Pegando
uma carona na publicação de quarta-feira do meu compadre Serjão, gostaria de
falar sobre essa preocupação com as árvores urbanas. Ao contrário do que muitos
pensam, esse assunto não é frescura (talvez frescor) e nem papo de ecochato. As
árvores urbanas são, sim, extremamente importantes para a qualidade de vidas
dos cidadãos e do meio ambiente.
Pra
início de conversa, os custos de implantação e manejo são extremamente baixos
se comparados aos benefícios que as árvores proporcionam, que vão desde o óbvio
conforto térmico (muito bem-vindo em cidades quentes como a nossa) até o
bem-estar psicológico e alguns serviços que nossas amigas verdes nos prestam
gratuitamente.
Por
exemplo, as árvores aumentam a permeabilidade do solo, evitando o perigo das
enchentes e do escoamento superficial das chuvas (as enxurradas). Felizmente,
temos poucas ruas asfaltadas, mas, nos locais de alta concentração de asfalto e
concreto, ocorrem as chamadas “ilhas de calor”, locais extremamente quentes e
com baixa umidade, situação que pode ser moderada pela arborização daquelas
áreas.
E, já que
falamos em chuvas, sabiam que as copas das árvores funcionam como um fator de
retenção hídrica? Elas formam um tipo de caixa d’água natural que evita a
erosão e diminui o volume de chuva no solo.
A questão
da sombra, outro fator óbvio de bem-estar, pode servir também para economizar
recursos públicos, pois as sombras produzidas pelas árvores diminuem os
fenômenos de contração e dilatação de áreas pavimentadas. Também na área da
saúde, há economia de atendimento a pessoas com doenças de pele e de visão,
pois as copas das árvores filtram os raios solares e diminuem os efeitos da
fotoexposição humana.
Árvores abrigam
uma multidão de seres vivos que enriquecem o ecossistema urbano, pois criam uma
cadeia alimentar com insetos, líquens e pássaros que, por sua vez, vão
embelezar e enriquecer a biodiversidade.
Outro
grande benefício é a redução da poluição atmosférica. Em cidades onde houve
crescimento do número de veículos, como, por exemplo, todas as do Brasil, as árvores são capazes de reter em suas folhas aquelas partículas
poluentes que ficam em suspensão no ar, que, posteriormente, são lavadas pelas
águas das chuvas. Mais economia para os sistemas públicos de saúde, com redução
das doenças das vias respiratórias e das alergias.
Enfim,
além dos argumentos afetivos, humanitários e emocionais apresentados de forma brilhante
pelo Serjão na quarta-feira, resolvi elencar aqui alguns motivos pelos quais
esse assunto, que interessa a todos os cidadãos, deve fazer parte de todas as
agendas políticas de atuais e futuros governantes. Como lembra o grande
prefeito e arquiteto Jaime Lerner: “o planejamento da cidade é uma trajetória.
Você começa, a população reage e corrige”.
Crônica:
Jorge Marin
Foto : Serjão Missiaggia
Parabéns, amigo Jorge!
ResponderExcluirObrigado, amigo Nilson, sei que esse é um assunto que também lhe incomoda. Talvez estejamos ficando velhos.
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ResponderExcluirToda cidade que visito as árvores são as estrelas, bem cuidadas, bem podadas, adubadas; só por aqui vejo esse descaso e desrespeito. Estão sendo "podadas" novamente, estou pagando pra ver a brotação maravilhosa que terão, com a seca que assola a região. Existia uma expressão muito nossa, vamos ao jardim ou à praça, tomar a "fresca". Como canta Chico Buarque numa de suas obras primas:E agora José?
Isso mesmo, Carolina, mas, muitas vezes, ficamos esperando por alguma providência de algum poder, quando podemos começar a desenvolver essa consciência tão necessária, e alertar às novas gerações sobre os riscos que correrão se continuarem achando que árvore é só para a decoração.
ExcluirO ato de educar é compreende em perceber uma necessidade, criar uma solução e depois investir em repetição!
ResponderExcluirAssim como fomos educados por nossos pais e educamos nossos filhos repetindo inúmeras vezes que 'faça isso' ou 'não faça aquilo', a importância das árvores precisa ser mostrada à população adulta em atividades mensais no centro da cidade e nos bairros. Após uma rápida palestra em via pública ou associação de bairro – com a prévia autorização das autoridades municipais – algumas mudas de árvores poderiam ser plantadas em locais previamente determinados ou sugeridos pelos participantes da palestra; assim se difundiria a noção de responsabilidade pelo início e manutenção do processo de arborização das ruas.
Também é muito proveitoso um circuito de palestras nas escolas para conscientizar as crianças. Após as palestras nas escolas – com a autorização das autoridades municipais – as crianças poderiam plantar árvores nas ruas do entorno da escola e se distribuir entre elas a responsabilidade de cuidar de uma árvore específica. Alguns compromissos assumidos serão esquecidos, mas outros serão mantidos e, com isso, talvez tenhamos futuros adultos que ensinarão seus filhos a fazer o mesmo.
A ideia é muito boa, Sylvio. Mas o que preocupa é o que você disse sobre alguns dos compromissos serem esquecidos. E são mesmo. E é por isso que um órgão ou uma organização têm que ficar responsáveis por duas coisas: acompanhar o crescimento das mudas até que elas se firmem e tenham vida próprio, e também substituir as árvores mortas por outras. Isso é fundamental, e, infelizmente, não é feito.
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