Depois
que publicamos aquela foto do Trombeteiros no BLOG, recebemos muitas
manifestações de pessoas que ali viveram fortes emoções. Alguns manifestam sua
alegria diretamente no Facebook, de forma clara ou através de risinhos nervosos
(kkkkk, rsrsrs), outros nos enviam mensagens inbox ou e-mails.
Numa dessas
mensagens, um antigo companheiro de atividades em São João, faz uma pergunta em
tom amargurado: “e se eu tivesse desfilado no Esplendor do Morro?”. Não é uma
pergunta estética, do tipo “Esplendor ou Avenida”, “Trombeteiros ou Democráticos”.
Não. A pergunta aqui é em tom existencial.
Conta o
meu amigo que todos os seus colegas estavam se preparando para desfilar na
escola de samba, mas ele estava se preparando para um concurso da empresa onde
viria a trabalhar e onde (recentemente) se aposentou. Aí bateu aquela dúvida
cruel: desfilar ou estudar?
Sempre
muito aplicado nos estudos, destaque entre os alunos do Grupo Coronel José
Braz, meu amigo, que se orgulhava de ser chamado de “ajuizado” pelos pais dos
outros colegas, fez o que dele se esperava: não desfilou. O resultado, mais ou
menos lógico, de tal escolha foi: ele passou no concurso da tal empresa, esteve
fora de São João por um longo tempo, casou-se, constituiu família, retornou
recentemente à terrinha, e hoje, com aquilo que os doutores chamam de “depressão
leve”, resolveu questionar suas escolhas.
Primeiramente,
uma dúvida pessoal que algum leitor pode ajudar a resolver: como é que se pesa
uma depressão? Será que é numa balança de precisão, no caso, “precisão” no
sentido de carência?
Bom, mas
o meu amigo me questiona se, tivesse ele desfilado no Esplendor, teria hoje os
problemas que tem e as dificuldades por que passa. Respondo, de primeira: não,
é claro que não! Se você tivesse desfilado no Esplendor, ou sido reprovado no
concurso, ou ficado em São João, ou não casado, com certeza, não teria os
problemas que tem!
Mas...
teria problemas diferentes! Isso também com certeza.
Problema mesmo
é acharmos que, se não tivéssemos feito determinada coisa, estaríamos livres de
problemas. A vida, meus amigos, é 99% constituída de problemas, de desafios, de
dissabores e conversa fiada. O 1% pode ser muito bom, fantástico, delicioso,
mas... passa rápido.
Assim
sendo, a resposta que dou ao meu amigo é: se você vem se angustiando porque
acha que a sua vida não tem sido boa porque não desfilou no Esplendor, coloque
AGORA sua fantasia e desfile! Vista de mulher! Vá para o Barril! Ou,
simplesmente, fique em casa! Viver cansa, eu sei, mas não dói!
Crônica:
Jorge Marin
Foto : SJ Online, disponível em http://sjonline.com.br/carnaval/fotos-carnaval-2012/item/981-esplendor-do-morro-2012
Penso que a vida sempre terá problemas e desilusões, em maior ou menor grau. Na impossibilidade de superá-los ou contorná-los, resta-nos mudar de ares (e problemas) estando na mesma cidade ou numa diferente.
ResponderExcluirE vamos tocando a vida, com foco e gratidão no positivo das coisas...