quarta-feira, 5 de setembro de 2012

NOSSO INTERIOR: O SERJÃO ESTAVA ERRADO!


Segunda-feira passada, eu estava no cemitério municipal de Juiz de Fora, no velório de um amigo, quando comecei a perceber umas perguntas meio inquietantes: primeiro veio uma pessoa perguntando em qual capela estaria o corpo do moço assassinado com 12 tiros no Bairro Santo Antônio, depois uma outra senhora perguntando sobre o corpo da moça sequestrada.  Um dos presentes, conhecedor do caso, respondeu que, devido ao estado do corpo, não ocorreria velório, mas que o corpo do amante dela chegaria na capela número 3 ao meio-dia.
Meio assustado com aquela conversa, peguei um ônibus, mas não consegui chegar ao destino porque a polícia interrompeu o trânsito devido a uma ameaça de bomba na Avenida Getúlio Vargas.  Aí que eu entrei em pânico de vez.  E, embora isso seja uma crônica, tudo o que estou dizendo OCORREU MESMO, DE VERDADE, naquela segunda-feira fatídica.
Sem saber o que fazer, subi a Rua Halfeld e resolvi e ir a pé pra casa, MAS... duas gangues rivais, com uns trinta jovens mais ou menos, resolveram travar uma luta em pleno calçadão.  Corri para dentro de um daqueles prédios comerciais, pedi para ir para o último andar, saí do elevador, entrei na escada de incêndio, sentei num degrau da escada e fiquei lendo um mangá que havia comprado para o meu filho até a confusão passar.
Pensei: gente, o Serjão é que está certo, quando diz que não há nada como o NOSSO INTERIOR!  Cogitei mesmo chegar em casa e chamar a mulher:
- Vamo embora pra São João! Agora!
MAS, o mundo dá voltas: no dia seguinte, estamos, eu e meu filho, aguardando o ônibus para eu levá-lo para a escola.  O ônibus chega, um pouco atrasado e encosta.  Meu filho, com sua mochila de rodinhas, corre para ser o primeiro a entrar, mas o motorista, embora com a porta aberta não nos deixa entrar:
- Infelizmente, não posso deixar ninguém subir, só descer! – decreta ele.
Vendo que o ônibus está praticamente vazio, protestamos: por que? Por que?
E o motorista, meio envergonhado:
- É que não tem trocador...
Aí é que as pessoas se revoltaram de vez: como assim não tem trocador?  Não pode subir nem quem tem o cartão?
- Não, retruca o motorista, eu não teria como controlar a roleta e dirigir ao mesmo tempo.
Meu filho, que assistia a tudo passivamente, resolveu entrar (de forma brilhante) na conversa:
- Mas cadê o trocador, moço?
A resposta do motorista me animou a continuar em Juiz de Fora pois, se São João é interior, não sei o que é aqui.  O motorista, como uma pessoa flagrada em delito, confessa:
- Pois é, ali em cima na Rio Branco tem um banheiro pra nós.  E o danado do trocador resolveu usar.  Sabe como é né?  Aí, eu...
E parou.  Eu o quê, perguntamos todos juntos.
-EU ISQUICI ELE LÁ!
Gargalhada geral, chega um conhecido, pergunta pelo Botafogo, chega uma coleguinha do meu filho com o pai e chega outro ônibus.
- Pera aí, pai – diz o meu filho.
- Que foi, filho?
- Confere antes pra ver se tem trocador...

(Crônica: Jorge Marin)
Foto: Carroça estacionada na área azul, publicada no jornal Tribuna de Minas e disponível em http://www.tribunademinas.com.br/vida-urbana/carroca-estacionada-na-area-azul-da-marechal-1.1118722

3 comentários:

  1. Tese muito bem defendida. Aprovado.
    Gostei da estória . Delirei cm a resposta do motorista.
    Mika

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    Respostas
    1. Quando a tese original (NOSSO INTERIOR) é boa, fica mais fácil fazer a antítese. Obrigado.

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  2. E aí está justamente à diferença entre o Interior e INTERIORZÃO, ou seja:
    É aquele trem, tipo assim, que quer dizer a mesma coisa, de uma coisa, que pode ser diferente inclusive bem mais “piquena”! Rsrsr
    Nostra

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