Atenção, pessoas, esta NÃO é uma
postagem política! Digo isso porque tenho feito um tratamento intensivo com o
meu "cumpadre" Serjão que me chamou no canto e disse que a política, essa
violenta que se tem praticado no Facebook, estava acabando com minha
criatividade.
Concordo
com o meu mestre: essa polarização toda tem feito muita gente boa, inteligente
e cordial quase se pegar por querer a todo custo ser o dono da verdade.
Bom, mas
este não é o meu caso. Quando falamos em pessoas corruptas e corrupção, fica
parecendo que os seres envolvidos com essas práticas são ETs, ou seres
malignos, tipo O Lado Negro da Força. Na verdade, corruptos e corruptores estão
espalhados por todos os cantos, quando não bem do nosso ladinho.
A
corrupção me atingiu quando trabalhava como gerente júnior de um banco estatal
numa cidade de Minas. A empresa terceirizada que prestava os serviços de
limpeza (na verdade, tínhamos duas funcionárias, ambas faxineiras) teve o seu
contrato encerrado e tivemos que cancelá-lo, não pela qualidade dos serviços,
que eram ótimos, mas pelo descaso com que a referida empresa conduzia seus
negócios, atrasando salários, não recolhendo o FGTS, dentre outras práticas
condenáveis.
Ao abrir
a concorrência para contratar uma nova empresa, fiquei encarregado de receber
as propostas e, por pouco, não recebo junto uma proposta indecente. Uma das
representantes de uma empresa era a jovem esposa do dono, uma moça bem jovem,
morena, “sacudida” como costumava dizer meu pai sobre as mulheres apetecíveis.
Nervosa, cruzava e descruzava as pernas e, pelo curto da saia, assemelhava-se a
uma demonstradora da DeMillus.
Alheio a
tudo aquilo, que, aliás, não me incomodava nem um pouco, recebi a moça em minha
mesa. Sorrindo, ela falou sobre as vantagens da empresa e me confidenciou:
- É bom
saber que, caso saiamos vencedores nesta licitação, o Fulano (o dono) disse que
gosta muito do senhor e, enquanto estivermos prestando serviço aqui no banco,
mandaremos uma faxineira diariamente prestar serviços de limpeza na sua casa.
Pensei
assim: se um gerentezin de uma cidadezinha recebe uma proposta desse tipo,
imagina como deve ser uma cara que está contratando a turbina de uma usina
termonuclear!
A moça
ficava ali, me olhando, toda bela e recatada (nem tanto!) como se aquilo que
estava fazendo fosse a coisa mais natural do mundo. Ao recusar as propostas, a
explícita e a implícita, pensei que um dia iria me arrepender.
Hoje,
mais de vinte anos se passaram. Aquela proposta indecente era, e continua
sendo, a coisa mais natural do mundo. Mas, ainda não me arrependi.
Crônica:
Jorge Marin
Foto : disponível em http://4.bp.blogspot.com/
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