sexta-feira, 29 de outubro de 2010

PRÓXIMO DISTANTE

(Digital art por Ella Shartiel)

Com certeza, o telefone celular veio, em muito, aproximar aqueles que estão longe, mas estaria eu mentindo se omitisse não achar também que, em certas ocasiões, veio a distanciar aqueles que estão próximos.
Pra começo de conversa, o celular não é, na verdade, um telefone, mas um rádio. Vamos combinar que é um rádio extremamente sofisticado, mas não passa de um rádio. Ambos, telefone e rádio, foram inventados no final do século XIX, por Graham Bell em 1876, e por Tesla em 1880. Na escola, aprendemos que o inventor do rádio foi Marconi, mas este foi quem apresentou oficialmente a invenção em 1894). Como se vê, demorou um pouco, para que as tecnologias se misturassem, gerando o nosso corriqueiro celular.
E não é que eu tenha alguma coisa contra esta revolução tecnológica tão útil, mas... é desagradável depararmos com um grande amigo, que não vemos há anos, e sermos privados de um simples aceno. Possivelmente, um bate-papo, com alguém que poderia até mesmo estar do outro lado do planeta, nos colocaria também, naquele momento, a centenas de quilômetros um do outro. Já observaram que, de uns tempos para cá, aqueles que se encontram próximos, ficaram relegados ao segundo plano?

Dia desses, entrei com certa pressa no açougue. Coincidentemente, nesta hora, encontravam-se no recinto, apenas eu e um balconista. Após fazer meu pedido, não deu outra: tocou o celular do referido atendente. Pra variar, tive que ficar, mais ou menos, cinco minutos em silêncio, esperando apenas que o tal sujeito terminasse sua conversa no celular. Digo calado porque, do contrário, só me restaria ficar conversando com aquele montão de carne. Haja paciência nestas horas! Um pouquinho a mais e o açougue teria perdido um freguês.

Não tardará o dia em que teremos que fazer uma chamada, para conversar com amigos que se encontram do outro lado da rua. Por sinal, coisa parecida veio a acontecer justamente com um de meus irmãos. Tudo teria ocorrido após frustradas tentativas de se chegar à mesa de um estabelecimento bancário para conversar com o gerente. Na verdade, o que realmente acontecia era que, sempre que ele se aproximava e ia chegando sua vez, era interrompido por diversas ligações que o tal gerente recebia. Cansado então, das inúmeras e frustradas tentativas de se aproximar, e após conseguir o número do celular da referida pessoa, posicionou-se na poltrona que ficava bem em frente à mesa do concorrido gerente e, antes que chegasse sua vez, foi logo telefonando. O episódio, que transcorreu como uma brincadeira entre amigos, que se conheciam há tempos, ilustra bem a concorrência entre a demanda pessoal, ao vivo, e as demandas via celular. Para se ter uma ideia da disparidade, basta voltar ao conceito inicial de que o celular é um rádio. Pois bem, se fosse um walkie-talkie, ele teria um único canal; se fosse um rádio faixa do cidadão, teria 40 canais, mas um celular simples pode se comunicar em quase 1.700 canais.

Até em videogame e máquina fotográfica, esta invenção sedutora foi transformada. Além de armazenar contatos, listar tarefas, agendar compromissos, gravar lembretes, fazer cálculos matemáticos, enviar e receber e-mails, acessar a Internet nos mais variados canais, mandar torpedos, além de interagir com outros badulaques, do tipo PDAs, MP3 players e receptores de GPS. Ufa, com tudo isto, é muito comum encontrarmos com adolescentes flutuando pela rua, caminhando de olhar grudado na telinha. Já vi gente caindo em buraco, trombando em poste e até mesmo entrando em um orelhão. A alienação é total! Verdadeiras cascas ambulantes, desfilando pelas ruas, enquanto suas consciências vão viajando pelo ar.

NA PRÓXIMA SEMANA: o celular e as situações constrangedoras, na missa, no trânsito e até no velório. Tudo em 3G, TDMA, CDMA e GSM, seja lá o que for isso. Aguardem, porque o desconhecimento é nóis, sem fronteiras.

