quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

OS DISCURSOS (FAZENDO): 6 - Como Mandar (FINAL)



Quem leu OS DISCURSOS na semana passada, deve se lembrar que eu havia prometido não mexer mais com esse “trem”.  Mas, uma coisa ficou martelando na minha cabeça, na verdade uma falha que eu percebi.  E que é a seguinte: falei muito sobre como NÃO se portar feito uma ovelha, NÃO se portar como um capacho, NÃO se portar como um alienado.

MAS... eu não considerei o fato de alguns de vocês (espero que nem todos) queira ser AQUELE QUE FAZ O DISCURSO e, mais do que isso, como fazer com que os OUTROS comportem-se como ovelhas, capachos, alienados.  De repente, você vai se candidatar na próxima eleição e quer saber como se portar para que as pessoas, além de acreditar, aceitem o seu discurso.  Ou você é chefe de alguma religião, e quer aumentar os donativos para o seu templo.  Ou você é uma esposa solícita que, de repente, se cansou do bolha do seu marido e agora quer dar as cartas.

Então...  Como já deu para perceber nas postagens anteriores, o  discurso tem muito a ver com o PODER.  E passar a endereçar o discurso é exercer poder sobre o outro, ou os outros.  Ora, nas eras passadas esse poder era exercido na base da porrada, ou seja, EU mando e, se você não obedece, sento-lhe uma bordoada!  Simples assim...

No entanto, com a evolução dos princípios democráticos (contestados por muita gente, inclusive no Facebook), a coisa ficou um pouco mais complexa, pois, nos tempos modernos, exercer o poder depende, supostamente, da concordância do povo.  Mas, quem já leu todas as crônicas anteriores sabe que exercer o poder depende, na realidade, da qualidade do discurso.

E o que vai definir a qualidade do discurso do “mestre”?  Qual é o segredo do discurso eficaz?  Pois bem, o discurso, para ser eficaz, deve ser baseado na DENÚNCIA, isto é, apontar, no Outro, alguma falha, deficiência, falta ou imperfeição.  Essa tem sido a tática dos políticos (lembram-se que a campanha eleitoral passada baseou-se UNICAMENTE em denúncias?).  No caso dos líderes religiosos, não é por acaso que, logo no início das celebrações, o fiel reconhece a sua culpa, a sua máxima culpa.  Finalmente, nos casais, é impressionante como esposos e esposas apontam falhas um no outro.

Ah, mas não pode ser assim tão SIMPLES.  Então, vamos a um fato que está mexendo com o imaginário mundial: a escolha do NOVO PAPA!  Qual vai ser o discurso EFICAZ?  Quem vai ser o novo papa?  Primeiramente, vamos buscar o FURO: onde é que a Igreja Católica está na falta, ou perdendo fiéis?  Creio que a maioria responderá que é na África, pois, além do avanço muçulmano, há uma grande evolução das igrejas evangélicas.  Portanto, o discurso mais eficaz aponta para o Cardeal PETER TURKSON, de Gana!

Agora acabou mesmo!  Não falo mais de discursos;  já dei até o nome do próximo papa.  Se for ele, comentem!  Se não for, poupem-me dos seus discursos.

Crônica: Jorge Marin

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

CASOS CASAS & detalhes



Será que a culpa é da televisão, da preguiça ou do tempo que não há?  A verdade é que não passeamos mais.  Ou, quando vamos passear, a trajetória já tem que estar previamente definida, de preferência terminando em algum restaurante, ou churrascaria ou num buteco.  Mas houve tempo, e o Serjão é testemunha (ou cúmplice) em que saíamos com uma mochila e íamos por aí.  Passeando sem rumo, parando pra comer um pão com mortadela, acabávamos descobrindo paisagens curiosas.  Como essa aí em cima.  Mas não é São João?  Calma, é São João sim, mas vista do Santo Antônio!  Com o tempo vamos aprendendo que não são as coisas que mudam, ou não é paisagem que muda, e sim o olhar.  Já falamos aqui no Blog da paz vivida ao lado da Igrejinha do Santo Antônio.  Esse passeio vale a pena ser feito (lembram-se das excursões que fazíamos no grupo?) pois é uma maneira de redescobrir a cidade.  Ah, e com direito a curtir um autêntico pau-brasil, vejam só!

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O SALTO DO OZIRES - II



Lembram do Ozires?  Um psicólogo, que estava lá no clube o definiu: “indivíduo com uma baixa estima tão acentuada que, em defesa do seu ego reduzido, tenta compensar seu complexo de inferioridade com um superinvestimento narcísico de suas habilidades imaginárias.  Ou seja, um COMPLETO BABACA...
É só ver alguém pulando na piscina, que ele se apressa em bater o recorde do “oponente”.           
E foi exatamente o que aconteceu comigo, semanas atrás...
Era uma tarde noite de muito calor e o clube estava vazio.  Aproveitei aquele horário de verão e fui praticar meus exercícios com o auxilio de uma prancha.
Como todos sabem, a prancha, quando está entre as pernas, nos dá uma incrível velocidade e deslocamento na água.
Pois bem: com o auxilio de uma dessas, e após muitos meses de treinamento, consegui enfim, atravessar a piscina de ponta a ponta fazendo uso apenas de UMA ÚNICA respiração. (Sem a prancha, esse feito se transformaria em uma façanha não muito fácil).
Só que eu me esqueci de avisar... ao Ozires.  
Como não poderia deixar de ser, lá estava ele sentado no canto de uma mesa, debaixo de um guarda-sol e de pescoço esticado para meu lado. De olhar um tanto sinistro, me encarava como um verdadeiro jacaré.
Parecendo não muito satisfeito com que vira, ficava incrédulo a me observar. 
Imagino que, daquela distância, certamente estaria com a falsa impressão de que eu nadava livremente sem o auxilio prancha.
Assim, um tanto ofegante, após ter conseguido fazer a travessia e chegar do outro lado, fiquei de longe, observando-o.        
Não demorou muito e... Eis que levanta o Ozires!
Aproximando-se da piscina e dando uma última tragada no cigarro, tomou todo AR do planeta e, após um belo mergulho, começou a atravessá-la por debaixo d’água.
Fiz-me indiferente, pois, enquanto esperava um tanto ansioso por sua chegada, procurei ficar de costas fazendo alongamento.
Mas, que nada!  O cara não emergiu.  Despistei mais um pouquinho e... nada.
Preocupado com aquela vida humana, pensei: ih, matei o idiota.  E agora?
(continua)
Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: Simone, disponível em http://browse.deviantart.com/art/DIVING-41275504 .

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

OS DISCURSOS (ESCUTANDO): 5 - Perdas e Prejuízos


Nas últimas semanas, tenho falado sobre as diferentes formas de DISCURSO e a forma pela qual pessoas, muitas vezes sem nenhum dom especial a não ser o da FALA, conseguem fazer com que sua vontade prevaleça, com que seu desejo se sobreponha e com que, às vezes, uma multidão de adeptos se ofereça em sacrifício.

O que é isso que faz com que um homem, ungido por um poder legitimado pelo seu discurso, leve uma nação à guerra, ao assassinato em massa e até à hecatombe nuclear?

(Gente, saindo um pouco do discurso sério: essa HECATOMBE aí matou a pau, não é?)

Falei do pai, da mídia, dos pastores e do casal.  Mas há inúmeros outros exemplos e, para não estender ainda o MEU discurso, gostaria de exemplificar os efeitos desses discursos, ou melhor, as consequências da ACEITAÇÃO desses discursos todos.

Exemplo de um efeito de um discurso: TODAS AS MULHERES SÃO GORDAS!  Esse discurso teve início na década de 1960, e demorou uns dez a quinze anos para se implantar em todo o mundo.  A origem dele é muito engraçada, mas o efeito é triste: por volta de 1962, um fotógrafo americano, cujo nome artístico era Justin de Villeneuve fez uma série de fotos com uma modelo inglesa chamada Lesley e cujas medidas eram: 1,67m, 42 kg, 82-59-82).  Não sei por quê, mas essa mulher, cujo apelido era GRAVETO (TWIG em inglês) pela sua magreza, passou a desfilar para grandes nomes da alta costura mundial. 

Antes dela, todas as mulheres queriam ser GOSTOSONAS e as referências eram: Marylin Monroe, Rita Hayworth, Sophia Loren.  Os interesses por trás dessa mudança de paradigma, que deixa quase TODAS as mulheres insatisfeitas com seus corpos, são puramente mercadológicos.  Não sei precisar o que se fatura com cosméticos e aparelhos de ginástica (aquelas esteira que compramos e se transformam em cabides), mas, segundo um relatório que li, da ALANAC (Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais) o faturamento, no ano de 2009, SÓ dos remédios para emagrecer, os chamados anorexígenos, foi de R$ 350 MILHÕES!  Imaginem as cirurgias estéticas, reparadoras, abdominoplastias e outras!

