sexta-feira, 3 de junho de 2016

COMO (QUASE) ENTREI NA LAVA-JATO


Atenção, pessoas, esta NÃO é uma postagem política! Digo isso porque tenho feito um tratamento intensivo com o meu "cumpadre" Serjão que me chamou no canto e disse que a política, essa violenta que se tem praticado no Facebook, estava acabando com minha criatividade.

Concordo com o meu mestre: essa polarização toda tem feito muita gente boa, inteligente e cordial quase se pegar por querer a todo custo ser o dono da verdade.

Bom, mas este não é o meu caso. Quando falamos em pessoas corruptas e corrupção, fica parecendo que os seres envolvidos com essas práticas são ETs, ou seres malignos, tipo O Lado Negro da Força. Na verdade, corruptos e corruptores estão espalhados por todos os cantos, quando não bem do nosso ladinho.

A corrupção me atingiu quando trabalhava como gerente júnior de um banco estatal numa cidade de Minas. A empresa terceirizada que prestava os serviços de limpeza (na verdade, tínhamos duas funcionárias, ambas faxineiras) teve o seu contrato encerrado e tivemos que cancelá-lo, não pela qualidade dos serviços, que eram ótimos, mas pelo descaso com que a referida empresa conduzia seus negócios, atrasando salários, não recolhendo o FGTS, dentre outras práticas condenáveis.

Ao abrir a concorrência para contratar uma nova empresa, fiquei encarregado de receber as propostas e, por pouco, não recebo junto uma proposta indecente. Uma das representantes de uma empresa era a jovem esposa do dono, uma moça bem jovem, morena, “sacudida” como costumava dizer meu pai sobre as mulheres apetecíveis. Nervosa, cruzava e descruzava as pernas e, pelo curto da saia, assemelhava-se a uma demonstradora da DeMillus.

Alheio a tudo aquilo, que, aliás, não me incomodava nem um pouco, recebi a moça em minha mesa. Sorrindo, ela falou sobre as vantagens da empresa e me confidenciou:
- É bom saber que, caso saiamos vencedores nesta licitação, o Fulano (o dono) disse que gosta muito do senhor e, enquanto estivermos prestando serviço aqui no banco, mandaremos uma faxineira diariamente prestar serviços de limpeza na sua casa.

Pensei assim: se um gerentezin de uma cidadezinha recebe uma proposta desse tipo, imagina como deve ser uma cara que está contratando a turbina de uma usina termonuclear!

A moça ficava ali, me olhando, toda bela e recatada (nem tanto!) como se aquilo que estava fazendo fosse a coisa mais natural do mundo. Ao recusar as propostas, a explícita e a implícita, pensei que um dia iria me arrepender.

Hoje, mais de vinte anos se passaram. Aquela proposta indecente era, e continua sendo, a coisa mais natural do mundo. Mas, ainda não me arrependi.

Crônica: Jorge Marin
Foto   : disponível em http://4.bp.blogspot.com/

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