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

FILMES QUE EU NÃO VI NO CINE BRASIL


Fui assistir Tropa de Elite 2 meio ressabiado: todo mundo fala de nazismo, violência excessiva e até mesmo um enfoque meio rambolesco para o herói Capitão Nascimento. Mas não é o que ocorre: após passar pelo tiroteio, percebo que, mais do que a taquicardia gerada pela ação, fica um nó na garganta, ou uma dor no estômago. Assim como acontece após levarmos uma bolada, ou um soco.
Acuados pela ameaça do crime iminente, e pela lama da corrupção generalizada (ainda mais agora, jogada pelos programas eleitorais, em nossos ventiladores), vamos nos tornando um bando de batmans enrustidos. Muitas vezes, alguém, em desespero, clama pela volta do regime militar, outros defendem a pena de morte. O fato é que adoramos estes programas sensacionalistas, em que um jornalista defende a lógica do BOPE de que “bandido bom é bandido morto”.
Mas, fazer o quê, somos pessoas de bem, e é dessa característica positiva nossa, que os perversos de toda ordem se aproveitam, para se infiltrar no tecido social, com um apetite jamais visto. Mas, no filme, podemos pegar carona no helicóptero do agora Tenente-Coronel Nascimento, e descarregar toda nossa fúria, e nossa metralhadora cheia de mágoas, no lombo dos supostos responsáveis pelos males de nossa sociedade.
Podemos acusar o Coronel Nascimento de ter um pensamento muito primário, com uma visão maniqueísta do mundo (do tipo nós somos do bem e eles do mal). Mas, se os próprios candidatos à Presidência da República agem desta forma, por que não um herói, ainda mais fictício? Desta vez, o diretor José Padilha, com o roteirista Bráulio Mantovani, constroem um personagem complexo, com qualidades e defeitos bem humanos e imprevisíveis. Nascimento não só explode em fúria como de costume, mas também vacila, ora segura o choro, ora chora e até reconhece sua burrice. Tem um código de ética e um sentimento moral únicos, vividos com um peso e uma dor tão intensos por Wagner Moura, que acreditamos realmente que o personagem envelheceu dez anos. Diferentemente do que ocorre na maioria dos filmes, a narração em off, feita pelo sombrio coronel, funciona muito bem, permitindo que viajemos pelos seus pensamentos radicais e primários, até que estes se confundam com os nossos próprios.
Ao contrário de nós, o Coronel Nascimento não apenas acredita na via da violência para solucionar o problema do crime organizado, como não hesita em utilizá-la até a morte do último marginal. O seu oposto no filme (e, para detonar o policial, marido de sua ex-mulher) é o ativista de direitos humanos, Fraga, muito bem interpretado por Irandhir Santos, que chega a arriscar a própria vida na cena inicial do filme, uma rebelião no presídio de Bangu 1. Os dois homens têm em comum, tanto a família, como a mesma visão idealista em relação ao combate ao crime, embora em direções opostas. Como vai se observar no final, ambos quebram a cara e percebem como a realidade pode ser mais cruel do que qualquer ideologia.
A citada rebelião no presídio, comandada pelo criminoso Beirada, vivido magistralmente pelo Seu Jorge, é o ponto de partida de toda a história, pois gera a exoneração do Coronel, mas, ao mesmo tempo, o transforma em herói perante a opinião pública, o que obriga o governador a nomeá-lo para o Serviço de Inteligência, dentro da Secretaria de Segurança Pública, de onde Nascimento mexe os pauzinhos para fortalecer o BOPE como nunca. Há um resultado esperado, a diminuição do crime organizado; e um resultado imprevisto, a formação de milícias pelo que foi chamado, na vida real, de banda podre da polícia.
Aos protagonistas, juntam-se personagens fictícios, mas totalmente verossímeis em nosso dia a dia: um governador preocupado apenas com sua reeleição, um secretário de governo que se promove às custas da máquina estadual e um apresentador de TV, que passa do popularesco dramático ao cômico (André Mattos, vivendo o apresentador e deputado corrupto Fortunato).
Esta sequência de Tropa de Elite é menos violenta do que a primeira em um aspecto, que é o da batalha corpo a corpo entre os bandidos e os “caveiras”. No entanto, quanto mais se eleva a percepção da corrupção, do morro para a cidade, e daí para o país, o que se tem é a violência real, de um sistema corrupto, assistido por um bando de expectadores que, tanto no filme como na vida real, nada fazemos.
Fica uma certeza: nossa crise ética e moral não será resolvida, nem por policiais assassinos, nem por ativistas de direitos humanos. Se os políticos, nos quais votamos nas últimas eleições, conseguirem chegar ao final de seus mandatos ainda com a “ficha limpa” pode ser um bom começo. Mas, será que alguém acredita nisto?
Pelo menos, o Coronel Nascimento, e os bandidos que ele persegue, a gente sabe de que lado estão.

(Crítica: Jorge Marin)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

DR. BICHEIRÓLOGO



Capítulo Final - Na cabeça!

