quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

CAUSOS DA OFICINA: Parte 1 - A Pincelada Fatal


Ainda antes de começar este causo, gostaria de dizer que, após outra bela e inesquecível rodada de pizzas na casa do amigo Suveleno, onde na oportunidade, em contato com nossa empresária Silvana Picorone, e a secretária para assuntos internacionais Maria Lila, ficou decidido que, para o próximo ano, teremos, no mesmo local, uma aparelhagem à disposição do Pitomba, para uma grande apresentação.

Mas o assunto hoje não é esse, e sim essa foto que vem ilustrando nossa postagem. Ela nos remete a um período em que a Transtec estava ainda no comecinho, e que muitos fatos, digamos, incomuns, vieram acontecer. E um desses fatos, diga-se de passagem, verdadeiro, teve o seu desenrolar numa época em que a oficina ainda funcionava ao lado da casa do Sílvio, bem ali na Praça Floriano Peixoto. A coisa teria sido mais ou menos assim:

Certa vez, Suveleno, para fazer uma surpresa agradável a uma senhora freguesa, pediu-me que passasse um produto poderosíssimo no gabinete de sua televisão. Televisor este que estava com caixa de madeira todinha infestada de cupins. O tal produto era um líquido escuro e exterminava com muita propriedade aquele tipo de praga. O único inconveniente seria um cheirinho de asfalto derretido, que permanecia impregnado na madeira por um breve período. Nada que ultrapassasse seis a doze meses.

Assim, mais que depressa, no intuito de mostrar lealdade ao nobre amigo, peguei um velho pincel e mandei bala. Gastei quase uma lata do referido líquido na caixa da dona. Era tudo ou nada, ou seja, os malditos cupins ou nós. De tanto caprichar em cada uma das três demãos, a madeira, até então de suave tonalidade amarelo, veio a ficar marrom escuro. Até então, nem havíamos percebido isso, pois o negócio era tentar agradar a cliente de qualquer jeito.

Já no outro dia, imaginando que iria até mesmo receber alguns elogios, quem sabe até uma boa gorjeta pelo belo trabalho que havia feito, recebi alegremente a freguesa para buscar o aparelho. A dona só faltou nos matar! Achei que iria desmaiar de tanta raiva. Exaltada, ficava a gritar perguntando como poderia permanecer dentro de uma casa, convivendo com aquele cheiro insuportável (mistura de óleo queimado com asfalto). E a coisa piorou ainda mais, quando caí na asneira de dizer a ela que não precisaria se preocupar, pois, no máximo em seis a doze meses, o cheiro sumiria. Naquele momento, já bastante irritada, disse que somente sairia dali com um televisor novo ou, pelo menos, com a caixa do gabinete nova. E o cheiro, naquela altura do campeonato, já havia tomado conta de todo ambiente

A seguir, mesmo um pouco mais calma, exigiu de imediato que retirássemos tudo.
- Mas como minha senhora? Agora somente com o tempo! O que entra na madeira não tem jeito de sair! - Tentávamos em vão convencê-la, enquanto a roupa da coitada já estava também começando a ficar com aquele cheiro forte de óleo queimado.                           

Foi um Deus nos acuda e um verdadeiro caos. Confesso não me lembrar do desfecho dessa história, pois, ao ver que a coisa não teria fim, peguei meu pincel e sartei fora.

Ainda bem que esse fato não aconteceu com o velho Anginho, pois, se tal ocorresse, provavelmente, teria dito (com seu inseparável sotaque carioca)  : “E tem maisxx, cupinicida na caixa desxta senhora nunca maisxx!”

Crônica: Serjão Missiaggia
Foto     : facebook do Sílvio Heleno Picorone


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