sexta-feira, 13 de julho de 2012

(DES)APERTEM OS CINTOS QUE O VASO SUMIU - FINAL

Foto por Jazpar Yeo

PARADA EM BICAS! Dez minutos!  Para quem está com dor de barriga – TERRÍVEL! – há mais de uma hora, isso soa como música.
A PORTA DO ÔNIBUS SE ABRIU...  Sabem aquela música do filme Carruagens de Fogo?  TÃ TÃ TÃ TÃ TÃ... Pois é, parecia que estava tocando e a coisa apertou de vez, mas existe toda uma estratégia: se correr muito lento, o “oponente” te ultrapassa (e só tem uma privada); se, pelo contrário, correr muito depressa, nem vai haver necessidade de privada, se é que me entendem.  O “oponente” também já estava no desespero: suando muito, começou a descer a escadinha do ônibus e o atropelei e, estrategicamente, pulei direto pra calçada.  Milésimos de segundos nesta hora seriam fundamentais.  E foram!
Saímos em disparada e entramos rodoviária adentro, CABEÇA COM CABEÇA, com uma ligeira vantagem pra mim. Passamos pelo balcão praticamente empatados ou, no mínimo, com meio corpo de vantagem a meu favor. Entramos juntos na RETA DE CHEGADA para, finalmente, alcançamos quase perfilados a tão sonhada porta da esperança. Se é que poderíamos chamar aquilo de porta!  Uma minúscula vantagem me permitiu adentrar primeiro no recinto. Procurei de imediato fechar a porta por dentro, procurando um mínimo de privacidade, mas meu amigo chegou com tudo querendo entrar de qualquer jeito. IMPLORAVA dizendo que tinha o tal colón irritável e não aguentava mais esperar.  Quanto mais ele falava, mais “irritável” eu ficava. Não havia trinco por dentro e o piso estava com água entupida já quase alcançando meu calcanhar. Quando fui sentar, um vazio estranho me fez perceber que O VASO HAVIA SUMIDO...  E o meu amigo, enquanto isso, ficava do lado de fora, DESESPERADO, tentando empurrar a porta.  O negócio era entrar de qualquer jeito, senão o negócio saía.
Não me restou alternativa a não ser ficar meio agachado apoiado na ponta de um dos pés, enquanto o outro tentava quase em vão segurar a porta por dentro.  E o meu “algoz”, enquanto isso, tentava de qualquer maneira arrombar a soleira.  A pressão externa que meu “rival” imprimia estava TÃO VIOLENTA que, mesmo na situação em que me encontrava, igual a um flamingo fazendo pilates, não conseguia relaxar pra cumprir minha difícil missão.  E o cara ainda teve a petulância de posicionar o bico do sapato entre a porta e a guarnição não deixando assim que ela se fechasse por completo.  Ficava com a ponta do nariz (muita coragem!) e um dos braços dentro do banheiro me pressionando dizendo: - Sacanagem! Cê sabe que eu cheguei primeiro!
A coisa deveria estar tão preta para o lado dele, que antes mesmo que eu terminasse de cumprir meu propósito e de liberar a porta, já estava ele também dentro do minúsculo quadrado já de cinto desapertado, calça quase arriada, pipocando sobre as águas, e procurando o vaso desvanecido. – SAI, SAI, que o ônibus já tá partindo! - dizia todo afobado me empurrando pra fora.
Já bastante aliviado, tive a gentileza de liberar o local paro o amigo. Acendi um cigarrinho e fui para a porta do ônibus tentar segurar sua partida, se preciso fosse.  Nisso, chega, também aliviado, o meu desafiante e segundo colocado.  Enfiando a mão no bolso, me ofereceu um comprimidinho amarelo dizendo que não viajava sem ele e que era uma dádiva pra situações como esta. Imagine se não fosse! Como eu ainda iria pegar outro ônibus e seguir viagem, aceitei de imediato e mandei goela abaixo. Fomos rindo até Juiz de Fora e nos despedimos na rodoviária.
Enquanto aguardava a saída do ônibus pra BH me dirigi à lanchonete e comi um saboroso misto quente com café com leite. Também, a conselho de meu nobre amigo, comprei um Dramin e tomei meia hora antes de sair.
 Fui acordar chegando em Conselheiro Lafaiete.

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

4 comentários:

  1. lINDA HISTÓRIA,ESPECIAL PARA SER NARRADA NUMA SEXTA-FEIRA 13 .QUE HORROR! kkkkkkkkk

    ResponderExcluir
  2. Serjão,
    Este objeto que está carregando na cabeça em uma dessas fotos da Galeria ao lado, é o troféu que trouxe de Bicas? Kkkkkk
    Dorinha

    ResponderExcluir
  3. Serjão, livrou-se de uma.... Será que você contou a história direito?
    Não aconteceu alguma coisa mais que você não quis contar?
    Mika

    ResponderExcluir
  4. Louvável o espírito esportivo de ambos competidores na luta pela privada sumida, que após o embate se confraternizaram civilizadamente, trocando tecnologias e técnicas para futuros apertos.

    ResponderExcluir

BRIGADU, GENTE!

BRIGADU, GENTE!
VOLTEM SEMPRE, ESTAMOS ESPERANDO... NO MURINHO DO ADIL