A Bicheirologia tem se revelado um campo promissor e absolutamente fantástico. Confesso que eu mesmo não acreditava muito nesta história de palpites, mas, para terem uma ideia, fatos estranhos começaram a acontecer depois que começamos a publicar estes posts aqui no blog. No domingo, recebemos um e-mail de um leitor agradecido, pois aproveitou aquele final do capítulo de sexta-feira passada e jogou no veado (conforme diagnosticado pelo Dr. Froide) e também no peru (por motivos que talvez Freud explicasse) e, para sua surpresa (e nossa), o passe veio, na cabeça, na Loteria Federal do sábado, dia 16, ou seja, no dia seguinte à publicação da crônica. Mas o leitor, não satisfeito, pegou o valor ganho e apostou, de novo, na quarta-feira, dia 20, usando a outra dica do Dr. Froide (de que daria urso) e aproveitando ainda a ideia do brutamontes (jogou no elefante). E, adivinhem: deu, exatamente, elefante e urso na cabeça. Talvez iniciemos até um blog específico para a Bicheirologia, quem sabe?
Mas, voltando à famosa banca, o valentão, indignado pelo diagnóstico de veado, bracejava furioso, ameaçando adentrar pela barraca e já com a ponta do dedo no nariz do Dr. Froide.
O bicheirólogo, num belo jogo de cintura, foi logo se desculpando e retificou:
- Ô gente boa, não me leve a mal, mas... de uns dias para cá, tem dado tanto veado, que me perdi!!! Veado é um bicho que dá muito, sabe?
O que muito pouca gente ficou sabendo, é que, mesmo depois de quase apanhar, e após o tal sujeito ir embora, Froide fez uma fezinha e ainda faturou cento e cinquenta reais. E não é que deu Jacaré com Veado na cabeça?

Numa tarde, enquanto conversava com o Doutor, eis que, de repente, me surge na praça, o velho amigo botafoguense e vizinho Mota Soares. De imediato, foi logo dizendo que havia telefonado para a viúva do Tonico, e que sua intenção era dizer a ela que havia sonhado com seu falecido marido. (Tudo isso na justificativa de que iria acender uma vela em sua memória) Com esta descarada desculpa, perguntou se acaso ela não se lembrava de qual era o número da placa daquela que foi sua inseparável camionete. E se, porventura, não se lembrasse, serviria também a data do aniversário do falecido, ou mesmo do falecimento. Se, de tudo, nada fosse possível, o número do túmulo serviria também... E como! (E era exatamente aí que ele queria chegar!) Bem! O resto creio que, todos imaginam!!!!

Certa vez, ao consultar-me com o Dr. Froide, disse-lhe que, ao abrir a porta da oficina, havia me deparado com um gato. Uma consulta simples e óbvia, pensei!
Mas... Qual foi minha inesperada surpresa?
Froide começou a questionar-me, querendo saber: se o gato havia ficado parado, se havia corrido, se pulou em cima de mim, ou mesmo se havia demonstrado estar assustado ou não. Isto pra não falar de um tremendo interrogatório que, repentinamente, começou a fazer, no intuito de analisar quais seriam as melhores opções e possibilidades que eu teria naquele momento, ou seja: Passe, Centena, Passe Duplo, Milhar, Centena e Milhar Invertida, Milhar ao Quinto, Milhar ao Quinto Invertido, Duque de não seio o que, Terno de não sei da onde e por aí foi e não parava mais.

- Deixa prá lá, Froide! É mais fácil esperar amanhã e ver que bicho vai dar!
E fui saindo sorrateiramente.

Termino aqui esta confusa croniqueta. Provavelmente, após o término da mesma, muitos outros casos terão sido ouvidos. Quando puder repassarei pra vocês.
Este é apenas um pedacinho de meu Brasil brasileiro que, em meio a tantos contrastes e desigualdades, ainda possui: “o mais feliz povo deste planeta”.

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

OS ADOLESCENTES QUE ÉRAMOS

(Digital art: Samantha Eddleston)

