Digital art por Fabíola Goellner
Colhia flores de manhã
e pensava que era romântico
retirar os espinhos.
Voltava para a cama
com cheiro da seiva do jardim
e sonhava com palácios:
eram muros altos
a luz do sol entrava
pela fresta da janela.
Pensava que era romântico
ser mulher
e enchia-se de raiva
dos pratos e talheres
na pia da cozinha.
Súbito um anjo
desses que povoam nosso imaginário
entrou pela janela
para fazer uma anunciação
e quebrou algumas louças:
coitado, levou umas vassouradas
e saiu voando
e gritando histericamente.
A mulher ficou ali
sentada sem fazer nada
comendo uma maçã
e lendo um romance qualquer.
(Poesia: Jorge Marin)
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