sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A NATUREZA DA VIDA BOA


Mais uma vez pego carona na postagem do meu parceiro Serjão que, de forma brilhante, falou na quarta-feira passada sobre o dilema de ter que escolher entre o PROGRESSO e a QUALIDADE DE VIDA, como se fossem coisas excludentes e que a existência de um eliminaria, automaticamente, o outro.

O mais curioso é que, por uma dessas coincidências que quem trabalha com arte sabe que não existem, na foto ilustrativa daquela matéria, aparecem dois aposentados, um dos quais, o sr. Bráulio, pai do nosso amigo Carlos Eduardo Fajardo, aparece todo lépido e faceiro sentadinho num jornal para não sujar sua roupa sempre impecável, à sombra de uma frondosa árvore e, o que é mais importante, no frescor dos seus 91 anos bem vividos.

Aí, como dizia meu pai (amigo do sr. Bráulio), fiquei encasquetado com a seguinte ideia: será que esse moço, quase centenário, tem essa vida boa porque se dá ao luxo de sentar à sombra dessa árvore, ou será que a existência da árvore proporcionaria a todos que ali se refestelassem uma vida boa?

Foi aí que eu resolvi mexer no angu que o Serjão tão bem serviu e descobri uma outra coisa: as pessoas não têm qualidade de vida, muitas vezes, ou até mesmo na maioria das vezes, PORQUE NÃO SABEM O QUE É VIDA BOA.

Saio aqui pelo bairro perguntando para meus colegas aposentados e recebo as mais diferentes respostas: uns dizem que vida boa é ir para uma praia, tomar todas as geladas possíveis, curtir a mulherada e, no outro dia, fazer tudo isso de novo.

Outros dizem que vida boa é ganhar na mega da virada e ter sempre muito, muito dinheiro e gastar à vontade. Há também quem diga que vida boa é ter uma mulher que não reclame e, de quebra, seja bonita e órfã de mãe.

Mas, quem chega aos sessenta sabe, e aos noventa mais ainda, que todas essas coisas citadas NÃO podem ser sinônimas de boa vida, isto por um motivo muito simples: ou porque acabam logo ou porque são impossíveis de serem atingidas.

Pensem bem: ninguém suportaria, por mais praiano que seja, uma dieta de 365 dias de sol, mar e cerveja, nem que seja por motivo de saúde ou clima. Então, quando um dos dois fatores acabar com a festa, a pessoa se torna triste. No caso do dinheiro, há duas tristezas que todo bancário conhece bem: a angústia de não perder e o pânico de ter perdido.

Ora, se a vida boa não puder ser realizada pelas coisas finitas e transitórias, como então ter uma ótima qualidade de vida? Aí remeto o olhar de todos vocês àquela foto publicada na quarta-feira. No olhar tranquilo daqueles homens, no riso calmo, na fala mansa e no respeito, há uma pista: viver bem é a mesma coisa que SE RELACIONAR BEM, com amigos ou não, com a natureza sempre, e com tudo em si que ficou do tempo de menino e vai ficando, ficando, e vai ficar.

Crônica: Jorge Marin

2 comentários:

  1. Tá anotado: conseguir se relacionar bem com a natureza (a sua, dos outros e do planeta)...
    PS: Chato ficar repetindo isso, mas que imagens lindas as que ilustram as postagens deste blog, sejam as fotos feitas pelo Serjão (o paparazzi da sensibilidade) ou as que você, Jorge, garimpa na Net!

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  2. Brigadu, cumpadi Sylvio, mas, em termos de foto, nada se compara a um álbum chamado "Trens Mineiros" lá do Flickr. Aquilo sim é trem de primeira qualidade. Abração!

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