Na adolescência, vivíamos a ciência da biologia em estado pleno, ou a saliência da antropologia em estrado plano. Não nos assustávamos com o clero nem com as sombras das casernas. Não carregávamos peso nenhum, a não ser nossos corações que, bombas atímicas, pulsavam ferozes, velozes, regidos pela lei da paixão.
Tínhamos asas completas que nos levavam em qualquer lugar, e nossas bocas, ávidas de beijos, cantavam, gritavam e bebiam. Quem nos visse na rua, de madrugada, não imaginava a importância dos rituais das noites de sábado. Quem ouvisse nossas conversas atravessadas de risos e xingamentos, jamais diria que seríamos pais, avós ou funcionários públicos.
Os romances eram sempre definitivos; as dores, irrecuperáveis; e os prazeres, manipulados para significar uma intensidade que queríamos fantástica, absurda, incomparável. O rock, onipresente, era uma desculpa esfarrapada, assim como os jeans, para matar aula, chupar bala, chapar cuca, quebra regras.
Naqueles tempos de Pink Floyd, os chicletes grudavam nas palavras, as chuvas não molhavam e nem usávamos guarda-chuvas ou sombrinhas. A Matemática era incompreensível e os poetas, guerrilheiros. Não sabíamos falar inglês, rezar a Salve Rainha, nem jogar gamão.
Ah, mas amar, sabíamos bem! Apaixonávamos a cada momento, os pensamentos escureciam, o coração mandava e, indestrutíveis super-homens e supermoças, mergulhávamos na cratera do vulcão, no olho do furacão, na doce ilusão de ser feliz para sempre.
Quantas bravatas, quantas serenatas, risos, rosas e carnavais. Na multidão, éramos únicos; nas procissões, tímidos; e nas exposições, bêbados. Os nossos heróis morriam de excesso de sonho, os nosso amigos eram temidos pelos amigos dos nossos inimigos, e bandidos só existiam nas telas dos durangos kids, james bondes e outros xerifes.
Era um tempo de almas claras e esperançosas, falava-se em aquarius, cenários e woodstocks. As roupas eram toscas, leves e diáfanas. A moda era vestir o que se queria, falar o que se pensava, e sonhar sempre e sempre. Nunca tínhamos fome, nem sentíamos saudade e chegávamos, pasmem, a burlar a própria lei da gravidade.
Nossos ombros nus jamais carregavam planetas; nossos planos projetavam comunidades, violões, canções de amor e danças por noites e dias. Havia algumas certezas, claras, transparentes: não queríamos viver como nossos pais; não desejávamos a guerra, seja lá o que isso fosse, e o trabalho seria, no máximo, em algum palco, ou numa praia, ou fazenda do planeta Krypton.
Viajávamos com Jethro Tull, Genesis e Mike Oldfield. Nossos quartos eram repletos de vinis, gibis e pôsteres de marylins. Não arrumávamos as camas, não penteávamos os cabelos e recusávamos a decorar a tabela periódica dos elementos. Vivíamos como se fosse só hoje, não dormíamos em momento algum e gastávamos todo o dinheiro que chegasse às nossas mãos.
E éramos felizes, e éramos dourados. Nada ou ninguém nos interessava, se não fizesse parte do nosso mundo, do nosso universo paralelo, dos nossos versos parafrásicos, da nossa lógica parafrênica.
O curioso é que, embora alguns tenham ido, muitos de nós permanecemos e, apesar de termos feito tudo o que fizemos, e vivermos como nossos pais, não somos mais os mesmos: adotamos, finalmente, a lei da gravidade; carregamos alguns habitantes do planeta nos ombros; e assombramos os mais jovens com a dureza de algumas certezas descabidas.
Se algum salmo nos diz que somos deuses, sabemos que não é verdade. Começamos, de repente, a sentir saudade; a sorrir para a vida, e a amar as flores.

(Texto-poesia: Jorge Marin)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

DOUTOR BICHEIRÓLOGO



Na semana passada, aposto que vocês se lembram do sonho trazido por um apostador ao “gabinete” zoológico: um defunto empurrava o próprio caixão. Da forma como os aposentados são tratados no Brasil, pode até ser uma profecia, quem sabe?
Mas, o bicheirólogo permanecia calmo, e em absoluto silêncio. E agora, explica essa, Froide! Quero ver como ele sai dessa... pensava eu!
Por coincidência, neste dia, o movimento estava bem grande. Um carro, que havia derrubado uma árvore na esquina dos correios, fez, naquele dia, dezenas de pessoas, ao mesmo tempo, se dirigirem à banca. Sabem como é... a placa do tal veiculo prometia muito!!!!
Mas, voltando ao sonho do senhor Jeremias, confesso nunca ter visto o “doutor” suar tanto. Escorria na testa, em grande quantidade...
Ante uma pausa, para o Dr. Froide vender algumas balas, aproveitei a oportunidade e fui rapidinho fechar a porta da oficina. Já havia passado das seis horas. Voltei mais que depressa, pois jamais sairia dali, sem escutar o final da história.
Pior foi quando foi acrescentado à narrativa, a informação de que um bicho chifrudo, com tromba de elefante, havia também empurrado o caixão, bem em frente à porta do cemitério?
Silêncio geral!!! Olhares interpretativos no ar!
Nesta hora, Froide coçou a cabeça, consultou alguns livros, enxugou pingos de suor na testa e fez algumas anotações. A seguir, dando uma leve acomodada no banquinho, coçou novamente a testa, e continuou sua minuciosa análise, sempre procurando manter as aparências. Parecia sempre muito sereno e não deixava cair sua peteca. Muito menos a pose.
Menos mal, pensei. Parece que logo-logo achará o fio da meada e, em breve, sairá a tão esperada receita... digo: palpite!
Mas, para complicar mais ainda a já complicada análise, o tal Jeremias lembrou-se de que o referido animal ainda era listrado. E, ainda mais terrível, de vermelho e preto. Seria um flamenguista incubado? Se o fato tivesse acontecido hoje, poderia ser uma alusão ao Léo Moura. Mas, e a tromba? Melhor nem perguntar!
- Aí também não, Sr Jeremias! O senhor tá querendo é me confundir! - retrucou, discretamente, o compenetrado Dr. Froide, após fazer algumas anotações e dar outra olhadinha num pedaço de livro velho, que estava na prateleira.
- Sonhando colorido, hein Sr Jeremias?... Pode ser pavão na cabeça!... - resmungou o próximo da fila!
- Que nada! Esta confusão tá me cheirando Camelo com Porco!... - falou um outro entendido, que estava sentado no banco ao lado.
- Nada haver! - rebateu Froide. Não vamos nos precipitar!
Enquanto isso, uma senhora, que havia narrado, dias antes, ter sonhado com um urubu branco, já meio impaciente com a demora, fez a seguinte sugestão: pediu que, face às inúmeras dúvidas, o Sr. Jeremias fosse pra casa, sonhasse novamente e voltasse com a coisa mais detalhada. (Pode um negócio desse?)
Foi aí que meu amigo Froide, após pendurar o lápis na orelha e dar outra ajeitada no banquinho, começou a soltar o seu tão esperado veredicto.
Ante um silêncio funesto, e para decepção de todos, disse que tudo aquilo, simplesmente, prenunciava Urso na cabeça. A dezena, eu indico 91, a centena 691 e a milhar 4691. Òóóóóóóó!!!!!!!
- Pipocou´, né Doutor?... Tem muito mais coisa aí! - gritou um paciente, digo... freguês que, por sinal, estava sentado na beirada do canteiro, esperando por sua vez.
Foi neste momento, que Reimundo, após se levantar, começou a dar sua científica justificativa:
- Desculpem-me, pessoal! Mas... Nenhum ser mortal conseguiria passar para o papel tal interpretação!... Muito menos eu!... Que venha o próximo! (Decepção geral)

Numa outra vez, quase que derrubaram a barraca do bicheirólogo.
Foi assim: um sujeito parrudo, um tanto ignorante, narrou ter sonhado que estava num lago, que este lago era raso e que havia três peixes no seu interior.
O paciente, digo, o apostador, continuou contando que, em seu sonho, ele se encontrava dentro do referido lago, e que ficava a bater com um pedaço de pau, brutalmente, naqueles peixes. De repente, um dos peixes saiu da água em forma de mulher. O sujeito tentava, então, de todas as formas abraçá-la, mas era impossível, pois a “sereia” escorregava e fugia a todo instante de seu corpo.
Foi nesta hora que quase se estrepou o pobre Froide. Na sua infeliz conclusão, diagnosticou que daria Jacaré e Veado, na cabeça.
- Tudo bem, Doutor! - disse o brutamontes, já meio ressabiado. Peixe pra jacaré tem sentido, mas... de onde surgiu esse veado????
Froide congelou. Já ouvimos muitas vezes a expressão “quebrar a banca”. Era o que estava para acontecer. Só que, aqui, de uma forma consciente e concreta.
NÃO PERCAM, na próxima semana, o final desta empolgante narrativa: como se sairá o notável Dr. Froide, ameaçado na cabeça, e cercado do primeiro ao quinto, pelos oito, e, quem sabe, até pelos doze?

