracinha, é o Dongo! E não é que o danado já tinha até nome e eu não sabia. OU SERIA O ÚLTIMO DOS PASSAGEIROS DE NOSSA ARCA? Pensei imediatamente na dona Anastácia, mas, mesmo que quisesse acioná-la, nem saberia mais onde encontrá-la.  Dei uma corridinha até a oficina pra pedir ajuda aos vizinhos, mas nenhum dos dois  estava lá.

Acuado, junto com minha família, e aquela ABERRAÇÃO, só havia uma coisa a fazer... (continua).

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: Eyup Okumus, disponível em http://browse.deviantart.com/art/aliens-103362794

quarta-feira, 3 de abril de 2013

DEPRESSÃO: CURTIR & COMPARTILHAR



Durante o nosso briefing (é, gente, temos essas coisas!) para a postagem do Blog, meu parceiro Serjão deu o seu veredito: você está tresmalhado!  Pronto, pensei, o que será isso?  Pela proximidade do Sábado de Aleluia, pensei: quem sabe um Judas malhado várias vezes?  Ou mesmo um cara que vai à academia três vezes por dia?

Enfim, visto o google, consegui entender o recado do parceiro: ando um pouco perdido mesmo, e simplesmente porque estou TRISTE.  E não preciso nem questionar porque SEMPRE vem alguém e pergunta: mas por que é que você está triste?  Acabo buscando um motivo.  Será que foi o Leão (o da Receita Federal)?  Ou a mistura explosiva entre a transmissão da Declaração Anual de Rendimentos e a minha conexão lentíssima de Internet?

Minha conexão é tão LENTA que, às vezes, preciso sair de casa para postar as matérias do Blog de uma lan house.  E, quando volto para casa, nem a página inicial do blog abriu completamente.  Dá pra ser feliz?

Enfim, tô triste!  Meu parceiro, sábio, despede-se de forma correta: se quiser falar de alguma coisa, fala que o véi escuta.

Mas, INFELIZMENTE, a maioria das pessoas sempre tem uma solução para os problemas DOS OUTROS.  Ah, isso é um princípio de depressão; tem um remedim (fraquim sô!) que o psiquiatra da minha tia receitou pra dormir; vou te dar o nome de uma senhora lá na Vila Ozanan que benze que é uma beleza!

E sabem por quê isso acontece?  Em primeiro lugar, tem aquilo que a mídia transformou em axioma: todo mundo tem que ser feliz o tempo todo.  O que é uma mentira: mesmo que queira, ninguém consegue ser feliz o tempo todo.  E nem pode.

Finalmente, toda essa barafunda baseia-se num tremendo sofisma, pois, se podemos afirmar, até com alguma propriedade, que toda pessoa deprimida está triste, COM CERTEZA nem toda pessoa triste está com depressão.

Santa Fluoxetina nos proteja e ilumine as nossas mentes, para que possamos perceber essa DIFERENÇA claríssima: TRISTEZA É EMOÇÃO E DEPRESSÃO É DOENÇA!

Enquanto isso, em caso de tristeza procurem o meu amigo Serjão que ele vai escutar vocês.  Quanto vai cobrar pra fazer isso, é só negociar diretamente com ele.

Crônica: Jorge Marin
Foto: Christ Off Deadstar, disponível em http://christ-off.deviantart.com/art/Spring-depression-118450641  

segunda-feira, 1 de abril de 2013

CASOS CASAS & detalhes





O desembarque em São João e a contemplação das montanhas: atos contínuos, obrigatórios e, no entanto, diferentes e inéditos sempre e sempre.  Calor no rosto e cheiro de flores, com certeza marcas registradas da cidade.  Pessoas alegres, gritos, risos e brincadeiras. Em lugar nenhum de Minas, tamanha profusão de afetos!

De manhã, bandos de crianças nos grupos, moças lindas na Rua do Sarmento e, em algum morro, um sino, uma igreja...  Preces silenciosas, apressadas, o apito da fábrica de tecidos e as cores das lojas de roupas.  Rapazes apressados em bicicletas e o cheiro gostoso do pão nas padarias.

Os velhos nos bancos das pracinhas, estátuas e memórias de um tempo de prováveis conquistas, de pretensas vitórias e de embates jamais repetidos.  Nas mentes, uma lembrança de um passado garboso.  Nos corações, a certeza de uma vida feliz...

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin (em homenagem à dona Glorinha Torres que adorava escrever sem usar os verbos).

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL