Segunda-feira
passada, eu estava no cemitério municipal de Juiz de Fora, no velório de um
amigo, quando comecei a perceber umas perguntas meio inquietantes: primeiro
veio uma pessoa perguntando em qual capela estaria o corpo do moço assassinado
com 12 tiros no Bairro Santo Antônio, depois uma outra senhora perguntando
sobre o corpo da moça sequestrada. Um
dos presentes, conhecedor do caso, respondeu que, devido ao estado do corpo,
não ocorreria velório, mas que o corpo do amante dela chegaria na capela número
3 ao meio-dia.
Meio
assustado com aquela conversa, peguei um ônibus, mas não consegui chegar ao
destino porque a polícia interrompeu o trânsito devido a uma ameaça de bomba na
Avenida Getúlio Vargas. Aí que eu entrei
em pânico de vez. E, embora isso seja
uma crônica, tudo o que estou dizendo OCORREU MESMO, DE VERDADE, naquela
segunda-feira fatídica.
Sem
saber o que fazer, subi a Rua Halfeld e resolvi e ir a pé pra casa, MAS... duas
gangues rivais, com uns trinta jovens mais ou menos, resolveram travar uma luta
em pleno calçadão. Corri para dentro de
um daqueles prédios comerciais, pedi para ir para o último andar, saí do
elevador, entrei na escada de incêndio, sentei num degrau da escada e fiquei
lendo um mangá que havia comprado para o meu filho até a confusão passar.
Pensei:
gente, o Serjão é que está certo, quando diz que não há nada como o NOSSO
INTERIOR! Cogitei mesmo chegar em casa e
chamar a mulher:
- Vamo
embora pra São João! Agora!
MAS, o
mundo dá voltas: no dia seguinte, estamos, eu e meu filho, aguardando o ônibus
para eu levá-lo para a escola. O ônibus
chega, um pouco atrasado e encosta. Meu
filho, com sua mochila de rodinhas, corre para ser o primeiro a entrar, mas o
motorista, embora com a porta aberta não nos deixa entrar:
-
Infelizmente, não posso deixar ninguém subir, só descer! – decreta ele.
Vendo
que o ônibus está praticamente vazio, protestamos: por que? Por que?
E o
motorista, meio envergonhado:
- É que
não tem trocador...
Aí é
que as pessoas se revoltaram de vez: como assim não tem trocador? Não pode subir nem quem tem o cartão?
- Não,
retruca o motorista, eu não teria como controlar a roleta e dirigir ao mesmo
tempo.
Meu
filho, que assistia a tudo passivamente, resolveu entrar (de forma brilhante)
na conversa:
- Mas
cadê o trocador, moço?
A
resposta do motorista me animou a continuar em Juiz de Fora pois, se São João é
interior, não sei o que é aqui. O
motorista, como uma pessoa flagrada em delito, confessa:
- Pois
é, ali em cima na Rio Branco tem um banheiro pra nós. E o danado do trocador resolveu usar. Sabe como é né? Aí, eu...
E
parou. Eu o quê, perguntamos todos
juntos.
-EU
ISQUICI ELE LÁ!
Gargalhada
geral, chega um conhecido, pergunta pelo Botafogo, chega uma coleguinha do meu
filho com o pai e chega outro ônibus.
- Pera
aí, pai – diz o meu filho.
- Que
foi, filho?
-
Confere antes pra ver se tem trocador...
Foto: Carroça estacionada na área azul, publicada no jornal Tribuna de Minas e disponível em http://www.tribunademinas.com.br/vida-urbana/carroca-estacionada-na-area-azul-da-marechal-1.1118722
Tese muito bem defendida. Aprovado.
ResponderExcluirGostei da estória . Delirei cm a resposta do motorista.
Mika
Quando a tese original (NOSSO INTERIOR) é boa, fica mais fácil fazer a antítese. Obrigado.
ExcluirE aí está justamente à diferença entre o Interior e INTERIORZÃO, ou seja:
ResponderExcluirÉ aquele trem, tipo assim, que quer dizer a mesma coisa, de uma coisa, que pode ser diferente inclusive bem mais “piquena”! Rsrsr
Nostra