segunda-feira, 30 de julho de 2012

CASOS CASAS & detalhes



















Essa casa, ali na Rua Dr. Péricles de Mendonça, em frente à Força e Luz, é um lugar que, acredito, muitos sanjoanenses se lembram com muito carinho e saudade.  Era a casa da nossa querida DONA GLORINHA TORRES, professora, poetisa, diretora de teatro, escritora; enfim, uma mulher como poucas.  A primeira vez que fiz teatro na vida, foi pelas mãos dessa mulher extraordinária.
Me lembro que, no meu primeiro ano de Ginásio (Sôbi), tínhamos uma turma masculina à tarde.  Usávamos um uniforme cáqui, que mais parecia uma farda.  Eu era um bocó, mas a turma era da pesada, com um bando de repetentes, marmanjos, pinguços, fumantes e bagunceiros.  Nenhuma professora suportava a nossa turma.  Eis que, de repente, entra essa mulher pequenininha, sobe, praticamente dá um pulo pra cima do estrado.  e fala:
- ATENÇÃO, MENINOS! - e a turma, como que por um passe mágica, parou tudo que estava fazendo e ficou ali, mirando, até mesmo admirando, aquela figurinha.  E nós, aquela turma de "desmazelados", tínhamos que passar todos os exercícios de Português num caderno de capa dura, limpinho.  E o curioso é que todos fazíamos.  E adorávamos e respeitávamos muito a Dona Glorinha!  Que saudade...

(Fotos: Serjão Missiaggia / Texto: Jorge Marin)

sexta-feira, 27 de julho de 2012

NOSSO INTERIOR II


No domingo passado, fui ao campo de futebol com a esposa, pra ver o filhão jogar. O local estava bem cheio. Entramos discretamente e nos posicionamos numa sombra meio afastada do campo. Nosso intuito era o de passar o mais despercebido possível.  Pura ilusão!  Qual não foi a nossa surpresa quando o garoto fez um gol?  TODOS que lá estavam viraram-se, imediatamente, para o nosso lado e, enquanto à distância alguns ficavam a nos gritar e acenar, outros vinham cumprimentar.  Hilário também foi quando um dos auxiliares, após levantar a bandeira assinalando impedimento do time da casa, encostou-se ao alambrado e, mesmo com o jogo em andamento, ficou a explicar, aos torcedores irados, os motivos que o teriam levado a anular o lance. Coisas do Interior!

Na padaria, somente entro quando o Fogão ganha.  Já deixei meu recado dizendo que, em caso de alguma derrota, estarei temporariamente comprando na coirmã ao lado.  Isso pra não falar que, no quadro de funcionários da concorrência, tem sempre um botafoguense a mais.  Já onde tenho o hábito de comprar, além do proprietário ser flamenguista, de dez funcionários, nove são mengo. Aí fica difícil!
Não raramente podemos também curtir na padaria, o inocente tanger da viola de uma das figuras mais queridas e folclóricas da cidade.  Sentadinho num canto do balcão, vai recebendo cada freguês como se estivesse na sala de sua casa.  Brinco sempre com pessoal dizendo que é dia de couvert.   E quando o funcionário vira pra você e diz pra voltar depois, que sairá um pão quentinho? Provavelmente, se este ato de cortesia tivesse acontecido em um centro maior, este funcionário, provavelmente, estaria no olho rua e o coitado do violeiro já teria dado adeus a sua viola!

(Foto e Crônica: Serjão Missiaggia)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

OLHO NO ESPELHO


Arte digital por Paik666

Se eu pensasse em ver olhos
em ver atos vistos por olhos
de pessoas que eu visse
eu não saberia se existo
ou se não passa de um reflexo
esse brilho forte
que só eu vejo
quando me olhas.

(Poesia: Jorge Marin, 1988)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

CASOS CASAS & detalhes








Hoje estamos atendendo a mais um pedido, o da Cléa Pessoa, que está em Natal, mas morrendo de saudade da Rua do Buraco.

