Acho que
a maioria de vocês conhece os Minions, aqueles seres amarelinhos e bonitinhos
que estão decorando grande parte dos produtos nas lojas, desde capas de
cadernos até tablets e televisores.
Pessoalmente,
gosto dos danadinhos. Mas, francamente, preocupa-me o fato de que aquelas
criaturas tão fofinhas possam estar a serviço do Gru, um indivíduo cuja sede de
poder o leva a roubar a lua. Como se vê, um cara totalmente do mal, um bandido,
quase um político.
Por isso,
fui assistir ao filme “Minions” que, antes de contar a saga de Stuart, Kevin e
Bob, explica a origem dos bichinhos, a metafísica miniônica.
Aprendemos
que, tão logo a vida se formou na terra, havia muitos minions que, pela sua
maciez e possível textura, tornaram-se comida preferida de predadores da época. No
entanto, quando presenciaram um enorme animal dentuço engolir um de seus
irmãozinhos, o que fizeram os minions? Passaram a seguir, fervorosamente,
aquele ser tão poderoso que, de uma só mordida, era capaz de engolir quem
quisesse!
E é aqui
que eu vejo uma característica fantástica nesses seres que se aproximam muito
de nós e, de quebra, ainda subvertem a lógica de Darwin.
É que nos
foi ensinado que quem sobrevive são as espécies mais corajosas, ou seja,
aquelas que encaram e devoram os inimigos. Mas, ao ver os minions, podemos nos
perguntar: e nós humanos, dos sete e meio bilhões que somos, há mais corajosos
ou mais covardes? Se um ser humano igual a você entra num ônibus e, dizendo
estar armado, te toma o celular e a aliança, você entrega ou entra em luta
corporal com ele? Se um policial te para numa blitz e te pede “uma cervejinha”
para te liberar, você paga ou o enfrenta?
Politicamente,
arrisco-me a dizer que somos todos minions. Em 1964, rezávamos para que os
poderosos militares, com suas armas e tanques, nos protegessem do outro
monstro, o comunismo que ameaçava, entre outras coisas, devorar nossos
filhotinhos.
E no
atual Congresso Brasileiro, quantos minions há? Parlamentares que, há dez anos,
saíram de um governo conservador, juravam até o final do ano passado que eram
esquerdistas de carteirinha e retrato do Che na parede do gabinete. Agora, com
a ameaça de um impeachment, mesmo meio
capenga quanto à sua legalidade, saem todos os amarelinhos em disparada
procurando atrás de qual bocarra vão se abrigar.
Assim são
os minions, covardes, vira-casacas, dedos-duros e barulhentos. E existem também
os humanos, chamados não sei por quê de “cidadãos”, que escolhem esses
vermezinhos para representá-los.
Só que,
de tanto que os elegemos, eles se tornaram, eles próprios, os nossos malvados
favoritos.
Crônica:
Jorge Marin
Foto: frame do filme Minions
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