quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

OS DISCURSOS: 4 - Do Casal



Sócrates era um filósofo especial: preocupado com as questões, principalmente as de cunho ético do seu tempo, mudou as relações humanas sem ter, no entanto, escrito UM único livro.  Sua obra deriva somente de seus DISCURSOS, capturados por Platão, Aristófanes e Xenofonte.  Ora, esse marco da filosofia mundial, só não tinha seu discurso aceito por uma única pessoa: Xantipa, sua jovem esposa.

Aí podemos iniciar, como filosofava o célebre grego, o nosso parto de ideias: se o Sócrates, que era o maior filósofo do mundo, não conseguia entender, nem ser entendido por sua mulher, como é que nós, meros telespectadores do BBB, vamos nos acertar com as nossas?

Pois é, e a resposta é simples: não vamos!

Desde o início dos tempos, antes mesmo da invenção do casamento, a coisa entre homens e mulheres já não funcionava.  A chamada Guerra dos Sexos, não a novela, mas a peça teatral, do citado Aristófanes, data de 411 a.C. e já mostra como são antagônicos os discursos do homem e da mulher.  De lá pra cá, podemos notar que a coisa só piorou, pois surgiu um novo discurso, moderninho, que diz que homens e mulheres são iguais.

Porém, homens e mulheres são diferentes, e muito diferentes (graças a Deus!).  O próprio desejo que une o casal é diferente.  Ah, mas eu pensei um desejava o outro, certo?  Errado!  Na verdade, o que causa o desejo é um objeto, não necessariamente sexual, que cada um pensa poder apreender no outro e, com ele, ser feliz.  Só que a coisa não funciona, porque o que é prazeroso é justamente o desejo e, se este fosse satisfeito de forma automática (como, aliás, tem ocorrido), não haveria casal, nem necessidade de relacionamento.

No entanto, o casal se une e, não sabendo ou não querendo reconhecer suas diferenças, passa a um terrorismo diário, buscando, cada um do seu lado, impor o seu discurso ao outro.  É lógico que, enquanto permanecerem, ambos, no lugar de sujeitos falantes, a relação, simplesmente, não vai existir.  O que nos traz a uma reflexão inquietante: quem vai fazer o papel de objeto?  Porque, se um não fizer o papel de objeto enquanto o primeiro fala, se o que escuta não ouvir, e se o que fizer o discurso sempre falar sozinho, então as chances do relacionamento não funcionar serão ainda maiores.

Assim, quando se trata de discursos entre marido e mulher, é difícil dizer como a coisa funciona, e até mesmo porquê funciona às vezes.  Enfim, como diz o ditado; “você não se casa com a pessoa com a qual consegue viver, mas com a que você não pode viver SEM...”
Na semana que vem, discursos mais amenos...

Crônica: Jorge Marin
Foto: Cat Strangler, disponível em http://lumpygravy36.deviantart.com/art/sex-war-i-lost-339513781

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