Atendendo
a alguns amigos, e aproveitando o fato de, após três anos, ter reencontrado com
nosso eterno mestre Beto Vampiro, irei interromper esta série de postagens sobre
TEMAS DE INTERESSE URBANO DA TERRINHA, pra falar novamente sobre essa
inesquecível fanfarra. Por sinal, fui questionado sobre a possibilidade de
saber o paradeiro daqueles belos macacões azuis, mas acredito que somente o
nosso comandante Beto, ou o amigo Zé Carlos, poderão nos informar.
Saudade
boa do COLÉGIO e de uma BATERIA da qual tive a honra de participar por seis
anos consecutivos: a famosa Fanfarra do Sôbi! Dificilmente haverá outra igual.
Quanto orgulho ao vestir aquele macacão! Hoje, posso dizer em alto e bom som
que fiz parte de uma verdadeira BANDA.
E como
era difícil adormecer naquela noite de quinze para dezesseis de maio! Enquanto a ansiedade tomava conta de todos
nós, o macacão, superpassadinho e dobrado ao lado da cama, ficava como
verdadeiro guardião, nos dando a certeza de que o amanhecer logo viria. Chegamos
certa vez até a dormir no colégio, ou melhor, quase dormir, tal era nossa
expectativa.
Não menos
ansiosos ficávamos, aguardando o momento de poder escutar as famosas ALVORADAS
da Banda 16 de Maio, que nos brindava a cada festejo, passando pelas ruas da
cidade, ainda antes dos primeiros raios de sol. Era o pontapé inicial naquele
que seria um longo e feliz dia.
Nunca
havia corrido tanto em minha vida como em 1975. Era o sete de setembro e eu, juntamente
com outros dois atiradores integrantes da bateria do Tiro de Guerra, queríamos
desfilar o mais rápido possível, para que assim pudéssemos ter tempo suficiente,
e também poder sair com a fanfarra do ginásio. Difícil missão, que consistia em
terminar o primeiro desfile e, após guardar os instrumentos na sede do Tiro de
Guerra, voltar em disparada por detrás da fábrica, subir a colina da esperança
e trocar a farda pelo macacão. Mas, conseguiamos!
Sob a
batuta do Beto, levávamos os ensaios muito a sério e, em várias ocasiões,
chegávamos a fazê-los até três vezes ao dia, sendo que um deles sempre
acontecia no campo do Botafogo.
Ponto
alto de cada desfile era nossa famosa passagem pela Rua Coronel José Dutra onde,
diante de uma acústica perfeita, aliada à proximidade dos prédios e do calor
humano, víamos dobrar a emoção e a potência dos tambores.
Inesquecíveis
viagens aconteceram naquele período. Uma delas foi nossa ida a Belo Horizonte, onde
realizamos uma bela apresentação na esplanada da Assembleia Legislativa.
Depois de
cada apresentação, quase sempre nos reuníamos em algum lugar agradável pra
fazer uma gostosa batucada. Aí, rolavam aqueles comes e bebes numa descontraída
confraternização que durava o resto do dia. E assim, a cada apresentação, com o
macacão amanhecíamos e, muitas vezes, com ele adormecíamos.
Crônica:
Serjão Missiaggia
Foto: Face do Beto Vampiro, restaurada por Jorge Marin
Foto: Face do Beto Vampiro, restaurada por Jorge Marin
Realmente Serjão vivemos momentos inigualáveis com a fanfarra e você de forma encantada descreveu com riqueza de detalhes um pouco deles. Ah! Aqueles macacões foram sempre uma preocupação para quem os contava (eu e ou o Betto) temendo faltar algum para a apresentação seguinte, até que com o encerramento do Colégio muitos viraram recordação e o que restou foi abduzido (heheheheh).Mais uma vez você nos levou às lágrimas e se alguém não conheceu essa fanfarra pode estar certo "Nunca houve uma banda como aquela"! Saudades meu amigo, saudades...!!
ResponderExcluirAmigo José Carlos, há uma poesia sua que diz tudo:
Excluir"É recordar
Viver presente
Mas anteriormente.
É ver novamente
Às vezes premente
Certo que estupidamente.
É estar atado ao passado
No presente algemado."
Serjão mostrando mais uma vez seu dom memorialista, reproduzindo com detalhes (acrescidos da emoção pessoal) belos momentos e lugares de São João Nepomuceno.
ResponderExcluirComo diz o nosso historiador preferido: "o que muitos percebem como velharia ou ostentação inútil, eu vejo como raiz, lembrança e referência do que e do porquê sou o que sou".
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