Hoje se
vê muita gente falando que adora a natureza, gosta de liberdade, esses
comerciais de carros que passam e coisa e tal.
Mas o que se observa, na realidade, é um bando de pessoas alugando um
sítio no fim de semana, fazendo churrascão, tomando todas e apagando até a hora
de voltar pra casa.
No
século passado, a coisa era bem diferente: saíamos com nossas mochilas,
levávamos – e dividíamos – nossos lanches, andávamos no mato, tomávamos banho
de cachoeira e, quer saber, achávamos tudo isso o maior barato!
E POR
FALAR NISSO...
Certa
vez, numa dessas idas à roça, chegamos a cochilar sentados dentro de um riacho à
sombra de uma jabuticabeira. Muitas
folhas e um grande acúmulo de água ficaram represados rio acima, onde se
encontrava sentado o meu vitaminado amigo. Formou-se uma represa de dar inveja a muita
Itaipu. Eu, enquanto isso, sentado um
pouco abaixo, cochilava tranquilamente escutando o barulho das águas, o vento
nas folhas e o cantar dos pássaros. Sem
prévio aviso. meu amigo se levantou E... fui arrastado a quase vinte metros de distância
até estacionar dentro de uma plantação de arroz! Uma incrível avalanche de galhos, restos de
jabuticaba passou detonando tudo que estava pela frente. Acordei de pernas pro alto com folhas e barro
da cabeça aos pés. Verdadeiro monstro da folhagem. Isso pra não falar que fiquei quase pelado de
tanto arrastar o calção no leito do riacho. Além da bunda ralada.
Encontrei
com meu amigo das bicicletas e “Futuro Arrastado” de número 5 (que não era o
Paulinho Já Vai Ali). Convidou-me pra ir
a Rio Novo de bicicleta. E fomos.
Saímos
por volta de onze horas SEM ALMOÇO E SEM UM TOSTÃO NO BOLSO. Também sob um sol
escaldante, depois de duas horas SEM DESCANSAR UM MINUTO SEQUER, chegamos ao
centro de Rio Novo. Tomamos água morna da torneira em um boteco e, após darmos uma
volta na praça, voltamos. No meio
caminho, fiquei bastante tonto e fui salvo ao resolver parar numa fazenda e
chupar alguns gomos de cana. Era Glicose
pura fornecida ao organismo. À noite, já
estávamos no Bar do Bode tomando aquele Gim com Tônica.
Mais
tarde, combinei com meu Amigo futuro “Arrastado” de número 1 de vir aqui em
casa no outro dia, para que pudéssemos acabar de compor uma hilariante e folclórica
música que já havíamos começado. Risadas de perder o fôlego nos levavam por várias
vezes a adiar o fim da composição. Era
um verdadeiro vasodilatador, que servia para desobstrução das vias áreas
superiores e para afugentar o estresse. Com
muito esforço, meses depois, conseguiríamos enfim terminar a tal canção.
Na
semana que vem, vamos largá mão do passado, e dar um pulim de volta ao século
21.
Crônica:
Serjão Missiaggia
Foto: disponível no site http://www.lakegeorgeescape.com/things-to-do/on-site-activities/
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