sexta-feira, 28 de setembro de 2012

DE SETE A SÓ-TENTA - Capítulo 5


PARTE 02 (DE VOLTA PARA O FUTURO!)

O ano é 2012 e estamos mais ou menos no meio do “Arrastão”. Uma época em que já não mais poderemos chegar de madrugada e empurrar aquela porta que estava encostada com uma cadeira.  Até que poderíamos, mas, com certeza, já teriam roubado a cadeira e tudo mais que houvesse dentro de casa.  Além do “pescoção” que a amada esposa iria nos lascar.
Em contrapartida, nos tornamos um poço de sabedoria, onde experiências adquiridas ao longo desses anos tornaram-se uma rotina nos bate-papos e nas rodinhas do cotidiano.
Telefone toca e um desses de meus amigos diz: - Serjão! Hoje vou a Juiz de Fora fazer uma consulta com meu oculista! Quer alguma coisa de lá? Continuando disse: - Acho que prematuramente terei que retirar catarata. Tenho andado com a visão chorosa e muita sensibilidade à luz! Acho que vou ter mesmo que fazer um implante cirúrgico e colocar uma lente intraocular.
- Brigadão – respondo - mas não tenho que comprar nada não! Vai com Deus!

Depois de um longo tempo fui abordado na rua por outro amigo, aquele da Bicicleta, dizendo:
- Serjão! Já chegou a fazer PSA? O meu deu 2,5 e vou começar ficar mais atento.
Aí esperei pela segunda e FATÍDICA pergunta. E não deu outra: - Já fez o toque?  Mas, antes mesmo que eu o respondesse, foi logo me disparando em risadas sua opinião. Cara! Sou ainda virgem.  Dedinho no meu rabicó só mesmo em ultimo caso!  E a conversa, de altíssimo nível, rendeu quase uma hora somente com esse assunto.

Encontrei com aquele outro amigo das peladas dos fins de semana e um bom papo rolou.
- E aí Serjão, chegou a fazer o mapa que o cardiologista pediu?
- Fiz sim, respondi. Por sinal amanhã levarei para o médico dar uma olhada.
E você? Como tem andado sua pressão arterial? – perguntei.
- Nem te conto. Semana passada eu estava em casa e minha irmã, que é enfermeira, depois de medir a pressão de minha mãe, deu uma olhadinha na minha. Eu não esta sentindo absolutamente nada e qual não teria sido minha surpresa. Estava 19 por 12. Fui imediatamente para o pronto-socorro e por lá fiquei por quase duas horas até que ela baixasse. Por pouco não me internaram. Fui depois ao cardiologista e hoje estou tomando três medicamentos. Fiquei novinho em folha: com a “bichinha” em 12 por 08.  Quem sabe agora, novas peladas, poderão acontecer? - concluiu ele.
- Sem um checape completo com UTI na porta, nem pensar! - brinquei e me despedi...
Semana que vem, tem mais chororô de véi.  Aguardem...

