quarta-feira, 12 de setembro de 2012

SER OU NÃO SER... ARISTOCRATA?


Chega o dia em que meu filho, finalmente (pois já está com sete anos), descobre a aristocracia.  Ele chega e pergunta:
- Pai, o que é uma baronesa?
Cientificando-me de que ele não está aprendendo nada sobre trens, explico que se trata da mulher do barão e, como sou muito chato, vou explicando, sem ele perguntar, a diferença entre barão, visconde, conde, marquês e duque.  E ele, que tem nome de rei, me pergunta:
- Mas por que é que esta gente tem que ter esses títulos todos?
- É para se diferenciarem do povão, ou da ralé como eles diziam.
Ele entende bem o espírito da coisa e conclui:
- Ah, sei: são os amigos do rei né? – e volta aos seus brinquedos.
Fico pensando.  Quando estudei Psicanálise, me lembro de uma frase de Lacan definindo essa questão: “interessar-se por sua singularidade, eis a chance da ARISTOCRACIA.”
Dessa forma, o aristocrata seria aquele que se eleva da multidão.  Aqueles jogadores com salários milionários seriam, então, uma espécie de aristocracia?
E os réus do Processo do Mensalão, serão aristocratas?  Ou foram? 
Para falar a VERDADE, eu não creio, nem na primeira, nem na segunda hipótese.  E explico: será que o jogador Adriano, uma vez conhecido como o Imperador de Roma, pode ser considerado um aristocrata?  Quando ele pega o seu carrão importado e se manda para a Vila Vintém pra comer aquele torresmin na laje, ele pode até ser considerado um democrata, mas está longe de ser um aristocrata.  Da mesma forma, a corja do mensalão também não pode ser considerada parte da aristocracia por um motivo muito simples: falta de respaldo do rei.  E o se o rei fala: eu não sabia o que vocês estavam fazendo na eleição passada (parece título de filme de horror), então danou-se, a aristocracia passou longe!
Aí vem a pergunta que não quer calar: e eu, um reles aposentado ou, como preferia o amado presidente FHC, um vagabundo remunerado pelo governo federal, serei um aristocrata?  A julgar pela quantidade de gente que tem vindo aqui em casa me pedir voto, eu diria SIM, mas... Será?
(continua)

Crônica: Jorge Marin
Foto: Ali Ozsobaci, disponível em http://browse.deviantart.com/photography/?qh=&section=&q=ARISTOCRACY#/d42doi8 

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