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Amante
da vida no campo, ao passar por um pasto com aquele (saudoso) capim gordura
MOLHADINHO, corri até a janela do ônibus e a DOR DE BARRIGA era tão forte, que
pensei em me jogar! Mas, para meu
alívio, ALGO aconteceu: um esquenta traseiro chegou E SALVOU A MINHA VIDA. Por enquanto, pensei, mas o fato é que o
ônibus não ia parar mesmo em Rochedo. A
senhora sentada ao lado, após uma breve checada na fralda da criança, foi de
imediato ABRINDO A JANELA e, após dar uma profunda cafungada no ar, pediu
desculpas pelo cheiro. -Tudo bem, minha senhora! Não podemos esquecer que, um
dia, fomos também crianças! Falso
filósofo e também mentiroso. Se tivesse
entrado na política, eu poderia ser Senador hoje.
Nesta
hora, meu amigo que estava sentado do outro lado do corredor (o botafoguense,
lembram?), após fazer aquela cara de quem teria sido também vitima do ocorrido,
vira pra mim e resmunga baixinho: - Trazer criança nesta idade em viagem não
poderia dar outra coisa! Balancei a cabeça em sinal de afirmativo, tranquei o
culpado e seguimos viagem.
Daí pra
frente tudo ia transcorrendo serena e calmamente ATÉ QUE, no pé da serra,
comecei a desconfiar de que aquela seria a subida mais longa de minha vida. E assim
foi! A barriga estufou de vez e, mesmo
na ausência de enjoos e eructações, parecia que tinha flatos pra mais de metro. Para embaçar ainda mais a situação, uma cólica
fininha chegou, prenunciando que o desastre iminente seria inevitável e, PIOR, estava
prestes acontecer. Eu, nesta hora, sem ter muito o que fazer, pulei mais do que
depressa da poltrona, acendi um cigarro e, suando em bicas (literalmente), fiquei
de pé no corredor. Nesta época ainda era
permitido fumar nos ônibus. Fugindo um pouco do assunto, agora me lembrei
daquele aviso que ficava pendurado próximo ao motorista: “PROIBIDO FUMAR CACHIMBO,
CHARUTO E CIGARRO DE PALHA”. Até hoje
não sei por quê o cigarro era permitido, só sei que foi minha salvação.
Enquanto
isso, minha impressão era a de estar subindo a serra em cima de um carro de
boi, tal era a sensação de lentidão. Novamente
a coisa piora e, na entrada de Bicas, corri DIRETO para a porta, onde fiquei de
sentinela. Esperava apenas a sua abertura
para poder sair em disparada em busca da salvação. E SE NÃO ESTIVEREM MAIS FAZENDO BALDEAÇÃO
AQUI? - enquanto suava frio, comecei a delirar.
Eis que
o motorista começou a FREAR e, antes mesmo que o ônibus estacionasse, meu amigo
da poltrona ao lado também começava a se posicionar, estrategicamente, no meu
vácuo, o que, na circunstância era MORTAL.
E a porta estava PRESTES a ser aberta. Seria como liberar a entrada do paraíso para
mim. Ou seja, para nós, já que o meu
saudoso amigo, que veio ficar em pé atrás de mim, já havia minutos antes
sussurrado baixinho no meu ouvido: - Tenho a Síndrome do Cólon Irritável e a
coisa tá preta pro meu lado! Foi aí que
senti nas entrelinhas que a corrida até o paraíso seria bem mais CONCORRIDA que
imaginara. E não deu outra!
Ainda
teríamos que aguardar alguns momentos até que saísse outro ônibus que estava na
plataforma (SAI, DEMÔNIO!) e assim pudéssemos estacionar o nosso. O tempo era
precioso e parecia que tudo estava conspirando contra nós. Verdade seja dita: Alguns minutos a mais
sairíamos pela janela, os dois.
Lá
estávamos nós, de pé em frente à porta, adrenalina a mil, aguardando apenas
aquela que poderia ser, talvez, a maior corrida
de dez metros rasos sem barreiras (ou até com uma barreira danada) de todos os
tempos.
A PORTA
SE ABRIU... Ufa! Na semana que vem: A Corrida (final).
(Crônica:
Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)
O suspense está me matando.
ResponderExcluirParece filme do Hitchcock!
Fique tranquilo, pois na sexta que vem, teremos, finalmente "UM CORPO QUE CAI". Aguarde!
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