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

SER OU NÃO SER... ARISTOCRATA? 3 - Final


Na semana passada, deixamos no ar a pergunta: PARA QUE SERVE, OU QUAL A APLICABILIDADE DA ARISTOCRACIA NO MUNDO MODERNO?
E, justamente aqui, nessa pergunta crucial, é que vai ficar bem explícito o conceito de Aristocracia. 
Duas qualidades são essenciais nos tempos atuais: utilidade e justificativa.  Dessa forma, as perguntas que fazemos, SEMPRE, quando nos é apresentado qualquer produto, ou até mesmo uma pessoa, são: PRA QUE SERVE? e POR QUE É QUE FUNCIONA ASSIM?
Pois bem, a Aristocracia NÃO tem utilidade NENHUMA, assim como, voltando ao Fernando Pessoa, a Poesia também não tem!  Ao comparar seus versos à tabuleta da Tabacaria, afirmava: “sempre uma coisa defronte da outra, sempre uma coisa tão inútil como a outra, sempre o impossível tão estúpido como o real.”
A preocupação com a “utilidade” das coisas já vem de longa data, a ponto de Jesus Cristo ter que chamar a atenção dos utilitaristas: “olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam.”  Com certeza, o Mestre era um Aristocrata.
A segunda praga do convívio social atual é a “justificativa”: por que é que a Aristocracia funciona desse jeito?  Como quem diz: se você me explicar porque funciona assim ou assado, eu também vou ser um aristocrata.  Hoje, por exemplo, um assunto “seriíssimo” pipocou em todas as mídias: uma garota brasileira resolveu leiloar a virgindade na Internet.  Pelo menos, uma dezena de emissoras de TV dedicou seu horário vespertino, com direito a psicólogos de plantão, para dizer os porquês: por que ela vai leiloar?  Por que os pais deixaram?  Por que alguém vai comprar?  Quantos aristocratas estiveram assistindo a essa eclética programação?  Zero!  Poderiam estar até assistindo àqueles leilões de tapetes persas, mas a esse bafafá, nenhum, com certeza!  Eu, por exemplo, sei, porque me contaram na padaria.
Finalmente, seria o Aristocrata um chato?  Acompanhem as suposições, supondo que eu seja mesmo um Aristocrata.
Sabem aquela festinha animada de família, com direito a churrasquinho, cerveja gelada, um primo tocando cavaquinho e um sambinha maneiro?  Irresistível, não é?  Pois eu, Aristocrata, tô fora!
E aquela viagem tão sonhada, no feriadão, para a praia, com uns amigos, e a família dos amigos, e os filhos dos amigos, e os sogros (e sogras) dos amigos, para tomar todas e dar aquela esticada legal no sol para bronzear?  De jeito nenhum!!!
E aquele carnavalzão na Bahia, pra ver Ivete?  Nem que me paguem!
Finalmente, e a participação política?  Afinal, deve haver algum candidato honesto, bem intencionado, que mereça o seu voto e vamos aprender a votar e outras coisas do gênero?  Fui... digitei 99.
Aristocrata não premedita: age.  Não planeja: curte.  Não toma cafezin todo dia, na Rua Halfeld, ou no Bar Central: poupa dez anos e, num belo dia, vai comer um pão com chouriço, caldo verde e arroz doce na Merendeira, às 3 horas da manhã, na beira do Tejo em Lisboa.  É muito fixe!

Crônica: Jorge Marin
Foto: Disponível em http://sabores.sapo.pt/noticia/faz-figura-com-nova-ementa-estival

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

CASOS CASAS & detalhes

 

















































Subindo descendo a rua do Ginásio, tudo era possível: um picolé da Padaria do Popó, um romance com beijo de boca fechada, assistir um pedacinho do filme de Brigitte Bardot ou só ficar sentado por ali, na Rua dos Estudantes, debaixo da escada, que era pra ninguém ver da Secretaria.
Sabíamos que aquelas subidas e descidas não sairiam impunes, como, realmente, não saíram: crescemos, ou não, os cabelos ficaram mais brancos, deixamos de usar a Pomada Minâncora, uns continuaram jovens para sempre e outros nem tanto.
Muitos mergulharam, de cabeça, nas tais res-pon-sa-bi-li-da-des, seja lá o que que for e onde estiverem, alguns tentando ser o que achavam que deveriam ter sido, outros o que os pais achavam que deveriam ser e mais um tanto, poucos, só sendo o que seriam se não tivessem que ser o que achavam que deveriam ser.
Mas, essas casas, essas ruas, meu Deus.  Quantos risos, gargalhadas, sussurros, gracejos, xingamentos, gritos, preces e choro por aqui passaram.  E quanta esperança, fé, desespero, paixão e uns drops Dulcora, pirulitos Zorro e cigarrinhos... de chocolate Pan.
Sábado que vem, vou na casa da minha tia, em Juiz de Fora, jogar Space Invaders numa máquina nova de fliperama!  Coitado, tão criança...  E lá foi a menina, meio decepcionada, com o caderno de recados cheio de corações desenhados com canetinhas Sylvapen.

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

DE SETE A SÓ-TENTA - Capítulo 4


Hoje se vê muita gente falando que adora a natureza, gosta de liberdade, esses comerciais de carros que passam e coisa e tal.  Mas o que se observa, na realidade, é um bando de pessoas alugando um sítio no fim de semana, fazendo churrascão, tomando todas e apagando até a hora de voltar pra casa.
No século passado, a coisa era bem diferente: saíamos com nossas mochilas, levávamos – e dividíamos – nossos lanches, andávamos no mato, tomávamos banho de cachoeira e, quer saber, achávamos tudo isso o maior barato!
E POR FALAR NISSO...
Certa vez, numa dessas idas à roça, chegamos a cochilar sentados dentro de um riacho à sombra de uma jabuticabeira.  Muitas folhas e um grande acúmulo de água ficaram represados rio acima, onde se encontrava sentado o meu vitaminado amigo.  Formou-se uma represa de dar inveja a muita Itaipu.  Eu, enquanto isso, sentado um pouco abaixo, cochilava tranquilamente escutando o barulho das águas, o vento nas folhas e o cantar dos pássaros.  Sem prévio aviso. meu amigo se levantou E...  fui arrastado a quase vinte metros de distância até estacionar dentro de uma plantação de arroz!  Uma incrível avalanche de galhos, restos de jabuticaba passou detonando tudo que estava pela frente.  Acordei de pernas pro alto com folhas e barro da cabeça aos pés. Verdadeiro monstro da folhagem.  Isso pra não falar que fiquei quase pelado de tanto arrastar o calção no leito do riacho. Além da bunda ralada.

Encontrei com meu amigo das bicicletas e “Futuro Arrastado” de número 5 (que não era o Paulinho Já Vai Ali).  Convidou-me pra ir a Rio Novo de bicicleta. E fomos.
Saímos por volta de onze horas SEM ALMOÇO E SEM UM TOSTÃO NO BOLSO. Também sob um sol escaldante, depois de duas horas SEM DESCANSAR UM MINUTO SEQUER, chegamos ao centro de Rio Novo. Tomamos água morna da torneira em um boteco e, após darmos uma volta na praça, voltamos.  No meio caminho, fiquei bastante tonto e fui salvo ao resolver parar numa fazenda e chupar alguns gomos de cana.  Era Glicose pura fornecida ao organismo.  À noite, já estávamos no Bar do Bode tomando aquele Gim com Tônica.
Mais tarde, combinei com meu Amigo futuro “Arrastado” de número 1 de vir aqui em casa no outro dia, para que pudéssemos acabar de compor uma hilariante e folclórica música que já havíamos começado. Risadas de perder o fôlego nos levavam por várias vezes a adiar o fim da composição.  Era um verdadeiro vasodilatador, que servia para desobstrução das vias áreas superiores e para afugentar o estresse.  Com muito esforço, meses depois, conseguiríamos enfim terminar a tal canção.

Na semana que vem, vamos largá mão do passado, e dar um pulim de volta ao século 21.

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: disponível no site http://www.lakegeorgeescape.com/things-to-do/on-site-activities/

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

SER OU NÃO SER... ARISTOCRATA? 2- Eu sou!


Na semana passada, tentei dar umas pistas, pois eu mesmo não tenho uma ideia clara, de como surgiria um ARISTOCRATA.  O máximo que consegui foi dar uns exemplos de como NÃO ser um aristocrata, como é o caso do jogador-imperador e dos deserdados do PT.
Esse conceito de ARISTOCRACIA, na verdade, vem do filósofo Nietzsche que afirmava que, para ser um verdadeiro Aristocrata (com A maiúsculo), o sujeito tinha que trabalhar duro na prática intelectual, pois as pessoas NÃO nascem aristocratas, mas tornam-se...
Aí vocês me perguntarão: cara, mas qual é a importância de ser ou não aristocrata?
Calma, gente, que eu já chego lá, mas, por ora, um motivo simples: EU SOU UM ARISTOCRATA! 
Mas, com esse salário? – poderão perguntar.  E aí vai uma outra dica sobre a aristocracia:  o aristocrata não é NECESSARIAMENTE rico.  Se assim fosse, como explicar que o homem mais rico do Brasil use o tipo de peruca que ele usa?
Outra coisa, meu amigo: se você não é aristocrata desde a infância, então já era.  Nietzsche jura que o processo de aristocratização começa na meninice e dura pela vida inteira e, mais importante, não para NUNCA.  Aliás, vamos combinar uma coisa, só digitar N-I-E-T-Z-S-C-H-E no teclado JÁ é um exercício de aristocracia.
Um dos mais célebres aristocratas conhecidos é virtual: Ricardo Reis (segundo o meu filho, uma das identidades secretas do Fernando Pessoa).  Reis expressa a sua excelência de uma forma paradoxal: embora seja uma pessoa cercada de beleza, luxo e mulheres, não acredita em nada disso.  Não nega, mas, simplesmente, não acredita e afirma: “só esta liberdade nos concedem/ os deuses: submeter-nos/ ao seu domínio POR VONTADE NOSSA.”
O próprio Freud faz uma citação indireta sobre a atitude aristocrática, quando afirma que “existem duas maneiras de ser feliz nesta vida: uma é se fazer de idiota, e a outra é sê-lo”.  Ou, como preferia o meu pai, no seu mineirês: “as veiz a gente é veiaco mas tem que fazê de bobo pra vivê.”
O aristocrata, no fundo, sabe que os bens materiais e as coisas boas da vida são desejáveis, porém, para serem USADOS, e não adorados.  Ricardo Reis escrevia isso de forma brilhante: “pouco me importa/ amor ou glória,/ a riqueza é um metal, a glória um eco/ e o amor uma sombra.”
Finalmente, aquela pergunta: mas para que serve, ou qual a aplicabilidade da aristocracia no mundo moderno?  Será que o aristocrata não é apenas um chato metido a besta?
Respostas na próxima semana, aristocraticamente, neste BLOG.

