Vamos para
a Internet e vemos ódio, mortes, sujeira (real e figurada) e um tanto de
conversa fiada. Para cada tragédia, uma propaganda; para cada morte, um perfil
e para cada sujeira, uma lição de moral.
A verdade
é que, com o passar dos anos, vamos nos acostumando com essa lengalenga e
sempre temos a tendência de dizer: é, o mundo vai mesmo de mal a pior, nunca as
pessoas foram tão ruins e nunca os políticos foram tão ladrões.
Vocês
concordam? Eu não! Quem vai chegando aos sessenta anos sabe que essa história
de fim do mundo é do tempo de nossos avós. Dizer, então, que as pessoas nunca
foram tão ruins, é papo de quem não lê a História e nunca ouviu falar de Nero,
Hitler e Khmer Rouge. E político ladrão, eu acho até que é pleonasmo.
Discutimos,
debatemos, chegamos até a disputar qual tragédia é pior, a nossa mineira ou a
dos franceses. No fim das contas, perplexo e parado em frente ao Facebook,
chego a uma conclusão: nós somos parte de tudo isso!
Mas, como
assim? Quer dizer que eu sou igual a um jihadista alucinado que, vendo um lugar
com pessoas felizes, sai atirando e matando todo mundo?
E, talvez
porque esteja ficando caduco, eu respondo que sim. O que passa pela cabeça de
uma pessoa que odeia? Primeiro, ela se sente separada dos demais, tipo: eu não
sou tão fútil quanto o fulano, ou não tão esquerdista quanto o fulano, ou não tão
gay quanto fulano. Reconhecem esses pensamentos? São muitas vezes pensamentos
nossos que, pela falta de uma metralhadora real, usamos a metralhadora cheia de
mágoas de que o Cazuza falava, e despejamos nosso ódio no face, no trabalho, no futebol, na esposa ou no esposo ou nos
filhos.
No fundo,
no fundo, é um ressentimento: as pessoas são diferentes de nós, e o pior é que
TODAS as pessoas são diferentes de nós. Aí, como normalmente nos julgamos super
do bem (esta é também a mentalidade do terrorista), nos achamos no direito de
criticar ou então, o que é mais doloroso, dar conselhos para que a pessoa deixe
de ser o que é e seja assim tão boa e legal como nós somos.
Então,
qual seria a solução? Há algo que possamos fazer para que as coisas mudem? Nessa
hora, me lembro muito bem de uma lição do nosso querido Betto Vampiro que, numa
aula de OSPB, disse que a cidade de Londres poderia ser varrida em 15
minutos... se cada um varresse em frente à sua própria casa.
Então,
como não temos expertise para abrir o Mar Vermelho, vamos fazer o que sabemos
fazer de melhor: defender com orgulho a recuperação do Rio Doce, e também do
Bataclan. Além disso, ir a um show do Emmerson Nogueira, conversar fiado no Bar
Central e, quem sabe, tirar a esposa pra dançar, na cozinha, às duas da tarde,
de avental.
Crônica:
Jorge Marin
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirUma boa conversa com uma pessoa interessante tem um efeito revigorante.
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