sexta-feira, 5 de agosto de 2016

POKEVÉI


Vocês acham que somos velhinhos saudosos? Daqueles que ficam dizendo: ah, no meu tempo é que era bom?

Pois vou apresentar para vocês um novo conceito de aposentado: o POKEVÉI, copiloto autorizado para a Caça de Pokémons.

A coisa começou assim: levando meu filho ontem ao colégio, fui surpreendido com intensa gritaria de estudantes que, presos dentro da escola (pois já haviam entrado), imploravam aos colegas que ainda não haviam passado pelo portão que, pelo amor de Deus, pegassem os seus celulares e atravessassem a avenida para capturar Pokémons.

Como todo pai faz com uma criança do século XXI, pedi ao meu filho que me ensinasse sobre o assunto: ele me disse que era um jogo de realidade aumentada no qual, ao caminhar pela rua, conseguimos enxergar, através do celular, monstrinhos criados pelos japoneses.

E, mais fantástico ainda, além de visualizar, conseguimos capturar, e colecionar os tais monstrinhos. Como se, nos nossos tempos de criança, encontrássemos os índios Toddy andando pela rua, e pudéssemos atirar neles todos. Explico: no nosso tempo, os índios eram “do mal” e o General Custer e os soldados americanos “do bem”.

Assim que meu filho entrou no colégio, uma mãe, de pé na portaria, comentou comigo:
- O senhor vai ver. Isso vai ser a maior tragédia que já aconteceu. Agora as crianças não vão mais querer estudar. Vão ficar andando por aí, caçando esses bichos, vão ser atropeladas, assaltadas e até, Deus me livre e guarde, “estrupadas” (foi assim que ela falou).

Exceto pelo erro de português, vi naquela fala exatamente o que a minha mãe falaria. Pensando na máxima de que os mais velhos sempre têm razão, pensei:
- Poxa, o mais velho agora sou eu – e sabem o que fiz? Tão logo o meu filho saiu, pedi a ele autorização para caçarmos Pokémon juntos.

Assim, fui nomeado copiloto de Caçada de Pokémons, uma função que qualquer aposentado pode pleitear. A missão do copiloto é: evitar que a criança seja atropelada. Porque, apesar de estar andando pela rua, ela está no mundo virtual. Outra função, também importantíssima, é ficar de olho, e evitar que, de caçadores de monstrinhos, sejamos presa de algum cracudo caçador de celulares.

Assim, deixa a Pokébola rolar e vamos à caça! Ah, e, se houver algum interessado, estou livre para exercer minhas funções de copiloto até a hora da saída. É só ligar que eu deixo o meu currículo.

Crônica e fotomontagem: Jorge Marin    

2 comentários:

  1. Juventude é medida pelo espírito, não pela idade!
    Boas caçadas.

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    Respostas
    1. Obrigado, Sylvio! O seu local preferido de caminhadas é um "celeiro" de Pokémons. Caminhe em silêncio para não espantar os bichinhos!

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BRIGADU, GENTE!

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