Fotos: Serjão Missiaggia

sábado, 21 de julho de 2012

De repente, Quarenta... MIL VISITAS!!!


Foto publicada no deliriodabruxa.blogspot.com

Daqui a pouco, talvez ainda nesta noite fria , o Blog deverá atingir a marca de 40.000 VISITAS.  Que glória (coincidência?) isso ocorrer no Dia do Amigo!
O orgulho que sentimos NÃO é pelo número em si, mas pelas visitas.  São 40.000 acessos de amigos que, em algum momento, procuram nossa página da mesma forma que, adolescentes nos idos de 1970 e pedradas, chamávamos uns aos outros:
- Vamos lá na casa da Tia Irineia?
- Vamos lá no murinho do Adil?
- Vamos dar uma chegadinha no Rubro-Bar?  No Botachopp?
Hoje, dispersos por esse mundão, a tecnologia nos permite reunir e, refeito o laço indissolúvel da amizade, darmos boas gargalhadas, chorarmos os amigos que se foram, ver fotos antigas ou, simplesmente, jogar conversa fora, falar abobrinhas, passar um tempo juntos.
Agradecemos, de forma especial, aos amigos que dividiram o palco no passado e que sempre aparecem para dar um alô.
O Sílvio Heleno Picorone que sempre traz uma novidade e faz um comentário apropriado, o Márcio Velasco, Dalminho, Renatinho, além do primeiro fã e parte integrante do grupo: Nilson Baptista.
E o legal que esta galera trouxe um bando de fãs: são filhos e netos que se tornaram os novos pitombenses e pitombetes.
A todos os nosso amigos, seguidores, comentaristas e curtidores, OBRIGADO!
Temos um encontro marcado, TODOS NÓS, na VIRADA DOS 50.000! 
Até breve...

(Serjão Missiaggia e Jorge Marin)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

NOSSO INTERIOR - I

Foto Serjão Missiaggia


O interessante é que, além desse título ter uma dupla interpretação, por coincidência ambas se encaixam perfeitamente no sentido desta croniqueta. Acredito até que a felicidade de um está intrinsecamente ligada ao sentido da outra.  Mas, o interior ao qual irei agora me referir não é nosso interior pessoal e sim o INTERIORZÃO mesmo!  Aquele onde moramos e onde quase sempre acontecem situações que, fatalmente, não aconteceriam em centros maiores.
Pra começo de conversa, aqui me considero rei.  Entre umas e outras coisas, sou conhecido como o pai de dois belos filhotes, por ser casado com a filha do Jose Goleiro, além de neto da dona Josefina e filho do Sr. Toninho e dona Venina.  Sou aquela persona que, apesar de ter no currículo apenas o segundo grau (incompleto), poderá dizer tranquilamente, e sem chance de ser chamado de louco, que foi baterista do mitológico conjunto Pitomba.  E como seria explicar isso debaixo dos arranha-céus?
De volta ao nosso interiorzão, não precisaria ir muito longe pra começar a catalogar algumas situações.
Já ao sair na varanda de minha casa, de imediato, me deparo com a barbearia de um amigo com suas duas gaiolas penduradas na porta.  Nelas, dois fantásticos canários belgas, num interrupto e sonoro cantar, vão dando um show à parte.  Verdadeiros coadjuvantes atuando, enquanto cabelos e barbas vão sendo cortadas.  Dois banquinhos de madeira permanecem também posicionados estrategicamente do lado de fora no passeio. A intenção é agradar àqueles que não querem ficar dentro do recinto a discutir futebol, política, pescaria e outros assuntos mais, um facebook real.
Dias atrás, ao encontrar na rua com o profissional que faz a leitura dos hidrômetros, fui questionado sobre minha conta de água.  Ele estava assustado pelos números alcançados naquele mês que, na avaliação dele, teriam ultrapassado, em muito, os valores da minha média.  Agradeci pelo interesse e expliquei que teria sido em circunstância de um defeito em minha boia.  Esta preocupação daquele servidor, e o diálogo que se seguiu, seriam pouco prováveis numa capital qualquer...
(O passeio continua)

Crônica: Serjão Missiaggia



quarta-feira, 18 de julho de 2012

FACEBOOK: A VEZ DA RELIGIÃO


Imagem: Google

Mesmo antes da política aterrissar, de vez, no Facebook, outro assunto igualmente polêmico – a religião – já é velha conhecida dos frequentadores da irresistível rede social.
Sob a forma de santinhos, citações bíblicas, mensagens psicografadas e exortações, TODOS querem deixar seu testemunho de FÉ.
Legal, dizem, e assim como em relação à política: o Facebook é um espaço democrático.  E, afinal de contas, quem seria capaz de reclamar ou contestar uma bela mensagem religiosa?
MAS... num ambiente em que todo mundo quer aparecer e, naturalmente, deseja mostrar e ver respeitada a sua opinião, HÁ UM RISCO, que também existe fora da Internet: a INTOLERÂNCIA.  Aí todos se defendem: ah, mas isso é coisa do tempo das Cruzadas; hoje respeitamos a individualidade, as diferenças e as minorias.
Sabem o que eu digo?  MENTIRA!  Ontem à noite, na cidade de Olinda, um grupo de evangélicos em passeata INVADIU um terreiro de candomblé para protestar contra aquilo que entendem como manifestações satânicas.  Ora, não foi no século XII não, foi ontem.  O vídeo, gravado pelo babalorixá, já foi visto no Youtube por mais de 62.000 pessoas.
Não é a primeira vez que isso acontece e existe até uma teoria maluca rolando na rede segundo a qual a religião seria a CAUSA de todas as guerras.  Eu digo “maluca” porque não há nenhuma consistência científica nesse postulado, embora ciência e religião não sejam exatamente parceiras.
Prefiro achar que, tanto a guerra quanto a intolerância têm raiz na supervalorização do ego.  Para compensar uma triste realidade, o indivíduo lança mão do ego: massacrado pela baixa estima, engendra atitudes mirabolantes que projetam uma imagem espetaculosa que leve as pessoas a curtir seus atos e a compartilhar suas ideias.
Epa!  Mas não é essa, justamente, a cultura do Facebook?  Junte-se a isso uns pedaços de pau, umas pedras e uma caixa de fósforos, não estaria armado o cenário para uma guerra?  Imaginem se o tal “império do mal” contra-ataca?  E, se o fizesse, estaria dentro da lei e do Artigo 5º da Constituição Federal!
Rezem para que eu esteja errado!  Eu, pessoalmente, torço para estar.

(Crônica: Jorge Marin)

segunda-feira, 16 de julho de 2012

CASOS CASAS & detalhes



















Hoje estamos fazendo igual àquelas rádios de antigamente e vamos atender ao pedido de uma leitora.  Como diziam os locutores, temos aqui uma CARTINHA (publicada no Facebook no dia 14.06.2012) na qual Tereza Barreto solicita:  "Ei gente eu tbém nasci em São João e gostaria muito de ver uma foto antiga e uma atual do hotel Central, eles foram dos meus pais e tenho recordações tão boas!!". 
Então, taí, amiga.  Difícil existir algum habitante de São João que não tenha alguma história para contar sobre o Hotel e, principalmente, sobre o Bar Central.  Ali ocorreram episódios divertidos, trágicos, banais e até mesmo inacreditáveis.
Um episódio, do qual me recordo sempre, foi uma cabritada servida para um grupo de empresários.  A conta ficou tão alta que, conforme a cultura de gozação que conhecemos muito bem, rebatizaram o bar para Cabrito de Ouro.  O proprietário na época, sr. Geraldo, levou tudo numa boa e até mandou confeccionar uma placa com o desenho de um cabrito... dourado!


(Fotos: Serjão Missiaggia / Texto: Jorge Marin)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

(DES)APERTEM OS CINTOS QUE O VASO SUMIU - FINAL

Foto por Jazpar Yeo

PARADA EM BICAS! Dez minutos!  Para quem está com dor de barriga – TERRÍVEL! – há mais de uma hora, isso soa como música.
A PORTA DO ÔNIBUS SE ABRIU...  Sabem aquela música do filme Carruagens de Fogo?  TÃ TÃ TÃ TÃ TÃ... Pois é, parecia que estava tocando e a coisa apertou de vez, mas existe toda uma estratégia: se correr muito lento, o “oponente” te ultrapassa (e só tem uma privada); se, pelo contrário, correr muito depressa, nem vai haver necessidade de privada, se é que me entendem.  O “oponente” também já estava no desespero: suando muito, começou a descer a escadinha do ônibus e o atropelei e, estrategicamente, pulei direto pra calçada.  Milésimos de segundos nesta hora seriam fundamentais.  E foram!
Saímos em disparada e entramos rodoviária adentro, CABEÇA COM CABEÇA, com uma ligeira vantagem pra mim. Passamos pelo balcão praticamente empatados ou, no mínimo, com meio corpo de vantagem a meu favor. Entramos juntos na RETA DE CHEGADA para, finalmente, alcançamos quase perfilados a tão sonhada porta da esperança. Se é que poderíamos chamar aquilo de porta!  Uma minúscula vantagem me permitiu adentrar primeiro no recinto. Procurei de imediato fechar a porta por dentro, procurando um mínimo de privacidade, mas meu amigo chegou com tudo querendo entrar de qualquer jeito. IMPLORAVA dizendo que tinha o tal colón irritável e não aguentava mais esperar.  Quanto mais ele falava, mais “irritável” eu ficava. Não havia trinco por dentro e o piso estava com água entupida já quase alcançando meu calcanhar. Quando fui sentar, um vazio estranho me fez perceber que O VASO HAVIA SUMIDO...  E o meu amigo, enquanto isso, ficava do lado de fora, DESESPERADO, tentando empurrar a porta.  O negócio era entrar de qualquer jeito, senão o negócio saía.
Não me restou alternativa a não ser ficar meio agachado apoiado na ponta de um dos pés, enquanto o outro tentava quase em vão segurar a porta por dentro.  E o meu “algoz”, enquanto isso, tentava de qualquer maneira arrombar a soleira.  A pressão externa que meu “rival” imprimia estava TÃO VIOLENTA que, mesmo na situação em que me encontrava, igual a um flamingo fazendo pilates, não conseguia relaxar pra cumprir minha difícil missão.  E o cara ainda teve a petulância de posicionar o bico do sapato entre a porta e a guarnição não deixando assim que ela se fechasse por completo.  Ficava com a ponta do nariz (muita coragem!) e um dos braços dentro do banheiro me pressionando dizendo: - Sacanagem! Cê sabe que eu cheguei primeiro!
A coisa deveria estar tão preta para o lado dele, que antes mesmo que eu terminasse de cumprir meu propósito e de liberar a porta, já estava ele também dentro do minúsculo quadrado já de cinto desapertado, calça quase arriada, pipocando sobre as águas, e procurando o vaso desvanecido. – SAI, SAI, que o ônibus já tá partindo! - dizia todo afobado me empurrando pra fora.
Já bastante aliviado, tive a gentileza de liberar o local paro o amigo. Acendi um cigarrinho e fui para a porta do ônibus tentar segurar sua partida, se preciso fosse.  Nisso, chega, também aliviado, o meu desafiante e segundo colocado.  Enfiando a mão no bolso, me ofereceu um comprimidinho amarelo dizendo que não viajava sem ele e que era uma dádiva pra situações como esta. Imagine se não fosse! Como eu ainda iria pegar outro ônibus e seguir viagem, aceitei de imediato e mandei goela abaixo. Fomos rindo até Juiz de Fora e nos despedimos na rodoviária.
Enquanto aguardava a saída do ônibus pra BH me dirigi à lanchonete e comi um saboroso misto quente com café com leite. Também, a conselho de meu nobre amigo, comprei um Dramin e tomei meia hora antes de sair.
 Fui acordar chegando em Conselheiro Lafaiete.

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

POLÍTICA E FACEBOOK


Foto de FractalFreakPhotos

A política chegou ao Facebook.  E, desde já, fomenta acalorados debates, uns entendendo que deve ficar ali, no meio dos memes, das citações religiosas e dos vídeos de músicas; e outros dizendo que, conectados ao face, não querem ver políticos, nem que pintados de ouro.
Faz sentido: a maioria das pessoas, embora convictas da necessidade de participar do jogo eleitoral (é raro ver alguém defendendo o voto nulo, por exemplo), não tem mais estômago para os conchavos, as alianças espúrias e as coligações partidárias baseadas UNICAMENTE no interesse de vencer as eleições.
Esse tipo de conluio, como a recente aliança entre o PT de Lula e o PP de Maluf, tem provocado, na população, uma onda de repúdio e descrença, além de ilustrar o quanto a política se afastou do seu propósito ético original.  Afinal, Aristóteles dizia, e quem somos nós para discordar, que “a política é a busca do bem comum”.  É lógico que essa é uma proposição IDEAL, e, portanto, não real.  Contudo, da mesma forma que temos o hábito de buscar o CÉU, é preciso que se busque, SEMPRE, aquele ideal de democracia, de respeito, de ética e de convivência, sabendo que, tanto numa busca como na outra, os buscadores são pessoas humanas, comuns, com suas falhas, suas limitações e suas imperfeições.
No entanto, o fato dos participantes serem limitados e imperfeitos não quer dizer que a política deva ser uma esculhambação.  Pelo contrário, como ideal a ser atingido, ela deve buscar, justamente, corrigir os erros, as imperfeições e as injustiças sociais.
Pode parecer pueril ou ingênuo da minha parte, mas, desde os tempos de fundação do Movimento Democrático Brasileiro, penso dessa forma.  Naquela época era fácil porque tínhamos, claramente, o poder que deveria ser combatido: era aquele que não tinha a legitimidade do povo, aquela política que era IMPOSTA de fora pra dentro.  Hoje, no entanto, a coisa ficou mais complexa porque pensamos em termos de Economia: “ah, o candidato tal vai dar aumento para a nossa classe então votamos nele”.  Ou então acreditamos na instituição canalha do “voto útil” dizendo que não podemos apoiar aquele candidato porque ele não é “popular”.  Ora, se o importante fosse a popularidade, a Presidenta seria a Ivete Sangalo e não a Dilma!
Finalmente, é preciso que cada um tenha, para si, aquilo que quer e o que deseja para tornar a convivência social, pelo menos, suportável.  Há que se rever esse modelos e conceitos viciados que andam por aí.  Certamente, não é uma tarefa que vai dar frutos agora.  Mas, com persistência, com esperança e, principalmente, educando nossos filhos e netos, pode ser que a política volte a ser a segunda profissão mais antiga do mundo (hoje usurpou o primeiro lugar daquela que conhecíamos antes).
E que não tenhamos vergonha de assumir nossas convicções num terreno em que, nas palavras do matemático e filósofo galês Bertrand Russel, “os estúpidos são excessivamente confiantes, e os inteligentes, cheios de dúvidas.”

(Crônica: Jorge Marin)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

CASOS CASAS & detalhes



















Na semana passada, nosso passeio pelo Largo da Matriz acabou levando a um relato sobre o Guarda-Mor Furtado.  Hoje falaremos de outro fundador, Antônio Dutra Nicácio, nascido no Lamin, freguesia de Queluz (hoje Conselheiro Lafaiete).  Também este fazendeiro veio para nossas terras "proibidas" atraído, não só pela promessa de terras férteis, como também em busca de propriedades, já que numa terra ainda inexplorada ficaria mais fácil a concessão de sesmarias, o que de fato ocorreu.
Casado com Dona Maria Joaquina de São José, conhecida como Senhora Mãe, foi pai do Coronel José Dutra Nicácio, este que dá nome à nossa rua principal.  Tido como o primeiro líder político de São João, o Coronel José Dutra, integrante do Partido Liberal, aderiu à famosa Revolução de 1842, comandada, aqui em Minas, por Teófilo Otoni, e encerrada na Batalha de Santa Luzia, onde os nossos conterrâneos foram derrotados pelo Duque de Caxias.  José Dutra, embora não tendo participado diretamente da batalha, foi preso em São Manoel do Pomba, e só saiu ileso porque conseguiu subornar seus captores, pagando uma grana preta: duzentos mil réis. o que leva a crer que, naquele tempo, as autoridades eram corruptas.  Quem diria!

(Fotos: Serjão Missiaggia / Texto: Jorge Marin)

domingo, 8 de julho de 2012

SOMOS TODOS VENCEDORES!


Foto publicada no facebook do Fernando Lelis Lelis Pinheiro

A primeira partida da decisão da Copa Integração de Futebol aconteceu aqui em São João e o resultado foi 1x0 para o time adversário. Num jogo bastante equilibrado, onde nossa equipe, na sua quase maioria formada por jovens talentos da casa, veio a fazer uma partida de igual para igual com os experientes visitantes. Nosso time, sob o comando de Marco Aurélio Ayupe e do sr. Cícero, pessoas extremamente capazes e dedicadas, colocaram a alma em campo na esperança de que pudessem dar início ao grande sonho, que seria trazer para a cidade aquilo que, para muitos, poderia ser umas das maiores conquistas do nosso futebol.
Final do primeiro jogo e a derrota! Estaria tudo perdido? Acredito que para muitos torcedores sim!
Foi quando, ao acessar a Internet, tive a grata felicidade de me deparar com uma postagem feita por este grande comunicador e narrador esportivo Fernando de Lelis (Kibil) em sua página no Facebook em que dizia:
“TENHO MUITO ORGULHO DE SER SÃOJOANENSE
O SONHO CONTINUA!
E TENHO MUITO ORGULHO DE NOSSA EQUIPE”
Confesso ter sentido em suas palavras uma contagiante energia e um forte apelo positivo que, pela minha humilde interpretação, vieram carregadas de profunda sensibilidade, traduzidas em CONFIANÇA a um trabalho sério e AMOR a essa terra.
Da mesma forma, se expressou de maneira muito feliz o técnico Marco Aurélio:
“Como eu já disse, sou um cara que não desisto fácil das coisas e vou lutar até o fim. Nós temos condições de reverter essa situação e eu me motivo ainda mais, vendo no rosto dos atletas, a vontade de vencer”.
Assim, num momento em que tudo parecia perdido, vimos ecoar este grito de ESPERANÇA E FÉ nas palavras simples de Fernando de Lelis e Marco Aurélio Ayupe.
E o final?  “SAÍMOS TODOS VENCEDORES”.

(Crônica: Serjão Missiaggia)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

(DES)APERTEM OS CINTOS QUE O VASO SUMIU - Capítulo 3

Foto do site mypi.ruliweb.daum.net

Amante da vida no campo, ao passar por um pasto com aquele (saudoso) capim gordura MOLHADINHO, corri até a janela do ônibus e a DOR DE BARRIGA era tão forte, que pensei em me jogar!  Mas, para meu alívio, ALGO aconteceu: um esquenta traseiro chegou E SALVOU A MINHA VIDA.  Por enquanto, pensei, mas o fato é que o ônibus não ia parar mesmo em Rochedo.  A senhora sentada ao lado, após uma breve checada na fralda da criança, foi de imediato ABRINDO A JANELA e, após dar uma profunda cafungada no ar, pediu desculpas pelo cheiro. -Tudo bem, minha senhora! Não podemos esquecer que, um dia, fomos também crianças!  Falso filósofo e também mentiroso.  Se tivesse entrado na política, eu poderia ser Senador hoje.
Nesta hora, meu amigo que estava sentado do outro lado do corredor (o botafoguense, lembram?), após fazer aquela cara de quem teria sido também vitima do ocorrido, vira pra mim e resmunga baixinho: - Trazer criança nesta idade em viagem não poderia dar outra coisa! Balancei a cabeça em sinal de afirmativo, tranquei o culpado e seguimos viagem.
Daí pra frente tudo ia transcorrendo serena e calmamente ATÉ QUE, no pé da serra, comecei a desconfiar de que aquela seria a subida mais longa de minha vida. E assim foi!  A barriga estufou de vez e, mesmo na ausência de enjoos e eructações, parecia que tinha flatos pra mais de metro.  Para embaçar ainda mais a situação, uma cólica fininha chegou, prenunciando que o desastre iminente seria inevitável e, PIOR, estava prestes acontecer. Eu, nesta hora, sem ter muito o que fazer, pulei mais do que depressa da poltrona, acendi um cigarro e, suando em bicas (literalmente), fiquei de pé no corredor.  Nesta época ainda era permitido fumar nos ônibus. Fugindo um pouco do assunto, agora me lembrei daquele aviso que ficava pendurado próximo ao motorista: “PROIBIDO FUMAR CACHIMBO, CHARUTO E CIGARRO DE PALHA”.  Até hoje não sei por quê o cigarro era permitido, só sei que foi minha salvação.
Enquanto isso, minha impressão era a de estar subindo a serra em cima de um carro de boi, tal era a sensação de lentidão.  Novamente a coisa piora e, na entrada de Bicas, corri DIRETO para a porta, onde fiquei de sentinela.  Esperava apenas a sua abertura para poder sair em disparada em busca da salvação.   E SE NÃO ESTIVEREM MAIS FAZENDO BALDEAÇÃO AQUI? - enquanto suava frio, comecei a delirar.
Eis que o motorista começou a FREAR e, antes mesmo que o ônibus estacionasse, meu amigo da poltrona ao lado também começava a se posicionar, estrategicamente, no meu vácuo, o que, na circunstância era MORTAL.  E a porta estava PRESTES a ser aberta.  Seria como liberar a entrada do paraíso para mim.  Ou seja, para nós, já que o meu saudoso amigo, que veio ficar em pé atrás de mim, já havia minutos antes sussurrado baixinho no meu ouvido: - Tenho a Síndrome do Cólon Irritável e a coisa tá preta pro meu lado!  Foi aí que senti nas entrelinhas que a corrida até o paraíso seria bem mais CONCORRIDA que imaginara. E não deu outra!  
Ainda teríamos que aguardar alguns momentos até que saísse outro ônibus que estava na plataforma (SAI, DEMÔNIO!) e assim pudéssemos estacionar o nosso. O tempo era precioso e parecia que tudo estava conspirando contra nós.  Verdade seja dita: Alguns minutos a mais sairíamos pela janela, os dois.
Lá estávamos nós, de pé em frente à porta, adrenalina a mil, aguardando apenas aquela que poderia ser, talvez,  a maior corrida de dez metros rasos sem barreiras (ou até com uma barreira danada) de todos os tempos.
A PORTA SE ABRIU...  Ufa!  Na semana que vem: A Corrida (final).

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

quarta-feira, 4 de julho de 2012

INFERNO: MANUAL DE INSTRUÇÕES


Frame do filme Amor Além da Vida

Corria o glorioso ano de 1962 do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo; era assim que preenchíamos as atas e a maioria dos documentos naquela época.  Eu, deitado na cama grande dos meus pais, lia, atentamente, um livro inesquecível de minha mãe: a Bíblia Ilustrada.  Era uma obra fantástica em todos os sentidos, e eu ficava extasiado com as pinturas de Rembrandt, Giotto, Masaccio, Carpaccio e Rafael, entre outros.  Mas, para meu desconforto durante muitos anos, uma obra em particular chamou minha atenção, a ponto de me deixar de cabelo (eu ainda tinha) em pé: era uma cena do Inferno que ficou guardada em minha mente por muitos anos, com todos aqueles detalhes de fogo, demônios e espetos.
Estranhamente, o tempo se passou e, mesmo sem saber que pintura era aquela, permaneceu aquele pavor de inferno que me acompanhou por muitos anos até que, conversando com um amigo, ele ponderou que, na verdade, não era o registro visual que me torturava, mas alguma coisa que ficou associada à cena.  Lembrou que aquilo que afeta (traz afetos) às pessoas é uma ocorrência ligada à paisagem, como ocorre aqui no blog, às segundas-feiras, quando pessoas, às vezes distantes de São João, experienciam emoções quando visualizam fotos de locais da cidade.
“O inferno são os outros”, dizia Sartre, mas parece que a coisa vai além.  Penso que o inferno é acreditar naquilo que os outros falam.  Desde o “você é bobo” que ouvimos quando crianças até as famosas avaliações de desempenho profissional, passando pelos diagnósticos nossos de cada dia.
Diagnósticos têm se tornado uma constante, não só mais nos consultórios, mas na Internet, nos bares, nas praças e em qualquer lugar onde as pessoas cismem de falar de suas próprias vidas.  E como as pessoas têm falado de si ultimamente!  De repente, você está no açougue, comprando língua de boi, e aquela senhora entende que deve contar como é desprezada pelos filhos e pelos netos.  Eu, fã daqueles filmes antigos de espionagem, só entro em elevador com uma cápsula de cianureto entre os dentes, apenas para o caso de ficar preso lá dentro com uma dessas pessoas que insistem em contar a própria vida e, praticamente, entrar em êxtase ao falar de sua miséria particular.  Os mendigos do meu bairro agora já têm um script ensaiado: “olha, moço, não é dinheiro que eu quero não; é só uma palavrinha”!   E aí, voltamos ao inferno: se não der atenção, será uma crueldade?  Ou crueldade maior é aquela pessoa, que não te conhece, compartilhar aquela miséria toda com você e, no final, lógico, pedir alguma coisa?
Francamente, não sei.  Muitos dizem que o mundo está “do jeito que está”, devido à falta de fé.  Eu acho é que a origem de todo sofrimento, resumindo, do inferno, é acreditar no que os outros falam.  O meu inferno mesmo (porque cada um tem o seu) vem da crença de que, se eu não fosse um bom menino, iria para aquele lugar.  Eu ouvi isso um bocado de vezes!
E isso vale pra tudo, da TV às famosas discussões de relação, dos sermões aos discursos políticos.  Pois, se é verdade que a doença te mata, quem faz sofrer, realmente, é o diagnóstico.

(Crônica: Jorge Marin)

segunda-feira, 2 de julho de 2012

CASOS CASAS & detalhes


















Continuando o passeio pelo Largo da Matriz, vamos desvendando um pouco da História de São João Nepomuceno.  O Nilson Baptista, por exemplo, inspirado pela visão de sua antiga casa, descobriu-se tetraneto do Guarda-Mor Furtado de Mendonça, um daqueles fazendeiros que, partindo das bandas de Carandaí e Conselheiro Lafaiete, vieram descobrir os "sertões proibidos", assim chamados porque o governo português tinha medo de que os contrabandistas de ouro pudessem trazer o metal por aqui e chegar até o mar.
Segundo algumas publicações na Internet, percebi que, depois da tetravó do Nilson, o Guarda-Mor casou-se, em segundas núpcias, com Dona Francisca Maria de São José e, da união, nasceram: Anna Francisca, José Antônio, Francisco Antônio, João Antônio, Maria Joaquina e José Braz, este último o Capitão Braz que dá nome à rua. O Capitão Braz era o pai do Coronel José Braz que, por sua vez, era genitor do Dr. Péricles, que originou uma corrente política e era casado com a Dona Judith Mendonça, que dá nome ao grupo onde tive a honra de estudar.

Fotos: Serjão Missiaggia / Texto: Jorge Marin

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL