sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

OS IRMÃOS MORAM AO LADO - III



NA SEMANA PASSADA, eu estava na minha oficina, de calça curta, não só porque estava usando aquela bermuda furada com a qual eu fui no casamento da moça, mas também porque estava me sentindo espremido pelo interrogatório da Mulher Misteriosa. Depois de pesquisar vários detalhes do meu trabalho, ela deu um diagnóstico, sei lá por quê, de que o local era acanhado, mas iria indicá-lo aos amigos. Eu já não sabia se fica feliz ou assustado.
A sabatina continuou:
- Gozado!... Quase todos os lugares que conheço têm expedientes, no máximo, três vezes por semana! Só aqui é diferente!
- É mesmo? Possivelmente, pouco trabalho! – respondi um tanto surpreso.
Enquanto, já de saco cheio, começava a perder a paciência, ainda teria que escutar algumas perguntas:
- Já são muitos os seus simpatizantes?
- Ah! Por alto, pelo menos uns cem! – respondi, já fazendo cara de poucos amigos.
- Ué!... Me disseram que não passava de trinta!
- Intriga da concorrência!
- E como faz pra caber tanta gente? – perguntou, admirada, enquanto, continuava a olhar o pequeno espaço da oficina, e já um tanto confusa
Ou esta senhora é maluca... ou andou bebendo”-pensei.
- E os bancos? Onde estão os bancos? Ou aqui fica tudo no chão?
- Que banco, minha senhora? Que banco?
- Não me diga, então, que, temos que ficar todo o tempo de pé?
- Não, minha senhora! Não é nada disso! Eu não conserto na mesma hora! Tem que ficar aqui!
- Ficar aqui? – reagiu ela, com certo ar de arrependimento, e até um certo apavoramento.
Nisso, os meninos chegaram e eu ainda nem havia lavado minhas mãos de graxa.
Procurei, de imediato, encurtar o assunto e ir rapidinho aos finalmentes, dizendo:
- Não me leve a mal, minha senhora! Tem certeza, mesmo, que procura uma oficina?
- Oficina?!!! - De olhos arregalados, embasbacada, ainda perguntou: Então, aqui, não é umaaaaa...
Pior de tudo, é que ela não conseguia terminar de fazer a pergunta e eu já começava é ficar numa curiosidade sem fim.
- Minha mãe!!!... Desculpe-me moço, não sei onde enfiar a cara! ÉÉÉ... Que me informaram que aqui éééé... E novamente não conseguia completar a frase.
Foi aí que a nossa ficha ao cair de vez, levou-nos a uma crise de riso incontrolável.
Pedindo mil desculpas, confessou-me que aquele seria, até então, o episódio mais divertido que havia acontecido com ela.
E assim, em meio a muitas gargalhadas, mas um tanto incrédulo, ainda concluí:
- Tudo bem... Tudo bem, minha senhora! Procure se acalmar, pois entendo perfeitamente! A senhora, foi, realmente a primeira, mas com certeza, não será a última! Entre nesta porta, ao lado e siga em frente!

Fechei a oficina e fui receber as crianças.

MORAL DA HISTÓRIA: Acho que, pelo menos, ganhei uma freguesa.

De volta aos meus afazeres, uma dúvida começou a tomar forma em meu pensamento: se este tipo de equívoco já aconteceu aqui, e, se, por acaso... Mas afastei a ideia. Não, não é possível que uma pessoa vá numa igreja, e pense estar numa oficina. Será???
Na próxima semana, não percam: A Igreja, os irmãos desconsertados.

(Crônica: Serjão Missiaggia / Adaptação: Jorge Marin)

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