É verdade...
como dizia Thomas Hobbes, “o Homem é o Lobo do Homem”. Numas situação de extrema ameaça, nunca
saberemos, realmente, do que somos capazes de fazer. E nem queiram saber!
Enquanto
pensava qual a melhor solução a tomar, conduzi o prisioneiro, totalmente encarcerado,
até o terreiro. Seu comportamento cada
vez mais me impressionava e eu, já tomado por uma leve sensação de culpa,
fiquei a imaginar que ele poderia estar começando a fazer a digestão de alguns
daqueles granulados que ofereci. Um
tanto angustiado, fiquei a espera de que pudesse entrar em REM a qualquer
momento e assim não viesse a sofrer. DOIS DIAS se passaram e nada...
Foi
quando comecei a observar, que O seu olhar, além de triste, parecia bem
desidratado também. Não teve outro jeito
e, após colocar um pouco d’água em um recipiente, enfiei debaixo de sua cela. E como bebia! Esvaziou o recipiente em poucos minutos. Fiquei com a consciência tranquila, pois pelo
menos, não morreria desidratado.
No
terceiro dia comecei a ficar impaciente, pois nada acontecia. Tudo continuava
como estava a não ser a presença constante de nosso CAMALLIGATOR (lembram
dele?), que insistia em querer ficar todo o tempo ao lado do cativeiro. Por
sinal, cheguei a fotografar essa bela lição de solidariedade entre IRRACIONAIS
por duas vezes. Ou seria um belo jantar
a vista?
Só sei
que o sofrimento do invasor só ia aumentando e o meu também.
Enquanto
isso, combinei com meu primeiro imediato, de colocá-lo num saco e soltá-lo em
algum matagal, mas somente no caso de não vir a falecer no máximo em dois dias.
Confesso
sinceramente, que cheguei a pensar em arrumar uma maneira de mantê-lo ali e não
sacrificá-lo. Estava disposto a sacrificar minha própria idoneidade para não
ter que matá-lo. Mas que seria algo muito incomum, com certeza, seria!
Procurei,
nesse meio tempo, ir oferecendo alguns pedaços de miolo de pão, mais um pouco
de água e alguns granulados verdinhos. No
outro dia, ao chegar ao terreiro com uns pedaços de QUEIJO na mão, percebi que
finalmente, havia entrado em óbito. E o
coitado nem chegou a comer aquilo de que mais gostava.
Foi
melhor assim!
Crônica:
Serjão Missiaggia
Dilemas cotidianos: se omitir do que acha desagradável ou fazer o que considera desaconselhável (mas necessário).
ResponderExcluirNão me lembro onde li que viver é fazer opções, mas algumas, independente da escolha, nos deixam com uma duradoura dúvida que é até esquecida, mas não respondida.