sexta-feira, 13 de novembro de 2015

MEDO DO (SEGUNDO) SEXO


"Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico, define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino".

Coloco, de propósito, essa frase de Simone Beauvoir, que foi uma das questões do último Enem, e que, estranhamente, foi considerada por muita gente como ofensiva, demoníaca, e até mesmo como um convite para a homossexualidade, o que, se for mesmo (embora eu ache exatamente o contrário), não vejo problema alguma, já que convite aceita quem quer.

Pois bem, mas essa polêmica suscitou outros desdobramentos, como é o caso da proibição, pelo Congresso Nacional, de qualquer tipo de referência, dentro das escolas, sobre gênero e orientação sexual. Ou seja, homens se beijam nas novelas, moças desfilam abraçadas nos shoppings, as paradas gays existem em todas as grandes cidades brasileiras, mas, na hora em que as crianças perguntarem para as professoras, elas estão proibidas, pelos nossos congressistas, de falar. Se surge um menino efeminado na classe, então, é um deus-nos-acuda: vai pra sala da coordenadora e, de lá, direto para o psicólogo!

Eu também não sou partidário dessa história de vídeos “educativos” que o pessoal chamou pejorativamente de “kit gay”, onde uma série de filmezinhos ridículos deveriam ser mostrados às crianças, com um conteúdo de clara apologia a uma “superioridade” homossexual.

Sou de um tempo, e esse tempo é agora, em que homem é homem e mulher é mulher. Mas isso não significa que eu vá ignorar as inúmeras orientações sexuais das pessoas. O gênero, até o final dos tempos, vai continuar sendo “menino” e “menina”. Agora, se o menino vai ficar com outro menino, ou com duas meninas, ou com um extraterrestre, isso é um assunto da ordem da intimidade daquelas pessoas.

Muitos leitores e leitoras do Blog se casaram virgens; alguns hoje acham isso ridículo, outros citam como exemplo para seus filhos e filhas. Padres e freiras renunciam à sua sexualidade e a sublimam pois este é um voto para servir à sua vocação religiosa. Ou seja, são também opções sexuais, mas todo mundo acha “normal”, embora a maioria das pessoas faça sexo (pelo menos, é o que eu acho).

Penso que a preocupação exagerada com esse assunto “sexo” pode ser bem reveladora de alguma insegurança, algum medão recalcado, ou só falta de serviço mesmo. Tenho um filho em idade escolar e acho que o esclarecimento deve ser proporcional à dúvida, mas a omissão da informação causa a curiosidade que, em tempos de Internet, pode ser esclarecida de variadas formas, muitas delas perigosas e preconceituosas.

“É preciso erguer o povo à altura da cultura e não rebaixar a cultura ao nível do povo." Mais uma da Simone!

Crônica: Jorge Marin
Foto: Alassea Ancalimon, disponível em http://www.deviantart.com/art/Choices-IV-298373581.
  

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