Outro exemplo: CRIANÇA MUITO AGITADA EM SALA DE AULA É HIPERATIVA!  No meu tempo de escola, acho que uns 70% dos alunos eram agitados.  A gente até não fazia muita bagunça porque nossas professoras, graças a Deus, marcavam “durinho”, sem contar a educação, também rígida, que recebíamos em casa.  Hoje, como nem os pais tem tempo (nem vontade) de suportar bagunça de criança, e nem a professora quer sair do seu papel de reformadora social ou sei lá o quê, então vamos ouvir o Discurso de quem?  Do Psiquiatra!  Resultado: qualquer criança que você leva tem TDAH.  Consequência: a venda do remédio cloridrato de metilfenidato aumentou 75% de 2009 a 2011, segundo a Anvisa.

Parei com essa coisa de DISCURSO!  Quando lançar o livro, o DVD e a minissérie, eu chamo vocês de volta.  Me aguardem!

Crônica: Jorge Marin 
Foto: disponível em http://24.media.tumblr.com/tumblr_lw2ix93XQa1r60h9ao1_500.jpg

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

CASOS CASAS & detalhes



 Conversando com o meu filho (eu sempre aprendo alguma coisa daqueles sete anos e meio de vida), ele me confidenciou que não entende bem como é que faz para mandar uma carta pelo correio.  Comecei a explicar e logo surgiu a pergunta:
- Pai, o que é que é SELO?
Quando me dou conta que, há menos de vinte anos, íamos diariamente ao Correio mandar cartas, quase não acredito que uma criança no ensino fundamental não saiba o que é selo.  Mas, se formos pesquisar a fundo, talvez a maioria nem saiba o que é CARTA.
Aí, veio aquela necessidade de relembrar esse lugar que já foi MÁGICO pra nós, do século passado, a AGÊNCIA DOS CORREIOS.
No caso de São João, o Correio é um local estratégico: saíamos do Ginásio e íamos direto pra lá, azarar umas gatinhas, contar vantagem e falar besteira.
Se a discussão do futebol estava acalorada e o Sô Cida fechava a sinuca (e ele fechava, pontualmente, às onze horas), lá íamos nós... para o Correio.
Agora, não tinha nada melhor do que passar com a namorada e, de repente, esconder da chuva... no Correio.  Tinha gente que até rezava pra São Pedro!
Numa ocasião, um presidente do Lions Club chegou para o chefe da autarquia, e perguntou:
- Edson, eu tenho vários convites para o jantar do Lions, mas estou achando que a expedição está muito cara!  Será que você não poderia dar um desconto no selo? Olha que são mais de cem convites!
Educadamente o Edson respondeu:
- Não, Sr. Fulano, infelizmente não podemos dar desconto no selo.
Ao que o irado presidente ameaçou:
- Então eu não vou mandar UM ÚNICO convite!
E o Edson, com toda paciência, respondeu:
- Então TÁ...

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O SALTO DO OZIRES - I



Ao reparar os trejeitos de Ozires, senti que já havia passado o momento de fazer uma pequena homenagem a essa figura.  Figura que, para alguns, não passa de excêntrica e exibicionista, e que para outras, na qual me incluo, bastante folclórica.
Seboso! – cochicham.  Mas, o Ozires é uma figura demasiadamente interessante.  Está sempre chamando nossa atenção em todas as vezes que vamos ao clube.
De porte elegante, andar de campeão, ao mesmo tempo em que finge uma falsa indiferença, fica a se exibir no seu pressuposto território.
Suas grandes exibições sempre acontecem aos sábados, domingos, feriados e, principalmente, nos dias de muito calor e casa cheia.
No meio da semana ou em época de inverno, Ozires fica sempre mal-humorado, ou seja, cabisbaixo, solitário, fumando sem parar e com um olhar angustiado.
Tem, como trunfos de apresentação, a travessia de 25 metros debaixo d’água, seguida de flutuação no centro da piscina, de braços cruzados. Como carro-chefe e gran finale um incrível mergulho ornamental.  (Nadar que é bom... NADA!).
Pra dizer a verdade, fico muitíssimo impressionado com a capacidade do Ozires para boiar.  Parece que fica levitando sobre a água.
Verdadeiro galo em seu terreiro, sempre observa cada movimentação ou detalhe que acontece em volta da piscina.
Cara nova no pedaço?  Ele logo arrepia e, se o cara for bom nadador, aí é que a coisa pega fogo.
Aparentando estar sempre numa ferrenha competição com adversários imaginários, fica ao longe, observando todos os movimentos, e possíveis revelações que poderiam estar colocando em risco o seu reinado.
A cada exibição “ameaçadora”, logo vem o Ozires, em resposta imediata ao suposto ataque.
O eterno competidor não perdoa ninguém.  Mas, ninguém mesmo!  O pior é que descobri isso, pessoalmente, do pior jeito...  (continua...)
Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: disponível em http://loucano.blogspot.com.br/2011/05/amores-de-ficcao.html

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

OS DISCURSOS: 4 - Do Casal



Sócrates era um filósofo especial: preocupado com as questões, principalmente as de cunho ético do seu tempo, mudou as relações humanas sem ter, no entanto, escrito UM único livro.  Sua obra deriva somente de seus DISCURSOS, capturados por Platão, Aristófanes e Xenofonte.  Ora, esse marco da filosofia mundial, só não tinha seu discurso aceito por uma única pessoa: Xantipa, sua jovem esposa.

Aí podemos iniciar, como filosofava o célebre grego, o nosso parto de ideias: se o Sócrates, que era o maior filósofo do mundo, não conseguia entender, nem ser entendido por sua mulher, como é que nós, meros telespectadores do BBB, vamos nos acertar com as nossas?

Pois é, e a resposta é simples: não vamos!

Desde o início dos tempos, antes mesmo da invenção do casamento, a coisa entre homens e mulheres já não funcionava.  A chamada Guerra dos Sexos, não a novela, mas a peça teatral, do citado Aristófanes, data de 411 a.C. e já mostra como são antagônicos os discursos do homem e da mulher.  De lá pra cá, podemos notar que a coisa só piorou, pois surgiu um novo discurso, moderninho, que diz que homens e mulheres são iguais.

Porém, homens e mulheres são diferentes, e muito diferentes (graças a Deus!).  O próprio desejo que une o casal é diferente.  Ah, mas eu pensei um desejava o outro, certo?  Errado!  Na verdade, o que causa o desejo é um objeto, não necessariamente sexual, que cada um pensa poder apreender no outro e, com ele, ser feliz.  Só que a coisa não funciona, porque o que é prazeroso é justamente o desejo e, se este fosse satisfeito de forma automática (como, aliás, tem ocorrido), não haveria casal, nem necessidade de relacionamento.

No entanto, o casal se une e, não sabendo ou não querendo reconhecer suas diferenças, passa a um terrorismo diário, buscando, cada um do seu lado, impor o seu discurso ao outro.  É lógico que, enquanto permanecerem, ambos, no lugar de sujeitos falantes, a relação, simplesmente, não vai existir.  O que nos traz a uma reflexão inquietante: quem vai fazer o papel de objeto?  Porque, se um não fizer o papel de objeto enquanto o primeiro fala, se o que escuta não ouvir, e se o que fizer o discurso sempre falar sozinho, então as chances do relacionamento não funcionar serão ainda maiores.

Assim, quando se trata de discursos entre marido e mulher, é difícil dizer como a coisa funciona, e até mesmo porquê funciona às vezes.  Enfim, como diz o ditado; “você não se casa com a pessoa com a qual consegue viver, mas com a que você não pode viver SEM...”
Na semana que vem, discursos mais amenos...

Crônica: Jorge Marin
Foto: Cat Strangler, disponível em http://lumpygravy36.deviantart.com/art/sex-war-i-lost-339513781

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

MEMÓRIAS DA SANTA FÉ: 5 - Paraíso Perdido (FINAL)



Deitado na rede, pegando algumas uvas, diretamente da parreira, tomando uma limonada feita com água de mina e comendo carambola, pitanga e umas amoras, eu nem queria ser feliz.  Na verdade, eu não precisava ser feliz, pois ali, na varanda da Fazenda Santa Fé, fazíamos aquilo que milhões de pessoas se matam, às vezes literalmente, para conseguir: viver a vida.

Parece besteira, mas, olhando para trás, para a paisagem daqueles dias agitados e, ao mesmo tempo, tão tranquilos, tenho a sensação de que a metáfora do Éden se inscreve em nós em um determinado momento de nossas vidas.  Todas aquelas homilias em torno de um paraíso e de como, ao buscar uma coisa “fora”, acabamos perdendo aquilo tudo, talvez seja a mais pura verdade.  A Santa Fé talvez tenha sido o meu PARAÍSO PERDIDO...  

Meu inesquecível pai trabalhou por alguns anos na fazenda e sua dedicação e amor ao lugar era algo impressionante e muito especial. Lidava com tanto carinho que parecia estar no terreiro de sua própria casa!  Ainda hoje, próximo ao açude, existe uma passagem chamada Avenida Antônio Missiaggia, homenagem esta prestada pelo saudoso Tio Gaby em razão de uma amizade sincera e duradoura.

Enfim, a infância se foi, mas nossas idas naquele santuário ecológico não terminariam. Também num certo período da adolescência, vieram a acontecer empolgantes e divertidas aventuras. Juntamente com um grande amigo, pude passar momentos descontraídos e felizes, que dariam com certeza, um hilariante curta metragem. Diria até que dariam um mini-série que, por sinal, estão catalogadas aqui mesmo no blog, numa postagem chamada DE SETE A SÓTENTA e relatam aquelas passagens divertidas e inesquecíveis.

Numa das ultimas vezes em que estive lá foi realmente emocionante... Uma bela festa que atravessou o dia, foi organizada pela família em comemoração aos noventa anos da Vovó Pina. Uma imensa mesa foi colocada na entrada principal da fazenda, onde, sob a sombra de frondosas árvores, foi servido um delicioso almoço. Mais de cem pessoas, entre filhos, netos e bisnetos encheram o local de alegria.  Além de muita musica, reencontro de familiares e inúmeros comes e bebes, havia muita energia e descontração.

E assim saímos de la à noitinha... FELIZES DA VIDA.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: acervo Serjão Missiaggia

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

OS DISCURSOS: 3 - Dos Pastores



NA SEMANA PASSADA, falamos dos diferentes discursos sobre um mesmo assunto (o incêndio da boate em Santa Maria), mas uma característica mostrou-se comum a TODOS os discursos: cada um que endereça a palavra ao outro quer ter algum tipo de ganho, seja para vender um produto, provar uma tese ou, simplesmente, aparecer.

Isso nos remete a mais um capítulo sobre o assunto, que, tenho certeza, tem potencial para gerar muitas polêmicas, que é o discurso dos PASTORES.

Inicialmente, é bom que se diga que, ao acatar o discurso de um pastor, você se coloca na posição de ovelha.  Isto não é uma crítica: o próprio Jesus, no início do evangelho de João, é nomeado como “o cordeiro de Deus”.  No entanto, o que se espera de um pastor?  Que conheça as suas ovelhas e as apascente, ou seja, leve-as para pastar em verdes pastagens, aumente o seu rebanho, embora saibamos que o destino das ovelhas é, SEMPRE, serem tosquiadas, pois é pela lã que o pastor tem todo esse trabalho.

Ora, voltando à metáfora, notamos uma grande quantidade de discursos em todas as mídias, criticando o enriquecimento dos pastores que, no dizer moralista da imprensa, seriam “falsos profetas” ou “lobos em pele de cordeiro” de que falava Mateus, o outro evangelista.  Pode-se notar aqui um sofisma, pois nos conduz à crença de que, se o pastor é rico, é falso profeta.  Seria, então, pobreza, sinônimo de integridade e sinceridade? 

Outros, dentro da mesma linha de raciocínio, defendem que a Igreja Católica venda todas as suas propriedades e riquezas e dê o dinheiro para os pobres.  Lembro-me que, quando menino, éramos obrigados a rezar, todas as noites, a oração contra o comunismo.  Diziam que os comunistas comiam criancinhas.  O futuro se encarregou de revelar quem, de fato, comia as criancinhas.

Todas essas observações conduzem ao outro lado do discurso, os outros, os ouvintes.  O poder do pastor, do padre, da igreja, será tão grande na medida em que os fiéis, os crentes, os seguidores acatarem a fala do seu líder espiritual.  E tais líderes serão cada vez mais ricos na medida em que os ouvintes se dispuserem a ACATAR, de forma mansa e pacífica, as exortações à generosidade com a igreja.  Embora, é bom que se diga, sem a contribuição dos seus participantes, nenhuma organização sobreviveria.

Assim, se no caso da boate incendiada, houve um clamor de diferentes discursos, tentando exercer algum tipo de poder, e, portanto, de ganho em relação ao público conectado com a tragédia, percebe-se, no caso das organizações religiosas, uma multidão crescente de fiéis, organizando-se na forma de rebanho, em torno de um discurso consolador, ou libertador, ou salvador, do seu pastor.  Ou seja, este outro que se oferece TAMBÉM tem algum tipo de ganho, algum tipo de prosperidade, ainda que sintomática.

Na semana que vem, vamos tentar escutar o discurso do casal.

Crônica: Jorge Marin
Foto: Justitia Vihartancos, disponível em: http://browse.deviantart.com/art/The-Lamb-is-with-Us-327771902

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

CASOS CASAS & detalhes




Foi aqui, nessa casa, que o Pitomba nasceu.
Para nós, jovens, sonhadores, apaixonados pela vida e vestibulandos do ROCK, a simples visão da casa da FAMÍLIA PICORONE fazia os nossos corações baterem mais forte.
Ali era o nosso Quartel General, a nossa Batcaverna, o nosso Cavern Club.
Naquele local, além das nossas experiências científicas (a explosão de 03 bombas de Melodias), lançamos um procedimento, então inédito, mas hoje copiado por TODAS as empresas do mundo, de realizar reuniões e NÃO decidir absolutamente nada.
Aconteceu nessa casa o primeiro ensaio do Pitomba: escorregávamos nas mangas, corríamos atrás dos alto-falantes (que saíam pulando) e éramos felizes, como jamais seríamos de novo.
Hoje, ali naquela casa, é aniversário do Silvio Heleno.  O que podemos dizer, ao lembrar tudo o que vivemos ali?  PARABÉNS, AMIGO!  E obrigado por, juntamente com sua família maravilhosa, dar forma aos nossos sonhos, dar sentido às nossas vidas e dar asas à nossa fantasia.

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

MEMÓRIAS DA SANTA FÉ: 4 - Nas grimpas do pé de manga



NA SEMANA PASSADA, mergulhados naquele paraíso de frutas e sabores, qualquer pai pensaria que, finalmente, ficaríamos quietos, certo?  Errado!  Como se a fazenda fosse um gigantesco parque de diversões, pulávamos de um lado para outro e, sempre que encontrávamos alguma coisa maravilhosa para curtir (e eram tantas!), a aventura durava mais ou menos uns quinze a vinte minutos para, em seguida, querermos fazer uma outra coisa, geralmente num local mais distante, ou mais alto, ou mais perigoso.

Assim, atravessávamos o asfalto, e íamos até o outro lado da fazenda, onde ficava o chiqueiro.  Nesse lugar existiam vários pés de manga.  Muito me chamava à atenção as variedades ali existentes, sendo que a maioria delas eu nunca havia ouvido falar: manga ubá, sapatinho, querosene, espada, coração e outras. Subíamos em seus galhos e, após sentarmos em um de seus troncos mais altos, ficávamos tranquilamente saboreando dezenas delas.

Falando em subir em pé de manga, confesso que, ao contrário dos demais, a única coisa de que eu não gostava era subir na FAÍSCA. A primeira, e última vez, que tentei foi um Deus nos acuda.  Após conseguir montá-la, fazendo uso de um velho cupinzeiro, a danadinha saiu em disparada pasto acima, querendo a todo custo morder meu pé.  Alguém já viu isso?  Enfim, pra quem não sabe, Faísca era uma eguinha mansa, pelo sedoso, de trotar fácil, pouco desconfiada e muito social. Mas... as fêmeas têm sempre seus caprichos!  Vamos voltar à croniqueta...

Quantas vezes, naquela relaxante rede, que ficava esticada na varanda, ficávamos olhando o sol se esconder por detrás das montanhas. Até aí nada demais, se, junto a isso, ainda não pudéssemos, com um simples esticar de mão, conseguir colher, diretamente da parreira, deliciosas uvas. E como não lembrar também daquela água cristalina, e quase gelada, que bebíamos na mina juntamente com o leite ainda quentinho que acabava de sair do ubre da vaca?  E foi justamente aí que fui descobrir uma certa intolerância a lactose. Comecei a perceber isso quando, nesses momentos, nenhum colega ficava perto de mim.  E outras correrias desesperadas passaram a acontecer.  Mas esta é outra história.

NA SEMANA QUE VEM, o final: o pai na roça, aventuras de adolescente e uma imagem gravada, em relevo, na memória...

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: acervo Serjão Missiaggia

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL