sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A CASA DA TIA IRINEIA

Digital art por Janna Aika Deja

Capítulo 1 - No better place

Semanas atrás, ao deparar-me com o pequeno e feliz comentário feito pela Rosane em um post da música “Me and Mrs. Jones”, senti o quanto estava em dívida comigo mesmo e com um monte de outros seguidores. Amigos que, assim como eu, tiveram o privilégio e a felicidade de um dia poderem incluir em sua rotina diária, uma daquelas boas chegadas à casa da Tia Irineia.
Com muita justiça, já falamos aqui no Blog sobre o Barracão do Sr. Anjinho, Ginásio do Sô Bi, Botachopp, Rubro Bar, Varandão da Casa do Primo Dantinho, Oficina do Silvio Heleno, além de fazermos uma singela homenagem à nossa madrinha musical Nely.
Esses lugares e pessoas marcaram muito nossa juventude, especialmente a turma do Pytomba. E é justamente por isso que eu não poderia jamais deixar de incluir neste mágico roteiro a Casa da nossa inesquecível Tia Irineia! A eterna madrinha de todos nós. pytombenses ou não.
Nesta época, Tia Irineia, juntamente com o Márcio, Eucí e o Ilko, energizava o ambiente com aquele alto astral. Éramos sempre recebidos com muito carinho e alegria. Algo assim como se fosse nossa segunda casa. Podíamos dizer, e por que não, que parecíamos uma Grande Família.
Era uma atração meio que sobrenatural, pois para lá todos se dirigiam. Não havia horários nem dias pré-determinados. Simplesmente íamos! Raro o dia em que isso não acontecia. Muito comum quando encontrávamos com um colega na rua e dizíamos um ao outro:
- Tá indo onde?
- Vou dar uma chegadinha na Tia Irineia!
E juntos seguíamos, pois, com certeza, sabíamos que outros de nós também estariam por lá.
Fazíamos daquele lar o nosso refúgio e asilo inviolável, onde todos se entendiam e se completavam. Falávamos a mesma língua e convivíamos harmoniosamente.
O cafezinho, como sempre, era a marca registrada que, por sinal, era coado de hora em hora. Uma discreta “filada” no maço de Continental da Tia Irineia, que ficava quase sempre em cima da geladeira, acontecia constantemente. Depois, era só sentarmos, ou na escada da cozinha, na varanda, ou no passeio, pra poder jogar conversa fora. Tudo regado ao som de violões e muita música. Tia Irineia, muitas vezes, sentava ao nosso lado, e participava ativamente. Isto acontecia quando não estava, juntamente com Eucí, em sua máquina de costura, preparando algum pedido. Era uma grande costureira.
Hoje, vendo a correria dos jovens em busca de um lugar para passar o réveillon, percebo que a multiplicidade de informações os deixam completamente desnorteados. Uns acham que o lugar ideal é o clube, com o namorado ou a namorada. Outros que bom mesmo é a rua, sem o namorado ou a namorada. Dizem também que é na praia, ou num transatlântico. E até numa cachoeira no meio da floresta. Na calma da minha poltrona, em frente à TV, sem som, eu sei perfeitamente o que todos procuraram, mas só nós tivemos: paz, alegria, respeito, uma pessoa para nos ouvir e muita amizade. Corrigindo a Dorothy, do Mágico de Oz, podemos afirmar: não houve lugar melhor que a nossa casa... da tia Irineia.
NO PRÓXIMO ANO: não percam, Um Baile no Terreiro (soltando os cachorros). E um Feliz 2011!

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

GABRIELA

Digital art por Fabíola Goellner

Colhia flores de manhã
e pensava que era romântico
retirar os espinhos.
Voltava para a cama
com cheiro da seiva do jardim
e sonhava com palácios:
eram muros altos
a luz do sol entrava
pela fresta da janela.

Pensava que era romântico
ser mulher
e enchia-se de raiva
dos pratos e talheres
na pia da cozinha.
Súbito um anjo
desses que povoam nosso imaginário
entrou pela janela
para fazer uma anunciação
e quebrou algumas louças:
coitado, levou umas vassouradas
e saiu voando
e gritando histericamente.
A mulher ficou ali
sentada sem fazer nada
comendo uma maçã
e lendo um romance qualquer.

(Poesia: Jorge Marin)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

UMA NOITE FELIZ

Foto por Hot-Hot-Heat


Noite feliz, noite feliz,
ó senhor, Deus de amor,
Pobrezinho nasceu em Belém.

Foi nesta canção que, por décadas e décadas, milhares de crianças viajaram, tantas e tantas vezes, embalando seus mais puros sonhos de amor.
Nesta cidadezinha tão longínqua e mágica do Oriente, enquanto transportávamos nossa inocente imaginação, éramos levados a uma pequena gruta onde... ao brilho de uma linda estrela, José e Maria, pastores, anjos, reis magos e alguns animais, ficavam a adorar o menino Deus que, deitado numa humilde manjedoura, acabara de chegar ao mundo para nos salvar.
Hoje, simplesmente sentados em nossas salas confortavelmente, ficamos incrédulos, assistindo a globalização e a tecnologia nos trazer, num piscar de olhos, a imagem desolada e agonizante de Belém.
Numa luta sem fim, com seus brinquedos de guerra, irmãos verdadeiros vão envolvendo e sufocando em fumaça, o local que, para nós cristãos, é dos mais sagrados.
O lugar, onde hoje se encontra a Igreja da Natividade, foi o berço escolhido por Deus, há dois mil anos, para acolher seu filho Jesus Cristo. Por ironia: “O MENSAGEIRO DA PAZ”
Enfim... Fechando os olhos aos desígnios inexplicáveis e doentios dos homens, prefiro de certa forma me omitir, a permitir, jamais, não poder viver... A ETERNA BELÉM DE MEUS SONHOS!

A todos um abençoado e Santo Natal
Serjão Missiaggia

Saíamos para comemorar o Natal, e percorríamos as casas da Avenida Carlos Alves. Eram abraços, e abraços. E desejos e mais desejos de felicidades. Pensávamos até que tinha jeito, sei lá como, de ser feliz mesmo, assim. O tempo todo. A verdade é que passamos alguns maus momentos, chegamos até a sofrer bastante, choramos e, às vezes, pensamos em desistir. Lógico que houve risos, e zoadas e loucuras na medida certa, ou até um pouco além. Achávamos que o Natal era só aquele presépio empoeirado que a mãe tirava da parte de cima do guarda-roupa. Na verdade, tinha mais a ver com perceber a estrela (nossa estrela?) e segui-la.
Desejo que cada um possa perceber sua estrela e escolher segui-la. Sei lá, vai que tem um filho de Deus na outra ponta?
Jorge Marin

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

VIDA SIMPLES: MANUAL DE DESORIENTAÇÃO

Foto de Hermin Abramovitch


Andando pelas ruas de Juiz de Fora, o caos é o mínimo que acontece. Natal chegando, décimo terceiro salário, e lá vamos nós para as compras. Na saída de casa, um carro, dirigido por uma senhora, não para no cruzamento, e choca-se violentamente com outro, zerinho, que vai passando. A criança no banco de trás, sem a tal cadeirinha, é resgatada pela mãe, que chora. É... o dia promete.
Um conterrâneo (sanjoanense), meu vizinho, vem ver o acidente, e diz que não suporta mais este corre-corre, esta barulhada e não vê a hora de se aposentar para viver uma vida simples em São João. Pergunto (sou chato): mas afinal que vida simples é essa? Percebo que meu companheiro pensa que, depois que saímos de nossa cidade natal, ela parou e ficou do jeitinho que era. Ele fala que vida simples é viver num lugar calmo, sem engarrafamentos de trânsito, poder parar na rua e conversar com as pessoas, ser dono do seu tempo, não ter que ficar desviando dos transeuntes enlouquecidos todo o tempo. Enfim, “viver”, diz ele.
Este diálogo me lembrou meu velho pai que, no dia de hoje, se vivo fosse, estaria completando seus 88 anos. Ele dizia, na época da Guerra Fria, que, se o mundo acabasse, ele se mudaria para Roça Grande. Ao situar a vida simples geograficamente parece que estamos levando a sério a antiga piada do sr. Irenio.
Pensamos, talvez até por força de nossas religiões, que a vida simples depende de um despojamento, parecido com aquela cena do São Francisco, no filme “Irmão Sol, Irmã Lua”, onde o jovem entrega todos os bens, e até as roupas, recebidos do pai, para seguir uma vida de santidade e paz. Ou mesmo do iluminado Buda, quando, ainda Sidarta, abandona seu palácio dourado, e vai jejuar debaixo de uma árvore.
Mas, aos poucos, tenho percebido que a privação da materialidade, tanto quanto o decantado despojamento, tem um papel pequeno na simplicidade de nossas vidas. A simplicidade, mais do que uma consequência do ambiente externo, é fruto da forma como organizamos as nossas escolhas. E o pior é que estas nem sempre são feitas de forma consciente, já que, na maioria das vezes, são determinadas unicamente pelas nossas sensações. O que queremos, na verdade, é provar o fruto proibido. Se não tiver mais na árvore, é certo que vamos cultivar um novo. Ao invés de buscar, simplesmente, a felicidade, buscamos novas e excitantes sensações. Com estes sentidos que nos foram dados, não há nada de errado com isto, exceto que, quanto mais elaboradas estas criações mentais pela busca do prazer, mais complexas vão se tornando as nossas vidas.
Tentar controlar as escolhas também é outro equívoco, é premeditar o breque, é programar o sonho. Então, como não é possível, pelo menos enquanto vivos, deixar de sentir, a solução, se é que é factível, passa pela ESCOLHA DA FORMA COMO VAMOS SENTIR.
Muitos pensam: ah, mas se eu voltar pra São João; ah, se eu me aposentar; ah, se eu tiver pássaros e flores no jardim! Pode ser que muitos de nós não suportem esta situação nem por um mês. Porque viver, para nós humanos, não depende da paisagem. O poeta Walter Franco esclarece, em “Serra do Luar”, que “viver é afinar o instrumento, de dentro pra fora, de fora pra dentro, a toda hora, a todo momento”.
Aqui, no blog, temos um lema, que é a marca registrada do Serjão. Diz: vamos que vamos, e indo, percebemos que a simplicidade é mais do coração do que da cabeça. E encaramos todos os bêbados, os lúcidos e os doutores. Cantamos uma música do nosso tempo, aquela que diz “I wanna know: have you ever seen the rain, comin’ down on a sunny day”. Não queremos explicar nada, nem receber explicações. Se é possível viver uma vida simples, então, meu amigo, eu vou lá e vivo, em Nova Iorque, ou em São José dos Cabritos (Ituí).
Me diz aí: você, alguma vez, já viu a chuva caindo, num dia de sol? Pois é...

(Crônica: Jorge Marin)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

OS IRMÃOS MORAM AO LADO - FINAL



NA SEMANA PASSADA, como bem recordam, uma irmã, possivelmente uma ovelha desgarrada, veio ter à minha oficina, procurando o reino de Deus. Se não estou enganado, há uma passagem bíblica, em Mateus, onde Cristo afirma que “o reino dos céus é semelhante a um negociante.” Mas lá fala num negociante de pérolas e, com muito custo, a mulher percebeu que o meu negócio é outro.
Como estava recebendo peregrinos em busca de verdes pastagens, o meu medo era de que um dos meus fregueses entrasse, por engano, na casa do Senhor, e pudesse causar algum transtorno. A dúvida, a abominação e o ranger de dentes só cessaram quando um irmão, meu conhecido, contou o seguinte causo.
E eis que, numa tarde calorenta, quando estava ocorrendo um culto, e exatamente na hora da exaltação, entra um senhor pela porta e, para espanto dos presentes, pergunta, num brado que, segundo meu amigo, “assemelhava-se à trombeta do arcanjo”:
- É aqui que dá um jeito nas coisas?
O silêncio foi geral, e, um a um, todos se viraram para trás, na direção da porta. O pastor não se escandalizou e, com a calma e atitude decidida, própria dos pastores, convidou o homem a entrar e, dirigindo-se a todos, acalmou-os:
- Lembrem-se de João: “Em verdade, em verdade vos digo: quem receber aquele que eu enviar, a mim recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou”.
O homem estava encantado com aquele tanto de funcionários e, no mesmo tom do pastor, declarou:
- Desculpa, gente. Eu não conheço o João, mas tem um detalhe muito importante: se for para pegar, eu vou querer pra hoje. Esse calor infernal está me matando!
O pastor exultou:
- Aleluia! Aleluia! Acabe de entrar, irmão! Veio no lugar certo! Este calor, no corpo, não é coisa do bem! Está escrito: arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor.
O freguês ouviu a palavra “refrigério” e se animou, mas, pensando se tratar de geladeira, quis deixar as coisas bem claras:
- Eu não sou tão exigente assim, pessoal. Eu não quero gelar nada. E, brincando, concluiu: eu só quero mesmo é um ventinho!
Mas o pastor estava impossível:
- João disse que “o vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.”
- Só um minutinho – respondeu o visitante, todo feliz. E saiu correndo pela porta.
O pastor continuou seu ministério:
- Volta, irmão, a tua fé te salvou. Volta!
E eis, que carregando um grande ventilador, aqueles de pedestal, volta o “convertido”, todo sorridente e animado:
- Entrega lá pro João, gente. Eu tenho certeza que ele vai dar um jeito.

Quem acha que os evangélicos são carrancudos, é porque não escutou a gargalhada que se seguiu.
Enfim, foram amigos verdadeiros que conheci e que, neste lugar, não mais se encontram. Confesso que cheguei, muitas vezes, a passar por momentos bem estressantes devido ao volume dos aparelhos e, principalmente, pela proximidade do meu quarto com o local.
Foi quando resolvi trazer o pastor aqui em casa, na hora do culto, e, da escada da cozinha, lhe mostrei o que estávamos passando. A reação dele foi surpreendente: pessoa finíssima, e de grande sensibilidade, virou-se para mim e afirmou:
- Estamos aqui pelas famílias e não contra elas.
E assim, solidário comigo, veio a pedir, dias depois, que fechassem com tijolos, todas as janelas que ficavam para meu lado. O local ficou um pouco mais abafado pra eles, mas continuaram felizes, pois sabiam que estariam, em muito, me ajudando.
Hoje o barulho se foi, mas, com certeza, as amizades permaneceram.
E, agora que eles não estão mais por aqui, posso citar um santo de quem gosto muito, o Agostinho: “a compreensão é a recompensa da fé.” Amém!

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

VOCÊ VAI CONHECER O HOMEM DOS SEUS SONHOS



“Quando você faz um desejo a uma estrela, não importa quem seja, tudo o que o seu coração desejar virá até você. E, se seu coração estiver nos seus sonhos, nenhum pedido é exagerado. Se você dirigi-lo a uma estrela, como os sonhadores fazem.”
Esta musiquinha antiga, do desenho animado Pinóquio, é o ponto de partida do novo trabalho de Woody Allen. Mas, quem pensa que o filme tem a ver com morte (pois o nome original em inglês é “Você vai encontrar um estranho moreno alto”), está enganado, assim como quem esperar qualquer coisa. O próprio narrador sabe que os personagens são problemáticos, mas conta tudo com uma certa displicência, e como se, afinal de contas, soubesse de antemão, o quão sem significado a vida de todos, inclusive a nossa, é na realidade.
Rodado na cidade de Londres, nos dias atuais, apesar da aparência altamente romântica proporcionada pela fotografia magnífica do húngaro Vilmos Zsigmond, o filme acompanha a vida de pessoas comuns, que fazem coisas normais, com problemas corriqueiros.
Uma frase solta, dita pela personagem Sally (Naomi Watts) parece dar o tom do filme: “às vezes uma ilusão vale mais do que medicamentos.” Sua mãe Helena (a excelente Gemma Jones, que muitos conhecemos como a Madame Pomfrey do Harry Potter) está aporrinhando a vida, dela e de seu marido Roy (Josh Brolin). Helena tentou suicídio, após ser chutada pelo seu marido Alfie (Anthony Hopkins) e, a partir daí, até porque paga o aluguel, resolve visitar a filha todos os dias para reclamar. Sally resolve, então, encorajá-la a freqüentar uma cartomante, uma trambiqueira chamada Cristal (Pauline Collins). A estratégia funciona, em parte: Helena deixar de ir diariamente à casa da filha para reclamar, e passar a ir, também diariamente, para falar das previsões de Cristal e, de quebra, tomar todo o álcool que puder encontrar pelo caminho.
O marido Alfie, um coroa com ideais de eterna juventude, também está tendo seus problemas, pois, após se casar com uma prestadora de favores sexuais mediante remuneração previamente negociada (se é que vocês entendem o meu politicamente correto) chamada Charmaine (Lucy Punch, muito louca), começa a ver que o seu desejo começa a trazer algumas consequências a ponto de, pior que a solução adotada pela esposa, ele resolve até... reatar o antigo casamento.
O outro casal também está tendo seus próprios dilemas. Roy, um romancista que não consegue emplacar um segundo romance, está desejando sua vizinha de frente, uma estudante de música. Enquanto sua esposa, está desejando ser cortejada pelo seu chefe. Poderíamos dizer que este sentimento é uma coisa imprópria para pessoas casadas, não fossem os objetos de desejo, respectivamente, a belíssima atriz portuguesa Freida Pinto (que uma vez foi a menina Latika, do filme “Quem quer ser um milionário?”) e o bonitão Antonio Banderas que, mesmo aos cinquenta anos, dispara muitos corações, além de ser a voz do Gato de Botas do Shrek.
Parece que esta busca da felicidade é o que leva os personagens a suas enrascadas. Roy, além de cortejar a vizinha, resolve roubar o romance de um amigo, Henry Strangler, que ele julga ter morrido num acidente de carro, mas a coisa parece não ser assim tão simples. E a própria decisão de Sally, de entregar a mãe aos cuidados de uma pilantra, acaba interferindo na sua busca de realização profissional.
Vamos percebendo aos poucos que a tal busca da felicidade, embora legítima, tem sempre um preço a ser pago, que pode ser muito alto às vezes. Mas, tudo isto é demonstrado sutilmente, sem moralismo, sem filosofia e até mesmo sem muita emoção.
Helena acaba não encontrando o tal moreno alto, bonito e sensual, mas se apaixona, afinal de contas, por um baixinho branco, careca e barrigudo. Dono de uma loja de livros esotéricos, este Jonathan (Roger Ashton-Griffiths) parece ser bem melhor do que a ilusão, ou os medicamentos.
Quando termina o filme, uma adolescente, do meu lado, pergunta, indignada; “o que é que eu vim fazer neste filme?”. Não falo nada, vou saindo de mansinho, mas eu sei o que eu vim, e consegui fazer: assistir um filme de Woody Allen. Inodoro como um remédio homeopático, mas, algumas vezes, estranhamente eficaz.

(Crítica: Jorge Marin)

domingo, 12 de dezembro de 2010

PASSAMOS DOS VINTE MIL. E A GENTE NEM VIU!

Vinte Mil Léguas Submarinas (cena do filme da Walt Disney Productions)

Imaginem a gente recebendo amigos numa sala aconchegante, para tomar um café, para bater papo, ou simplesmente lembrar "os bons tempos", falar umas abobrinhas. E rir. Mas rir bastante mesmo. E, no meio do riso, deixar até algumas lágrimas rolarem, sem querer, pelo rosto.
E já são mais de 20.000 xícaras de café! Café virtual, é verdade. Mas, nem por isso, com menos papo, menos lembranças, menos abobrinhas, e menos riso, ou choro, quem sabe?
Um blog com a marca Pytomba não poderia ser diferente do que foi a dinâmica dos bailes. De repente, uma guitarra começa a dar choque, um pedal quebra, um microfone pifa. Aqui, no blog, o que pifou foi, justamente, o contador de visitas. Mas, como o nosso blogger é muito organizado (o contador não é do nosso blogger), fizemos as contas, somamos a estatística e... 20.177 visitas!
Cara, que sacanagem, a gente ia ficar vigiando para ver quem seria o 20.000º visitante, e agora acontece isto.
E daí? O Serjão sempre diz: esse negócio de estatística dá um nó na minha cabeça, e só serve para encucar.
E ele está certo. Mais importante do que saber quem foi o 20.000º visitante, é ir dormir agora - é uma e vinte da manhã! - e saber que estamos vivendo plenamente. E só sabemos que estamos vivendo plenamente, porque conseguimos tomar, junto com os amigos, 20.000 xícaras de café virtual. E em menos de dois anos.
E é só o começo: a porta continua aberta, o café está no fogo, e o coração, tranquilo.
Podem chegar que a casa é de vocês. Obrigado...
(Agora vamos escrever as visitar a lápis, para não perder as contas)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

OS IRMÃOS MORAM AO LADO - III



NA SEMANA PASSADA, eu estava na minha oficina, de calça curta, não só porque estava usando aquela bermuda furada com a qual eu fui no casamento da moça, mas também porque estava me sentindo espremido pelo interrogatório da Mulher Misteriosa. Depois de pesquisar vários detalhes do meu trabalho, ela deu um diagnóstico, sei lá por quê, de que o local era acanhado, mas iria indicá-lo aos amigos. Eu já não sabia se fica feliz ou assustado.
A sabatina continuou:
- Gozado!... Quase todos os lugares que conheço têm expedientes, no máximo, três vezes por semana! Só aqui é diferente!
- É mesmo? Possivelmente, pouco trabalho! – respondi um tanto surpreso.
Enquanto, já de saco cheio, começava a perder a paciência, ainda teria que escutar algumas perguntas:
- Já são muitos os seus simpatizantes?
- Ah! Por alto, pelo menos uns cem! – respondi, já fazendo cara de poucos amigos.
- Ué!... Me disseram que não passava de trinta!
- Intriga da concorrência!
- E como faz pra caber tanta gente? – perguntou, admirada, enquanto, continuava a olhar o pequeno espaço da oficina, e já um tanto confusa
Ou esta senhora é maluca... ou andou bebendo”-pensei.
- E os bancos? Onde estão os bancos? Ou aqui fica tudo no chão?
- Que banco, minha senhora? Que banco?
- Não me diga, então, que, temos que ficar todo o tempo de pé?
- Não, minha senhora! Não é nada disso! Eu não conserto na mesma hora! Tem que ficar aqui!
- Ficar aqui? – reagiu ela, com certo ar de arrependimento, e até um certo apavoramento.
Nisso, os meninos chegaram e eu ainda nem havia lavado minhas mãos de graxa.
Procurei, de imediato, encurtar o assunto e ir rapidinho aos finalmentes, dizendo:
- Não me leve a mal, minha senhora! Tem certeza, mesmo, que procura uma oficina?
- Oficina?!!! - De olhos arregalados, embasbacada, ainda perguntou: Então, aqui, não é umaaaaa...
Pior de tudo, é que ela não conseguia terminar de fazer a pergunta e eu já começava é ficar numa curiosidade sem fim.
- Minha mãe!!!... Desculpe-me moço, não sei onde enfiar a cara! ÉÉÉ... Que me informaram que aqui éééé... E novamente não conseguia completar a frase.
Foi aí que a nossa ficha ao cair de vez, levou-nos a uma crise de riso incontrolável.
Pedindo mil desculpas, confessou-me que aquele seria, até então, o episódio mais divertido que havia acontecido com ela.
E assim, em meio a muitas gargalhadas, mas um tanto incrédulo, ainda concluí:
- Tudo bem... Tudo bem, minha senhora! Procure se acalmar, pois entendo perfeitamente! A senhora, foi, realmente a primeira, mas com certeza, não será a última! Entre nesta porta, ao lado e siga em frente!

Fechei a oficina e fui receber as crianças.

MORAL DA HISTÓRIA: Acho que, pelo menos, ganhei uma freguesa.

De volta aos meus afazeres, uma dúvida começou a tomar forma em meu pensamento: se este tipo de equívoco já aconteceu aqui, e, se, por acaso... Mas afastei a ideia. Não, não é possível que uma pessoa vá numa igreja, e pense estar numa oficina. Será???
Na próxima semana, não percam: A Igreja, os irmãos desconsertados.

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

OS FILMES QUE EU NÃO ASSISTI NO CINE BRASIL



Há mais de 25 anos, eu cultivo este estranho hábito de subverter as histórias infantis que conto para os meus filhos. Talvez porque eu mesmo não suportasse o conformismo e achasse toda aquela “bondade” irreal demais, eu sempre alterava os escritos originais dos irmãos Grimm e outros, introduzindo explicações sobre o Lobo, que eu não considerava Mau, apenas um apreciador da carne suína, como nós. Outras vezes eu explicava que aquele felizes “para sempre” era mentira, pois nada é para sempre, pelo menos aqui nestas bandas terrenas.
Naqueles idos anos 70 para 80, foi lançado o filme “Superman”, contando a saga do famoso herói dos gibis, numa invejável produção, que tinha a participação de Marlon Brando, como Jor-El, e a estreia do inesquecível Christopher Reeve, além da figurinha atrevida de Margot Kidder, na pele da destemida Louis Lane. Também neste filme, para minha tristeza, imperavam os clichês, do herói que defendia os fracos e oprimidos ao bandidão terrível e totalmente “do mal” Lex Luthor, aqui vivido por Gene Hackman, o sósia do Filipão.
De volta ao século XXI, temos agora uma deliciosa releitura desta luta do bem contra o mal. Na abertura de “Megamente”, é recontada a explosão do planeta Krypton, mas sob a ótica incômoda de um vizinho do “garoto dourado”: também um alienígena, porém de pele azulada e cabeção. Enquanto o futuro Homem de Aço, desce tranquilamente, em sua naves, através de um cinturão de asteróides, nosso amigo azulão vai ricocheteando em um por um. Na chegada à Terra, a coisa não é diferente, com o garoto de Krypton caindo diretamente dentro de uma mansão, enquanto a criança azul vai parar dentro do pátio de uma prisão, onde é adotado por um bando de criminosos da pior espécie, que, como quaisquer pais modernos, condicionam o filho a odiar aquilo que mais temem, no caso a polícia.
Já dá para perceber que os dois extraterrestres irão desempenhar papéis de destaque na cidade mais próxima, a moderna Metro City, onde assumirão as personalidades de Megamente e Metroman. No entanto, o que leva o azulzinho Megamente a assumir sua porção malévola é um fato corriqueiro, hoje muito comum nas escolas, o bullying. Como ele é um tanto atrapalhado, e o supergaroto, seu colega de classe, é o queridinho da professora e dos colegas, acaba sendo discriminado por todos, e sendo marginalizado. Nesta posição desagradável, ele conclui que, como não consegue fazer nada de bom, o negócio é partir para a maldade. Bem lógico, não?
A luta destes dois superseres é acompanhada pela (também) repórter charmosa Rosane Rocha, que acaba sempre sendo tomada como refém pelo malfeitor. Seu cameraman Hal, um nerd barrigudo que é louco por ela, acaba se transformando num terceiro personagem, o Titã.
Até aí, tudo se parece com qualquer outra história de animação, exceto pelo fato de que nosso amigo, ou deveria dizer, inimigo, Megamente acaba por eliminar o Metroman. Com isto, a cidade fica à sua mercê, mas, sem um adversário, ele parece perder o seu gosto pela maldade, mesmo animado pelo seu fiel escudeiro, o peixe “Criado”. Para curar o seu tédio, resolve utilizar o DNA do falecido super-herói para criar um novo super, o tal Titã. Só que o que ele não esperava é que o novo personagem resolve trilhar o caminho do mal. E aí?
Para uma pessoa que gosta de subverter historinhas infantis manjadas, este roteiro (de Alan J. Schoolcraft e Brent Simons) é genial. Primeiro, o super-herói perde, segundo o vilão não sabe o que fazer com sua solidão e, finalmente, cria um novo super-herói que prefere trilhar o caminho do mal. Sem contar que, assim sem querer querendo, o vilão, disfarçado de bom moço, o Bernard, acaba se envolvendo com a destemida, e desejada, Rosane Rocha.
Quando digo que a narrativa é subversiva, não considero que seja condenável, ou perigosa. Ao contrário, acho importantíssimo desafiar as mentes das crianças com conceitos que não estejam prontos, mas que devam ser pensados. Meu filho me perguntou na saída: “papai, o Megamente é do mal ou do bem?”. Retornei a pergunta e ele respondeu exatamente o que ocorreu no filme.
Por isso, considero “Megamente”, mais do que uma ótima diversão para a família, um motivo para o exercício do diálogo entre pais e filhos, e, até para nós, um alerta que, mais do que nunca, aquele cara, que era tido como vilão, pode ter seus bons momentos, e aquele palhaço, aparentemente inofensivo, pode acabar sendo uma ameaça. Para ficar ainda mais parecido com a realidade, vale lembrar que o Megamente pronuncia várias palavras de forma errada. Alguém poderia até dizer que se trata de um analfabeto. Mas, neste filme, assim como na vida real, nada é definitivo, e nem sempre é o que parece ser.

(Crítica: Jorge Marin)

sábado, 4 de dezembro de 2010

OS IRMÃOS MORAM AO LADO - II

Foto por Nikola Borissov

NA SEMANA PASSADA, como bem devem se lembrar, por conta da vizinhança entre uma oficina e uma casa do Senhor, não do senhor que me lê, mas do Senhor Mesmo, o Lá de Cima, coisas estranhas aconteceram: um casamento quase sai da esfera do Juiz de Paz e vai parar no Demlurb.
Mas, passado o stress, lixo recolhido, noivos em lua-de-mel, tudo voltou ao normal, dentro do possível.
Martelada pra cá, martelada pra lá. Era mais um daqueles dias em que nada dava certo. Até mesmo um freguês havia me dado “cano”. Disse que votaria e pagaria depois. Ficou no depois.
Estava, também, quase na hora dos meninos chegarem do colégio. Nesta época, a coisa estava bem mais apertada, pois minha esposa trabalhava em tempo integral, e eu procurava, na medida do possível, dar uma mãozinha. Nesta hora, um tanto ansioso, já percebia que eles já deveriam ter chegado.
E o calor que fazia neste dia? Em determinados horários, o local chega a ficar bem quentinho. Prá piorar ainda mais a situação, haviam entregado duas enceradeiras. E de parentes!
(Sabem como é, né?)
E lá estava eu: ralando, ralando, mas sem deixar de pensar, um só minuto, naquele monte de contas prá pagar.
Neste exato momento, aproxima-se do balcão, uma freguesa: era uma senhora muito simpática e simples, que aparentava uns sessenta e cinco a setenta anos, pouco mais ou menos.
- Boa tarde – disse ela. Custei, mas, enfim, resolvi aparecer! Já há algum tempo em que venho pensando em vir, mas só agora achei um tempinho! - concluiu.
- Antes tarde do que nunca! – respondi, em tom de brincadeira. Fiquei pensando: quem será esta mulher, meu Deus? Mas... em que posso servi-la?
- Falaram-me que você é dos bons! Que é só por as mãos, que o trem fica “bão” de novo!
- A gente faz o que pode, minha senhora; às vezes, até o que não pode, mas... no final, tudo dá certo! Se não consertar por bem, vai por mal mesmo! – eu ia brincando com ela, enquanto, segurava o martelo em uma das mãos.
- Você já faz este trabalho há quanto tempo?
- Já há uns vinte e poucos anos! – respondi.
- E sempre foi aqui? – indagava, enquanto seus olhos ficavam a percorrer cada centímetro da oficina.
- Não! Estou aqui, nos fundos, há pouco mais de três anos!
- Já houve caso da coisa não dar certo? – indagou, com os olhos um pouco arregalados.
- Claro! - respondi. Ninguém é perfeito! A gente faz o que pode! Mas, procure não se preocupar, pois sempre dou uma pequena garantia daquilo que faço! “Mas... somente, do que faço!” E destaquei bem esta última frase, como se tivesse pronunciado as aspas. O fato é que, entre tantas interrogações e duvidas, comecei mesmo é a ficar desconfiado.
Ou esta senhora é perfeccionista, maluca ou é mal pagadora, pensei. Seria uma fiscal? Pelo menos, meus tributos estão em ordem!
O interrogatório continuou:
- Quais os dias da semana e os horários de funcionamento?
- De segunda a sábado! Só dou uma pequena pausa para almoçar! Do contrário, a concorrência nos engole! – continuei brincando, mas com uma pulga atrás da orelha.
- E não é que você tem razão? Só que eu conheço, são mais de trinta! Dizem até que, neste meio, tem muitos charlatães!
Pensei: esta mulher está querendo que eu dê uma de dedo duro. Resumi:
- De certa forma, a senhora tem razão, mas, que eu saiba, aqui em São João, sou apenas eu e mais dois!
- De confiança? Até pode ser! – prontamente me respondeu!
- E o que a gente tem que trazer? - continuou a perguntar.
O que é que ela quer dizer com isto? Mas, não perdi a classe:
- Não se preocupe, minha senhora! O material é por minha conta! Depois, é tudo incluído!
Seja o que for que ela queria, parecia ter ficado satisfeita, e emendou:
- Achei o local aqui meio escondido, mas começarei a indicá-lo agora para outros amigos!
- Quanto mais, melhor! Principalmente agora, nesta crise! – retruquei, mas a minha vontade já era de chorar. Imaginem: eu, cheio de serviço, e vem esta criatura, com esta conversinha mole, me interrogando como numa entrevista de emprego, fazendo observações, críticas e, no final, dizendo que ia recomendar os meus serviços. Será que ela vai me assaltar?
Leiam, NA PRÓXIMA SEMANA, o desfecho desta estranha conversa. É bem mais sinistro do que parece, podem ter certeza!