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

AOS MESTRES, COM CARINHO



Caminhando pelas ruas vazias de Juiz de Fora, passo em frente a um telão, onde são transmitidas imagens do cenário nacional: o candidato à Presidência da República José Serra beija a imagem de Nossa Senhora Aparecida, enquanto Dilma Roussef abraça e beija um grupo de criancinhas em Brasília. Tudo isto me causa um certo mal-estar, mas percebo que política é mesmo um assunto para quem tem estômago forte.
Nossa Senhora Aparecida me lembra meu primeiro dia de aula no Ginásio do Sô Bi, quando fui abordado por uma senhora, de cabelos brancos, que me entregou uma pequena imagem daquela santa, e disse para mantê-la durante minha vida escolar, para que eu tivesse sucesso. Posso dizer, com certeza, que a santa foi uma das responsáveis pelo meu sucesso escolar. Mas, intercedendo aqui na Terra, não posso esquecer jamais as professoras, e os professores, que me conduziram no processo de aprendizagem.
É curioso que, muitas vezes, adolescentes, ríamos quando nos falavam da importância das professoras, principalmente das primárias. Hoje, no entanto, passados quase cinquenta anos do momento em que entrei, pela primeira vez, no Grupo Escolar Dona Judite Mendonça, digito aqui, como se estivesse preenchendo a minha antiga ficha escolar, o nome Renée Henriques Cruz, minha primeira professora.
Enérgica, ensinava, com segurança, uma turma de marmanjos, na qual fui parar por ter iniciado minha vida escolar diretamente no segundo ano. Com o passar do tempo, fui, com as primeiras avaliações, transferido para a classe de Dona Maria Ângela Ayupe Rezende Itaborahy (êta nome difícil de escrever pela primeira vez!).
Fiquei triste, porque Dona Renê tinha uma personalidade muito parecida com a minha mãe, o que me fazia sentir em casa. Mas, por outro lado, o contato com Dona Maria Ângela era uma experiência fascinante: primeiro, porque ela era muito bonita e muito chique; depois, porque alguns vizinhos eram da mesma turma. Dona Maria Ângela era um protótipo das mulheres atuais: ativa, independente, moderna e inteligente. E, para nossa sorte, foi também nossa professora no terceiro ano.
No quarto ano, Dona Maria Martha Pereira Camilo era uma mistura das minhas duas primeiras professoras: combinava disciplina com perfeição. Isto é, cobrava-nos trabalhos bem feitos e limpos e, ao mesmo tempo, hoje vejo que para nosso bem, uma postura ética e atitudes corretas.
No Ginásio do Sr. Ubi, tive a felicidade e a ventura (ou graça daquela Nossa Senhora Aparecida?), de ter mestres fantásticos. Primeiramente, a genialidade de Maria da Glória de Lima Torres, a Dona Glorinha, que, além de ser a responsável pela correção dos meus textos, foi minha primeira diretora de teatro. Outra personalidade inesquecível era a Dona Rizza Lamah, inteligentíssima, irônica e elétrica, deixava-nos atordoados com sua energia e rapidez de raciocínio.
Se Dona Rizza era pilhada, a paz e a calma vinham com Dona Cinila Valente dos Reis, que transformava a aula de Português num exercício estético, pois primava pela boa apresentação dos trabalhos e, coisa inexistente hoje, pelo discurso correto. Ainda no Ginásio, recordo, com admiração, do Professor Biel que, jovem ainda, nos deixou para lecionar Inglês no céu, e da inesquecível Dona Yveta que, com suas terríveis arguições, conseguia, a um só tempo, nos introduzir à ansiedade e à História do Brasil e do Mundo.
Naturalmente, tivemos também excelentes professores no Segundo Grau, mas é interessante como a lembrança dos mestres do ensino fundamental continua vívida em nossos corações e mentes.
Finalmente, de uma forma especial, a lembrança do nosso saudoso Ubi Barroso Silva, misto de professor, diretor, pai, educador e exemplo de vida. Como era o sentimento dominante naqueles “anos de chumbo”, confesso que sentíamos medo do Sôbi. Mas, estranhamente, era um medo bom: não era o medo de uma pessoa que poderia nos fazer mal, mas, pelo contrário, era o medo de ultrapassar um limite que não conhecíamos bem, mas o Sôbi conhecia. Ele sempre nos dizia que não “achava” nada (porque, segundo ele, “tinha um amigo que achou e não acharam mais ele”). E não achava mesmo, ele tinha certeza do caminho melhor, e da forma mais branda de nos transformar em cidadãos.
E cá estamos, cidadãos de um mundo globalizado, bombardeados pela torrente de informações que nos chegam a cada minuto. Cibernéticos, internautas, blogueiros, twitteiros, mas, sempre e sempre, eternamente gratos a estas pessoas. Como bem dizia a imortal Cora Coralina: “feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.

(Crônica: Jorge Marin)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

DOUTOR BICHEIRÓLOGO



Capítulo 1 - Froide explica

Desculpe-me pela falta de criatividade e conhecimento, mas, ao escolher o nome desta equivocada croniqueta, mais confuso fiquei.
Talvez Bicheiroatria ficasse melhor! Ou quem sabe Bicheiroquiatria? Também, Bicheiriatra não ficaria mal! E Bicheirólogo?! Até que seria bem sugestivo!
Enfim... Dito, pelo não dito deixarei mesmo: “DOUTOR BICHEIRÓLOGO”.
Para ser sincero, por esta eu não esperava, e muito menos tinha conhecimento, mas confesso que já estava há um bom tempo, atentamente, observando esta nova profissão.
Sabem como é: possivelmente mais um daqueles trabalhos emergentes e informais, que vão surgindo com as crises.
E o Froide nem pra me contar!
Froide é o nome real do meu amigo. E quem pensa que é em homenagem ao psicanalista, está totalmente enganado, pois, segundo ele, seus pais queriam mesmo é homenagear o Pinque Froide, o conjunto, lembram? Grande figura que, por um longo tempo, foi proprietário de um estabelecimento comercial, que ficava próximo à minha oficina.
Bem que eu achava meio estranho quando, vez ou outra, ele ficava, lá da barraca, a gritar, para algumas pessoas, convocando-as a fazer uma Aplicação nos Irracionais. Também muito me estranhava, quando o chamavam de CORRETOR ZOOLÓGICO.
Gente muito boa. Só não sabia ter ele, doutorado em: “Interpretações, diagnósticos das probabilidades da sorte ou azar”.
Se eu não tivesse visto, ou escutado com os próprios olhos e ouvidos, que a terra, um dia, há de comer... jamais acreditaria.
Tudo teria começado numa das inúmeras vezes em que dava uma fugidinha da oficina, para ir até sua barraquinha. Por sinal, uma agradável rotina, que eu usava sempre, com o intuito de descansar e jogar conversa fora.
Foi, exatamente, numa dessas vezes, que eu tive a grata oportunidade de presenciar tais fatos.
Um deles, foi quando um tal de Senhor Jeremias, ao aparecer na banca, aproximou-se devagar e, após passar por uma pequena fila, iniciou uma espécie de consulta com o Dr. Froide.
Este senhor, que havia esperado, calmamente, por sua vez, começou a narrar o seu problema, ou melhor... o sonho que havia tido na noite anterior.
Dr. Froide, com muita elegância e sutileza, após ajeitar-se no banquinho e colocar as mãos sobre o queixo, começou, atentamente, a escutar o estranho sonho do tal Jeremias.
Enquanto eu, fingindo certa alienação, procurava não perder um só detalhe da consulta.
Para ser sincero, este sonho parecia mais com um roteiro de bêbado. Para mim, uma misturada de desejos reprimidos, que somente um verdadeiro Froide, ainda que pink, seria capaz de interpretar.
Enquanto isso, uma pequena fila, cada vez mais, ia aumentando de tamanho, e já se podia observar que, começavam a se juntar, do lado da barraca, alguns espertinhos que, indiscretamente, ficavam também de ouvido em pé, para beliscar uma fatia do possível diagnóstico que logo viria. (Froide era respeitadíssimo nesta área!). ”Um quase profeta”, diziam.
Eu, como não poderia deixar de ser, de “oreia” ainda mais em pé, procurava incessantemente, não perder um só detalhe.
O conteúdo daquele monte de informações descabidas cada vez mais me fascinava.
Mas... Comecei sentir na fisionomia do bicheirólogo, que a consulta parecia estar meio fora de controle.
Isto se deu principalmente quando foi narrado que, no tal sonho, o falecido empurrava seu próprio caixão.
O que dirá o Dr. Froide sobre esta curiosa ocorrência? Sorte? Azar? Qual será o grupo? E a dezena, centena e milhar?
NÃO PERCAM, na próxima semana, este palpite, a tempo ainda de jogar na Corujinha!

(Crônica – Serjão Missiaggia / Adaptação – Jorge Marin)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

SEGUNDO TURNO: A REVOLTA DOS PALHAÇOS

(Brincadeira distribuída na Internet)

Quem leu o post da semana passada, e não acreditava que o palhaço ia chegar lá, quebrou a cara: o nobre Tiririca (agora a gente pode até falar o nome) superou a marca de 1.350.000 votos. Fenômeno só igualado anteriormente pelo famoso Enéias Carneiro (“meu nome é Eneias!”). Agora, como já era esperado, estão requerendo um teste para ver se o candidato eleito é ou não analfabeto. E eu fico pensando: como será este teste? Uma provinha de português? A tabuada de 8?
Se a prova a ser aplicada no Tiririca for minimamente difícil, periga que muitos dos parlamentares atualmente no poder, sejam reprovados, mesmo com os seus “diplomas” de curso superior. Segundo o dramaturgo austríaco Karl Kraus, que morreu em 1936, “o segredo do demagogo é se fazer passar por tão estúpido quanto sua plateia, para que esta imagine ser tão esperta quanto ele.” Bem atual, não?
A corrida para o segundo turno já começou, e quem pensa que as palhaçadas já acabaram, continua errando, pois algumas manchetes já dão o tom do debate. Segundo vários veículos de comunicação, o PT descobriu que sua candidata foi mal nas eleições, entre outras coisas, por se declarar favorável a uma possível descriminalização do aborto no país. Resultado: Dilma vai se reposicionar e passar a fazer uma defesa ostensiva da vida.
Ou seja, a coisa funciona assim: um bando de gente ligado à candidatura Serra coleta declarações da petista afirmando ser favorável à legalização do aborto; depois junta tudo isto e distribui na Internet, nas mídias comprometidas com o tucanato (que são muitas) e, finalmente, nas igrejas cristãs. Depois disso, começa a caça às bruxas: as igrejas, até mesmo para esconder um pouco suas próprias mazelas internas, que todos conhecemos bem, iniciam uma cruzada contra a imoralidade, da mesma forma que condenam a pílula e os preservativos até hoje.
Mas uma coisa não é levada em consideração: há um contingente meio oculto, entre 729 mil a 1,25 milhão de mulheres que se submetem aqui no Brasil, anualmente, ao procedimento dito pecaminoso. Como a totalidade destes abortos são clandestinos, mais de duas centenas destas mulheres morre.
Eu fico pensando comigo uma questão, que deveria também incomodar aos coordenadores de campanha: será que estas mulheres que se submeteram à interrupção da gravidez votaria num candidato que prometesse a legalização do procedimento, ou, sei lá, até por culpa, votaria em quem continuasse a tapar o sol com a peneira, e fingir que o aborto não existe no país?
Faço esta pergunta, já que é a única que interessa aos políticos, pois o cerne da questão, que é a saúde pública, permanece intocado, como se as mulheres que decidiram interromper a gravidez merecessem, de fato, morrer. Justiça seja feita: a candidata Dilma Roussef declarou à revista Isto É que considera injusto “deixar para a população de baixa renda os métodos terríveis, como aquelas agulhas de tricô compridas, o uso de chás absurdos, enquanto as mulheres de renda mais alta recorrem a clínicas privadas para fazer.”
Acho tudo isto muito triste: agora, que a corrida presidencial chega na reta final, um assunto que envolve um grande conflito ético e moral passa a ser tratado como moeda de troca, ou seja, eu dou a vocês, religiosos, a certeza da condenação, e da danação, para aquelas milhares de mulheres imorais, e VOCÊS ME GARANTEM O VOTO DO SEU REBANHO!
Meu Deus, será que somos nós aqueles palhaços que criticamos?
Entendo que esta questão dolorosa, principalmente para as mulheres, deva ser encarada, discutida e decidida pela sociedade. Com calma, serenidade e objetividade. Sem falso moralismo e, principalmente, com a certeza que Deus é o tipo de pai que, se o filho, ou filha, lhe pedir uma peixe, jamais lhe dará uma cobra, ainda que este filho, ou filha, esteja em pecado.

(Crônica – Jorge Marin)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

CAPELINHA DO SANTO ANTÔNIO



Na semana passada, falamos do Antônio, que falava português e foi virar santo na Itália, e hoje vamos falar de um bando de italianos, que vieram falar português aqui no Brasil.

Por isso, ainda antes de começar a falar sobre a capelinha, gostaria de passar para vocês, um pequeno histórico da família Missiaggia. Com certeza, será importante para continuarmos.
A família Missiaggia partiu da Itália, rumo ao Brasil, em 1899.
Chegou ao novo continente minha bisa Giuseppina Cecchetto, então viúva de nosso bisavô Giuseppe Missiaggia.
Com ela, vieram os oitos filhos, entre eles nosso avô Francesco Missiaggia já casado com vó Maddalena, sendo o mais velho dos irmãos, chegando ao Brasil com 26 anos.
Todos os filhos nasceram e partiram do norte da Itália, região de Veneto, província de Vicenza, de uma pequena comune chamada Pozzoleone. Cidadezinha hoje, com mais ou menos 3.000 habitantes.
Vieram todos para São João Nepomuceno e se estabeleceram no povoado dos Henriques.
A seguir, fixando residência na cidade, por muitos anos, vô Chico morou com a família e manteve um grande comércio, num casarão que existia na Rua dos Henriques (Caxangá), num terreno logo depois da oficina Lima Auto Peças onde hoje, se não estou enganado, funciona uma garagem.
Vô Chico era uma pessoa de grande devoção a Santo Antônio, razão pela qual, de sua casa, no Caxangá, dava-se inicio, rumo à capelinha, às procissões do Santo Padroeiro. Além de ter sido ele também, um dos fundadores da igreja.
O pequeno acervo que se encontra no interior da igrejinha (Via Sacra e uma das imagens de Santo Antônio) veio com Vô Chico da Itália, e foram doados após a inauguração. Podemos observar que a Via Sacra está toda ela escrita também em italiano e estão fixadas na parede em pequenas molduras de madeira. As molduras originais tiveram que ser substituídas recentemente, devido aos cupins.
Infelizmente, devido à existência de duas imagens de Santo Antonio, no interior da capela, não saberia precisar quais das duas vieram com meu avô da Itália.
Também guardamos com carinho esta foto, acima (original) da Inauguração da Capela, que foi em 09 de novembro de 1924. Quem sabe até muitas dessas pessoas poderão ser identificadas. Entre elas, encontra-se meu avô Chico e tia Maria Missiaggia.

Para finalizar, diria mais uma vez, que foi a partir do momento em que percebi o quão implacável é o tempo, o qual, com sua incrível rapidez, vai de uma forma ou de outra, silenciosamente, nos afastando da própria historia, que senti o desejo de intervir, tentando passar para gerações futuras, um pouco daquilo que aprendi.
Informações que, para alguns, poderão ser até banais, mas que na realidade, estarão nos ajudando a remontar parte de nossa história.

Assim, com muito orgulho, termino aqui um pequeno dossiê da capelinha do Santo Antônio. Minha intenção principal foi tentar resgatar, de uma maneira simples e objetiva, alguns dados que iriam muito em breve se perder no tempo.

(Foto - Eduardo Ayupe)

Ao resgatar alguns fatos históricos, percebi que, de alguma forma, também contribuí para que, no futuro, nós mesmos não venhamos a passar despercebidos.

(Crônica – Serjão Missiaggia)

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL