sábado, 4 de dezembro de 2010

HARRY POTTER 7 - FINAL



Na semana passada, brinquei que a questão, colocada pelas adolescentes, ainda na fila do filme, sobre com quem Hermione (Emma Watson) iria “ficar”, era muito importante, e merecia reflexão. Mas, na verdade, não é uma brincadeira. Afinal, Harry (Daniel Radcliffe) e Ron (Rupert Grint) são, agora, dois homens. Quando o inseguro Ron Weasley dá uma de furão (em inglês, weasel), e Harry se vê a sós com Hermione, chama a gata para uma dança. Ela acompanha numa boa mas, quando a coisa pode começar a esquentar, ela simplesmente para, pois conhece bem a natureza do amor que sente por Harry, e o amor, digamos adulto, e tudo o mais que sente pelo glorioso Weasley que, por sinal, no filme, parece ficar fora de cena apenas por alguns minutos, bem ao contrário do livro.
Como acontece em As Duas Torres (do Senhor dos Anéis), neste filme também o mal parece prevalecer. E, de fato, prevalece no final, com uma importante descoberta feita pelo Lord Voldemort. Há alusões visuais, e sonoras, relacionando as forças do mal aos governos nazistas e outros totalitarismos, e os três heróis agem como os românticos guerrilheiros dos anos 50 e 60, retirando-se para as florestas, e fazendo ataques estratégicos dentro do território inimigo, além de visitarem alguns subúrbios londrinos reais, imprimindo uma atmosfera de realismo, reforçada pela música sempre perfeita do francês Alexandre Desplat, também autor das trilhas de “Lua Nova”, do ótimo “Coco, Antes de Channel” e do infantil “A Bússola de Ouro”. Como num antigo rádio da Alemanha hitlerista, uma voz anuncia os nomes dos mortos, para os angustiados heróis de Hogwarts.
O andamento do filme, em relação aos seis anteriores, é bem mais lento, e são poucos os sorrisos. A galeria de astros e estrelas britânicos está presente: Ralph Fiennes/Voldemort, Helena Bonham Cartes/Belatrix, Alan Rickman/Snapes, além da estreia de Rhys Ifans, como o pai riponga da birutinha Luna (Evanna Lynch). No entanto, a aparição destes atores, e de tantos outros, é rápida e limita-se a cenas curtas, diferente do trio principal, que esbanja boas atuações, capazes de inseri-los na referida galeria de astros.
Outro grande momento do filme, é a narrativa do “Conto dos Três Irmãos”, que explica a origem das Relíquias da Morte. A cena é ilustrada com uma animação, que retrata a história de um livro infantil para bruxos, porém sem perder o toque sombrio, e maléfico, do filme.
Projetado para ser convertido para 3-D, o filme manteve seu formato 2-D, e pode-se dizer que a Warner fez muito bem em proceder deste modo. O filme fica mais brilhante e mais claro (já pensaram o que aconteceria se ficasse mais escuro ainda?), e não perde em qualidade. Na cena do logo inicial, pode-se jurar que se trata de uma imagem tridimensional!
Finalmente, o que pode ser dito sobre esta primeira parte do final de Harry Potter é que a obra preparou de modo satisfatório, o terreno para a batalha final (a Parte 2 está prevista para julho de 2011). Se este vai se assemelhar a um filme de guerra, meio a la Star Wars, a Parte 1 tentou, e na maioria do tempo conseguiu, se manter como um filme, às vezes de suspense, às vezes de horror. Mas o que prevaleceu foi a afirmação dos três heróis, tanto na trama quanto na vida real, como protagonistas da história, e aptos a conduzir de forma competente, a luta contra o Senhor das Trevas.
Esta é a esperança da comunidade de bruxos e outros seres mágicos pertencentes ao universo potteriano. E também dos milhões de fãs deste universo de cá, tão carente de adultos jovens de bom caráter, capazes de executar a magia de serem responsáveis, comprometidos, pacíficos e iluminados, sem ter que recorrer a quaisquer varinhas e encantamentos.

(Crítica: Jorge Marin)

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