sexta-feira, 15 de outubro de 2010

DOUTOR BICHEIRÓLOGO



Na semana passada, aposto que vocês se lembram do sonho trazido por um apostador ao “gabinete” zoológico: um defunto empurrava o próprio caixão. Da forma como os aposentados são tratados no Brasil, pode até ser uma profecia, quem sabe?
Mas, o bicheirólogo permanecia calmo, e em absoluto silêncio. E agora, explica essa, Froide! Quero ver como ele sai dessa... pensava eu!
Por coincidência, neste dia, o movimento estava bem grande. Um carro, que havia derrubado uma árvore na esquina dos correios, fez, naquele dia, dezenas de pessoas, ao mesmo tempo, se dirigirem à banca. Sabem como é... a placa do tal veiculo prometia muito!!!!
Mas, voltando ao sonho do senhor Jeremias, confesso nunca ter visto o “doutor” suar tanto. Escorria na testa, em grande quantidade...
Ante uma pausa, para o Dr. Froide vender algumas balas, aproveitei a oportunidade e fui rapidinho fechar a porta da oficina. Já havia passado das seis horas. Voltei mais que depressa, pois jamais sairia dali, sem escutar o final da história.
Pior foi quando foi acrescentado à narrativa, a informação de que um bicho chifrudo, com tromba de elefante, havia também empurrado o caixão, bem em frente à porta do cemitério?
Silêncio geral!!! Olhares interpretativos no ar!
Nesta hora, Froide coçou a cabeça, consultou alguns livros, enxugou pingos de suor na testa e fez algumas anotações. A seguir, dando uma leve acomodada no banquinho, coçou novamente a testa, e continuou sua minuciosa análise, sempre procurando manter as aparências. Parecia sempre muito sereno e não deixava cair sua peteca. Muito menos a pose.
Menos mal, pensei. Parece que logo-logo achará o fio da meada e, em breve, sairá a tão esperada receita... digo: palpite!
Mas, para complicar mais ainda a já complicada análise, o tal Jeremias lembrou-se de que o referido animal ainda era listrado. E, ainda mais terrível, de vermelho e preto. Seria um flamenguista incubado? Se o fato tivesse acontecido hoje, poderia ser uma alusão ao Léo Moura. Mas, e a tromba? Melhor nem perguntar!
- Aí também não, Sr Jeremias! O senhor tá querendo é me confundir! - retrucou, discretamente, o compenetrado Dr. Froide, após fazer algumas anotações e dar outra olhadinha num pedaço de livro velho, que estava na prateleira.
- Sonhando colorido, hein Sr Jeremias?... Pode ser pavão na cabeça!... - resmungou o próximo da fila!
- Que nada! Esta confusão tá me cheirando Camelo com Porco!... - falou um outro entendido, que estava sentado no banco ao lado.
- Nada haver! - rebateu Froide. Não vamos nos precipitar!
Enquanto isso, uma senhora, que havia narrado, dias antes, ter sonhado com um urubu branco, já meio impaciente com a demora, fez a seguinte sugestão: pediu que, face às inúmeras dúvidas, o Sr. Jeremias fosse pra casa, sonhasse novamente e voltasse com a coisa mais detalhada. (Pode um negócio desse?)
Foi aí que meu amigo Froide, após pendurar o lápis na orelha e dar outra ajeitada no banquinho, começou a soltar o seu tão esperado veredicto.
Ante um silêncio funesto, e para decepção de todos, disse que tudo aquilo, simplesmente, prenunciava Urso na cabeça. A dezena, eu indico 91, a centena 691 e a milhar 4691. Òóóóóóóó!!!!!!!
- Pipocou´, né Doutor?... Tem muito mais coisa aí! - gritou um paciente, digo... freguês que, por sinal, estava sentado na beirada do canteiro, esperando por sua vez.
Foi neste momento, que Reimundo, após se levantar, começou a dar sua científica justificativa:
- Desculpem-me, pessoal! Mas... Nenhum ser mortal conseguiria passar para o papel tal interpretação!... Muito menos eu!... Que venha o próximo! (Decepção geral)

Numa outra vez, quase que derrubaram a barraca do bicheirólogo.
Foi assim: um sujeito parrudo, um tanto ignorante, narrou ter sonhado que estava num lago, que este lago era raso e que havia três peixes no seu interior.
O paciente, digo, o apostador, continuou contando que, em seu sonho, ele se encontrava dentro do referido lago, e que ficava a bater com um pedaço de pau, brutalmente, naqueles peixes. De repente, um dos peixes saiu da água em forma de mulher. O sujeito tentava, então, de todas as formas abraçá-la, mas era impossível, pois a “sereia” escorregava e fugia a todo instante de seu corpo.
Foi nesta hora que quase se estrepou o pobre Froide. Na sua infeliz conclusão, diagnosticou que daria Jacaré e Veado, na cabeça.
- Tudo bem, Doutor! - disse o brutamontes, já meio ressabiado. Peixe pra jacaré tem sentido, mas... de onde surgiu esse veado????
Froide congelou. Já ouvimos muitas vezes a expressão “quebrar a banca”. Era o que estava para acontecer. Só que, aqui, de uma forma consciente e concreta.
NÃO PERCAM, na próxima semana, o final desta empolgante narrativa: como se sairá o notável Dr. Froide, ameaçado na cabeça, e cercado do primeiro ao quinto, pelos oito, e, quem sabe, até pelos doze?

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

Um comentário:

  1. Ando tão azarado, que se eu jogar o numero seis, é bem possível só valer se estiver escrito meia dúzia.
    Onde encontrar este Froide?

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