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A
política chegou ao Facebook. E, desde
já, fomenta acalorados debates, uns entendendo que deve ficar ali, no meio dos
memes, das citações religiosas e dos vídeos de músicas; e outros dizendo que,
conectados ao face, não querem ver
políticos, nem que pintados de ouro.
Faz
sentido: a maioria das pessoas, embora convictas da necessidade de participar
do jogo eleitoral (é raro ver alguém defendendo o voto nulo, por exemplo), não
tem mais estômago para os conchavos, as alianças espúrias e as coligações
partidárias baseadas UNICAMENTE no interesse de vencer as eleições.
Esse
tipo de conluio, como a recente aliança entre o PT de Lula e o PP de Maluf, tem
provocado, na população, uma onda de repúdio e descrença, além de ilustrar o
quanto a política se afastou do seu propósito ético original. Afinal, Aristóteles dizia, e quem somos nós
para discordar, que “a política é a busca do bem comum”. É lógico que essa é uma proposição IDEAL, e,
portanto, não real. Contudo, da mesma
forma que temos o hábito de buscar o CÉU, é preciso que se busque, SEMPRE,
aquele ideal de democracia, de respeito, de ética e de convivência, sabendo
que, tanto numa busca como na outra, os buscadores são pessoas humanas, comuns,
com suas falhas, suas limitações e suas imperfeições.
No
entanto, o fato dos participantes serem limitados e imperfeitos não quer dizer
que a política deva ser uma esculhambação.
Pelo contrário, como ideal a ser atingido, ela deve buscar, justamente,
corrigir os erros, as imperfeições e as injustiças sociais.
Pode
parecer pueril ou ingênuo da minha parte, mas, desde os tempos de fundação do
Movimento Democrático Brasileiro, penso dessa forma. Naquela época era fácil porque tínhamos,
claramente, o poder que deveria ser combatido: era aquele que não tinha a
legitimidade do povo, aquela política que era IMPOSTA de fora pra dentro. Hoje, no entanto, a coisa ficou mais complexa
porque pensamos em termos de Economia: “ah, o candidato tal vai dar aumento
para a nossa classe então votamos nele”.
Ou então acreditamos na instituição canalha do “voto útil” dizendo que
não podemos apoiar aquele candidato porque ele não é “popular”. Ora, se o importante fosse a popularidade, a
Presidenta seria a Ivete Sangalo e não a Dilma!
Finalmente,
é preciso que cada um tenha, para si, aquilo que quer e o que deseja para
tornar a convivência social, pelo menos, suportável. Há que se rever esse modelos e conceitos
viciados que andam por aí. Certamente,
não é uma tarefa que vai dar frutos agora.
Mas, com persistência, com esperança e, principalmente, educando nossos
filhos e netos, pode ser que a política volte a ser a segunda profissão mais
antiga do mundo (hoje usurpou o primeiro lugar daquela que conhecíamos antes).
E que
não tenhamos vergonha de assumir nossas convicções num terreno em que, nas
palavras do matemático e filósofo galês Bertrand Russel, “os estúpidos são
excessivamente confiantes, e os inteligentes, cheios de dúvidas.”
(Crônica:
Jorge Marin)
Eu sou favorável e pratico conscientemente o voto nulo, caso não me identifique com a proposta ou qualidade dos candidatos. Não compartilho da filosofia do "votar no menos pior".
ResponderExcluirO direito ao voto é, na verdade, a obrigação ao voto, já que não é permitido aos que assim desejam democraticamente se abster de uma opinião nas urnas. Nossa democracia coloca nas urnas eletrônicas um botão de voto em branco, mas não existe um botão para o voto nulo. Precisamos de maturidade e respeito político tanto de cima para baixo, quanto de baixo para cima, no “jogo democrático”.
Se houvesse uma lei que obrigasse novas eleições no prazo de seis meses, com candidatos obrigatoriamente diferentes, no caso de 50,01% dos votos serem nulos, talvez fosse dado um recado bem audível para tranqueiras inúteis como um Collor e Maluf da vida, entre outros da mesma categoria.
Talvez seja radicalismo meu ou preguiça das autoridades eleitorais não existir uma lei como essa, que me parece tão óbvia. Se os candidatos apresentados desagradaram mais da metade dos eleitores, devem ser providenciados imediatamente novos candidatos, que representem melhor os desejos da população.
Enquanto isso, nós tupiniquins vamos levando a vida, passinho pra frente, passinho pra trás...
Sylvio, acho sua postura muito correta: a questão de votar NULO não é antidemocrática. Pelo contrário: é um gesto político que indica a sua insatisfação com os candidatos apresentados. Isso sim é o DIREITO de votar, bem diferente da OBRIGAÇÃO de votar.
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