A nossa
volta ao passado aqui no Blog é feita de momentos românticos, como se o
romantismo fosse um produto com validade até o final dos anos 80 mais ou menos.
Mas, a
partir daí, o que aconteceu com o amor romântico? Será que o fim da repressão,
ou o fim da guerra fria, ou o baixo preço das pílulas fizeram com que essa
coisa do “eu te amo” se tornasse obsoleta?
Lógico,
aqui e ali, casaizinhos suspirantes e apaixonados ainda tentam passear de mãos
dadas pelas praças. Mas, até isso se tornou meio perigoso ante a escalada da
violência urbana.
Pesquisamos
no Google e vamos descobrir, meio decepcionados, que o amor romântico é uma
invenção da Idade Média, quando um determinado cavaleiro saía para as suas
cruzadas e, temeroso de não voltar, dedicava sua empreitada a determinada
donzela que lhe serviria de inspiração e consolo em seus momentos infernais.
Nessa
visão, o amor romântico surge como uma espécie de obsessão incontrolável em
que, milhas distantes, ainda nos preocupamos com o que pensa a pessoa amada,
com o que sonha, qual sabor tem os seus beijos, qual a maciez do seu corpo.
Isso era considerado uma maldição porque amar assim era perder o controle,
coisa que, naquele tempo, era um ato condenável.
No nosso
tempo de jovens, a coisa já estava mais pacificada, e amar assumia ares de
coisa tolerada, desde que dentro de um contexto de comprometimento. Ou seja,
podíamos amar desde que aquela “febre passageira” durasse para sempre.
Lembro-me de uma amiga me confidenciando, nos idos de 1970 e poucos, que tinha
sérias dúvidas se o amor dela para o namorado era PARASSEMPRE. Hoje, continuam
casados, mas fico me perguntando se o amor romântico resiste a um apartamento
de dois quartos e a um seguro de carro que vence justamente quando voltamos da
viagem financiada.
Adolescentes
modernos vivem verdadeiros idílios de algumas semanas, inundando o Facebook com
uma quantidade sem fim de “teamos”, palavra que só perde na rede para os “kkks”
e os “rsrsrs”, embora, na vida real, pouco se ame e pouco se ria. É como se o
amor, para esses jovens, fosse a manutenção tardia daquela crença em Papai Noel
que tínhamos no passado.
Por isso,
neste Dia dos Namorados, se estiverem acometidos dessa (incontrolável) doença
amorosa, liberem os sintomas. Que os atchins sejam beijos loucos e que as dores
se manifestem em formas de carícias agudas, cutâneas e viscerais.
Crônica:
Jorge Marin
Foto : disponível em http://www.eusoqueriaumcafe.com/2010/05/entrevista-amor-patologico-quando-o.html
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