Foto por Jazpar Yeo
PARADA
EM BICAS! Dez minutos! Para quem está
com dor de barriga – TERRÍVEL! – há mais de uma hora, isso soa como música.
A PORTA
DO ÔNIBUS SE ABRIU... Sabem aquela
música do filme Carruagens de Fogo? TÃ
TÃ TÃ TÃ TÃ... Pois é, parecia que estava tocando e a coisa apertou de vez, mas
existe toda uma estratégia: se correr muito lento, o “oponente” te ultrapassa
(e só tem uma privada); se, pelo contrário, correr muito depressa, nem vai
haver necessidade de privada, se é que me entendem. O “oponente” também já estava no desespero:
suando muito, começou a descer a escadinha do ônibus e o atropelei e,
estrategicamente, pulei direto pra calçada.
Milésimos de segundos nesta hora seriam fundamentais. E foram!
Saímos
em disparada e entramos rodoviária adentro, CABEÇA COM CABEÇA, com uma ligeira
vantagem pra mim. Passamos pelo balcão praticamente empatados ou, no mínimo,
com meio corpo de vantagem a meu favor. Entramos juntos na RETA DE CHEGADA para,
finalmente, alcançamos quase perfilados a tão sonhada porta da esperança. Se é
que poderíamos chamar aquilo de porta! Uma
minúscula vantagem me permitiu adentrar primeiro no recinto. Procurei de
imediato fechar a porta por dentro, procurando um mínimo de privacidade, mas
meu amigo chegou com tudo querendo entrar de qualquer jeito. IMPLORAVA dizendo
que tinha o tal colón irritável e não aguentava mais esperar. Quanto mais ele falava, mais “irritável” eu
ficava. Não havia trinco por dentro e o piso estava com água entupida já quase
alcançando meu calcanhar. Quando fui sentar, um vazio estranho me fez perceber
que O VASO HAVIA SUMIDO... E o meu
amigo, enquanto isso, ficava do lado de fora, DESESPERADO, tentando empurrar a
porta. O negócio era entrar de qualquer
jeito, senão o negócio saía.
Não me
restou alternativa a não ser ficar meio agachado apoiado na ponta de um dos
pés, enquanto o outro tentava quase em vão segurar a porta por dentro. E o meu “algoz”, enquanto isso, tentava de
qualquer maneira arrombar a soleira. A
pressão externa que meu “rival” imprimia estava TÃO VIOLENTA que, mesmo na
situação em que me encontrava, igual a um flamingo fazendo pilates, não
conseguia relaxar pra cumprir minha difícil missão. E o cara ainda teve a petulância de posicionar
o bico do sapato entre a porta e a guarnição não deixando assim que ela se
fechasse por completo. Ficava com a
ponta do nariz (muita coragem!) e um dos braços dentro do banheiro me
pressionando dizendo: - Sacanagem! Cê sabe que eu cheguei primeiro!
A coisa
deveria estar tão preta para o lado dele, que antes mesmo que eu terminasse de
cumprir meu propósito e de liberar a porta, já estava ele também dentro do
minúsculo quadrado já de cinto desapertado, calça quase arriada, pipocando
sobre as águas, e procurando o vaso desvanecido. – SAI, SAI, que o ônibus já tá
partindo! - dizia todo afobado me empurrando pra fora.
Já
bastante aliviado, tive a gentileza de liberar o local paro o amigo. Acendi um
cigarrinho e fui para a porta do ônibus tentar segurar sua partida, se preciso
fosse. Nisso, chega, também aliviado, o meu
desafiante e segundo colocado. Enfiando
a mão no bolso, me ofereceu um comprimidinho amarelo dizendo que não viajava
sem ele e que era uma dádiva pra situações como esta. Imagine se não fosse!
Como eu ainda iria pegar outro ônibus e seguir viagem, aceitei de imediato e
mandei goela abaixo. Fomos rindo até Juiz de Fora e nos despedimos na
rodoviária.
Enquanto
aguardava a saída do ônibus pra BH me dirigi à lanchonete e comi um saboroso
misto quente com café com leite. Também, a conselho de meu nobre amigo, comprei
um Dramin e tomei meia hora antes de sair.
Fui acordar chegando em Conselheiro Lafaiete.
(Crônica:
Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)
lINDA HISTÓRIA,ESPECIAL PARA SER NARRADA NUMA SEXTA-FEIRA 13 .QUE HORROR! kkkkkkkkk
ResponderExcluirSerjão,
ResponderExcluirEste objeto que está carregando na cabeça em uma dessas fotos da Galeria ao lado, é o troféu que trouxe de Bicas? Kkkkkk
Dorinha
Serjão, livrou-se de uma.... Será que você contou a história direito?
ResponderExcluirNão aconteceu alguma coisa mais que você não quis contar?
Mika
Louvável o espírito esportivo de ambos competidores na luta pela privada sumida, que após o embate se confraternizaram civilizadamente, trocando tecnologias e técnicas para futuros apertos.
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