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

HARRY POTTER 7 - FINAL



Na semana passada, brinquei que a questão, colocada pelas adolescentes, ainda na fila do filme, sobre com quem Hermione (Emma Watson) iria “ficar”, era muito importante, e merecia reflexão. Mas, na verdade, não é uma brincadeira. Afinal, Harry (Daniel Radcliffe) e Ron (Rupert Grint) são, agora, dois homens. Quando o inseguro Ron Weasley dá uma de furão (em inglês, weasel), e Harry se vê a sós com Hermione, chama a gata para uma dança. Ela acompanha numa boa mas, quando a coisa pode começar a esquentar, ela simplesmente para, pois conhece bem a natureza do amor que sente por Harry, e o amor, digamos adulto, e tudo o mais que sente pelo glorioso Weasley que, por sinal, no filme, parece ficar fora de cena apenas por alguns minutos, bem ao contrário do livro.
Como acontece em As Duas Torres (do Senhor dos Anéis), neste filme também o mal parece prevalecer. E, de fato, prevalece no final, com uma importante descoberta feita pelo Lord Voldemort. Há alusões visuais, e sonoras, relacionando as forças do mal aos governos nazistas e outros totalitarismos, e os três heróis agem como os românticos guerrilheiros dos anos 50 e 60, retirando-se para as florestas, e fazendo ataques estratégicos dentro do território inimigo, além de visitarem alguns subúrbios londrinos reais, imprimindo uma atmosfera de realismo, reforçada pela música sempre perfeita do francês Alexandre Desplat, também autor das trilhas de “Lua Nova”, do ótimo “Coco, Antes de Channel” e do infantil “A Bússola de Ouro”. Como num antigo rádio da Alemanha hitlerista, uma voz anuncia os nomes dos mortos, para os angustiados heróis de Hogwarts.
O andamento do filme, em relação aos seis anteriores, é bem mais lento, e são poucos os sorrisos. A galeria de astros e estrelas britânicos está presente: Ralph Fiennes/Voldemort, Helena Bonham Cartes/Belatrix, Alan Rickman/Snapes, além da estreia de Rhys Ifans, como o pai riponga da birutinha Luna (Evanna Lynch). No entanto, a aparição destes atores, e de tantos outros, é rápida e limita-se a cenas curtas, diferente do trio principal, que esbanja boas atuações, capazes de inseri-los na referida galeria de astros.
Outro grande momento do filme, é a narrativa do “Conto dos Três Irmãos”, que explica a origem das Relíquias da Morte. A cena é ilustrada com uma animação, que retrata a história de um livro infantil para bruxos, porém sem perder o toque sombrio, e maléfico, do filme.
Projetado para ser convertido para 3-D, o filme manteve seu formato 2-D, e pode-se dizer que a Warner fez muito bem em proceder deste modo. O filme fica mais brilhante e mais claro (já pensaram o que aconteceria se ficasse mais escuro ainda?), e não perde em qualidade. Na cena do logo inicial, pode-se jurar que se trata de uma imagem tridimensional!
Finalmente, o que pode ser dito sobre esta primeira parte do final de Harry Potter é que a obra preparou de modo satisfatório, o terreno para a batalha final (a Parte 2 está prevista para julho de 2011). Se este vai se assemelhar a um filme de guerra, meio a la Star Wars, a Parte 1 tentou, e na maioria do tempo conseguiu, se manter como um filme, às vezes de suspense, às vezes de horror. Mas o que prevaleceu foi a afirmação dos três heróis, tanto na trama quanto na vida real, como protagonistas da história, e aptos a conduzir de forma competente, a luta contra o Senhor das Trevas.
Esta é a esperança da comunidade de bruxos e outros seres mágicos pertencentes ao universo potteriano. E também dos milhões de fãs deste universo de cá, tão carente de adultos jovens de bom caráter, capazes de executar a magia de serem responsáveis, comprometidos, pacíficos e iluminados, sem ter que recorrer a quaisquer varinhas e encantamentos.

(Crítica: Jorge Marin)

BRIGADU, GENTE!

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VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL