- Por
causa do dinheiro, estão destruindo nossa cidade!
Essa
frase, que ouvi de um taxista na cidade de Gramado na semana passada, pode
parecer um exagero, pois é difícil achar uma região do Brasil mais preocupada
com identidade cultural, autoestima e sentimento de pertencimento do que o sul
do Brasil. No entanto, pelo que pude
perceber de passagem, a demolição de um antigo casarão no centro da cidade está
causando um mal estar na população.
Pensei:
se lá, que é um local onde as pessoas respeitam a postura urbana, a conservação
do patrimônio cultural e a sustentabilidade, imaginem por aqui, em Juiz de
Fora, e mesmo na nossa São João Nepomuceno?
Em Juiz
de Fora, casarões centenários foram transformados em estacionamentos, bairros
tradicionais vêm dando lugar a sucessivos arranha-céus e as atividades
comerciais “brigam” com moradores da zona sul.
Em São João, tenho acompanhado acalorado debate sobre projetos
arquitetônicos modernos visando substituir espaços tradicionais da cidade.
Em todos
esses debates, é preciso ficar claro que a cidade é um conjunto de criações NOSSAS:
se conservamos, cuidamos e preservamos, teremos uma cidade mais tradicional,
coesa e amigável. Se, por outro lado, alteramos
a paisagem urbana SEM participação da população, SEM respeito às construções
existentes e, principalmente, SEM preservação do meio ambiente, o que teremos,
nas palavras do urbanista Jaime Lerner, não é uma cidade, mas sim “... um
acampamento, metástase de um crescimento irregular, descontrolado”.
Portanto,
o que se espera é que esses empresários saibam que, para obter sucesso,
necessitam atrair turistas que tornem o empreendimento efetivo. Mas, para que a cidade seja atraente para os
turistas, e este é outro ensinamento de Jaime Lerner, é preciso que ela seja
PRIMEIRO atraente para a sua própria população.
Não tem como “ajustar” a cidade para turistas, mas, a forma pela qual a
cidade atende às expectativas do seu povo é um DIFERENCIAL, pois qualidade de
vida, esta sim, atrai visitantes.
Quanto
aos projetos de revitalização de espaços urbanos, eles só irão funcionar se
tiverem a “cara” da população, pois, se guardarem em si uma marca pessoal dos
dirigentes que os construírem, irão ser solenemente rejeitados – e sabotados –
por uma eventual administração oposicionista que subir ao poder.
Sonhamos
com uma cidade humana, bela e criativa.
Não precisamos, nem queremos, desenterrar os ossos dos nossos antepassados
queridos. Mas queremos, desejamos
ardentemente poder sentir o mesmo orgulho e alegria que sentiam em ser
sanjoanenses.
Crônica
e foto: Jorge Marin
Concordo plenamente com você. Tanto ainda o homem tem para aprender... será que é tão difícil assim, compreender? Para os que buscam somente o poder, tudo está bem claro, mas nós outros precisamos nos inteirar do que está por trás de tanta modernidade e não nos deixar enganar, não nos deixar levar por falsas promessas.
ResponderExcluirCuidemos do que é nosso