Na semana
passada, deixamos no ar a pergunta: PARA QUE SERVE, OU QUAL A APLICABILIDADE DA
ARISTOCRACIA NO MUNDO MODERNO?
E,
justamente aqui, nessa pergunta crucial, é que vai ficar bem explícito o
conceito de Aristocracia.
Duas
qualidades são essenciais nos tempos atuais: utilidade e justificativa. Dessa forma, as perguntas que fazemos,
SEMPRE, quando nos é apresentado qualquer produto, ou até mesmo uma pessoa,
são: PRA QUE SERVE? e POR QUE É QUE FUNCIONA ASSIM?
Pois
bem, a Aristocracia NÃO tem utilidade NENHUMA, assim como, voltando ao Fernando
Pessoa, a Poesia também não tem! Ao comparar
seus versos à tabuleta da Tabacaria, afirmava: “sempre uma coisa defronte da
outra, sempre uma coisa tão inútil como a outra, sempre o impossível tão
estúpido como o real.”
A
preocupação com a “utilidade” das coisas já vem de longa data, a ponto de Jesus
Cristo ter que chamar a atenção dos utilitaristas: “olhai para os lírios do
campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam.” Com certeza, o Mestre era um Aristocrata.
A
segunda praga do convívio social atual é a “justificativa”: por que é que a
Aristocracia funciona desse jeito? Como
quem diz: se você me explicar porque funciona assim ou assado, eu também vou
ser um aristocrata. Hoje, por exemplo,
um assunto “seriíssimo” pipocou em todas as mídias: uma garota brasileira
resolveu leiloar a virgindade na Internet.
Pelo menos, uma dezena de emissoras de TV dedicou seu horário
vespertino, com direito a psicólogos de plantão, para dizer os porquês: por que
ela vai leiloar? Por que os pais
deixaram? Por que alguém vai comprar? Quantos aristocratas estiveram assistindo a
essa eclética programação? Zero! Poderiam estar até assistindo àqueles leilões
de tapetes persas, mas a esse bafafá, nenhum, com certeza! Eu, por exemplo, sei, porque me contaram na
padaria.
Finalmente,
seria o Aristocrata um chato? Acompanhem
as suposições, supondo que eu seja mesmo um Aristocrata.
Sabem
aquela festinha animada de família, com direito a churrasquinho, cerveja gelada,
um primo tocando cavaquinho e um sambinha maneiro? Irresistível, não é? Pois eu, Aristocrata, tô fora!
E
aquela viagem tão sonhada, no feriadão, para a praia, com uns amigos, e a
família dos amigos, e os filhos dos amigos, e os sogros (e sogras) dos amigos,
para tomar todas e dar aquela esticada legal no sol para bronzear? De jeito nenhum!!!
E
aquele carnavalzão na Bahia, pra ver Ivete?
Nem que me paguem!
Finalmente,
e a participação política? Afinal, deve
haver algum candidato honesto, bem intencionado, que mereça o seu voto e vamos
aprender a votar e outras coisas do gênero?
Fui... digitei 99.
Aristocrata
não premedita: age. Não planeja: curte. Não toma cafezin todo dia, na Rua Halfeld, ou
no Bar Central: poupa dez anos e, num belo dia, vai comer um pão com chouriço,
caldo verde e arroz doce na Merendeira, às 3 horas da manhã, na beira do Tejo
em Lisboa. É muito fixe!
Crônica:
Jorge Marin
Foto: Disponível em http://sabores.sapo.pt/noticia/faz-figura-com-nova-ementa-estival
Foto: Disponível em http://sabores.sapo.pt/noticia/faz-figura-com-nova-ementa-estival
Jorge,
ResponderExcluirDeixando de lado a origem primordial da palavra,onde predomina privilégios, monopólios etc,e levando em conta seus outros significados, seria muito bom se todos nós fôssemos aristocratas, pois nos distinguiríamos pelo saber, pelo requinte e educação. E isto é muito bom, não é?
Um abraço, nobre Jorge.
Mika,
ExcluirCom certeza, você É uma Aristocrata!
Por tudo que foi explicado, sou um aristocrata e não sabia!
ResponderExcluirÊta vida cheia de surpresas e detalhes que não percebemos...
E você, Sylvio, é o melhor tipo de Aristocrata que existe: cru, psicanalisado e radical (no sentido de raiz). Se encontrássemos o Luiz XIV, poderíamos nos abraçar e dizer: É NÓIS!
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