sexta-feira, 6 de julho de 2012

(DES)APERTEM OS CINTOS QUE O VASO SUMIU - Capítulo 3

Foto do site mypi.ruliweb.daum.net

Amante da vida no campo, ao passar por um pasto com aquele (saudoso) capim gordura MOLHADINHO, corri até a janela do ônibus e a DOR DE BARRIGA era tão forte, que pensei em me jogar!  Mas, para meu alívio, ALGO aconteceu: um esquenta traseiro chegou E SALVOU A MINHA VIDA.  Por enquanto, pensei, mas o fato é que o ônibus não ia parar mesmo em Rochedo.  A senhora sentada ao lado, após uma breve checada na fralda da criança, foi de imediato ABRINDO A JANELA e, após dar uma profunda cafungada no ar, pediu desculpas pelo cheiro. -Tudo bem, minha senhora! Não podemos esquecer que, um dia, fomos também crianças!  Falso filósofo e também mentiroso.  Se tivesse entrado na política, eu poderia ser Senador hoje.
Nesta hora, meu amigo que estava sentado do outro lado do corredor (o botafoguense, lembram?), após fazer aquela cara de quem teria sido também vitima do ocorrido, vira pra mim e resmunga baixinho: - Trazer criança nesta idade em viagem não poderia dar outra coisa! Balancei a cabeça em sinal de afirmativo, tranquei o culpado e seguimos viagem.
Daí pra frente tudo ia transcorrendo serena e calmamente ATÉ QUE, no pé da serra, comecei a desconfiar de que aquela seria a subida mais longa de minha vida. E assim foi!  A barriga estufou de vez e, mesmo na ausência de enjoos e eructações, parecia que tinha flatos pra mais de metro.  Para embaçar ainda mais a situação, uma cólica fininha chegou, prenunciando que o desastre iminente seria inevitável e, PIOR, estava prestes acontecer. Eu, nesta hora, sem ter muito o que fazer, pulei mais do que depressa da poltrona, acendi um cigarro e, suando em bicas (literalmente), fiquei de pé no corredor.  Nesta época ainda era permitido fumar nos ônibus. Fugindo um pouco do assunto, agora me lembrei daquele aviso que ficava pendurado próximo ao motorista: “PROIBIDO FUMAR CACHIMBO, CHARUTO E CIGARRO DE PALHA”.  Até hoje não sei por quê o cigarro era permitido, só sei que foi minha salvação.
Enquanto isso, minha impressão era a de estar subindo a serra em cima de um carro de boi, tal era a sensação de lentidão.  Novamente a coisa piora e, na entrada de Bicas, corri DIRETO para a porta, onde fiquei de sentinela.  Esperava apenas a sua abertura para poder sair em disparada em busca da salvação.   E SE NÃO ESTIVEREM MAIS FAZENDO BALDEAÇÃO AQUI? - enquanto suava frio, comecei a delirar.
Eis que o motorista começou a FREAR e, antes mesmo que o ônibus estacionasse, meu amigo da poltrona ao lado também começava a se posicionar, estrategicamente, no meu vácuo, o que, na circunstância era MORTAL.  E a porta estava PRESTES a ser aberta.  Seria como liberar a entrada do paraíso para mim.  Ou seja, para nós, já que o meu saudoso amigo, que veio ficar em pé atrás de mim, já havia minutos antes sussurrado baixinho no meu ouvido: - Tenho a Síndrome do Cólon Irritável e a coisa tá preta pro meu lado!  Foi aí que senti nas entrelinhas que a corrida até o paraíso seria bem mais CONCORRIDA que imaginara. E não deu outra!  
Ainda teríamos que aguardar alguns momentos até que saísse outro ônibus que estava na plataforma (SAI, DEMÔNIO!) e assim pudéssemos estacionar o nosso. O tempo era precioso e parecia que tudo estava conspirando contra nós.  Verdade seja dita: Alguns minutos a mais sairíamos pela janela, os dois.
Lá estávamos nós, de pé em frente à porta, adrenalina a mil, aguardando apenas aquela que poderia ser, talvez,  a maior corrida de dez metros rasos sem barreiras (ou até com uma barreira danada) de todos os tempos.
A PORTA SE ABRIU...  Ufa!  Na semana que vem: A Corrida (final).

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

2 comentários:

  1. O suspense está me matando.
    Parece filme do Hitchcock!

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    Respostas
    1. Fique tranquilo, pois na sexta que vem, teremos, finalmente "UM CORPO QUE CAI". Aguarde!

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BRIGADU, GENTE!

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