sexta-feira, 20 de novembro de 2015

SOMOS TODOS TERRORISTAS?


Vamos para a Internet e vemos ódio, mortes, sujeira (real e figurada) e um tanto de conversa fiada. Para cada tragédia, uma propaganda; para cada morte, um perfil e para cada sujeira, uma lição de moral.

A verdade é que, com o passar dos anos, vamos nos acostumando com essa lengalenga e sempre temos a tendência de dizer: é, o mundo vai mesmo de mal a pior, nunca as pessoas foram tão ruins e nunca os políticos foram tão ladrões.

Vocês concordam? Eu não! Quem vai chegando aos sessenta anos sabe que essa história de fim do mundo é do tempo de nossos avós. Dizer, então, que as pessoas nunca foram tão ruins, é papo de quem não lê a História e nunca ouviu falar de Nero, Hitler e Khmer Rouge. E político ladrão, eu acho até que é pleonasmo.

Discutimos, debatemos, chegamos até a disputar qual tragédia é pior, a nossa mineira ou a dos franceses. No fim das contas, perplexo e parado em frente ao Facebook, chego a uma conclusão: nós somos parte de tudo isso!

Mas, como assim? Quer dizer que eu sou igual a um jihadista alucinado que, vendo um lugar com pessoas felizes, sai atirando e matando todo mundo?

E, talvez porque esteja ficando caduco, eu respondo que sim. O que passa pela cabeça de uma pessoa que odeia? Primeiro, ela se sente separada dos demais, tipo: eu não sou tão fútil quanto o fulano, ou não tão esquerdista quanto o fulano, ou não tão gay quanto fulano. Reconhecem esses pensamentos? São muitas vezes pensamentos nossos que, pela falta de uma metralhadora real, usamos a metralhadora cheia de mágoas de que o Cazuza falava, e despejamos nosso ódio no face, no trabalho, no futebol, na esposa ou no esposo ou nos filhos.

No fundo, no fundo, é um ressentimento: as pessoas são diferentes de nós, e o pior é que TODAS as pessoas são diferentes de nós. Aí, como normalmente nos julgamos super do bem (esta é também a mentalidade do terrorista), nos achamos no direito de criticar ou então, o que é mais doloroso, dar conselhos para que a pessoa deixe de ser o que é e seja assim tão boa e legal como nós somos.

Então, qual seria a solução? Há algo que possamos fazer para que as coisas mudem? Nessa hora, me lembro muito bem de uma lição do nosso querido Betto Vampiro que, numa aula de OSPB, disse que a cidade de Londres poderia ser varrida em 15 minutos... se cada um varresse em frente à sua própria casa.

Então, como não temos expertise para abrir o Mar Vermelho, vamos fazer o que sabemos fazer de melhor: defender com orgulho a recuperação do Rio Doce, e também do Bataclan. Além disso, ir a um show do Emmerson Nogueira, conversar fiado no Bar Central e, quem sabe, tirar a esposa pra dançar, na cozinha, às duas da tarde, de avental.

Crônica: Jorge Marin

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BRIGADU, GENTE!

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