Crônica: Jorge Marin
Foto: Christiane Scheinbar, disponível em http://browse.deviantart.com/?q=fernando+pessoa#/d1zb4qv

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

CASOS CASAS & detalhes








 Hoje estamos atendendo a mais um pedido, do meu primo Sebastião Carlos de Azevedo que, de São Paulo, acompanha as notícias da terrinha e, mais recentemente, curte as fotos de São João aqui no Blog.  Segundo ele, mais de quarenta anos depois de ter deixado a cidade, é claríssima em sua mente a presença de figuras inesquecíveis do Caxangá, bairro onde morou: lá estão, redivivos, o Bastião Capuana (seu pai), o sr. Alcebíades Padeiro, o Zico da Unidos do Caxangá, e o sr. João Vaz que, debaixo da figueira que existia onde foi construído o Posto Garoupa, evangelizava as crianças do bairro em bancos de madeira.

Na década de 70, época em que viajar ao exterior era uma façanha semelhante à recém viagem do homem à lua, o Sr. José Lobão conseguiu realizar tal feito e, num programa de entrevistas ao também inesquecível Gaby, respondeu qual a mais linda paisagem que havia visto no mundo: a entrada do Caxangá, quando voltamos para São João Nepomuceno, disse ele.
Curiosamente, o Caxangá é também a porta de saída de muitos sanjoanenses que buscamos nossos sonhos em outras paragens mas que jamais, a exemplo do meu primo, deixamos de conectar nossos corações e mentes nos casos, casas e pessoas da nossa Garbosa.

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

DE SETE A SÓ-TENTA - Capítulo 3



Êta ano bão dimais esse tal de 1972!  A gente escolhia um amigo, “arrastava” ele e tinha sempre um programa divertido, na rua, na chuva, na fazenda, numa casinha de sapé, ou até em pé, na Pracinha do Coroné (só pra rimar).

À noite, fui à casa de meu amigo, ”Futuro Arrastado de Número Quatro” chamá-lo para darmos uma volta na rua.  Muita sinuca, comentários sobre as cocotinhas (quem não sabe o que é, favor consultar o Google), futebol, piadas e uma bela programação para o outro dia.  Eram nossas divertidas andanças pelas montanhas tirando fotos, rindo bastante e fazendo nossas inesquecíveis listinhas das mais cobiçadas.  Era um porto seguro onde havia espaço somente para o bom humor, muita presença de espírito e inúmeras risadas.

No outro dia meu amigo, “Futuro Arrastado de Número Um” apareceu aqui em casa querendo combinar de irmos pra roça no próximo final de semana. Teríamos que tocar em Mar de Espanha no sábado e, dependendo do astral, iríamos sim.  E fomos.
Passamos o dia inteiro escutando a Rádio Mundial AM em um aparelho Transglobo que levamos conosco.  Acho que deveria pesar uns dois quilos. Quaramos no sol até que o último raio se escondesse nas montanhas dos Núcleo.  Atenção: aqui em São João, a forma correta é OS NÚCLEO, quando nos referimos ao Distrito Carlos Alves.  Portanto, nem pensem em corrigir, pois esta é a forma vernácula!

