sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

OS MINIONS E O IMPEACHMENT


Acho que a maioria de vocês conhece os Minions, aqueles seres amarelinhos e bonitinhos que estão decorando grande parte dos produtos nas lojas, desde capas de cadernos até tablets e televisores.

Pessoalmente, gosto dos danadinhos. Mas, francamente, preocupa-me o fato de que aquelas criaturas tão fofinhas possam estar a serviço do Gru, um indivíduo cuja sede de poder o leva a roubar a lua. Como se vê, um cara totalmente do mal, um bandido, quase um político.

Por isso, fui assistir ao filme “Minions” que, antes de contar a saga de Stuart, Kevin e Bob, explica a origem dos bichinhos, a metafísica miniônica.

Aprendemos que, tão logo a vida se formou na terra, havia muitos minions que, pela sua maciez e possível textura, tornaram-se comida preferida de predadores da época. No entanto, quando presenciaram um enorme animal dentuço engolir um de seus irmãozinhos, o que fizeram os minions? Passaram a seguir, fervorosamente, aquele ser tão poderoso que, de uma só mordida, era capaz de engolir quem quisesse!

E é aqui que eu vejo uma característica fantástica nesses seres que se aproximam muito de nós e, de quebra, ainda subvertem a lógica de Darwin.

É que nos foi ensinado que quem sobrevive são as espécies mais corajosas, ou seja, aquelas que encaram e devoram os inimigos. Mas, ao ver os minions, podemos nos perguntar: e nós humanos, dos sete e meio bilhões que somos, há mais corajosos ou mais covardes? Se um ser humano igual a você entra num ônibus e, dizendo estar armado, te toma o celular e a aliança, você entrega ou entra em luta corporal com ele? Se um policial te para numa blitz e te pede “uma cervejinha” para te liberar, você paga ou o enfrenta?

Politicamente, arrisco-me a dizer que somos todos minions. Em 1964, rezávamos para que os poderosos militares, com suas armas e tanques, nos protegessem do outro monstro, o comunismo que ameaçava, entre outras coisas, devorar nossos filhotinhos.

E no atual Congresso Brasileiro, quantos minions há? Parlamentares que, há dez anos, saíram de um governo conservador, juravam até o final do ano passado que eram esquerdistas de carteirinha e retrato do Che na parede do gabinete. Agora, com a ameaça de um impeachment, mesmo meio capenga quanto à sua legalidade, saem todos os amarelinhos em disparada procurando atrás de qual bocarra vão se abrigar.

Assim são os minions, covardes, vira-casacas, dedos-duros e barulhentos. E existem também os humanos, chamados não sei por quê de “cidadãos”, que escolhem esses vermezinhos para representá-los.

Só que, de tanto que os elegemos, eles se tornaram, eles próprios, os nossos malvados favoritos.

Crônica: Jorge Marin
Foto: frame do filme Minions

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