quarta-feira, 17 de abril de 2013

A ARTE DO IRMÃO



Irmãos, há quem já os encontre prontos, viventes, pensantes (às vezes) e, normalmente, chatos.  No entanto, há um tipo de fraternidade que vem a ser.  São irmãos forjados na paixão da convivência, na alegria dos momentos tolos.

Por isso, topar com irmãos já paridos é biológico, ao passo que tecer uma irmandade é uma ARTE.

Ah, tem outra coisa: como acontece na maioria das manifestações artísticas, a Natureza conspira.  Em 1979, saindo de são João em busca da tão sonhada carreira profissional, sento-me na poltrona do ônibus para o Sul de Minas e encontro um daqueles irmãos-a-ser.  É César Brandão, artista plástico e, assim como eu, bancário nas horas oficiais.

Volto para Juiz de Fora três anos depois e sou apresentado à pessoa que me iniciará nas artes da informática: César Brandão.  Este participaria, em 1987, da 19ª Bienal de São Paulo, fato inédito entre os artistas atuantes de Juiz de Fora.  Morando, depois, em Congonhas, sou convidado, em 1991, para registrar em vídeo a obra do então já irmão Brandão: No Atrito das Pedras, disponível no YouTube em http://www.youtube.com/watch?v=g6Q8k6yzExg e http://www.youtube.com/watch?v=A4jt2IDJn9g .

Novo hiato e, em 1995, há um momento em que a vida profissional me afasta da família.  Procurando um local para morar enquanto terminava o ano letivo, vem (adivinhem quem?) o Brandão de novo: “amigo, vamos lá pra casa!”

Aprendo com o Brandão a arte: a da fraternidade amorosa e a arte propriamente dita.  Meu irmão, descubro maravilhado, é um catador de significantes: objetos, frases, contextos, gambiarras...  tudo se amontoa em seu estúdio.

De repente, com olhos brilhantes, ele pega um daqueles artefatos e, num átimo, interfere, tresmalha-o, até que, artefeito, reapresenta-o.

Quinta-feira passada, fui curtir uma dessas reapresentações no MAMM – Museu de Arte Murilo Mendes: é uma homenagem ao artista grego Jannis Kounellis (http://en.wikipedia.org/wiki/Jannis_Kounellis).  Meu amigo/irmão, como sempre, atende a todos, explica, ensina e orienta.  E confidencia: “amigo, arte é resultado também de vivência e cultura”. 

Apesar de um bom tempo distantes, reatamos, de imediato, o assunto de outros tempos.  Kounellis, o artista grego homenageado afirma sobre o passado que “se você o trouxer lentamente à superfície, ele é cheio de possibilidades”.

Crônica: Jorge Marin
Foto: Convite da exposição

Um comentário:

  1. Obrigado amiguirmaão Jorge,

    Fiquei muito feliz com esse texto sobre meu trabalho e nossa amizade de longa data.

    abraços,

    César Brandão
    www.cesarbrandao.com

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