Pescamos lambari com alto grau de dificuldades, pois a água do córrego era tão rasa, mansa e límpida, que chegávamos a colocar a isca diretamente em suas bocas!
Corremos pelos pastos descalços e subimos colinas de cuecas pra fugir das vacas.  Fomos parar numa plantação de JOÁ, pulando que nem cabrito por causa dos espinhos.  E elas, as vacas, não estavam nem aí pra gente.
Pisamos numa cobra “perigosíssima” (cobra d’água) que estava na margem do riacho e, enquanto corríamos apavorados para um lado, a cobra, mais assustada ainda, corria pro outro.
Fizemos farofa com um torresmo “vencido” do Tio Gaby e comemos tudo com suco de limão.  Voltamos depois pra quarar no sol e, no outro dia, apareceu em meu rosto um monte de “perebas”.  Até na orelha tinha.  Fiquei um monstro...
(a arrastação continua)

Crônica e foto: Serjão Missiaggia

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

SER OU NÃO SER... ARISTOCRATA?


Chega o dia em que meu filho, finalmente (pois já está com sete anos), descobre a aristocracia.  Ele chega e pergunta:
- Pai, o que é uma baronesa?
Cientificando-me de que ele não está aprendendo nada sobre trens, explico que se trata da mulher do barão e, como sou muito chato, vou explicando, sem ele perguntar, a diferença entre barão, visconde, conde, marquês e duque.  E ele, que tem nome de rei, me pergunta:
- Mas por que é que esta gente tem que ter esses títulos todos?
- É para se diferenciarem do povão, ou da ralé como eles diziam.
Ele entende bem o espírito da coisa e conclui:
- Ah, sei: são os amigos do rei né? – e volta aos seus brinquedos.
Fico pensando.  Quando estudei Psicanálise, me lembro de uma frase de Lacan definindo essa questão: “interessar-se por sua singularidade, eis a chance da ARISTOCRACIA.”
Dessa forma, o aristocrata seria aquele que se eleva da multidão.  Aqueles jogadores com salários milionários seriam, então, uma espécie de aristocracia?
E os réus do Processo do Mensalão, serão aristocratas?  Ou foram? 
Para falar a VERDADE, eu não creio, nem na primeira, nem na segunda hipótese.  E explico: será que o jogador Adriano, uma vez conhecido como o Imperador de Roma, pode ser considerado um aristocrata?  Quando ele pega o seu carrão importado e se manda para a Vila Vintém pra comer aquele torresmin na laje, ele pode até ser considerado um democrata, mas está longe de ser um aristocrata.  Da mesma forma, a corja do mensalão também não pode ser considerada parte da aristocracia por um motivo muito simples: falta de respaldo do rei.  E o se o rei fala: eu não sabia o que vocês estavam fazendo na eleição passada (parece título de filme de horror), então danou-se, a aristocracia passou longe!
Aí vem a pergunta que não quer calar: e eu, um reles aposentado ou, como preferia o amado presidente FHC, um vagabundo remunerado pelo governo federal, serei um aristocrata?  A julgar pela quantidade de gente que tem vindo aqui em casa me pedir voto, eu diria SIM, mas... Será?
(continua)

Crônica: Jorge Marin
Foto: Ali Ozsobaci, disponível em http://browse.deviantart.com/photography/?qh=&section=&q=ARISTOCRACY#/d42doi8 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

CASOS CASAS & detalhes




Na semana passada, falamos do Dr. Glória e hoje vamos lembrar o irmão dele que, mais do que político honrado, é considerado herói e mártir: o Dr. Carlos Alves.  No dia 6 de setembro passado, completaram-se 159 anos de seu nascimento.  Num tempo em que é norma geral a decepção com os homens públicos, parece impensável uma obra tão grandiosa quanto a desse prefeito (à época chamava-se agente executivo): pode-se dizer que ele deu à nossa cidade o primeiro perfil de município, tal a quantidade de melhoramentos introduzidos.  Foi grande incentivador da produção agrícola, realizou, ainda no século XIX, as primeiras exposições agrícolas na cidade.  Arrecadou dinheiro para a construção do nosso primeiro Fórum (onde funciona a Escola Dr. Augusto Glória).  Criou nosso primeiro jornal, "O Município".  Após a Lei Áurea, criou uma associação para encaminhar os escravos recém libertos a empregos dignos.  Fundou também o núcleo que leva o seu nome, destinado a abrigar os primeiros imigrantes italianos que aqui chegaram.
Foi depois Senador Constituinte por Minas e, jovem ainda, aos 42 anos, tornou-se vítima da epidemia de febre amarela que assolava o município e que ele enfrentou de peito aberto, tratando os doentes e, por vezes, até enterrando pessoalmente os mortos.
A paisagem retratada aí em cima - da Avenida Dr. Carlos Alves - é uma lembrança que aqueles que serviram o Tiro de Guerra têm retida, para sempre, nas suas memórias.

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

DE SETE A SÓ-TENTA - Capítulo 2


No capítulo anterior, falávamos “daquele” ano de 1972.  Em São João, só havia uma televisão em cores, SÓ UMA, na Tipografia Rocha & Cia e, no dia de fevereiro, a inauguração da Festa da Uva, pelo presidente Médici, foi o maior espetáculo que já havíamos visto.  Ir para a Rua do Sarmento assistir TV em cores passou a ser um programa obrigatório.  Mas, como já vimos, havia outros, muitos outros...

CAMPAINHA da casa bate.  E o futuro ARRASTADO de nÚmero 02 me chama com o violão na mão:
-Serjão!  Olha a música que estou acabando de tirar!  É da faixa número dois do disco que acabei de comprar em Juiz de Fora.  Toma um banho rapidinho e vamos pra pracinha do Botafogo que as meninas já deverão ter chegado!  Depois a gente pode fazer uma serenata pra elas?  - perguntou ele.  E fizemos.
No outro dia, fui até a casa do amigo e futuro ARRASTADO de número 03.
Após tomarmos “aquele banho” de perfume Vitess, fomos pro Rubro Bar paquerar.  Como não havíamos pegado ninguém naquela noite (Se bem verdade, nem tentamos, pois o negócio era apenas ficar curtindo o conjunto), na volta, já de madrugada, passamos no Bar Central pra traçarmos um PF “durmidin da silva”.  E nem um arroto pra contar a historia!
Encontrei com meu amigo ARRASTADO 03 na rua.   
Combinamos ir domingo bem cedinho jogar uma pelada pra curar ressaca do sábado.  Pedi a ele que levasse alguns cigarros, pois os meus haviam acabado.  E assim foi.  Jogamos bola naquele sol escaldante até meio-dia. Depois, fumamos um cigarrinho, jogamos conversa fora e fomos almoçar. Quase sempre um saboroso prato (fundo) com arroz, feijão, um ou dois ovos cozidos, couve, batata doce, angu, linguiça, farinha de mandioca, carne de porco etc.  Em seguida, era somente cair na cama e acordar à noitinha.
Novamente me telefona o amigo FUTURO ARRASTADO de número 01” dizendo:
- Serjão! Pensando bem, por que não deixamos pra ir à roça semana que vem e vamos amanhã à torre?  O negócio é cavarmos alguns buracos naquela estrada pra encontrar ônix.  E foi o que aconteceu, ou seja, passamos o dia igual tatu fazendo buracos pra todo lado.  Enchemos uma sacola de ônix, bebemos água naquela mina, barganhamos o lanche, desmontamos acampamento e voltamos felizes da vida carregando nos ombros nossas enxadas, pás e picaretas.

Como se vê, além da TV em cores, da Transamazônica e do primeiro computador brasileiro, havia muita coisa para se fazer em 1972. 
(continua na semana que vem)

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto: Chauntizz-al, disponível em http://browse.deviantart.com/photography/?order=9&q=two+friends+camping&offset=48#/dxxkdb

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

CASOS CASAS & detalhes - ESPECIAL ANIVERSÁRIO




















RESOLVEMOS, FINALMENTE, MOSTRAR O MAPA!  Não o mapa do tesouro, mas o MAPA DA MINA, pois aqui, nessa casa tranquila, é que nascem as matérias do BLOG e, mais recentemente, as fotos que tanto emocionam nossos leitores.
Todos já devem ter visto o nosso fotógrafo Serjão buscando um olhar diferente sobre os locais da cidade, um ângulo não percebido, uma bela vista, que traga boas recordações, pois esse é o propósito do BLOG.
Só que, sem ele saber, um colega blogueiro, o Sylvio Bazote, do Blog http://historiasylvio.blogspot.com.br/ foi em São João para fotografar o que ele, corretamente, chamou de mapa da mina.
Hoje, aniversário do Serjão, prestamos essa homenagem para a única pessoa que, quando diz que não tem ódio no coração, eu acredito.  Parabéns, Serjão!  É uma honra tê-lo como parceiro.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

NOSSO INTERIOR: O SERJÃO ESTAVA ERRADO!


Segunda-feira passada, eu estava no cemitério municipal de Juiz de Fora, no velório de um amigo, quando comecei a perceber umas perguntas meio inquietantes: primeiro veio uma pessoa perguntando em qual capela estaria o corpo do moço assassinado com 12 tiros no Bairro Santo Antônio, depois uma outra senhora perguntando sobre o corpo da moça sequestrada.  Um dos presentes, conhecedor do caso, respondeu que, devido ao estado do corpo, não ocorreria velório, mas que o corpo do amante dela chegaria na capela número 3 ao meio-dia.
Meio assustado com aquela conversa, peguei um ônibus, mas não consegui chegar ao destino porque a polícia interrompeu o trânsito devido a uma ameaça de bomba na Avenida Getúlio Vargas.  Aí que eu entrei em pânico de vez.  E, embora isso seja uma crônica, tudo o que estou dizendo OCORREU MESMO, DE VERDADE, naquela segunda-feira fatídica.
Sem saber o que fazer, subi a Rua Halfeld e resolvi e ir a pé pra casa, MAS... duas gangues rivais, com uns trinta jovens mais ou menos, resolveram travar uma luta em pleno calçadão.  Corri para dentro de um daqueles prédios comerciais, pedi para ir para o último andar, saí do elevador, entrei na escada de incêndio, sentei num degrau da escada e fiquei lendo um mangá que havia comprado para o meu filho até a confusão passar.
Pensei: gente, o Serjão é que está certo, quando diz que não há nada como o NOSSO INTERIOR!  Cogitei mesmo chegar em casa e chamar a mulher:
- Vamo embora pra São João! Agora!
MAS, o mundo dá voltas: no dia seguinte, estamos, eu e meu filho, aguardando o ônibus para eu levá-lo para a escola.  O ônibus chega, um pouco atrasado e encosta.  Meu filho, com sua mochila de rodinhas, corre para ser o primeiro a entrar, mas o motorista, embora com a porta aberta não nos deixa entrar:
- Infelizmente, não posso deixar ninguém subir, só descer! – decreta ele.
Vendo que o ônibus está praticamente vazio, protestamos: por que? Por que?
E o motorista, meio envergonhado:
- É que não tem trocador...
Aí é que as pessoas se revoltaram de vez: como assim não tem trocador?  Não pode subir nem quem tem o cartão?
- Não, retruca o motorista, eu não teria como controlar a roleta e dirigir ao mesmo tempo.
Meu filho, que assistia a tudo passivamente, resolveu entrar (de forma brilhante) na conversa:
- Mas cadê o trocador, moço?
A resposta do motorista me animou a continuar em Juiz de Fora pois, se São João é interior, não sei o que é aqui.  O motorista, como uma pessoa flagrada em delito, confessa:
- Pois é, ali em cima na Rio Branco tem um banheiro pra nós.  E o danado do trocador resolveu usar.  Sabe como é né?  Aí, eu...
E parou.  Eu o quê, perguntamos todos juntos.
-EU ISQUICI ELE LÁ!
Gargalhada geral, chega um conhecido, pergunta pelo Botafogo, chega uma coleguinha do meu filho com o pai e chega outro ônibus.
- Pera aí, pai – diz o meu filho.
- Que foi, filho?
- Confere antes pra ver se tem trocador...

(Crônica: Jorge Marin)
Foto: Carroça estacionada na área azul, publicada no jornal Tribuna de Minas e disponível em http://www.tribunademinas.com.br/vida-urbana/carroca-estacionada-na-area-azul-da-marechal-1.1118722

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

CASOS CASAS & detalhes


Hoje resolvemos dar uma passadinha pela Praça do Botafogo e relembrar a paisagem que víamos e que, felizmente, ainda está lá.  Vendo aquele busto do Dr. Glória, lembramo-nos também daquele notável político que, embora a maioria das pessoas conheça apenas como o patrono do inesquecível Ginásio do Largo da Matriz, foi uma das figuras mais marcantes da história sanjoanense, juntamente com o seu irmão mais velho, o Dr. Carlos Alves.  Este mês de setembro marca o 64º aniversário da morte do eminente Augusto Glória Ferreira Alves, famoso por ter conseguido implantar, quando prefeito (chamava-se Agente Executivo na época) o mais perfeito e completo saneamento realizado na cidade.  Contam que esse político e médico era tão cioso de suas responsabilidades que não admitia sequer uma casca de banana nas ruas da cidade, exemplo a ser seguido por todos nós, sejamos cidadãos, administradores ou visitantes.

Fotos: Serjão Missiaggia
Texto: Jorge Marin

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL