Irmãos,
há quem já os encontre prontos, viventes, pensantes (às vezes) e, normalmente,
chatos. No entanto, há um tipo de
fraternidade que vem a ser. São irmãos
forjados na paixão da convivência, na alegria dos momentos tolos.
Por isso,
topar com irmãos já paridos é biológico, ao passo que tecer uma irmandade é uma
ARTE.
Ah, tem
outra coisa: como acontece na maioria das manifestações artísticas, a Natureza
conspira. Em 1979, saindo de são João em
busca da tão sonhada carreira profissional, sento-me na poltrona do ônibus para
o Sul de Minas e encontro um daqueles irmãos-a-ser. É César Brandão, artista plástico e, assim
como eu, bancário nas horas oficiais.
Volto para
Juiz de Fora três anos depois e sou apresentado à pessoa que me iniciará nas
artes da informática: César Brandão. Este
participaria, em 1987, da 19ª Bienal de São Paulo, fato inédito entre os
artistas atuantes de Juiz de Fora. Morando,
depois, em Congonhas, sou convidado, em 1991, para registrar em vídeo a obra do
então já irmão Brandão: No Atrito das Pedras, disponível no YouTube em http://www.youtube.com/watch?v=g6Q8k6yzExg
e http://www.youtube.com/watch?v=A4jt2IDJn9g
.
Novo
hiato e, em 1995, há um momento em que a vida profissional me afasta da
família. Procurando um local para morar
enquanto terminava o ano letivo, vem (adivinhem quem?) o Brandão de novo: “amigo,
vamos lá pra casa!”
Aprendo
com o Brandão a arte: a da fraternidade amorosa e a arte propriamente
dita. Meu irmão, descubro maravilhado, é
um catador de significantes: objetos, frases, contextos, gambiarras... tudo se amontoa em seu estúdio.
De repente,
com olhos brilhantes, ele pega um daqueles artefatos e, num átimo, interfere, tresmalha-o,
até que, artefeito, reapresenta-o.
Quinta-feira
passada, fui curtir uma dessas reapresentações no MAMM – Museu de Arte Murilo
Mendes: é uma homenagem ao artista grego Jannis Kounellis (http://en.wikipedia.org/wiki/ Jannis_Kounellis). Meu amigo/irmão, como sempre, atende a todos,
explica, ensina e orienta. E
confidencia: “amigo, arte é resultado também de vivência e cultura”.
Apesar
de um bom tempo distantes, reatamos, de imediato, o assunto de outros tempos. Kounellis, o artista grego homenageado afirma
sobre o passado que “se você o trouxer lentamente à superfície, ele é cheio de
possibilidades”.
Crônica:
Jorge Marin
Foto:
Convite da exposição
Obrigado amiguirmaão Jorge,
ResponderExcluirFiquei muito feliz com esse texto sobre meu trabalho e nossa amizade de longa data.
abraços,
César Brandão
www.cesarbrandao.com