quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

PÃO QUENTINHO NA VARANDA


Foi ajudando a fazer a colagem de um pequeno e simbólico enfeite natalino na porta de entrada de nossa casa, que fiquei a pensar em alguns fatos e costumes de um passado não muito distante, que, infelizmente, quase não se podem ser feitos mais.

E, já que estamos nos aproximando do natal, um deles era justamente quando montávamos, com muito carinho, uma pequena árvore em nossa varanda. Era uma árvore muito simples, geralmente feita de um pequeno galho de jabuticabeira ou cipreste, oriundo quase sempre do jardim de algum vizinho.

Sua iluminação despertava muita atenção, sendo que o fascínio da meninada que pela rua passava era enorme. E, em frente àquela pequena árvore, muitas crianças paravam e ficavam a admirar os enfeites e o piscar de suas luzes.

Infelizmente, e muito a contragosto, tivemos, depois de vários anos, que começar a montar nossa arvorezinha de natal junto ao presépio dentro de casa. O encanto que existia lá fora cedeu lugar ao desencanto, e o que era mágico transformou- se numa triste brincadeira de destruição ante o bel-prazer de deixar seus fragmentos espalhados pela calçada.

Foi quando me lembrei do pão que, ainda quentinho, permanecia intacto na varanda após ser entregue pelo padeiro antes do amanhecer. Daquela porta encostada com uma cadeira até o dia clarear aguardando somente nossa chegada.  Das janelas totalmente abertas nas noites quentes de verão ou da calmaria dos encontros e desencontros nas madrugadas frias de serenatas e dos bailes da vida.

Ficou a esperança de que tudo um dia poderá ser como antes, e, mesmo que não tenhamos mais o velho padeiro a nos trazer o pão, quem sabe, poderemos pelo menos, voltar a montar novamente a pequena árvore de natal na varanda.

Crônica: Serjão Missiaggia

Um comentário:

  1. Torço para que a partir de no natal de 2016 vocês tenham o feliz atrevimento de montar uma pequena árvore de natal na varanda, nos moldes aqui descritos, para resgatar a essência dos natais de simplicidade e devoção. (É aconselhável manter a árvore de estima dentro de casa e comprar enfeites adicionais para a árvore da empreitada, mas acredito que o investimento financeiro será baixo em tempos de produtos baratos e descartáveis)
    O pior que pode acontecer será roubarem ou quebrarem o arranjo mas, tendo o espírito aberto e otimista de quem lança boas sementes em terreno árido, é um risco calculado que pode gerar um bom resultado em tocar os espíritos de uns tantos que passarem pela frente da casa de vocês.
    Para diminuir a probabilidade de desrespeito ao investida, sugiro escrever à mão e colar com fitas na parede ao lado da árvore uma breve mensagem do tipo “Para lembrar que a essência do Natal é a sincera devoção!” ou algo que inspire vocês na ocasião. Quem sabe uma bela mensagem ao lado de uma simpática árvore de natal seja o suficiente para tocar o que há de bom nas pessoas e possibilitar a sobrevivência do símbolo natalino. Serve, ao menos, como pesquisa sociológica!
    Torço também para que nós, mesmo adultos, ainda consigamos manter a fé na magia do natal. Com um pouco mais de ambição e sorte, talvez consigamos ser referência para os mais jovens da importância em manter as boas tradições.

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