Ainda antes de
começar este causo, gostaria de dizer que, após outra bela e inesquecível
rodada de pizzas na casa do amigo Suveleno, onde na oportunidade, em contato
com nossa empresária Silvana Picorone, e a secretária para assuntos
internacionais Maria Lila, ficou decidido que, para o próximo ano, teremos, no
mesmo local, uma aparelhagem à disposição do Pitomba, para uma grande
apresentação.
Mas o assunto
hoje não é esse, e sim essa foto que vem ilustrando nossa postagem. Ela nos
remete a um período em que a Transtec estava ainda no comecinho, e que muitos
fatos, digamos, incomuns, vieram acontecer. E um desses fatos, diga-se de
passagem, verdadeiro, teve o seu desenrolar numa época em que a oficina ainda
funcionava ao lado da casa do Sílvio, bem ali na Praça Floriano Peixoto. A
coisa teria sido mais ou menos assim:
Certa vez,
Suveleno, para fazer uma surpresa agradável a uma senhora freguesa, pediu-me
que passasse um produto poderosíssimo no gabinete de sua televisão. Televisor
este que estava com caixa de madeira todinha infestada de cupins. O tal produto
era um líquido escuro e exterminava com muita propriedade aquele tipo de praga.
O único inconveniente seria um cheirinho de asfalto derretido, que permanecia impregnado
na madeira por um breve período. Nada que ultrapassasse seis a doze meses.
Assim, mais que
depressa, no intuito de mostrar lealdade ao nobre amigo, peguei um velho pincel
e mandei bala. Gastei quase uma lata do referido líquido na caixa da dona. Era
tudo ou nada, ou seja, os malditos cupins ou nós. De tanto
caprichar em cada uma das três demãos, a madeira, até então de suave tonalidade
amarelo, veio a ficar marrom escuro. Até então, nem havíamos percebido isso,
pois o negócio era tentar agradar a cliente de qualquer jeito.
Já no outro
dia, imaginando que iria até mesmo receber alguns elogios, quem sabe até uma
boa gorjeta pelo belo trabalho que havia feito, recebi alegremente a freguesa para
buscar o aparelho. A dona só faltou nos matar! Achei que iria desmaiar de tanta
raiva. Exaltada, ficava a gritar perguntando como poderia permanecer dentro de
uma casa, convivendo com aquele cheiro insuportável (mistura de óleo queimado
com asfalto). E a coisa piorou ainda mais, quando caí na asneira de dizer a ela
que não precisaria se preocupar, pois, no máximo em seis a doze meses, o cheiro
sumiria. Naquele momento, já bastante irritada, disse que somente sairia dali
com um televisor novo ou, pelo menos, com a caixa do gabinete nova. E o cheiro,
naquela altura do campeonato, já havia tomado conta de todo ambiente
A seguir, mesmo
um pouco mais calma, exigiu de imediato que retirássemos tudo.
- Mas como
minha senhora? Agora somente com o tempo! O que entra na madeira não tem jeito
de sair! - Tentávamos em vão convencê-la, enquanto a roupa da coitada já estava
também começando a ficar com aquele cheiro forte de óleo queimado.
Foi um Deus nos
acuda e um verdadeiro caos. Confesso não me lembrar do desfecho dessa história,
pois, ao ver que a coisa não teria fim, peguei meu pincel e sartei fora.
Ainda bem que esse
fato não aconteceu com o velho Anginho, pois, se tal ocorresse, provavelmente, teria
dito (com seu inseparável sotaque carioca)
: “E tem maisxx, cupinicida na caixa desxta senhora nunca maisxx!”
Crônica: Serjão
Missiaggia
Foto : facebook do Sílvio Heleno Picorone
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